O REINO DE DEUS E AS PARÁBOLAS – II
Lição 15
Leitura: Mateus 13.1-17; Isaías 6
Versículo para Memorizar: Mt 13.13, “Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem.”
Introdução: As Parábolas em si poderão aparecer misteriosas e o ensino sobre o Reino de Deus pode ser difícil de entender. Talvez o mistério maior seja entender por que Jesus ensinava sobre o Reino de Deus pelas parábolas. Todavia podemos ter certeza que Ele sabia bem o que estava fazendo. No estudo bíblico sempre encontramos algo que é maior do que o nosso entendimento. A nossa fé é exercitada por este tipo de estudo.
As Parábolas Sobre o Reino de Deus
O Pastor Forrest Keener fez o trabalho de vasculhar o Novo Testamento e listar todas as parábolas existentes. Ele contou aquelas referidas por Jesus como parábolas, e outras que os homens referem como sendo parábolas mas não são relacionadas por Jesus como parábolas (o rico e o Lazaro não deve ser considerado como parábola). A contagem dele somou trinta parábolas. Ele depois observou que dessas, vinte são relacionadas claramente com o Reino de Deus. Das dez restantes, mais da metade são relacionadas com o Reino de Deus por que o contexto maior trata do Reino de Deus. Menos que cinco das trinta parábolas podem não ser relacionadas ao Reino de Deus.
Além das parábolas, Jesus usou objetos para ensinar sobre o Reino de Deus, como por exemplo, os meninos trazidos a Ele (Mt 19.14). Estas lições não são somadas ao número das parábolas.
Pelo grande número de parábolas usadas para ensinar sobre o Reino de Deus, é necessário entender a razão pela qual Jesus usou parábolas com tanta freqüência.
O Porquê das Parábolas Sobre o Reino de Deus
Será que o nosso versículo para memorizar nos diz que Jesus ensinou sobre o Reino de Deus pelas parábolas para que os ignorantes fiquem menos esclarecidos ainda? Não creio que esta seja a razão.
A passagem de Isaías 6.9, usada para explicar a razão que Jesus fazia uso das parábolas, é mencionada várias vezes no Novo Testamento (Mt 13.14,15; Mc 4.12; Lc 8.10; Jo 12.40; At 28.26,27; Rm 11.8). Todas às vezes essa profecia aponta aos judeus, a quem também Isaías deu a profecia (M. Poole). Esse fato é importante.
Há três grupos de pessoas aos quais as parábolas estão direcionadas. Presta atenção pois você faz parte de um desses grupos.
O primeiro grupo (Mt 13.11, 16) são os salvos daquela época. Os que Jesus diz que têm ouvidos e olhos espirituais são ensinados pelas parábolas para que cresçam em maior entendimento abundantemente (“Porque àquele que tem, se dará, e terá em abundância” Mt 13.12). Estes são bem-aventurados. Estes são os objetos da graça de Deus, “Por que a vós é dado conhecer” (Mt 13.11).
O segundo grupo são eles que não tem (“àquele que não tem”, Mt 13.12), ou para ser mais específico, os judeus não salvos que rejeitaram repetidamente o Evangelho. Portanto estes cumpriram o que foi profetizado por Isaías 6.9. Usando a parábola dos vinhateiros (Lc 20.9-19) Jesus mostra por que fala a eles por parábolas. Aos Judeus os profetas foram enviados e foram apedrejados e mortos (At 7.52). Depois Deus enviou João o Batista e os judeus não aceitaram a sua mensagem. Os apóstolos também foram primeiramente aos judeus (Mt 10.5-7; At 28.2,27) e foram rejeitados. Depois enviou Seu próprio Filho e os judeus clamaram que Ele fosse crucificado (Mt 27.23-25). Portanto, Jesus ensina que estes não têm ouvidos nem olhos espirituais, e todas as oportunidades de arrepender e crer em Cristo foram rejeitadas. Portanto, “até aquilo que tem lhe será tirado” (Mt 13.12; o que “tem” os judeus: Rm 9.4-5). Estes olharam aos sinais e às obras de Cristo mas não compreenderam a Verdade de Cristo. Estes ouviram as Palavras de Deus que Cristo apresentava, mas não ouviram de coração a Verdade. As parábolas foram dadas a estes para que entendessem a Quem estavam realmente rejeitando, e qual é o sério resultado dessa rejeição. Especificamente, essa parábola aplica-se aos judeus. Numa maneira geral aplica-se a todos que rejeitam a mensagem do Reino, ou seja, Jesus Cristo.
