sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O Núcleo Central da Missão de Jesus


Cristo sendo Deus se fez homem, sendo rico, veio pobre, tendo força, mostrou-se fraco, não usou de sua força para destruir; ao invés de governar com seu poder, revelou-se pelo serviço. Por esta razão sua encarnação é o núcleo central de sua missão. Não se pode fazer missão sem este conteúdo da missão.

A encarnação ou a inserção de Cristo foi o primeiro ato para o desenvolvimento de sua missão. Se quisermos seguir o caminho que Jesus percorreu, não temos outra opção senão entendermos a encarnação como um núcleo central da missão. Este é o método utilizado por Jesus para se aproximar dos homens. E estamos vivenciando isto aqui na África. Não tem como anunciar o evangelho sem se inserir dentro da cultura, ou no meio do povo principalmente quando se esta em um contexto urbano.

Nesta caminhada proposta por Jesus, à encarnação ou inserção significa andar com o povo, entrar nos becos, ruas e esquinas, comer com o povo, acolher, abraçar, chamar para si os possessos e libertá-los, não rejeitá-los e nem julgá-los, seja eles mulçumanos, budistas, hinduístas ou animistas. Estas características da missão de Jesus têm muito a nos ensinar hoje. Aqui os becos da cidade e as esquinas estão cheios de mendigos, de desempregados, de doentes e muitos abandonados. Gente que não da ouvidos para aqueles que apenas passam pelo seu caminho.

A humanidade de Jesus era tão comum, tão normal, tão semelhante à nossa, que seus familiares se escandalizavam ao ver as obras que Ele realizava, como se achassem que Jesus estivesse fora de seu juízo (Mc 6:1-5). Por outro lado, Jesus que se admirou com a falta de fé deles. Jesus deixou muitos exemplos que nos leva ao caminho da humildade. Missão se faz de forma simples, com soluções simples, aqui nas cidades da África o povo não quer grandes projetos, grandes industria, eles querem o necessário para viver uma vida digna, mas para conhecer suas reais necessidades é preciso estar com eles seja nas esquinas, nos becos das cidades, nos campos ou nas tribos. Temos que estar com eles.

Jesus além de incluir todas as pessoas, incluiu todas as circunstâncias. Jesus dava importância para todos os problemas. Jesus estava presente em todos os momentos, independentemente de sua gravidade. Eu e minha família estamos aprendendo a escolher este caminho em nossa missão todos os dias.

Esta é a estrada que Jesus nos propõe: encarnarmos no meio do povo de uma forma completa, este é o desafio para a missão da Igreja. Me lembro do Pr Júlio Zabatiero que escreveu que para a Igreja seguir o exemplo de Jesus, a encarnação missionária deve ter duas características básicas que são: “(A) o discernimento do Espírito (Cl 1,9-11), a fim de podermos distinguir entre o pecado e a justiça, o certo e o errado, o bem e o mal, a verdade e o erro em nossa cultura e sociedade; e (B) a compaixão (Mc 6.34), para podermos anunciar o Evangelho da salvação às pessoas que estão escravizados pelos poderes do pecado e da morte, e que caminham cegas, como ovelhas perdidas, sem pastor.”. A compaixão está presente em toda missão de Jesus. Precisamos entender que para o cumprimento da missão são indispensáveis dois requisitos: discernimento e compaixão.

Mas se, de fato, queremos seguir o caminho que Jesus percorreu e fazer de Sua missão a nossa missão, não seria o caso de dar um chega-pra-lá em nossos próprios caminhos e encarnamos o núcleo central da missão de Jesus com fé? Também não seria o caso de dar um chega-pra-lá em nossa soberba e encarnamos o núcleo central da missão de Jesus com compaixão?

Pr. Ricardo Matioli

Servindo o Senhor na África

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