domingo, 13 de abril de 2014

A Doutrina da Igreja

B. Ensino

O dom de ensino no Novo Testamento é a capacidade de explicar as Escrituras e aplicá-la à vida das pessoas. Isso se evidencia em uma série de passagens. Em Atos 15.35, Paulo e Barnabé estão em Antioquia “ensinando e pregando, com muitos outros, a palavra do Senhor”. Em Corinto, Paulo permaneceu um ano e meio “ensinando entre eles a palavra de Deus” (At 18.11). E os leitores da epístola aos Hebreus, embora já devessem ser mestres, ainda precisavam de alguém que lhes ensinasse de novo “os princípios elementares dos oráculos de Deus” (Hb 5.12). Paulo diz aos romanos que as palavras das Escrituras do Antigo Testamento “para o nosso ensino [gr. didaskalia]” foram escritas (Rm 15.4) e escreve a Timóteo que “toda a Escritura” é “útil para o ensino [didaskalia]” (2Tm 3.16).

C. Milagres

Logo após apóstolos, profetas e mestre, Paulo diz “depois, operadores de milagres” (1Co 12.28). Ainda que muitos dos milagres vistos no Novo Testamento fossem especificamente milagres de cura, Paulo aqui alista a cura como um dom distinto. Assim, nesse contexto ele deve ter em vista algo diferente de cura física.
Devemos perceber que talvez a palavra milagre não dê uma idéia muito precisa do que pretendia Paulo, uma vez que a palavra grega é simplesmente a forma plural da palavra dynamis, “poder”.24  Isso significa que o termo pode referir-se a qualquer tipo de atividade em que se evidencie o grande poder de Deus. Isso pode incluir respostas a orações por livramento de perigos físicos (como no caso dos apóstolos livrados da prisão em At 5.19-20 ou 12.6-11), ou atos poderosos de julgamento contra inimigos do evangelho ou contra os que precisam de disciplina dentro da igreja (veja At 5.1-11; 13.9-12), ou proteções miraculosas de ferimentos (como ocorreu com Paulo e a víbora em At 28.3-6). Mas tais atos de poder espiritual também podem incluir poder para triunfar sobre a oposição demoníaca (como em At 16.18; cf. Lc 10.17).

D. Cura

29-10-2011 17:12

1. Introdução: doença e saúde na história da redenção.

Para começar, precisamos compreender que a doença física surgiu como conseqüência da queda de Adão e que a enfermidade e a doença são simplesmente parte do produto da maldição após a queda que acabam levando à morte física. Cristo, porém, nos redimiu dessa maldição quando morreu na cruz: “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si [...] e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53.4-5). Essa passagem refere-se à cura física e também espiritual que Cristo nos conseguiu, pois Pedro a cita para falar de nossa salvação: “... carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados” (1Pe 2.24).

2. Os propósitos da cura.

Assim como outros dons espirituais, a cura tem vários propósitos. Com certeza serve como um “sinal” para autenticar a mensagem do evangelho e mostra que é chegado o reino de Deus. Depois, a cura também traz conforto e saúde aos doentes e, assim, demonstra o atributo divino de misericórdia para com os que sofrem. Em terceiro lugar, capacita as pessoas para o serviço, ao remover impedimentos ao ministério. Em quarto lugar, a cura provê oportunidade para que Deus seja glorificado à medida que as pessoas vêem provas materiais de seu amor, bondade, poder, sabedoria e presença.

3. Que dizer do uso de remédios?

Qual a relação entre a oração pela cura e o uso de remédios e a capacidade do médico? Com certeza devemos usar remédios caso disponhamos deles, porque Deus também criou na terra substâncias com que podemos produzir remédios com propriedades terapêuticas. Os remédios, portanto, devem ser considerados parte de toda a criação que Deus considerou “muito bom” (Gn 1.31). Devemos empregar de bom grado os remédios com gratidão ao Senhor, pois “ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém” (Sl 24.1). De fato, quando dispomos de medicamentos e nos recusamos a usá-los (em casos que isso poderia pôr em risco a nossa vida ou a de outros), parece que estamos errando, “tentando” o Senhor nosso Deus (cf. Lc 4.12); isso é semelhante ao caso de Satanás tentando Jesus para que pule do templo em vez de descer pelos degraus. Havendo meios normais para descer do templo (os degraus), pular é “tentar” a Deus, exigindo que realize um milagre nesse exato momento. Recusar-se a empregar um medicamento eficaz, insistindo que Deus realize um milagre de cura em vez de curar por meio do remédio, é muito semelhante a isso.

4. O Novo Testamento apresenta métodos comuns empregados na cura?

Os métodos de cura empregados por Jesus e os discípulos variavam de caso a caso, mas com maior freqüência incluíam a imposição de mãos. No versículo que acabamos de citar, Jesus sem dúvida podia ter proferido uma ordem poderosa, curando toda a multidão instantaneamente, mas em lugar disso “ele os curava, impondo as mãos sobre cada um” (Lc 4.40). A imposição de mãos parece ter sido o principal meio de cura empregado por Jesus, porque quando as pessoas chegavam e lhe pediam cura, não pediam simplesmente que orasse, mas diziam, por exemplo, “vem, impõe as mãos sobre ela, e viverá” (Mt 9.18).

6. Mas, e se Deus não curar?

Entretanto, precisamos compreender que nem todas as orações por cura serão respondidas nesta era. Às vezes Deus não concede a “fé” especial (Tg 5.15) de que a cura ocorrerá, e às vezes Deus opta por não curar por causa de seus propósitos soberanos. Nesses casos, precisamos lembrar que Romanos 8.28 ainda é verdade: apesar dos “sofrimentos do tempo presente” e apesar de gemermos “aguardando [...] a redenção do nosso corpo” (Rm 8.18, 23), “sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28). Isso também inclui a atuação de Deus em nossa situação de sofrimento e enfermidade.

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