quarta-feira, 28 de março de 2012

Egito - A Igreja e a Perseguição Religiosa

O cristianismo chegou ao Egito logo no 1º século d.C. Segundo a tradição, foi o apóstolo Marcos que fundou a Igreja de Alexandria. Alexandria era na época uma das principais cidades do Império Romano e contava com um número considerável de judeus que residiam ali. O islamismo só chegou ao país séculos depois, mas conversões em massa fizeram dele a religião principal.

Os egípcios cristãos que se recusaram a aderir à fé islâmica são conhecidos como Coptas (palavra grega que significa egípcio). A igreja Ortodoxa Copta é, portanto, uma das mais antigas do mundo. Os coptas são considerados por muitos estudiosos aqueles que preservaram o que restou da língua e cultura egípcias após a dominação dos muçulmanos. Esta Igreja não está em comunhão nem com a Igreja Católica nem com as Igrejas Ortodoxas de tradição bizantina, como a Russa, a Grega e outras do leste europeu.

Os coptas ortodoxos pertencem à comunhão de igrejas que se separaram do resto do cristianismo depois do Concílio de Calcedônia, no século V, que inclui ainda a Igreja Armênia, a Igreja Etíope, entre outras. Os coptas têm feito grandes contribuições para o cristianismo universal, contando com grandes figuras, como Santo Antão. Deve-se também aos coptas a preservação de inúmeros textos sagrados.

Hoje o cristianismo abrange em torno de 11% da população egípcia, sendo considerada a maior população cristã nos países árabes. Sua participação percentual está crescendo lentamente, em função dos nascimentos em lares cristãos. A cada ano, o contingente cristão sofre baixas devido à emigração e à conversão ao islamismo. A Igreja evangélica começou há 150 anos e é ativa na implantação de igrejas e na área da educação e da saúde.

A perseguição

Embora os cristãos tenham liberdade religiosa, estão sujeitos a discriminação por parte da sociedade e de representantes do governo. Certo líder cristão afirmou: "A situação que vejo a meu redor frequentemente me entristece. Em minha cidade, que costumava ser inteiramente cristã, o quadro piora diariamente.

A maioria da população tornou-se muçulmana e muitos cristãos saíram do país ou foram para cidades maiores. Aqueles que permaneceram vivem geralmente em estado de extrema pobreza. Existem muitas pessoas que se autodenominam cristãs, mas dificilmente sabem alguma coisa sobre Cristo. A maioria não possui Bíblia e tampouco treinamento. É muito fácil os cristãos serem influenciados pelas doutrinas islâmicas e renunciarem à fé cristã, às vezes estimulados por ganhos materiais.

O mandamento de Deus para nós aqui, no norte do Egito, é ‘fortalecer os fracos, trazer de volta os desgarrados e buscar os perdidos’, ou seja, cuidar do rebanho. Tentamos fazer isso de diversas formas. Em primeiro lugar, por meio de nossas aulas de alfabetização. Esse é um trabalho muito eficaz, que tem levado muitos a conhecer Jesus Cristo. Em segundo lugar, iniciamos um novo sistema de cursos bíblicos por correspondência. Com a falta de pastores em muitas igrejas, também iniciamos um programa de treinamento para líderes leigos que possam assumir a responsabilidade por suas respectivas comunidades.”

“O treinamento desses jovens da região é a chave, não somente para a sobrevivência da Igreja, mas também para seu crescimento e expansão. Além disso, estamos estabelecendo grupos de estudo bíblico. Vamos de aldeia em aldeia, formamos pequenos grupos e semanalmente estudamos a Bíblia e cantamos na casa de um dos integrantes.

Pelo fato de as garotas adolescentes formarem um grupo vulnerável em nossa sociedade, temos organizado conferências regulares para elas, abordando temas como a dinâmica do casamento cristão, doutrinas básicas da fé e como lidar com o medo. Elas correm o risco de ser estupradas por garotos muçulmanos e, de certa forma, obrigadas a se casar com eles”.

Os muçulmanos que se convertem sofrem severa perseguição também. Eles podem ser marginalizados pela sociedade, presos, torturados e até mortos. Tudo isso acontece, em primeiro lugar, porque o governo não reconhece a conversão de muçulmanos a outra religião. Embora vários muçulmanos se convertam ao cristianismo a cada ano, o estigma social de deixar o islã força a maioria a esconder sua decisão. A designação religiosa de "muçulmano" na identidade obriga-os a ter uma vida dupla. São obrigados a se casar segundo a sharia (lei islâmica) e suas crianças têm de receber instrução religiosa islâmica na escola.

História e Política

O Egito é quatro vezes maior que o Estado de São Paulo, mas a maior parte de seu território encontra-se no deserto. Somente 3% das terras são aráveis, geralmente as que se encontram às margens do Rio Nilo. A Península do Sinai - território estratégico que é a única ligação entre a África, a Europa e o Oriente Médio - encontra-se em território egípcio. Além disso, o Egito detém o controle sobre o Canal de Suez, a ligação marítima que permite o caminho mais curto entre o Oceano Índico e o Mar Mediterrâneo.

