quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

INTRODUÇÃO AOS DEZ MANDAMENTOS

ÊXODO 20.1-17
PR RON CRISP
Nosso estudo sobre os Dez Mandamentos será grandemente enriquecido se primeiramente considerarmos o panorama geral da lei de Deus como apresentado nas Escrituras.

A Palavra !Lei? e os Seus Múltiplos Significados

A palavra ?lei?, com freqüência é usada para descrever as diferentes partes da revelação de Deus a respeito de si mesmo. Quando encontrarmos esta palavra, é necessário discernirmos seu sentido específico e o contexto no qual ela está sendo usada.
A palavra ?lei? é muitas vezes utilizada para se referir ao Pentateuco ou os primeiros cinco livros de Moisés (Lucas 24:27). Moisés numa maneira única e singular recebeu e relatou a lei de Deus (João 1:17).
A !lei? às vezes parece ser uma referência a Bíblia toda (Salmo 1:1-2; Salmo 19:7-10).
A palavra ?lei? é muitas vezes utilizada para designar todo o sistema cerimonial de adoração entregue à Israel. Isto incluiria o tabernáculo, sacerdócio, ofertas, dias santos e as leis de dieta alimentar do Velho Testamento (Hebreus 10:1; Hebreus 9:22).
As leis civis que Israel deveria obedecer são chamadas de !lei?. Êxodo 22- 24 nos dão um exemplo desta parte da lei.
A frase !lei moral? é muito usada para se referir aos padrões básicos de certo e errado que permanecem até hoje. A lei cerimonial poderia ser aniquilada, mas o dever de amar a Deus permanece sempre. Os Dez Mandamentos são freqüentemente citados como sendo a lei moral, embora alguns estudantes da Bíblia discordem que o sábado seja incluído nesta classificação.
Um certo grau de conhecimento do certo e do errado foi implantado por Deus na consciência humana (Romanos 2:14-15). Num sentido mais profundo, a lei é escrita no coração daqueles que nascem de novo (Hebreus 8:10; Romanos 7:22). Eles não somente tem um maior entendimento das exigências da lei como também amam e desejam obedecer a seus preceitos.
I. As Implicações da Lei
A própria existência da lei abrange muito.  Os homens raramente consideram o quanto é comprovado justamente pela crença do certo e errado.
A. A crença na lei requer a crença em um legislador. Para ser consistente o ateísta deveria privar-se de qualquer conceito de moral absoluta. Se não há Deus não há nada de certo ou errado. Assassinato e caridade são meras atividades diferentes.
B. As leis morais das Escrituras revelam o caráter santo de Deus. A lei sempre reflete a natureza do legislador. Note a impureza das leis feitas por homens ímpios ou atribuídas a falsos deuses.
As leis encontradas na Palavra de Deus são perfeitamente santas. O fato do amor cumprir a lei revela a perfeição da natureza de Deus (Romanos 13:8; I João 4:8). Considere que a Regra de Ouro é simplesmente uma declaração condensada do nosso dever para com o próximo. Poderíamos conceber que nosso Senhor permitiria o aborto, as jogatinas ou a impureza sexual como o fazem os nossos modernos legisladores?
C. Se a lei de Deus é reconhecida, então Ele deve ser visto como nosso soberano Criador. Quem, exceto o Todo-Poderoso, poderia ter autoridade para declarar o que é certo ou errado?  Os governos humanos somente têm autoridade outorgada por Deus (Romanos 13:1). O governo Civil não tem autoridade para ordenar a desobediência à Deus (Atos 5:29).
D. Uma vez admitida a existência do certo e errado a certeza do julgamento fica estabelecida. As leis não são meras sugestões. Toda lei carrega consigo a ameaça da penalidade para aqueles que a violam. O pecado é a transgressão da lei de Deus (I João 3:4) e traz consigo uma horrenda condenação (Romanos 6:23).
E. A existência da lei de Deus prova a Sua natureza infinita. A lei de Deus revelada nas Escrituras e em nossas próprias consciências revela as más ações, palavras e pensamentos. Somente um Deus Onisciente poderia fazer leis que responsabilizam as palavras e segredos de pensamento dos homens e dos anjos. Somente um Deus Todo-Poderoso poderia trazer cada ofensor à julgamento. Pelo fato dEle ser Onipresente ninguém pode escapar do Seu julgamento (Salmo 139; Atos 17:31).
Esta discussão poderia ser grandemente estendida, mas isto é o suficiente para provar a completa tolice do ateísmo ou o perigo da adoração dos falsos deuses. Fazer isso é negar e corromper a lei que governa os homens. 
II. Os Atributos da Lei de Deus
