Evangélicos portugueses unidos numa visão para a transformação da Nação
Portugal e o seu Perfil Socio-Religioso
Portugal é uma nação com mais de oitocentos anos de história e com 10.000.000 habitantes distribuídos por uma superfície de 92.065 Km2. O país divide-se administrativamente em 18 distritos e 2 regiões autónomas conhecidas como o arquipélago dos Açores com 9 ilhas e o arquipélago da Madeira com duas. Dos 308 concelhos, 45 não têm qualquer testemunho evangélico de qualquer denominação. Das 4261 freguesias pouco mais de 800 têm a presença de uma igreja evangélica. Neste momento existirão cerca de 1650 Igrejas de matriz evangélica com uma comunidade alargada que representará 1,6 % da população portuguesa.
Durante muito tempo, a comunidade evangélica foi protagonista de uma história de sectarismo denominacional o que ainda persiste em alguns sectores. A falta de cooperação interdenominacional gerou a ausência de uma imagem pública, visível e credível entre a sociedade portuguesa. Patrick Johnstone escreveu mesmo que Portugal teria necessidade de uma visão única para alcançar a nação para Cristo.
Do ponto de vista social, podemos definir a alma portuguesa como saudosista e excessivamente fatalista. Portugal será mesmo o 5º país mais pessimista do mundo. É também um país no quadro da União Europeia campeão da violência doméstica. 60 mulheres portuguesas morrem em cada ano vítimas de violência doméstica infligida pelos seus cônjuges. 1 mulher portuguesa em cada 5 é vítima de violência doméstica. Somos também campeões na taxa cada vez mais crescente de infectados com o HIV-Sida e ocupamos o primeiro lugar europeu nos acidentes de trânsito. Um outro dado importante é o facto de que 96,6 % das famílias portuguesas estão em situação de sobre-endivididamento.
A resposta cristã evangélica em Portugal
Num contexto assim, a comunidade evangélica portuguesa tem procurado responder aos mais profundos anseios da alma portuguesa, entristecida e sem grande esperança no futuro. A comunidade cristã tem vivido, nestes últimos anos, momentos especiais de unidade e serviço para a glória de Deus e crescimento do seu Reino em Portugal e no mundo, tentando assim alterar o rosto desta amada nação.
A Marcha por Jesus realizada em Lisboa, em 2000, quando alguns milhares de crentes, vindos de várias partes do país, testificaram do Nome do Senhor nas ruas da capital portuguesa, evidenciou um pouco da crescente presença evangélica em Portugal com uma determinação nova de alterar o rumo desta pátria amada. No ano de 2001, repetiu-se na cidade do Porto, capital europeia da cultura, a Marcha por Jesus, levando milhares de crentes às ruas da segunda maior cidade do país, num evidente testemunho de unidade e de vontade de anunciar o Nome do Senhor Jesus ao mundo, começando pelos portugueses.
Além destes dois grandes eventos, tem-se percebido sinais de uma vontade crescente de unir forças em favor da evangelização de Portugal e do mundo. A Aliança Evangélica Portuguesa (AEP) é hoje um bom exemplo de agregação de todas as famílias denominacionais, desde os sectores carismáticos aos mais conservadores, dentro da velha europa. Respeitando-se as posições doutrinárias e as diferentes práticas eclesiásticas, os líderes perguntam-se sobre a possibilidade de juntos orarmos e trabalharmos pela evangelização de Portugal e do mundo.
Os números também são animadores. Segundo as informações contidas no World Churches Handbook, editado pelo Dr. Peter Brierley, com informações de Patrick Johnstone, o crescimento das igrejas evangélicas em Portugal continua a ser estimulante e, ao mesmo tempo, desafiador. O número de Igrejas, de membros filiados e da grande comunidade, multiplicou-se por cinco vezes. Portugal precisa de plantar 1125 novas Igrejas no seu território para alcançar um alvo excepcional para toda a europa de tradição católica de uma igreja por cada 3500 habitantes. Estrategicamente, o Departamento de Missões da AEP tem corrido o país a desafiar Igrejas, denominações e, particularmente, os líderes, para o alcance dos 45 concelhos que ainda não possuem qualquer presença evangélica. Em termos do desafio missionário transcultural, o departamento de Missões da AEP tem ensinado acerca dos povos não alcançados e sugerido a adopção dos mesmos por cada uma das igrejas evangélicas. Segundo Patrick Johnstone, existem 4.000 etnias totalmente não alcançadas e desses 4.000, 2.134 grupos étnicos poderão ser desdobrados em muitas mais etnias distintas com dialectos próprios, o que nos poderá levar a um grupo bem maior de povos não alcançados, algo em torno de 8.000 grupos étnicos por alcançar. O desafio transcultural está aí e não tem deixado os portugueses indiferentes. Portugal deverá ter um total de 65 missionários transculturais, o que, considerando o número de evangélicos no país, não deixa de ser um número interessante. Todavia, muitos desses missionários pertencem a uma única organização mais voltada para o serviço social.
