sexta-feira, 30 de março de 2012

Marrocos

A Igreja e a Perseguição Religiosa

O Cristianismo chegou ao Marrocos ainda no primeiro século da Era Cristã, quando os povos berberes que ali habitavam abraçaram a doutrina copta monofisista*, numa época em que suas terras estavam sob o domínio do Império Romano. Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas pelas Igrejas, ao final do século II d.C. já estavam estabelecidas no Marrocos diversas dioceses.

No século XIII, uma nova tentativa de cristianizar o país foi colocada em prática pelos franciscanos, mas a evangelização foi suprimida.

Hoje há aproximadamente 200 mil cristãos no país, além de minorias judaicas e bahaístas, mas as fatias da população representadas por esses grupos têm apresentado um declínio constante, principalmente devido à perseguição e, no caso dos judeus, à emigração para Israel.

*O Monofisismo era uma doutrina da igreja copta que defendia a natureza única de Jesus Cristo, segundo a qual a sua humanidade era absorvida por sua divindade. O Monofisismo era contrário às doutrinas da Igreja Ocidental e de outras Igrejas Orientais e por isso foi considerado herético.

A Perseguição

O primeiro ato de perseguição registrado em território marroquino teria acontecido quando um cristão e centurião romano, chamado Marcelo de Tânger (Tânger ou Tingis é uma cidade do norte do Marrocos), recusou-se a participar das comemorações de aniversário do imperador Maximiano e, consequentemente, de oferecer sacrifícios aos deuses romanos. Por essa afronta, Marcellus (Marcelo) foi morto ao fio da espada e considerado pela Igreja um mártir.

A constituição marroquina assegura liberdade de religião e, embora o islamismo seja a religião oficial do país, os estrangeiros podem praticar livremente sua fé. Eles frequentam cultos religiosos sem quaisquer restrições ou temor de represálias. Em 1998, o governo criou uma cadeira para o estudo de religiões comparadas, incluindo o estudo de latim e hebraico, na Universidade de Rabat. E, no passado, o governo organizou numerosos simpósios entre o clero, padres, rabinos, imãs e outros líderes religiosos, para examinar formas de reduzir a intolerância religiosa e promover o diálogo entre as crenças.

O rei Mohammed VI ordenou pessoalmente a realização de uma cerimônia inter-religiosa na catedral Católica de Rabat, em memória das vítimas dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. A cerimônia, à qual esteve presente o primeiro-ministro e a maior parte do seu gabinete, teve preletores religiosos muçulmanos, cristãos e judeus.

Os esforços públicos para o proselitismo são desencorajados pela sociedade, apesar de a livre expressão da fé islâmica e a discussão acadêmica e teológica de religiões não islâmicas serem aceitas na televisão e no rádio. A maioria dos cidadãos vê tais atos públicos como ameaças provocativas à lei e à ordem num país esmagadoramente muçulmano.

Qualquer tentativa para converter um muçulmano é ilegal. De acordo com o artigo 220 do código penal, qualquer tentativa para interromper uma ou mais pessoas do exercício de sua crença religiosa ou frequência aos seus cultos é ilegal e pode ser punida com três a seis meses de prisão e uma multa de 10 a 50 dólares. O artigo se aplica a qualquer um que empregue estímulos com o objetivo de abalar a fé de um muçulmano ou convertê-lo a outra religião.

História e Política

O Marrocos situa-se no extremo noroeste do continente africano, a poucos quilômetros do sul da Espanha. Metade dos habitantes do país tem idade inferior a 15 anos e menos de um terço é alfabetizado. Setenta por cento dos marroquinos são de etnia árabe, enquanto o restante da população é composto de berberes e pequenas minorias europeias.

O atual território marroquino foi objeto de várias batalhas entre as antigas tribos da região e diversos impérios mundiais. A diversidade de objetos e a escrita líbia dos berberes, encontradas nos sítios arqueológicos do país, datam do início da história do Marrocos, por volta do ano 800 a.C. No ano 42 d.C., os romanos dominaram a região e geraram um significativo desenvolvimento urbano e econômico (comércio e agricultura), mas em 429 a região foi dominada pelos Vândalos; em seguida vieram os bizantinos e, por fim, os visigodos, que acabaram definitivamente com o domínio romano.

Os árabes invadiram o Marrocos em 682 d.C. e, em pouco tempo, quase todos os habitantes da região adotaram a religião islâmica, com exceção dos judeus. Os berberes do Marrocos foram então recrutados e utilizados na subsequente invasão e ocupação da Península Ibérica, em 711 d.C. O poder político do país permaneceu sob domínio do Islã, desde a ocupação árabe até o século XV, quando os europeus começaram a invadir a região. Portugueses, espanhóis e franceses travaram uma disputa armada pelo controle do país, que acabou dividido entre a França e a Espanha.

Após a II Guerra Mundial, nacionalistas iniciaram um movimento pela independência do país. A França rejeitou essa tentativa até 1956, quando, finalmente, tanto ela como a Espanha acabaram por reconhecer a independência do Marrocos, então reunificado em uma única nação. Em 1957, o sultão Muhammad V autoproclamou-se rei.

Atualmente, o Marrocos é governado por uma monarquia constitucional. Sua nova constituição, aprovada em 1996, promoveu certa abertura democrática, pois o parlamento passou a ser eleito inteiramente pelo voto popular. Entretanto, juntamente com as reformas de caráter mais democrático, assegurou-se a supremacia do rei.

População

A principal etnia do Marrocos é a dos árabes-berberes, que compõem 99% da população. Praticamente todos os marroquinos são muçulmanos. O Islã é a religião oficial e os preceitos do islamismo estão profundamente arraigados na sociedade. Com raras exceções, a maioria dos muçulmanos marroquinos é de tradição sunita.

Economia

Os principais recursos da economia do Marrocos são a agricultura, o fosfato e o turismo. A produção de têxteis é um importante setor da indústria marroquina e que tem se desenvolvido bastante nos últimos anos.


Fonte Portas Abertas

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