domingo, 13 de dezembro de 2015

COMENTÁRIO SOBRE O LIVRO DE APOCALIPSE

POR GERALD S. SMITH

CAPÍTULO 4
Versículo 1 – “Depois destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu”. No capitulo 1:19 João recebe a instrução para escrever “as coisas que são, e as que depois destas hão de acontecer”. As “coisas que são” se referem aos eventos da época da igreja. Eles estão registrados nos capítulos 2 e 3. Esta época vai do tempo dos apóstolos até a volta de Cristo. As “que depois destas hão de acontecer” são os acontecimentos após a Segunda Vinda de Cristo. Eles estão registrados dos capítulos 4 até o 22. A cena muda a partir dos três primeiros capítulos. Cristo não é visto na terra, mas no céu. A voz de Cristo, como o som de uma trombeta, ordena a João que entre pela porta aberta no céu. “e a primeira voz diz que, como de trombeta, ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisa que depois destas devem acontecer”. Muitas e variadas são as interpretações dadas a este versículo, como também ao resto do capitulo. Estamos diante de decisões em relação ao arrebatamento, à volta iminente de Cristo, à tribulação e seu relacionamento ao arrebatamento e muitas outras coisas. É minha opinião que a Bíblia é bastante clara em seus ensinamentos sobre a vinda de Cristo, a qual acontecerá num momento que ninguém sabe, nem saberá de antemão e que ressuscitará os crentes mortos e transformará os crentes vivos e levará a todos para o céu ao mesmo tempo. Após isto, parece-me, começará o período da tribulação que continuará durante sete anos. Quando João teve permissão de olhar o céu, ele vê os acontecimentos como vão acontecer. Nos versículos seguintes podemos ver porque o arrebatamento dos santos deve preceder o período da tribulação. Antes de continuarmos, vamo-nos lembrar da esperança bendita que Jesus virá outra vez e aparecerá com um grito e voz de arcanjo e da trombeta de Deus. O grito será “Sobe aqui” e todos os corpos dos crentes mortos como Lázaro, vão responder a este chamado, sendo vivificado pelo Espírito Santo. Todos os redimidos que estiverem vivos nesta época serão transformados e levados para a glória, pelo poder grandioso de Deus.
Versículo 2 – “E logo fui arrebatado no espírito”. Esta expressão é a mesma encontrada em 1:10. Não significa necessariamente que João foi transportado ao céu em espírito, mas ele ficou maravilhado com a cena e seus eventos e numa condição de receber a mensagem das manifestações e visões. “E eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono”. A primeira coisa que João vê é um trono e Quem está sentado nele. Há muitos pensamentos maravilhosos sobre o céu, de quem queremos ver dos entes queridos que se foram, de Adão e Eva, Abraão, os profetas e apóstolos, mas quem vamos querer ver mais e em primeiro lugar, quem é nosso Tudo, será o que Se senta no trono, que é o Senhor Jesus Cristo.
Versículo 3 – “E o que estava assentado era, na aparência, semelhante à pedra jaspe e sardônica”. A forma e os aspectos de Quem está no trono não são descritos, pois quem pode colocar em palavras ou quem poderia recebê-las, se as houvesse?! Sua beleza e esplendor se assemelham a pedras preciosas. Estas pedras eram as primeiras e últimas no peitoral do sumo sacerdote. Alguns expositores chamam a atenção que o jaspe não é o que conhecemos, porém é claro como cristal, de acordo com Apocalipse 21:11, o que corresponderia ao diamante, nossa pedra mais preciosa. A sardônica é o rubi, uma pedra cor de sangue. Como tais, falam da glória e do sacrifício. Sabemos isto sobre Jesus; Ele é o Senhor da Glória que veio à terra, apresentando-Se como sacrifício e que agora Se encontra exaltado nas glórias do céu. “É o arco celeste estava ao redor do trono, e parecia semelhante à esmeralda”. Este arco é diferente do que vemos na terra, pois é um círculo completo e ao invés de ter o espectro das cores divididas em várias outras, ele é apenas formado de um verde muito lindo. O arco de Deus nos faz lembrar de Sua fidelidade sobre a terra. Deus prometeu a Noé que a manteria para sempre. Prometeu também ao Filho que a terra se tornaria o escabelo de Seus pés. Deus é Aquele que faz o pacto e o cumpre. O arco é um símbolo da fidelidade de Deus em cumprir Suas promessas.