Seu nome em português provém do grego "Aígyptos", que, por sua vez, provém do egípcio "Há-K-Phtah" ("Morada de Phtah"). Todavia, o nome mais antigo do país é "Kemet" ("Terra negra"), devido às terras escuras e férteis depositadas pelas baixas do rio Nilo. A história do Egito remonta há mais de 4 mil anos antes de Cristo e permaneceu estável por mais de 3.500 anos.

Antes da existência dos dois reinos (alto e baixo Egito), a região era dividida em cidades-estados, “nomos”, independentes politicamente, mas podemos dividir essa rica história em dois períodos: Pré-dinástico (até 3.200 anos a.C), época em que não havia centralização política, e dinástico, quando os reinos do Alto e Baixo Egito foram unificados sob o domínio político/espiritual de um Faraó. Embora numa região desértica e de clima semiárido, o Egito era uma civilização privilegiada por estar no vale do Rio Nilo, tendo usufruído desse privilégio por séculos.

Os egípcios tinham uma organização social, política e econômica invejável para a época: cultivavam cereais (trigo, cevada, algodão, papiro, linho), favorecidos pelas desenvolvidas obras de irrigação, além da criação de animais (pastoreio), artesanato e comércio. Os egípcios são os responsáveis pela construção de grandes obras arquitetônicas da antiguidade, entre elas as três grandes pirâmides: Quéfrem, Quéops e Miquerinos.

O Egito teve, ao longo de sua história, 31 dinastias, até ser conquistado pelos persas em 343 a.C. Em 332 a.C. passou a integrar o Império Macedônio, após ser conquistado por Alexandre, O Grande. Cleópatra é considerada o “último faraó” do Egito, tendo governado até o ano 30 a.C., quando o Império Romano o transformou em província. O Egito se tornaria mais tarde parte do Império Romano do Oriente (Império Bizantino), até a chegada dos árabes, no século VII, que dominaram e islamizaram o país. Muito da história, escrita, língua e religião do antigo Egito se perdeu ao ser dominado por outros povos e culturas.

A história recente do Egito foi construída sob o domínio de impérios. Primeiro, os otomanos dominaram o país por dois séculos (1517-1798). Depois, o Egito sofreu com a invasão do general francês Napoleão Bonaparte, que fora reprimido pelas tropas otomanas e inglesas. Os britânicos passaram a ocupar o Egito em 1882 e ali permaneceram até 1954. Os britânicos tinham interesse em dominar o Canal de Suez, que facilitaria a rota marítima britânica até a Índia. Durante a I Guerra Mundial, a Grã-Bretanha estabeleceu o Egito como seu protetorado. Na década de 1950 surgiu no Egito um importante líder político chamado Gamal Abdel Nasser, que seria um dos responsáveis pela queda do rei Faruk e pela independência do Egito, assim como pelo surgimento do movimento pan-arabista, que impulsionou a independência de outros países do mundo árabe. Nasser se tornou o primeiro presidente do Egito em 1956; após sua morte, foi sucedido por Anwar Sadat, que, por sua vez, foi assassinado em 1981 por seus acordos com Israel, dando lugar ao general Hosni Mubarak.

Após mais de 30 anos no poder, Hosni Bubarak renunciou, diante da onda de manifestações sociais e políticas pela qual passou o Egito e outros países do mundo árabe, no início de 2011, num evento conhecido como “Primavera Árabe”, em que a população reivindicava profundas reformas políticas, mais liberdade e direitos. O processo eleitoral para a escolha de um novo parlamento e do sucessor de Mubarak teve inicio em novembro de 2011, do qual o Partido Liberdade e Justiça (PLJ) braço politico da Imandade Muçulmana saiu vitorioso.

População

Apesar da presença de outros povos do Oriente Médio no país, a maior parte da população é composta por árabes egípcios.

A população egípcia é composta por diversas etnias, a maioria com suas origens em um povo semítico-camítico; há uma minoria de beduínos, que mantém uma organização e práticas tribais e nômades na área desértica do país; o terceiro maior grupo étnico são os núbios, um povo africano estabelecido há milhares de anos no Alto Nilo. Há uma considerável herança étnica dos povos que passaram pelo território: romanos, gregos, turcos, circassianos, ingleses e franceses.

O árabe é a língua oficial; o inglês e o francês são utilizados por uma elite culta; o copta é utilizado pela minoria cristã em práticas religiosas; há minorias que falam idiomas bérberes, núbio ou oromo. Cerca de 72% da população egípcia com mais de 15 anos é alfabetizada e cerca de 43% da sua população total vive em áreas urbanas.

Economia

A economia do Egito baseia-se na agricultura, na exportação de petróleo, em taxas alfandegárias cobradas dos navios que transitam pelo Canal de Suez e no turismo. O país dispõe também de um mercado de energia bem desenvolvido, baseado no carvão, petróleo, gás natural e hidroelétricas.

O nordeste do Sinai possui depósitos de carvão que produzem cerca de 600 000 toneladas ao ano. Produzem-se petróleo e gás nas regiões desérticas a oeste, no golfo de Suez e no delta do Nilo. O Egito tem enormes e importantes reservas de gás.

Fonte:Portas Abertas

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