Observe: Deus pode fazer que a mente de alguém não entenda a verdade de Cristo se assim Ele quiser. Ele é soberano, os Seus caminhos e os Seus pensamentos são mais altos do que nossos caminhos e pensamentos (Is 55.8-11). Deus pode restringir o entendimento dos que insistem em O rejeitar (Pv 1.24-33; Os 4.6). Tenha cuidado de como se trata o Senhor e a Sua palavra. Humilhai-vos diante dEle e sirva a Ele com temor (Sl 2.11; Ml 1.6)!
O terceiro grupo é composto pelos que viverão depois daquela época. Esse grupo nos inclui. Essas coisas foram escritas para nosso ensino (Rm 15.4; II Tm 3.16-17). As parábolas e as suas interpretações na Palavra de Deus são para que possamos entender melhor as verdades sobre o Reino de Deus (Mc 13.28-37, “E as coisas que vos digo, digo-as a todos: Vigiai”; Lc 12.41-48).
Note a compaixão de Cristo. Pela dificuldade que tinham em entender facilmente as verdades que Jesus ensinava diretamente, Ele lhes ensinava por parábolas. Parábolas são fáceis de lembrar se estiverem bem explicadas. Um ensino que de outra maneira seria difícil entender, pelas parábolas tornar-se-á fácil de entender.
Quando a verdade é explicada através de uma parábola, não é necessário que haja uma explicação da parábola em si, pois a parábola é fácil de entender, mas é necessário explicar a sua aplicação. Se eu quis lhe ensinar uma lição qualquer e usei uma bananeira para ajudar a sua compreensão, não seria necessário uma explicação do que é uma bananeira. Precisaria explicar como a bananeira é igual à verdade que ensino. Assim as parábolas necessitam aplicações para que a verdade seja entendida.
A Aplicação Dupla das Parábolas
Já estudamos que o Reino de Deus e a Igreja de Deus não são iguais. Têm similaridades entre eles, mas similaridades não fazem com que duas coisas sejam a mesma. Se alguém crê que a nação de Israel foi substituída pela Igreja no Novo Testamento será necessário que esta pessoa também aplique as parábolas do Reino de Deus sempre à Igreja. Se alguém mantém a posição de que a Igreja e o Reino são iguais seria indubitavelmente necessário que este também aplicasse as parábolas do Reino de Deus à Igreja.
Todavia, a nação de Israel no Velho Testamento não foi substituída pela igreja no Novo Testamento nem é representada necessariamente pelas parábolas do Reino de Deus. A nação de Israel no Velho Testamento continua sendo a nação de Israel no Novo Testamento e é ainda hoje. Reveja o estudo da lição doze para lembrar esse fato.
Também, como estudada na lição onze, o Reino de Deus não é igual à Igreja que Jesus organizou antes da Sua crucificação.
Apesar do Reino de Deus não ser igual à Igreja nem à nação de Israel, nas parábolas sobre o Reino de Deus, existem muitas lições para os Cristãos que fazem parte de uma igreja neotestamentária. Então esteja atento às parábolas!
As Lições das Parábolas Sobre o Reino de Deus
As Parábolas sobre o Reino de Deus ensinam verdades que de outra maneira não seriam enfatizadas.
As Parábolas do Reino de Deus explicam a suposta falha na mensagem do Evangelho. Quando evangelizamos os entes-queridos, vizinhos e todos em geral, parece a nós que poucos ouvem o que estamos dizendo. Por isso existe uma tendência entre líderes eclesiásticos de trocar a mensagem para algo mais agradável para o povo em geral. Mas nem todos sabem que quando trocam a mensagem por algo mais agradável, o verdadeiro Evangelho cessa de ser declarado. Para os que querem ser fiéis não existe opção de trocar a mensagem. Para ser fiel devem apenas continuar pregando a Palavra de Deus. Todavia, pela mensagem não ser popular, os fiéis freqüentemente têm uma síndrome de ser vencido. Alguns razoavam: Será que assim é a vontade de Deus? A parábola do semeador (Mt 13) indica que é assim mesmo. A maior parte dos ouvintes não tem fruto que glorifique a Deus. O mundo vê isso como uma derrota. Todavia, há fruto garantido. É o fruto que agrada Nosso Senhor. É o fruto da Palavra na terra boa que foi preparada pelo Espírito Santo usando os Seus meios (Mc 4.26-29). Há garantia que a Palavra cumprirá o propósito pela qual ela foi enviada (Is 55.11). Todavia, saiba que Deus não dá prêmios pela preguiça. O fruto desejado vem somente depois de semear (Tg 5.7).
