sábado, 2 de janeiro de 2010

O Paulo de Romanos Capítulo Sete

Paulo é, seguramente, a figura do Novo Testamento que, para além de Jesus, mais simpatia e admiração suscita. Somos desafiados pelo seu apego a Cristo e à verdade divina, pelo seu amor pelos perdidos, pela sua preocupação com as igrejas, pelo seu ardor missionário e pela sua disponibilidade para servir.

Somos estimulados pelo seu entusiasmo, pela sua capacidade de enfrentar as adversidades e pelo que sempre esteve disposto a sofrer pela obra de Deus.

Admiramos a percepção que ele tinha da vontade de Deus e como a manifestava quer falando quer escrevendo e, apesar de tudo isto, ficamos espantados com a sua humildade e facilidade em se esconder atrás de Jesus Cristo.

Tendo tudo isto (e o muito que fica por dizer) em consideração não nos incomoda considerá-lo um herói a quem gostaríamos de imitar e por isso, regra geral, passamos adiante algumas das suas afirmações que, a nossos olhos, não o enobrecem tanto, como por exemplo as que ele faz em Romanos capítulo sete. Lembremos algumas:

"Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Pois o que faço, não o entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Agora, porém, não sou mais eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efectuá-lo não está. Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, mesmo querendo eu fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?" (Vs.14-24)

Ao lermos estas palavras apetece-nos fazer como aquela senhora que, Domingo após Domingo ouvia o pastor da igreja confessar os pecados antes de cada mensagem. Um dia foi ter com ele, no final do culto, e disse-lhe: "irmão pare de pedir a Deus perdão pelos seus pecados. Não gosto de pensar que o pastor da minha igreja é um homem que peca" .
Custa-nos admitir que o grande Apóstolo Paulo também travava diariamente uma guerra espiritual entre o seu novo homem e o velho? Mas isso é a mais pura das verdades! Custa-nos a imaginar o Apóstolo do amor (João) a travar a mesma luta? Mas a verdade é que travava e era tão pragmático que até nos deixou escrito que aquele que diz que não peca é mentiroso e faz de Deus mentiroso (I João,1:8-10).

Penso muitas vezes nesta realidade quando analiso o comportamento de certos membros de algumas igrejas que, através de algumas atitudes e palavras, quase dão a entender que são perfeitos e, por isso, não se coíbem de apontar o dedo acusador aos crentes que consideram mais fracos.

Meus irmãos "Aquele que pensa estar em pé tenha cuidado, não caia". E mesmo quando formos chamados a ajudar alguns irmãos que estejam a "manquejar" não esqueçamos o conselho de Gálatas, 6:1. A arrogância não se coaduna com o ensino de Cristo e é ela que leva a que irmãos se transformem tantas vezes em juízes de outros.

Não esqueçamos que, como Paulo dizia, o nosso livramento deve-se apenas a Jesus Cristo, nosso Senhor. De resto a vida cristã vitoriosa consiste em "Cristo vivendo em nós e já não sermos nós a viver" (Gálatas, 2:20)

Sempre que te sintas tentado a julgar-te espiritualmente superior lembra-te do gigante Paulo, retratado no capítulo sete de Romanos.

Artigo publicado pela Igreja Evangélica Leça da Palmeira-Portugal

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