quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Rosh Hashaná (Festa das trombetas)

Rosh Hashaná (Festa das trombetas) Lv.23:23-25
“E falou o Eterno á Morshek (Moisés), dizendo: Fala aos filhos de Israel, dizendo: No sétimo mês, no primeiro dia do mês será para vós descanso solene, memorial de toque de Shofar (trombeta de chifre de carneiro), convocação de santidade. Nenhuma obra servil fareis; e oferecereis oferta queimada ao Eterno.” Lv. 23:23 á 25.

Rosh Hashaná é um termo que em hebraico quer dizer “Cabeça do ano”, esta é a festa do Ano Novo em Israel, Rosh Hashaná também recebe outros nomes:

_Zikron Teruá- Memorial de aclamação: “...memorial de toque de shofar...”

_Yom Teruá- Dia de aclamação: “...convocação de santidade...”
_Yom há’Dim- Dia do julgamento. Festa das Trombetas. Sf.1:14á16.

_Yom há’Zikarom-dia de lembrança. “...memorial...”
Esta festa acontece entre os meses de Tihri ou Ethanin do calendário judaico que no calendário cristão encontra-se entre setembro e outubro. Os judeus contam seus anos de acordo com o calendário lunar á partir do primeiro dia da criação, portanto o Rosh Hashaná também é visto como o aniversário da criação, assim sendo Rosh Hashaná está ligado á criação de todo o universo, este é o dia de nos lembrarmos que Deus criou também o ser humano e isso á partir do pó da terra, com esse aspecto essa festa chama o homem á fazer um exame de consciência, sobre seu papel diante da comunidade, da sociedade, do mundo e do cosmos.


_Memorial de Aclamação ou convocação:

“...memorial de toque de shofar...” Lv.23:24.



Em Números 29:1 Rosh Hashaná é chamado de “dia de Toque do Shofar” , na tradução para o português dia de toque de trombeta. Como memorial os toques do shofar no Antigo Testamento, eram utilizados para que o povo se reunisse em assembléia perante Deus, segundo a tradição judaica três tipos de toques eram usados para reunir o povo:

_Tekiá- este era um toque direto e longo. Geralmente usado em convocações solenes.

_Shevarim- som de lamento, tocado principalmente em ocasiões de grande tristeza entre o povo, geralmente utilizado em ocasiões de lutos.

_Teruá- série de toques curtos, usado em convocações de aberturas de festas e outras ocasiões especiais.

Possivelmente o uso de toques de clarins de trombetas nos exércitos e em guerras, tenham tido origem no toque do shofar executado por Israel desde os dias de Moisés.

Dia de Aclamação.
“...Convocação de santidade...” Lv.23:24-Nm.29:1.


O elemento principal de Rosh Hashaná é o shofar, ele anuncia aqui um mundo livre do mal e da iniqüidade quando se realizarem as promessas do reino messiânico (Ap.20:4-21:3-4), com isso renova as esperanças daqueles que celebram com entendimento o Rosh Hashaná, pois os leva á convocação de Santidade. O grande tema desta festa é o Teshuvá, que quer dizer arrependimento, este é um ato consciente de retorno ao projeto inicial de Deus na criação, é um ato de renovação espiritual e moral. O Ano Novo em Israel é marcado por orações intensas, por todo o mundo as pessoas fazem projetos e planos que na maioria das vezes acabam sendo esquecidos no decorrer dos dias, mas Rosh Hashaná expressa a soberania de Deus e o seu reino sobre a humanidade, por isso convoca á todos á se espelharem Nele através de sua palavra, e á serem santos: “Mas como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso procedimento; pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.” IPe.1:15-16.

O shofar de Rosh Hashaná assume um papel extremamente importante, e em vários sentidos ele revela mistérios acerca da convocação de Deus á Santidade.

Para se fabricar o shofar um animal devia ser sacrificado, nesse caso um cordeiro, essa é provavelmente uma das mais completa e verdadeira simbologia profética sobre o cordeiro de Deus que tirou o pecado do mundo (Jo.1:29), porém não é sobre o cordeiro que Rosh Hashaná nos fala, e sim sobre o chamado á santidade através do toque de shofar. Jesus é o cordeiro que substituiu Isaque no seu sacrifício para fazer expiação pelos pecados de Israel e toda a humanidade, mas o shofar quando tocado em Rosh Hashaná convoca o povo a se santificar, para estar na presença do Eterno.