Versículo 4 – “E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos; e vi assentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos vestidos de vestes brancas; e tinham sobres suas cabeças coroas de ouro”. Em volta do trono há vinte e quatro anciãos sentados neles. Quem são esses anciãos? Quem representam? Não há dúvida em minha mente que representam todos os redimidos do Senhor até o tempo de Sua Segunda Vinda. Quase todos os expositores bíblicos de reputação concordam com isto. Eles mostram uma conexão com I Crônicas 24, onde Davi designou vinte e quatro anciãos, a fim de representarem o sacerdócio levítico completo. Eles tinham sua vez em servir no templo que Salomão construiu depois. Todos os milhares de sacerdotes não podiam vir ao mesmo tempo para servir, por isso ficaram divididos em turnos, mas todos eram representados pelos vinte e quatro anciãos que haviam sido designados. Assim o Senhor mostrou a João vinte e quatro anciãos reinando, ao invés de uma multidão em massa ao redor do trono; mas cada filho de Deus, como crente, é um sacerdote (ver Apocalipse 1:6 e 5:10) e está representado diante do trono de Deus pelos anciãos que estão nos tronos, significando sua posição como reis. Todos os crentes reinarão com Ele. A veste branca é a roupa adequada dos crentes, representando a justiça que têm de Cristo. As coroas de ouro significam dignidade real. Todos os crentes serão feitos reis e sacerdotes. A cena que João vê aqui nos diz, com certeza, que todos os redimidos do Senhor estão no céu, no tempo representado pela cena. Isto é antes que qualquer coisa seja dita ou mostrada em relação à tribulação. Portanto, deve ser bastante para nos ensinar que o povo de Deus é arrebatado antes da tribulação começar e não no meio dela nem no fim. Colocar o arrebatamento em qualquer lugar, exceto antes da tribulação, é misturar os acontecimentos revelados a João e assim acabar tudo numa confusão. Cremos firmemente que Jesus pode vir a qualquer momento e não há absolutamente nada revelado na Bíblia que deve acontecer antes dEle chegar. Se há coisas a serem feitas antes de Cristo vir, então devíamos estar aguardando estas coisas e não a Ele. Isto não pode ser aceito. Cremos que a Bíblia nos ensina a esperar pela vinda de Cristo a qualquer momento e não haverá sinais nem avisos de antemão, ante que Ele chegue. Enfatizamos isto, porque há alguns irmãos batistas que acreditam que a vinda de Cristo não é iminente e que Ele só virá na metade ou no fim do período da tribulação. Muitos acreditam que o tribunal de Cristo acontecerá logo após a Sua vinda e tentam provar isto, pelo fato dos crentes estarem com suas coroas. Não aceitamos isto. Cremos que o tribunal de Cristo será no fim ou perto do fim da tribulação. Há um só tribunal de Cristo mencionado e todos os salvos, de todas as épocas, aparecerão diante de Cristo, a fim de serem galardoados. Haverá salvos durante a tribulação e como não serão julgados antes de ser salvos, o julgamento dos crentes deve ser após a tribulação. As coroas deste versículo não são galardões. Estas coroas serão usadas por todos os crentes do mesmo modo que as vestes brancas. Elas são dons de Deus, comprados para nós pelo sangue de Cristo. Galardões não são dons. Galardões são ganhos pela fidelidade dos crentes. A salvação é um dom de Deus, mas os tesouros são guardados no céu, pelo que fizemos. Todos os crentes não receberão os mesmos galardões, porque nem todos trabalharam do mesmo jeito. Há coroas a serem usadas por nosso desempenho aqui na terra, mas esta não é uma delas.
Versículo 5 – “E do trono saíam relâmpagos, e trovões, e vozes”. Este trono é de julgamento, como é imediatamente visto pelos trovões e relâmpagos. Estes sinais acompanham a presença de Deus, à medida que Ele está para exercer julgamento sobre a terra, durante sete anos, logo após o arrebatamento dos salvos. Este período de sete anos se chama “A Grande Tribulação”. A primeira parte deste período será de problemas para o povo de Deus que será salvo após o arrebatamento. O anticristo reinará durante esta época e causará este sofrimento ao povo de Deus. A última parte da tribulação será um tempo quando Deus julgará a terra em geral. Deus é soberano e sempre está no controle. O anticristo nem mais ninguém pode fazer nada sem o consentimento do Deus Altíssimo. “e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete espíritos de Deus”. Aqui, como no capítulo 1:4 e 3:1, o Espírito Santo é representado com os sete espíritos de Deus. Sete é o número da inteireza ou perfeição.
