quarta-feira, 28 de março de 2012

Turquia

A Igreja e a Perseguição Religiosa

A Igreja

A história da Igreja Cristã está intimamente ligada à da Turquia, que foi um dos berços do Cristianismo e onde existiram algumas das maiores igrejas do mundo antigo. Por volta do ano 47-49 d.C., o apóstolo Paulo viajou para Antioquia, a fim de pregar o evangelho e fundar as primeiras igrejas cristãs fora da Palestina (Judeia). Ali a mensagem de Paulo teve grande aceitação e foi onde pela primeira vez os seguidores de Jesus foram chamados de cristãos. As “sete igrejas da Ásia Menor” mencionadas no livro de Apocalipse (Eféso, Esmirna, Tiatira, Sardes, Filadélfia, Laodiceia e Pérgamo) encontram-se no território da atual Turquia. Além disso, fica na Turquia a cidade de origem do apóstolo Paulo, Tarso.

Constantinopla (atual Istambul) se tornou, em 330 d.C., o centro da religião cristã, do Império Romano e mais tarde do Império Bizantino (Império Romano do Oriente). Em 380 d.C., o Cristianismo foi declarado a religião oficial do Império Romano, durante o reinado de Teodósio I.

Após o surgimento do Islamismo na Arábia e sua expansão nos séculos VII e VIII, o cristianismo perdeu força na Turquia. Após a queda de Constantinopla para os Otomanos, no século XV (1453), e o fim do Império Bizantino, a Turquia se tornou definitivamente um país de maioria islâmica.

A comunidade cristã atual é formada por ortodoxos, na maioria, protestantes e um pequeno grupo de católicos. Há também comunidades de ex-muçulmanos, mas que se reúnem de forma discreta.

Geralmente os jovens deixam o país para ir estudar, o que faz com que a população cristã diminua. Os turcos guardam amargas lembranças de ações da Igreja em tempos remotos e têm falsas percepções e ideias sobre o cristianismo.

A Perseguição

A Constituição garante liberdade religiosa e, geralmente, o governo respeita esse direito na prática. Ainda que o proselitismo seja legal no país, muçulmanos, cristãos e baha'is enfrentam algumas restrições e prisões ocasionais sob a acusação de praticá-lo ou de praticar reuniões não autorizadas.

Respeitar a liberdade religiosa dos não muçulmanos é essencial para a concretização da expectativa da Turquia em participar da União Europeia. Portanto, a reforma de leis contra igrejas cristãs tem sido facilitada e o preconceito antiocidental, retirado de textos didáticos das escolas. A atual liderança do partido Justiça e Desenvolvimento (AK) chegou até a restaurar uma antiga Igreja armênia no leste da Turquia, ignorando as objeções dos seus membros mais religiosos.

Mas, ao mesmo tempo, o sentimento anticristão está no ar. Existe um popular seriado de televisão chamado "Vale dos Lobos", que apresenta cenas que depreciam os cristãos. A série retrata um adolescente convocado por um grupo nacionalista a matar um editor de livros cristãos, e alguns episódios passam a ideia de que missionários cristãos são inimigos da sociedade e culpados por ligações com organizações criminosas, que praticam tráfico de órgãos e prostituição.

Um novo ultranacionalismo mesclado com militância islâmica tem causado numerosos ataques contra cristãos nos últimos anos em toda a Turquia. Na região do Mar Negro, adolescentes desempregados estão especialmente inclinados a isso. "O empenho dos cristãos está crítico", diz Husnu Ondul, presidente da sede da Associação Turca dos Direitos Humanos de Ancara.

Em 2011 o governo da Turquia criou uma emenda que visa o fim da opressão que a minoria cristã composta por armenios e gregos enfrentam no páis. Além disso, o governo turco iniciou um processo de devolução de propriedades confiscadas dos cristãos nos ultimos anos, entre elas, edificios escolares, cemitérios, hospitais e igrejas. Essa foi uma exigencia básica feita pela União Eropéia à Turquia no tribunal dos Direitos Humanos.