Nós não podemos nos esquecer que fomos santificados através do sangue do cordeiro que foi morto mas ressuscitou (Hb.10:10-29; 13:12), porém a santificação também se aplica á um processo constante em nossas vidas porque ainda estamos vivendo em contato com o pecado enquanto estivermos neste mundo, e isto requer todos os aspectos de vida, “...sede santos em todo o vosso procedimento...” esta foi uma grande barreira que existiu entre Deus e o povo de Israel nos dias de Jesus. A religião judaica estava morta e sem espiritualidade alguma, e os líderes religiosos da época não tinham condição de espiritualizar o povo e convocá-los para se santificar, o toque de shofar precisava ser mais que um barulho comum e nostálgico para o povo, ele deveria falar interiormente e convencê-los a se santificarem, por isso está escrito em ICo.14:8: “se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha.” o shofar de Rosh Hashaná assumiu a forma de Jesus em meio á carência espiritual com que vivia o povo de Israel, por todo o seu ministério e mesmo após ele, Jesus chamou e chama o povo a se santificar para Deus e serem parte de seu reino, como cordeiro Ele veio ao mundo e cumpriu sua missão em realizar a expiação pelos pecados de Israel e da humanidade, no ritual de sacrifício o cordeiro era queimado e provavelmente os chifres eram usados na confecção do shofar, a fumaça do sacrifício acendia aos céus onde Deus a recebia como oferta agradável, aqui temos uma maravilhosa realização profética em relação á ascensão do Cordeiro ressuscitado aos céus e recebido como oferta agradável, este foi o propósito de Deus em relação ao Senhor Jesus como filho do Homem, porém o shofar revela a outra face de Jesus desta vez como um rei que convoca os seus súditos á se reunirem em sua presença, e o chifre que na simbologia profética representa um Rei (Dn.7:24-8:20-21) nos leva a entender que devido ao shofar ser um instrumento de uso particular do povo de Israel, ele representa então o Rei dos Judeus, em relação á isto Jesus é chamado “Yeshua Ben David” (Jesus filho de Davi), este chifre de carneiro é o mesmo shofar espiritual que continua tocando e convocando á todos para se santificarem á Deus (IICo.1:2) pois: “...sem a santificação ninguém verá o Senhor.” Hb.12:14.



Dia do julgame

Festa das Trombetas.



Por ser considerada a festa das trombetas, esta também é uma festa que retrata o tempo do julgamento e juízo de Deus para com a humanidade e o mundo, já que quase todos os acontecimentos do tempo do fim serão antecedidos por toques de trombetas. Quase todos os profetas do Antigo Testamento anunciaram o grande e terrível dia do Senhor que segundo o Apóstolo Pedro “virá como um ladrão de noite” (IIPe.3:10), um fato importante de frizarmos é que, de todas as outras festas ao Senhor somente Rosh Hashaná é a mais misteriosa; esta é a única festa comemorada no primeiro dia do mês, ou seja, no outono e no período da lua nova, quando a noite é mais escura, enquanto em todas as outras festas são explicados os objetivos, nesta não há uma explicação, provavelmente por este motivo ela foi transformada em Ano Novo Judaico para se poder dar um significado á festa, esta transformação ocorreu logo após a destruição do Templo de Jerusalém em 70dc. Toda a cerimônia de Rosh Hashaná está voltada á promover uma profunda reflexão sobre a existência e a conduzir todos os homens para diante do Senhor, que como rebanho, e isso em escala universal, pois todos os homens são feitio e obra da criação, terão como ovelhas, que comparecer diante do supremo pastor. Acerca disto em Rosh Hashaná o Senhor é apresentado então como o bom Pastor: “Eu sou o bom pastor, conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem...” Jo.10:4. Como o toque de shofar era anunciado para realizar a assembléia do povo perante Deus, o dia do juízo também conhecido como dia do Senhor que antecede o dia do julgamento em que todos os homens vivos e mortos, santos e pecadores serão apresentados perante o tribunal do Senhor (Is.45:23-Rm.14:11-Fp.2:10-Rm.14:10-IICo.5:10). será anunciado pelo toque do shofar como predito pelos profetas do Antigo Testamento por exemplo: Sofonias 1:14 á 16 diz: “Está perto o grande dia do Senhor; está perto e muito se apressa. Atenção! O dia do Senhor é amargo, e nele clama até o homem poderoso. Aquele dia é dia de indignação, dia de angústia e dia de alvoroço e desolação, dia de escuridade e negrume, dia de nuvens e densas trevas, dia de trombeta e de rebate contra as cidades fortes e contra as torres altas.” (conf. Jl.2:1 á 3). Então será dia de escuridade e densas trevas (noite), e também dia de trombeta (shofar)! Seria esta a aplicação mais convincente acerca da simbologia profética de Rosh Hashaná? O próprio Senhor Jesus que se anunciou como o bom pastor dá outra indicação incrível sobre a assembléia das ovelhas agora no dia do julgamento: “E serão reunidos em sua presença todas as nações e Ele separará os homens uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos bodes, e porá as ovelhas á sua direita, e os bodes á sua esquerda. E o rei dirá aos que estiverem á sua direita: Vinde benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo...Então dirá também aos que estiverem á sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.” Mt.25:32-33-34-41. Nesta conclusão podemos entender que o sonido do shofar no dia do juízo será um Tekiá, ou seja um toque direto e longo convocando a humanidade de todos os tempos, para comparecer em assembléia perante o tribunal do Eterno (Ap.20:11 á 13); e irá soar um Shevarim, como sinal de lamento pelas almas que serão lançadas no abismo Eterno no dia do julgamento que ocorrerá após o reino milenar que será acompanhado com o toque de Teruá de alegria e festa . Com certeza Rosh Hashaná é mais que um simples dia de festa, ele é apresentado como dia de convocação e memorial. Não é mencionado nenhum motivo de alegria ou de gratidão para se comemorar nesta ocasião, Rosh Hashaná é na verdade um apelo aos seres humanos ao perdão do criador do universo.

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