Versículo 6 – “E havia antes do trono como que um mar de vidro, semelhante ao cristal”. Neste mundo, a raça humana é representada pelo mar agitado. Isaías 57:20. Os reinos aparecem e desaparecem, há sempre algum tipo de problema, mas no céu, tudo está sob perfeito controle e em descanso, e assim o mar de cristal é calmo e suave. “E no meio do trono, e ao redor do trono, quatro animais cheios de olhos, por diante e por detrás”. Quem ou o que são estas quatro criaturas é muito difícil determinar. Quase todos parecem ter idéias diferentes. Eis algumas delas: Note primeiramente que o termo “animais” pode ser traduzido “seres viventes”. Todos os expositores bíblicos concordam com isto. Há quem acredite que o termo “seres viventes” (animais) representa o próprio Deus; outros acham que seja pastores ou professores da Palavra, assim as idéias são muitas variadas. Creio que pertencem à ordem dos serafins e querubins, mencionados em Isaías 6:1-8 e Ezequiel 1:1-25. A principal objeção a isto é que em Apocalipse 5:9-10 eles parecem estar cantando o cântico da redenção com os vinte e quatro anciãos e dizendo “com o seu sangue nos compraste” – o que não seria verdadeiro se fossem serafins ou querubins. Esta dificuldade não existe, contudo, desde que o pronome “nos” não está no grego e deve ser substituído por “homens” de acordo com o contexto, como afirmam quase todos os gramáticos gregos, tais como A. T. Robertson, Vincent, etc. Os seres viventes cantam com os anciãos o valor do Cordeiro que redimiu homens pelo Seu sangue.
Versículo 7 – “E o primeiro animal era semelhante a um leão, e o segundo animal semelhante a um bezerro, e tinha o terceiro animal o rosto como de homem, e o quarto animal era semelhante a uma águia voando”. Estes animais (seres viventes) não se pareciam com leões, bois, homens e águias, mas a aparência era como se fossem. O versículo seis afirma que eram cheios de olhos por trás e por diante. Isto simboliza a onisciência e onipresença de Deus. O leão simboliza a força e talvez a realeza; o boi exemplifica o serviço; o homem, a inteligência e a águia, a rapidez. Estas criaturas estão ocupadas com o louvor e adoração ao Senhor. O serviço que prestam a Ele tem a qualidade que seus rostos significam.
Versículo 8 – “E os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir”. Os seres viventes (animais) emitem a mesma expressão de louvor como o serafim de Isaías 6:3. Estes seres glorificados estão ligados à santidade de Deus. Aqui, eles magnificam Sua santidade antes dEle derramar Sua ira sobre a terra. A ira de Deus executada não é contrária à sua santidade, pelo contrário, é por causa dela. Um Deus santo não pode desculpar o pecado nem deixá-lo sem castigo. Todos os redimidos do Senhor, juntamente com todas as criaturas glorificadas louvarão a Deus por Sua santidade, mesmo em meio à maior das demonstrações de sua ira sobre a terra e finalmente todos os ímpios serão lançados no inferno.
Versículos 9-10 – “E quando os animais davam glória, honra, e ações de graças ao que estava assentado sobre o trono, ao que vive para todo o sempre, os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, e adoravam o que vive para todo o sempre”. Nesta cena, vemos os seres viventes e os vinte e quatro anciãos, que representam todos os redimidos ocupados numa adoração solene e sincera a Cristo Jesus. Os termos usados para descrever o Que Se assenta no trono, não deixa dúvidas que é Jesus. “que era, e que é, e que há de vir” - “que vive para todo o sempre”. Não conheceremos a plenitude da glória e esplendor de Cristo, até estarmos em nossos corpos glorificados. Por enquanto nos regozijamos em conhecê-lO e adorá-lO, mas é apenas uma pequena prova do que será no céu. “E lançaram as suas coroas diante do trono, dizendo”. Estas coroas não são as que foram recebidas como galardões, mas todos os redimidos as receberão. Elas significam realeza, autoridade e posição exaltada. Não são ganhas, mas são dons de Deus aos redimidos, por causa dos méritos do Senhor Jesus.
Versículo 11 – “Digno és, Senhor, de receber glória, honra e poder”. No céu ninguém vai se vangloriar nem se gabar do que faz. Todos vão perceber que foi Jesus que fez tudo. Ninguém vai exigir agradecimentos nem elogios pelo que fez. Todos estão ocupados totalmente em louvar ao Senhor. “Porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas”. Uma coisa é certa: no céu não haverá ateus nem evolucionistas. Ninguém louvará a Deus pela evolução. O louvor será por Sua criação. Precisamos orar pela salvação de pessoas que um dia terão que se curvar e confessar Jesus, sem querer, por suas línguas ímpias, que trazem maldição, privação e degradação a tantos, pois Jesus Cristo é o Senhor e Criador do mundo inteiro (ver Salmo 2:1-12).

Autor: Pr Gerald S Smith
Tradução: David A Zuhars Jr.

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