Somos ensinados pelas Parábolas sobre o Reino que Deus permite que haja joio entre o trigo e que o julgamento futuro é inevitável (Mc 4.26-29). O agricultor não gosta que tenha joio entre o trigo, mas no Reino de Deus isso acontece, ou seja, isso acontece na vida do Cristão verdadeiro. Pela igreja ser composta dos que são no Reino, essa é uma verdade para ela também. Ninguém gosta de ser membro de uma igreja onde há hipócritas ou outros tipos de falsos. Todavia, aqui na terra, a igreja sempre terá este problema pois é assim no Reino enquanto não esteja no seu estado celestial. Veja a primeira igreja (Jo 6.70). Se tiver joio no seu coração, saiba que Deus, ao Seu tempo, meterá a foice e o joio será queimado (Rm 14.10) e o trigo ajuntado pelo Senhor. Você está pronto para o julgamento?
Outra lição importante contida nas parábolas sobre o Reino é a verdade que Deus usa coisas pequenas para fazer grandes coisas. (Mc 4.30-34). O mundo é atraído às coisas de destaque, de grandeza, de popularidade. Há ministrantes da Palavra que caem nesse modo de pensar também. Pela parábola do grão de mostarda aprendemos que os caminhos de Deus não são os do mundo e Ele deleita em usar as coisas pequenas (I Sm 16.7; Zc 4.10; I Co 1.26-29). Não seja acanhado pelas falhas que você tem na sua vida crendo que Deus não possa usá-las. Deus te fez junto com as falhas (Ex 4.11; I Co 4.7). E saiba isto: as falhas pessoais não eliminam as responsabilidades de proclamar o Evangelho. Antes procure a graça de Deus para servir com aquilo que tem (Ec. 9.10; II Co. 8.12).
Como as coisas pequenas são úteis na mão do Senhor, também as coisas ruins, mesmo pequenas, são perigosas para a obra de Deus (Mt 13.33; Ct 2.15). Um pouco de fermento na vida do Cristão, na família, ou na igreja logo espalha e toma conta da massa toda. Portanto a mínima doutrina falsa ou um pouco de práticas mundanas merecem cuidadosa vigilância. A verdade nunca é fortalecida pelo descuido dela, mesmo que o descuido seja por amor. O amor que sacrifica a verdade no seu altar não pode ser o amor verdadeiro. Não seja enganado, o amor verdadeiro não folga com a injustiça, mas com a verdade (I Co 13.4-6; Jo 14.15). Podemos ter verdade sem o amor, como a igreja em Éfeso (Ap 2.1-7), mas não há como ter o amor verdadeiro sem o maior respeito com a verdade.
A importância da responsabilidade pessoal é ensinada pelas parábolas. Deus entrega responsabilidades a cada um de nós conforme as capacidades particulares e somos responsáveis de usá-las para a Sua glória (Mt 25.14-30). As capacidades individuais são nos dadas por Deus (I Co 4.7; 12.4-11) e haverá prestação de contas de como foram investidas para a Sua glória. Portanto seja vigilante em como usa aquilo que Deus lhe deu seja oratória, posses, capacidade musical, aptidão para ensinar, administrar, servir ou outras capacidades.
A salvação da alma é parte integrante das parábolas, pois não há como perceber nem entrar no Reino de Deus sem ter nascido de novo (Jo 3.3-8). Você já renasceu? Já se arrependeu dos pecados e confiado em Jesus Cristo como seu sacrifício pelos seus pecados? Você conhece o Rei do Reino? Seu coração já se prostra diante deste Rei? Ou vive em rebeldia contra Ele ainda? Os verdadeiros súditos reconhecem a soberania do Rei e submetem-se a ela.
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br
Edição gramatical: Edson Basilo 1/2009
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