História e Política

Localizada em uma região estratégica, entre a Europa e a Ásia, a Turquia era uma espécie de encruzilhada para muitos povos da antiguidade. Em alguns períodos, a região fez parte de importantes rotas comerciais, sendo constantemente atravessada por caravanas que transportavam seda e especiarias da China. O nome Turquia significa “terra dos turcos”. Os chineses chamavam os povos que habitavam a Ásia Central de Tu-kin. Os bizantinos utilizavam o nome Tourkia para se referir à Hungria medieval.

A Turquia conta com uma rica história. A região da Anatólia (Ásia Menor), hoje parte da Turquia, foi o lar de vários impérios da antiguidade, como Troia, Hitita, Persa, Grego, Romano e Bizantino. Após a chegada do islamismo à região, no século VII, o país foi dominado por impérios islâmicos como o Abássida*, o Seljúcida** e o Otomano.

A história do país é influenciada tanto pela Europa quanto por povos da Ásia, já que a região denominada de Anatólia localiza-se nesse continente. Constantinopla, cidade fundada pelo imperador Constantino, passou a ser a capital do Império Bizantino (Império Romano do Oriente), após a queda de Roma, em 476 d.C. Os bizantinos conquistaram os Bálcãs, a Anatólia e o norte da África. Mas com o advento do Islã, no século VII, os bizantinos encontraram nos árabes um adversário à altura, que já haviam conquistado a Pérsia e o Egito, ansiando por levar seu poderio e religião para as terras dominadas pelos bizantinos. Tal fato gerou diversas guerras entre os dois povos, entre os séculos VII e XV.

No final do século XIII (1299) começaram a surgir os responsáveis pela queda do Império Bizantino e pela configuração atual da Turquia. A tribo muçulmana dos Otomanos foi pouco a pouco tomando espaço e aumentando sua influência e poder sobre outras tribos. Dessa forma, estabeleceram-se como o Estado mais forte da região: por volta de 1400 já tinham dominado a maior parte da Anatólia e estavam às portas do Estado Bizantino.

Em 1453, conquistaram Constantinopla e mudaram seu nome para Istambul. O apogeu do Império Otomano se deu no reinado de Solimão I, que subiu ao poder em 1520 e liderou os exércitos turcos, chegando a Viena, na Áustria. A decadência do domínio turco iniciou-se no século XVII e durou até o fim da I Guerra Mundial, quando a Turquia, aliada da Alemanha, foi derrotada e perdeu suas possessões no Oriente Médio e na África.

Após o armistício, os nacionalistas turcos ganharam poder, expulsando os gregos que haviam invadido o país e proclamando a República, em 1923. A nova nação tomou algumas medidas revolucionárias, como a abolição do sultanato, a reforma legislativa, a adoção do alfabeto romano e a anulação do artigo constitucional que declarava o islamismo a religião oficial da Turquia.

A Turquia juntou-se às Nações Unidas em 1945 e, em 1952, tornou-se membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Na última década, o país sofreu muitas reformas que fortaleceram sua democracia e economia, possibilitando, com isso, negociações para ser membro da União Europeia.

*Os abássidas foram uma dinastia muçulmana que dominou parte do Oriente Médio entre 750 e 1258.

**Os seljúcidas foram uma dinastia muçulmana que dominou parte do Oriente Médio e da Ásia Central dos séculos XI ao XIV.

População

O antigo Império Turco-Otomano sempre foi multiétnico, multilinguístico e multirreligioso (turcos, curdos, gregos, armênios, eslavos etc.). Hoje a maioria da população da Turquia é da etnia turca. Os curdos são uma importante minoria e correspondem a 20% dos habitantes.

Embora a Turquia seja constitucionalmente um Estado laico, o islamismo continua a dominar a cultura do país. A maioria dos muçulmanos turcos é de tradição sunita, embora haja xiitas no país.

Economia
O turismo e a indústria são atividades importantes da economia turca e a agricultura do país é autossuficiente. O crescente relacionamento da Turquia com os países da Ásia Central é parte importante de sua estratégia de longo prazo para aumentar influência regional e alcançar a estabilidade econômica.

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