domingo, 3 de janeiro de 2010

Os Franceses abraçam a Igreja Evangélica

By Elisabeth Bryant

THE WASHINGTON TIMES
IVRY-SUR-SEINE, França – Os cânticos Domingueiros numa afinação perfeita transpõem a porta e traçam um percurso entre armazéns e casas neste subúrbio da classe trabalhadora de Paris. Lá dentro, a congregação do Impact Christian Centre (Centro Cristão de Impacto) dança e canta música gospel durante o primeiro culto da manhã, cuja hora de terminar já há muito foi ultrapassada.


É difícil acreditar que esta explosão de alegria religiosa se passa em França, a nação mais solidamente secular de uma Europa em crescente secularização.


No entanto, ao mesmo tempo que os Cristãos fogem das igrejas tradicionais situadas em toda a região, o Cristianismo evangélico está em ascensão graças ao recente desabrochar de igrejas migrantes, tais como o Centro Cristão de Impacto.


Só em França testemunhou-se um crescimento de 800% no número de evangélicos só nos últimos 50 anos, de 50 mil para 400 mil.


Em termos absolutos, estes números são pequenos. De facto, os evangélicos representam menos de 2% da população europeia. Mas a sua influência é crescente, enquanto que os Católicos Romanos e as Igrejas Protestantes tradicionais vão buscar constantemente a influência das suas doutrinas inclusivas e activas.

Talvez até muito significativamente, os evangélicos atestam que a espiritualidade não está moribunda na Europa.

“A descrença, a dúvida e a secularização continuam a grassar, mas estamos a testemunhar uma reviravolta espiritual nos últimos anos.” – disse Christopher Sinclair, um professor da Universidade de Estrasburgo especializado em movimentos evangélicos.

“O que é surpreendente acerca do movimento evangélico é que está a crescer. Podemos testemunhar isto por toda a Europa. Está a responder a uma necessidade espiritual” – disse o Sr. Sinclair.

À medida que cresce, o movimento evangélico europeu desenvolve uma diferença marcante face à sua correspondente norte-americana.

Em França e no resto da Europa, os evangélicos ficaram na sua maioria à margem das batalhas políticas – em parte porque muitos crêem na separação entre a Igreja e o Estado, e em parte porque continuam em discordância em relação a muitos assuntos chave.

“Nós os evangélicos em França somos uma minoria no meio de uma minoria Protestante” – disse Etienne Lhermenault, secretária geral da Federação de Igrejas Evangélicas Baptistas de França.” Então nós temos uma mentalidade de minoria. Os nossos amigos Evangélicos norte-americanos têm uma mentalidade de maioria, mesmo que não sejam exactamente a maioria.”

As igrejas europeias estão a abraçar pregadores Asiáticos, Caribenhos e Africanos tais como os gémeos do Congo Francês, Yvan e Yves Castanou, que dirigem uma organização chamada Impacto.

“A Igreja está cá para resolver todos os problemas – problemas familiares, problemas financeiros, todo o tipo de problemas, não apenas os problemas espirituais. E é isso que realmente faz a diferença” – disse Yves Castanou, de 35 anos, num Domingo recente, ao fazer uma pausa enquanto saudava uma corrente de adoradores dentro de um centro comunitário da Impacto.

Para Ivorian Blaise Ezoua, os cultos de Domingo fazem valer a pena uma viagem de ida e volta de 60 Km todas as semanas aos subúrbios de Paris.

“O que me toca é o calor e o trato fraternal entre a comunidade de irmãs e irmãos naquele lugar.” – disse o técnico de informática. “Temos irmãos da África Central. Temos irmãos da China. Temos pessoas de todo o lado. Os irmãos franceses também estão a juntar-se a nós.”

O cepticismo francês quanto aos Cristãos evangélicos, senão mesmo hostilidade, é alimentado por miríades de factores, desde a suspeita de que as igrejas são comprometidas por uma influência norte-americana até aos receios de que são plataforma para falsos pastores. Até os líderes evangélicos avisam que as igrejas da prosperidade de estilo Africano estão a florescer nos arredores de Paris.

Há um aumento no número destas igrejas grandes na zonas pobres” – disse Majagira Bulangalire, presidente da Comunidade de Igrejas de Expressão Africana em França, uma associação criada parcialmente para combater as igrejas enganosas.

“São os maiores vigaristas. Podem fazer muito mal à população pobre que se junta às centenas a eles.” A cautela com os evangélicos também está presente no Governo francês, que tem um comité interministerial especial para combate aos diversos cultos e seitas questionáveis.

Em algumas áreas, os pregadores evangélicos dizem que têm dificuldade em receber licenças para construir novos locais de adoração, uma queixa também partilhada pelos Muçulmanos.

Há dois anos atrás, no subúrbio parisiense de Montreuil, as suspeitas transformaram-se em confronto aberto, quando o Presidente da Câmara socialista encerrou os cultos num Domingo em várias igrejas evangélicas de emigrantes.

Os relacionamentos entre as igrejas e os órgãos oficiais noutros locais são melhores. Em Ivry, os irmãos Castanou dizem que a Impacto é aceite como parte da cidade.

Mais ainda, as igrejas estão a ganhar cada vez mais aceitação de outro quadrante – as igrejas Católicas Romanas, que estão a adoptar alguns dos aparatos evangélicos.

“Durante muitos anos, o movimento Protestante Francês escarneceu um pouco do movimento evangélico” – disse Jean-Arnold de Clermont, Presidente da Federação Protestante Francesa. “Pensávamos que a teologia não era muito sólida, que éramos mais inteligentes. Agora, percebemos que estas igrejas evangélicas não apenas têm intelectuais, mas também que são mais emotivos, mais espirituais. É do nosso melhor interesse aprendermos uns com os outros.”

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