Na história passada e recente da igreja portuguesa, tem havido períodos de grande entusiasmo, consagração, oração por missões mundiais. Hoje existem em Portugal diversas agências missionárias, movimentos de oração, e algumas denominações estão seriamente mobilizadas para as missões. É que Portugal é hoje uma porta aberta para missões transculturais na Ásia, nos Países do Leste Europeu, nas Américas, e nas Africas. Porquê? Por razões diferentes:
• Geográficas: Proximidade do Norte de África e Sul da Europa
• Históricas: Relações com Brasil, Timor Leste e África de língua portuguesa
• Sociológicas: Portugal é um dos mais importantes países de acolhimento dos imigrantes dos países do Leste Europeu.
O Projecto Missão Global 2015
Por todas as razões acima expostas, a AEP está hoje comprometida no estímulo à sua comunidade para o aprofundamento de uma visão espiritual de missões nacionais e transculturais que provoque um saudável movimento missionário em Portugal e a partir de Portugal tendo em vista a transformação desta histórica nação. Nesse sentido, procurámos receber direcção e treinamento de dois grandes movimentos missionários a saber, a Dawn Ministries, para a dinamização de um movimento de plantação de igrejas que resulte na transformação da nação, e o COMIBAM Internacional, um movimento de cooperação missionária iberoamericano para apoiar as nações iberoamericanas no cumprimento da Grande Comissão. Assim, apoiados por estas duas estruturas, temos procurado mobilizar o Corpo de Cristo em Portugal, num esforço determinado e cooperativo, buscando cumprir a ordem da Grande Comissão através da evangelização de milhares de pessoas e do estabelecimento de igrejas no maior número possível de freguesias e concelhos deste país, respeitando-se a individualidade de cada igreja cooperante e de cada denominação participante.
Surgiu assim o projecto da AEP chamado Missão Global 2015 cujo objectivo geral é a expansão do Reino de Deus, não apenas em Portugal mas a partir de Portugal para todas as nações. O projecto está pensado de forma a integrar o esforço de plantação de igrejas, Portugal 2015, e o envio missionário transcultural, Mundo 2015. Na vertente nacional, a visão é termos uma Igreja acessível para todas as pessoas, em todo o país, nesta geração, desafiando para isso as denominações, associações de igrejas e igrejas independentes a definirem os seus alvos e a adoptarem os locais não alcançados para a plantação de novas igrejas, saudáveis e maduras até ao ano 2015. Na vertente transcultural, procuramos servir a comunidade evangélica para a efectivação da visão de fazer de Portugal uma força missionária transcultural entre os povos não alcançados, estimulando o estabelecimento de parcerias entre igrejas ou entre agências missionárias e organizações missionárias, incentivando assim o alcance dos povos não alcançados. Para isso, desenvolvemos iniciativas de apoio às igrejas e associações de igrejas de capacitação nas áreas de motivação, visão, informação, chamada, selecção, formação, envio, sustento, apoio e cuidado dos missionários nos campos, através de congressos e acções de despertamento da visão missionária transcultural.
Como elementos chave da estratégia do projecto Missão Global 2015, compartilhamos com igrejas e pastores, a visão da evangelização e transformação das cidades e do mandato missionário às nações pela proclamação do Evangelho. Temos também estimulado um movimento de oração estratégica, intencionalmente focado no reino de Deus a partir de Portugal. Já iniciámos um processo de pesquisa que aponte as diferentes realidades religiosas, históricas, sociais, culturais e espirituais de cada distrito do nosso país e o actual compromisso missionário transcultural das igrejas e denominações. Realizamos igualmente consultas com as lideranças das igrejas para encorajamento e conferências distritais para a definição dos seus alvos e mobilização das igrejas para o alcance dos locais não alcançados em Portugal e no mundo até ao ano 2015. Posteriormente ajudamos a definir e a proclamar a mensagem profética para alcance de cada distrito, cidade, vila e aldeia do país, adopção de grupos étnicos e envio de missionários transculturais, bem como o planeamento com os líderes locais, dos alvos e as estratégias de evangelização dos distritos e de missões transculturais.
Como exemplo daquilo que está a acontecer em Portugal, fruto da visão de Deus para esta nação, referimos o caso da Ilha Graciosa nos Açores e o caso do concelho de Vizela. Nos dois casos, a equipa de liderança da Missão Global 2015 desafiou pastores e líderes a unirem-se para alcançarem estas duas terras num esforço concertado. Depois de alguns meses, apenas meses, a Igreja Novas de Alegria, de linha pentecostal, e a Igreja Baptista da Praia da Vitória, ambas da Ilha Terceira nos Açores, irão realizar os primeiros baptismos de novos convertidos na ilha da Graciosa, uma ilha sem igreja até ao momento. Em Vizela, o missionário veterano Bill Wooten dos Estados Unidos da América, depois de muitos anos em Portugal a tentar plantar uma igreja naquela cidade, teve o gozo de iniciar uma nova igreja e de ver aberta uma linda casa de oração, paga e adaptada por diferentes igrejas da região.
É evidente que não ignoramos que estamos a lidar com a Missio Dei e que a bênção e a aprovação de Deus é muito mais do que um meio. D’Ele procedem todas as coisas e para Ele voltam. A glória de Deus constitui o propósito de todo este empreendimento, que acreditamos, é Deus quem está a realizar. Todavia, é Seu plano usar a Igreja para cumprir, mais uma vez, os seus santos propósitos. Certamente Deus acrescentará os meios necessários.
Lisboa/Portugal
Paulo Pascoal
Director do Departamento de Missões da AEP
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