sexta-feira, 27 de julho de 2018

O Lucro da Morte

A epístola de Paulo aos santos em Filipos é considerada a mais alegre e animadora das suas cartas, fato que se torna especialmente interessante ao perceber que Paulo estava preso quando a escreveu. Ele estava aguardando julgamento pelo governo, e corria o risco real de ser condenado à morte por ter pregado o evangelho de Jesus. A capacidade deste apóstolo de se sentir alegre diante desta circunstância nos desafia a avaliar nossa própria perspectiva sobre a vida e a morte.
Depois de comentar sobre sua prisão e a esperança de um julgamento favorável, ele disse uma coisa surpreendente: “Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Filipenses 1:21). É natural procurar preservar e prolongar a vida, e fazer de tudo para afastar a morte. Paulo, porém, considerava a morte um avanço desejável. O que aprendemos da atitude deste apóstolo sobre a perspectiva do seguidor de Cristo referente à morte?
1) A morte física traz lucro! O ensinamento bíblico inclui uma afirmação constante e confiante da vida após a morte para as pessoas salvas pela graça de Deus por meio do sacrifício de Jesus. Paulo escreveu: “mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 6:23). Pedro reforçou este entendimento: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo” (1 Pedro 1:3-5).
2) Diante desta expectativa, o sofrimento da vida terrestre é passageiro. Pedro falou de sofrimento “por breve tempo” (1 Pedro 1:6) “durante o tempo da vossa peregrinação” (1 Pedro 1:17) e descreveu os cristãos como “peregrinos e forasteiros” (1 Pedro 2:11).
3) Há motivo para viver aqui. Mesmo sabendo destes fatos, Paulo viu motivos para permanecer mais um tempo nesta vida. Ele vivia para servir a Cristo e aos homens. Continuaria glorificando ao Senhor na eternidade, mas queria ficar para poder servir aos outros aqui: “E, convencido disto, estou certo de que ficarei e permanecerei com todos vós, para o vosso progresso e gozo da fé, a fim de que aumente, quanto a mim, o motivo de vos gloriardes em Cristo Jesus, pela minha presença, de novo, convosco” (Filipenses 1:25-26).
4) Suicídio não é opção aceitável. Paulo até desejava a morte, mas não falou nada de agir para precipitar a sua saída deste mundo. Jó sofreu tanto que chegou a pensar que teria sido melhor se não tivesse nascido (Jó 3:1-3), mas este homem fiel não agiu para tirar sua própria vida. Enquanto Deus até elogia pessoas que sacrificam suas vidas por boas causas, nenhuma passagem bíblica autoriza o suicídio como solução para o sofrimento desta vida.
5) A confiança do cristão da vida eterna o capacita para suportar aflições e perseguições. Jesus é o exemplo perfeito desta perspectiva: “olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus” (Hebreus 12:2). Jesus ofereceu conforto aos perseguidos quando disse: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mateus 10:28).
A perspectiva esperançosa do cristão alivia uma parte do sofrimento em relação às pessoas que morrem em Cristo. Sentimos a falta dos fieis falecidos, mas não nos preocupamos com o destino deles. Paulo comparou a morte com o sono porque acreditava na vida eterna: “Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança” (1 Tessalonicenses 4:13).

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