sábado, 9 de janeiro de 2010

O Renascimento de Deus

Interessante o artigo com o título: “O renascimento de Deus”, publicado hoje no Jornal Folha Online pelo Colunista Helio Schwartsman .

Em seu artigo o colunista faz uma retrospectiva muito interessante sobre o movimento religioso em todo o mundo depois da proclamação da chamada "morte de Deus" ( ele menciona a pergunta estampada em sua capa, pela revista “Time” no ano de 1966: "Deus está morto?", e ainda à publicação no ano de 1999, pela revista "Economist" do obituário de Deus), e, ao constatar que não houve o esperado declínio da religiosidade, e sim que está havendo hoje no mundo um crescente movimento religoso, o colunista conclui que a chamada proclamação da “morte de Deus” foi “precipitada”.

Interessante é que, pela confissão do próprio autor, ele não é alguém convertido ao Evangelho e não está fazendo em sua matéria a apologia de nenhuma religião. Isto fica claro em sua matéria quando ele diz: “Aqui é necessário começar com uma espécie de "erramos". Não, ainda não me converti. O "erramos" não diz respeito a meu ateísmo, mas ao fato de que boa parte da elite branca ocidental julgou ao longo dos últimos 150, 200 anos que a morte de Deus e o advento do secularismo eram favas contadas. Estávamos redondamente enganados.”...

Dentre os muitos fatores que estariam contribuindo para esse reavivamento da religião, o colunista cita o ato terrorista de “11 de Setembro” para afirmar que depois da queda das duas torres do “World Trade Center”, a idéia de um futuro secular ruiu.

Depois de, num olhar retrospectivo, fazer constatações de que, nos EUA, a freqüência da população a cultos não chegou nem mesmo a experimentar uma queda importante, e que, no terceiro mundo a religião jamais esteve seriamente ameaçada, o colunista ( mesmo se declarando ateu! ), profetiza: “A China, apesar de no papel comunista e atéia, será muito em breve a maior nação cristã do planeta”...

Procurando a resposta para a pergunta: “O quê foi que mudou, que fez com que se passasse da previsão de um futuro sem religião para as novas guerras de religião?” o autor da matéria diz que, certamente, não foi apenas a nossa percepção após o 11 de Setembro, e comenta que, segundo a tese da "Economist", seriam aquilo que ele chama de “variedades mais virulentas de religião”, que nós poderíamos classificar como: “pluralidade de religiões” que estão prosperando e ganhando adeptos. E, segundo ele próprio, há uma contribuição muito grande do movimento pentecostal para esse “revival” religioso.

Na nossa avaliação, a matéria do colunista do Folha Online, quanto à sua temática, é muito boa, nos prende a atenção, e nos faz vibrar de alegria com todas essas constatações, e com a “mea culpa” da mídia secular, da qual o colunista foi o porta-voz...

Como cristãos professos e confessos que somos, graças a Deus, acreditamos piamente que esse “revival” religioso é apenas um pequenino sinal de um reavivamento muito maior que ainda virá, e varrerá toda a terra, e fará com que todo joelho se dobre diante de Deus, e toda língua confesse que JESUS CRISTO É O SENHOR, para a glória de Deus, nosso Pai... É o que nós cremos, com base nos textos proféticos da Palavra de Deus (Bíblia Sagrada), a saber:-

a) “Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus...” – Romanos 14:11

b) “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de JESUS se dobre todo joelho, nos céus, na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que JESUS CRISTO É O SENHOR, para a glória de Deus Pai.” – Filipenses 2:9-11



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Segue abaixo a matéria do colunista Hélio Schwartsman do Jornal Folha online:

Pensata.

O renascimento de Deus
Por:Hélio Schwartsman

Sob o sugestivo título de "As Novas Guerras de Religião", a revista britânica "The Economist" dedicou o número da semana passada aos crescentes enfrentamentos inter-religiosos. São várias reportagens recheadas de números e informações. É leitura obrigatória para os que se interessam pelo fenômeno. Como não dá para abordar tudo, vou me restringir na coluna de hoje à questão do "revival" religioso.

Aqui é necessário começar com uma espécie de "erramos". Não, ainda não me converti. O "erramos" não diz respeito a meu ateísmo, mas ao fato de que boa parte da elite branca ocidental julgou ao longo dos últimos 150, 200 anos que a morte de Deus e o advento do secularismo eram favas contadas. Estávamos redondamente enganados.

De fins do século 18, com o Iluminismo, até bem recentemente, parecia de fato crível que o mundo caminhava para tornar-se menos religioso. Afinal, Darwin, Marx, Freud e Einstein provaram duas ou três coisinhas bastante interessantes. Mostraram que o homem, um bicho como qualquer outro, não comanda a história nem mesmo a psique humana. Pior, o próprio Universo funciona sem Deus, que pôde enfim ser reduzido a uma simples metáfora. Só que daí a concluir que a humanidade estava pronta para a emancipação foi um passo maior que a perna.

Tudo parecia seguir o "script". Grupos religiosos mais proeminentes se retraíam. Nos EUA, evangélicos caíram numa espécie de ostracismo após o fiasco da Lei Seca (1920-33) e do julgamento de Johns Scopes (1925), no qual as idéias criacionistas foram humilhadas e judicialmente rechaçadas. Na Europa, as coisas pareciam seguir o mesmo rumo. Ideologias fascistas e comunistas rapidamente tomaram o lugar das religiões tradicionais. Mesmo no Terceiro Mundo, igrejas pareciam ceder terreno a líderes secularistas como Kemal Ataturk (Turquia, anos 20), Jawaharlal Nehru (Índia, anos 50). Também o islamismo dava indícios de que sucumbiria diante do pan-arabismo de Gemal Abdel Nasser nos anos 60. Ao que consta, até o Estado judeu não era tão judeu assim. A "Economist" sugere que David Ben Gurion, o fundador de Israel, um secularista convicto, só concordou que a lei rabínica fosse adotada para regular casamentos e divórcios no país porque estava certo de que os ortodoxos estavam com seus dias contados.

