sexta-feira, 30 de março de 2012

Brics assina acordo que cria banco comum de investimento

Jornal do Brasil
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Reunidos em Nova Délhi, Índia, chefes de estado e de governo das economias do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) discutiram a criação de um banco para financiar projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável nas nações emergentes e nos países pobres. No comunicado conjunto, os governos manifestaram preocupação com a situação econômica internacional.

O grupo dos cinco países assinou acordos que vão permitir o financiamento de comércio e investimento em moeda local. O objetivo da medida é aumentar a cooperação entre os bancos de desenvolvimento do Brics e elevar o comércio entre os países do bloco.
Líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul se reuniram em Nova DélhiLíderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul se reuniram em Nova Délhi
Enquanto o Brics rapidamente se recuperou da crise, a economia mundial vive um momento de incertezas, disse a declaração de Nova Délhi, palco da cúpula. No discurso, a presidente brasileira Dilma Rousseff lembrou que o bloco se tornou o mais importantes motor da economia mundial, e responderá por mais da metade do crescimento previsto para 2012.

"O Brasil acha fundamental a ampliação da cooperação financeira entre os Brics e essa cooperação voltada para a promoção do desenvolvimento sustentável. Apoiamos a criação de um grupo de trabalho para elaborar a proposta do banco de desenvolvimento dos Brics, que atue em projetos de infraestrutura, projetos de inovação e desenvolvimento de ciência e tecnologia, com agenda de pesquisa voltada para temas de interesse de nossos países”, declarou.

Na declaração de Nova Délhi, a situação do Irã também foi incluída. Os Brics defenderam o diálogo em vez dos conflitos e reconheceram o uso pacífico da energia nuclear, tema que também foi abordado pela presidente em entrevista aos brasileiros. O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh propôs que as soluções para a tensão internacional provocada pelo programa nuclear iraniano devem ser baseadas no diálogo.

“Nós achamos que é necessário que haja, de parte a parte, uma redução do conflito e se estabeleça o diálogo para permitir que, no âmbito do direito internacional, se faça todas as tratativas, buscando prevenir os conflitos”, afirmou Dilma. “Ao invés da retórica agressiva, se use o direito dos países de usar energia nuclear para fins pacíficos, assim como nós fazemos. E que haja um acordo que se coloque a Agência Internacional de Energia Atômica a procurar que as partes baixem o nível da retórica e se entendam”.

Críticas à política protecionista

A presidente brasileira voltou a fazer críticas às políticas protecionistas da Europa e dos Estado Unidos, como medida de contenção da crise internacional.

"Medidas exclusivas de política monetária não são suficientes para a superação dos atuais problemas da economia mundial. Ao mesmo tempo, elas introduzem grave desequilíobrio cambial, por meio da desvalorização artifical da moeda e pela expansão da política monetária", disse.

Dilma defende que a depreciação do dólar e do euro decorrente destes medidas traz vantagens comerciais para os países desenvolvidos, mas diminui a competitividade dos produtos de outros países, como o Brasil.

Investimentos no setor privado

A presidente também anunciou, em entrevista à imprensa, que lançará um conjunto de medidas para ampliar investimentos do setor privado quando voltar ao Brasil. De acordo com ela, governo e empresas devem se unir para que o país atinja uma taxa de investimento de 24% do PIB.

Dilma Rousseff também agradeceu a hospitalidade do povo indiano e ressaltou que a declaração assinada pelos cinco países é de “alta relevância para definir os caminhos nos próximos anos”.

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