A Igreja e a Perseguição Religiosa
A Igreja
O cristianismo chegou ao território da Tunísia no final do século I d.C., tendo sido profundamente marcado pelo cisma donatista, um importante movimento herético desencadeado pelo bispo Donato de Cartago no século IV. Acredita-se também que um dos mais importantes personagens da Igreja no mundo antigo, Santo Agostinho de Hipona, viveu e estudou na atual Tunísia. A antiga cidade de Cartago foi a capital africana do Império Bizantino, ou seja, o centro do cristianismo nesse continente, pelo menos até o século VII.
Embora o islamismo tenha varrido a Tunísia no século VII, o cristianismo ainda conseguiu sobreviver na região por mais 300 anos. No século XIII, uma nova igreja foi implantada no país por missionários franciscanos e dominicanos.
A maioria dos cristãos existentes no país hoje é composta de católicos franceses e refugiados libaneses; já os cristãos tunisianos somam uma parcela muito diminuta da população. O cristianismo é a segunda maior religião do país, com aproximadamente 25 mil membros, 88% católicos romanos.
A Perseguição
A constituição prevê a liberdade e prática de ritos religiosos, mas determina o islamismo como a religião oficial do Estado, tanto que o presidente do país deve ser muçulmano.
O governo não permite o estabelecimento de partidos políticos com base na religião. É estritamente proibido o proselitismo entre os muçulmanos; os muçulmanos que se convertem a outras religiões enfrentam o ostracismo e a exclusão social.
O governo considera legítimas as igrejas fundadas antes da independência do país em 1956, mas as que foram fundadas após esse período enfrentam duras restrições.
História e Política
A Tunísia situa-se entre a Líbia e a Argélia, na costa mediterrânea africana. Suas montanhas na região norte - algumas com mais de 1.500 m de altitude - são entremeadas por vales e planícies férteis. Caminhando em direção ao sul do país, as montanhas dão lugar a um planalto que, gradualmente, perde altitude até alcançar uma série de lagos de água salgada. A metade sul do território tunisiano faz parte do deserto do Saara.
O norte do país possui um clima mediterrâneo que se torna gradativamente mais quente e seco, à medida que se caminha em direção ao sul. Possivelmente o nome, Tunis, deriva da palavra fenícia Tanith, em referência a uma deusa lunar fenícia. Há também a hipótese de que seu nome viria do árabe, tenese, que significa “acampamento noturno ou pousada”.
Os fenícios colonizaram a Tunísia por volta do ano 1000 a.C., estabelecendo na cidade de Cartago um importante entreposto comercial para o Mediterrâneo. Cartago foi por séculos a maior potência marítima do Mediterrâneo, tendo se desenvolvido nas artes, na ciência e nos assuntos político-militares; é considerada pelos historiadores da antiguidade como um dos maiores rivais militares que o Império Romano enfrentou. Por volta de 146 a.C., os romanos conquistaram Cartago através das conhecidas guerras púnicas (os romanos chamavam os cartagineses de Punici, ou seja, aqueles de ascendência fenícia), anexando-a ao seu império, o que permitiu, mais tarde, que o cristianismo chegasse à Tunísia pouco tempo depois de seu surgimento.
Os exércitos islâmicos dominaram a região e grande parte do norte da África no século VII, pouco tempo depois de seu surgimento na península arábica, transformando a cidade de Tunis (capital do país) o mais importante centro religioso islâmico do norte da África e erradicando quase completamente toda a influência cristã naquela área.
O domínio muçulmano perdurou por vários séculos, até que os conflitos com nações europeias tiveram início. No século XVI, a Tunísia foi anexada ao Império Turco-Otomano e, no século XIX, tornou-se protetorado francês.
Após a Segunda Guerra Mundial, o sentimento nacionalista floresceu no país, que conseguiu dos franceses a sua independência em 1956. Nos primeiros anos de sua independência, a Tunísia declarou-se como uma república e entrou em conflito com a França inúmeras vezes. Com o passar do tempo, a estabilidade foi finalmente alcançada e o país pôde dar continuidade à sua aproximação do mundo árabe.
As revoltas (conhecidas como “revolução jasmim e posteriormente como primavera árabe”) ocorridas no mundo árabe nos últimos meses tiveram início na Tunísia, resultando na queda do então presidente do país, havia 24 anos, Ben Ali.
Atualmente, a Tunísia é uma república com forma mista de governo, ou seja, possui um presidente, um primeiro-ministro e uma Assembleia Nacional. O atual presidente do país é Moncef Marzouki.
População
Aproximadamente 10,6 milhões de pessoas vivem na Tunísia e 67% da população concentra-se nos centros urbanos. Túnis é a capital e a maior e mais populosa cidade do país. Quase três quartos da população habitam as regiões costeiras, enquanto os desertos ao sul abrigam somente 30% dos tunisianos, apesar de compreender 70% do território. Etnicamente, a maioria da população é árabe, mas há a presença de minorias berberes e europeias.
Aproximadamente um terço dos habitantes tem idade inferior a 15 anos. A educação é gratuita e a Universidade de Túnis tem mais de 100 mil estudantes. Apesar disso, mais da metade da população adulta não possui educação formal e o índice de analfabetismo chega a quase 30%. Praticamente todos os tunisianos são muçulmanos, a maioria de tradição sunita. Ainda assim, há minorias de judeus e de cristãos.
Economia
A economia da Tunísia é composta de diversos setores, como agricultura, mineração, energia, turismo e manufaturas, mas, como a maioria dos países localizados no norte da África, a economia da Tunísia é dominada pelo petróleo. O subemprego e o desemprego são graves problemas sociais. Espera-se que, com o novo governo, sejam implementadas reformas econômicas e o desemprego e a desigualdade social diminuam.
Fonte:Portas Abertas
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