Em 1966, a bem-comportada revista "Time" estampou em sua capa a pergunta "Deus está morto?". Em 1999, a própria "Economist" publicou em sua edição do milênio o obituário de Deus. Foi precipitada. A ex-secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright recorda-se de uma ocasião em 1990 em que um diplomata que negociava a paz na Irlanda do Norte se queixou: "Quem vai acreditar que, no fim do século 20, ainda estamos lidando com um conflito religioso?".

Também nos anos 90, nós da imprensa relatamos o conflito na antiga Iugoslávia como uma disputa étnica entre sérvios, croatas e bósnios. Não está errado, mas também é possível descrevê-lo como uma guerra entre cristãos ortodoxos, católicos e muçulmanos. Tudo depende de querermos enfatizar os componentes políticos ou os religiosos da contenda.

Mas veio o 11 de Setembro e a idéia de um futuro secular ruiu. Olhando retrospectivamente, é fácil encontrar sinais de que as coisas não caminhavam exatamente como nós pensávamos. Para sermos rigorosos, era o avanço do laicismo especialmente na Europa (e nas comunidades acadêmicas do Ocidente em geral) que se afigurava como uma exceção à regra religiosa _uma coisa de elite. Nos EUA, a freqüência da população a cultos não chegou nem mesmo a experimentar uma queda importante. No Terceiro Mundo, apesar das iniciativas de um ou outro líder nacionalista, a religião jamais esteve seriamente ameaçada. Às vezes nos esquecemos da força da demografia. A China, apesar de no papel comunista e atéia, será muito em breve a maior nação cristã do planeta. E a maior muçulmana também, sem mencionar, é claro, que sempre reuniu o maior número de adeptos do confucionismo, taoísmo etc. Só não será a maior nação hinduísta, e isso porque a Índia é uma outra potência populacional.

O que mudou então, que nos fez passar da previsão de um futuro sem religião para as novas guerras de religião? Certamente não foi apenas a nossa percepção após o 11 de Setembro.

A tese da "Economist" que eu acompanho é a de que são as variedades mais virulentas de religião que estão prosperando e ganhando adeptos. O catolicismo, por exemplo, perde fiéis para grupos pentecostais que praticam o exorcismo e fazem com que o praticante receba ordens diretas de Deus, entre outras manifestações psiquiátricas. Também vão muito bem no mercado da fé os fundamentalistas muçulmanos que atiram aviões em edifícios ou que se explodem diante de creches no Iraque. Para o bom e verdadeiro muçulmano sunita da escola wahabita, afinal, uma criança muçulmana xiita está em imperdoável erro teológico e não pode ser salva. Melhor que morra de uma vez abrindo as portas do paraíso a seu executor. O problema é o islamismo que é violento? Talvez o Alcorão instile mais pensamentos mórbidos em seus seguidores do que outras fés, mas o fato é que qualquer religião ou sistema de crenças dogmáticas (aí incluo marxismo, fascismo nazismo etc.) pode levar a sandices semelhantes. Afinal, foram os adoráveis Tigres Tâmeis, que praticam o pacífico hinduísmo, que inventaram a tecnologia dos homens-bomba, rapidamente exportada para outras partes do mundo.

Parece estar operando aqui algum mecanismo de "feedback positivo". Uma série de reações e contra-reações entre grupos que interagem deflagrou uma espécie de corrida armamentista. Israel, por exemplo, para combater a OLP de Iasser Arafat, estimulou jovens palestinos a freqüentarem as mesquitas. Estava ajudando a criar o Hamas. De modo análogo, a resposta dos EUA ao 11 de Setembro, a invasão do Afeganistão e do Iraque, está levando a uma maior radicalização dos núcleos fundamentalistas islâmicos, que ganharam ainda campos de treinamento onde aperfeiçoam suas técnicas assassinas. O terror islâmico também tornou mais hostis e violentas as milícias hinduístas na Caxemira. No Paquistão, o general Pervez Musharraf acaba de dar um golpe de Estado, com o apoio dos EUA, para não ser derrubado por grupos muçulmanos que o recriminam justamente por receber apoio dos EUA. É difícil dizer onde termina esse tipo de movimento.

A receita para combatê-lo, entretanto, é conhecida e permanece a mesma desde o século 18: Estado laico e democracia. Praticar uma religião é perfeitamente legítimo. Trata-se, afinal, de atividade que pode proporcionar prazer a seus adeptos e oferecer-lhes oportunidade de reforçar vínculos sociais. É como pertencer a um círculo literário, fazer esporte ou freqüentar sites pornográficos --cada um sabe o que é melhor para si. Embora sempre vá existir uma certa tensão entre crenças religiosas distintas, as diferenças podem ser mantidas em níveis civilizados, desde que todos os grupos renunciem a impor sua verdade aos demais.

É claro que não o tão é fácil, pois o eleitor religioso tende a levar suas convicções espirituais para a urna o que, dependendo do perfil demográfico do país, pode fazer com que uma maioria religiosa se aproprie do Estado quebrando a frágil trégua. Daí a importância de inscrever o laicismo como uma garantia fundamental, ao lado dos direitos universais do homem.

Embora difícil, a tarefa não é impossível, dado que todas as religiões são minoritárias em alguma parte do globo.

Quanto ao ser humano, num ponto ele de fato difere dos outros animais. Insiste em prestar reverência a uma hipótese implausível, que se provou desnecessária e, nos dias de hoje, tem-se mostrado mais destrutiva do que agregadora.

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