Muitos códigos de lei têm sido promulgados pelo homem para governar a sociedade. Entretanto, há coisas que podem ser ditas a respeito da lei de Deus que não podem ser ditas a respeito das leis dos homens.
A. Pureza Perfeita ! As imperfeições e limitações dos homens são refletidas nas suas próprias leis. O único sistema de leis perfeitamente santo é o de Deus (Salmo 19:8).
B. Espiritual ? As leis dos homens controlam a conduta e, de uma forma, as palavras da sociedade. Só a lei de Deus é que julga o coração. Que governo humano poderia fazer do Sermão do Monte parte do seu sistema legal (Note Mateus 5:28; 43-44). Entretanto, este sermão expõe a verdadeira espiritualidade da lei de Deus.
C. Abrangência ? Os governos humanos estão sempre fazendo novas leis para cobrir situações não previstas. A lei de Deus não precisa de adendos. Ela cobre cada dever do homem em seus princípios e preceitos (Salmo 119:96).
D. Unidade ! Alguém pode quebrar a lei dos homens e ainda ser obediente em outras áreas. Este não é o caso da lei de Deus (Tiago 2:10). Isto ocorre porque o amor é o fundamento de tudo (Romanos 13:8-10). Pecar em qualquer área é falhar em amar, que é o fundamento da lei de Deus como um todo.
III. A Natureza do Decálogo
Os dez mandamentos são mencionados com freqüência como sendo o !Decálogo? ou dez palavras. A fim de entendermos os Dez Mandamentos nós precisamos considerar vários aspectos:
A. O decálogo está dividido em duas partes. Os primeiros quatro mandamentos tratam dos nossos deveres para com Deus (Êxodo 20:1-11). Eles são resumidos nas Escrituras pelo primeiro grande mandamento (Mateus 22:35-38). Os seis mandamentos restantes tratam dos nossos deveres para com os homens. Eles são resumidos no segundo grande mandamento. Isto prova a doutrina de Paulo em Romanos 13:8-10.
B. Cada um dos Dez Mandamentos somente apontam para o dever principal de uma série de deveres. Esta forma de representar o !todo? através do !singular? é chamada de ?Sinédoque?. Vamos tomar por exemplo a ordem !não matarás? que nos proíbe de ferir ou mesmo de desejar ferir nosso próximo de alguma maneira (I João 3:15; Mateus 5:21-22). De fato o dever oposto está também incluído e subentendido. A ordem de !não roubarás? inclui o dever de proteger a propriedade do nosso próximo de prejuízo ou perda quando está em nosso poder fazê-lo (Êxodo 23:4).
C. As leis de Deus proíbem aquilo que incite ou dê ocasião ao pecado (Compare Êxodo 20:14 com I Coríntios 7:1-2).
IV. O Propósito da Lei
A lei nunca foi dada para salvar a alma. Qual é então o seu propósito?
A. A lei nos dá uma revelação maravilhosa da santidade, poder e grandeza de Deus.
B. A lei é usada para revelar ao homem seu estado de pecador e a necessidade de Cristo (Romanos 3:19-20; Romanos 7:9). Aqueles que se medem pelo padrão perfeito de Deus, podem ver o quanto caíram. Tais pessoas compreendem a necessidade de receber a justiça perfeita, que lhes é imputada pela fé em Cristo. Certos pregadores do passado se referem à lei como a agulha que abre o caminho para a linha do evangelho. Como um arado, ela quebra a justiça própria do coração do homem, para que a semente do evangelho possa ser plantada.
C. A lei determina a regra da conduta Cristã. Os santos não estão debaixo da lei como um meio de obter justificação diante de Deus (Romanos 10:4) ainda que ela revele para eles o que Deus requer de suas vidas (Efésios 6:1-3; I João 5:21 etc.).
D. A lei julgará o homem no último dia. Mesmo aqueles que nunca viram a Bíblia, muitas vezes revelam nos julgamentos que fazem de outros a extensão pela qual a lei de Deus é revelada em seus corações (Romanos 2:14-15).
V. Jesus Cristo e a Lei
A. O Senhor Jesus como nosso representante nasceu sob a lei e perfeitamente cumpriu cada um de seus preceitos (Gálatas 4:4; Mateus 3:17; Mateus 5:17).
B. Quando Jesus Cristo morreu na cruz, Ele estava sofrendo pelos pecados do Seu povo. Ele pagou a dívida daqueles que quebraram a lei de Deus (Romanos 6:23).
C. Aqueles que crêem em Cristo têm Sua justiça imputada sobre eles (Romanos 3:20-22; II Coríntios 5:21; Filipenses 3:9). Sendo assim, eles estão livres da condenação da lei e permanecem justificados aos olhos de Deus.

Autor: Pr Ron Crisp
Tradução: Pr Eduardo Alves Cadete
Revisão: Joy Ellaina Gardner
Edição: Calvin Gardner

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