terça-feira, 27 de dezembro de 2011

NORUEGA

A difícil tarefa de evangelizar na Noruega.

O pastor Jahan Binai, 54 anos, é

iraniano e dirige atualmente uma igreja

composta por ex-muçulmanos na

Noruega
Jahan Binai tem um programa de

televisão que é exibido via satélite

diariamente para diversos países

islâmicos e alcança mais de 300

milhões de muçulmanos. Ele foi

entrevistado pessoalmente em sua casa

pela correspondente sênior Tatiana

Santos, de Pernambuco

Como o senhor chegou aqui?

Fui reitor numa faculdade no Irã por

14 anos e vivia muito bem

financeiramente. No entanto, tinha

problemas com o regime no poder. Na

cidade em que morávamos, quando a

polícia fazia batidas, começava por

nossa casa e, por causa dessa pressão

política, deixamos o país. Primeiro

fomos para a Turquia e dali, através da

ONU, nos tornamos refugiados; depois

viemos para a Noruega.

Quando chegamos aqui, pensamos que

era o paraíso, porque os que estavam

ao nosso redor nos mostravam amor.

Mesmo que não falassem de Jesus

conosco, sentíamos Jesus na vida

deles.

Primeiro eu me converti e muita coisa

mudou em mim; depois, minha esposa

se converteu porque viu as mudanças

na minha vida. Nunca pressionamos

nossos filhos, mas eles viram as

mudanças na vida dos pais e eles

próprios tomaram a decisão de seguir a

Jesus.

Entramos em contato com iranianos em

Oslo, a capital, e começamos a ser bem

ativos na comunidade.

Trabalhamos durante 7 ou 8 meses e,

embora não visse ninguém se

convertendo, não desistimos. Com o

tempo, Deus abriu as portas e, certo

dia, começaram a chegar à igreja

ônibus cheios de muçulmanos. Em cada

culto víamos muçulmanos se dobrando e

aceitando a Jesus. De vez em quando,

viajamos até Dubai ou ao Azerbaijão

como missionários para pregar.

Quais restrições o senhor ou a igreja

tem enfrentado?

Quando vou ao asilo de refugiados, às

vezes sou proibido de entrar. A

direção do próprio asilo me proíbe: os

funcionários, ou até mesmo

muçulmanos fanáticos, e isso com o

consentimento do governo. Tem sido

um pouco complicado aqui na Noruega,

mesmo sendo um país cristão, pois tem

sido difícil evangelizar os muçulmanos.

Alguns são fanáticos e por isso nós às

vezes temos problemas, somos

criticados por eles. Fui ameaçado de

morte, eu e minha família.
O senhor precisou de proteção policial

por um tempo. O que aconteceu?

Um homem me telefonava

repetidamente, e ele me ameaçava,

dizendo que eu era uma vergonha para

o islamismo; que o fato de eu convidar

muçulmanos para cultos cristãos e

fazê-los se converter ao cristianismo

me tornava um impuro para o islã e que,

por causa disso, ele mataria a mim e a

minha família.
Acabamos sentindo que isso era algo

emergencial e então ligamos para a

polícia. Tínhamos medo de ir para a

nossa casa, mas a polícia me forneceu

um alarme para chamá-la, caso algo

acontecesse. Andei meses com esse

alarme e trocamos nossos números de

telefone.

Numa das últimas ligações que recebi,

disse ao meu perseguidor que o amava

e não me importava, mesmo que ele de

fato viesse a cortar meu corpo em

vários pedaços, como havia dito que

faria. Passou algum tempo e as ameaças

cessaram. Então fui à polícia e

disse-lhes que achava que Deus estava

mudando o coração daquele homem e

acreditava que não precisava mais de

proteção policial. Mesmo assim, a

polícia continua rondando a área onde

moramos.

O que é mais urgente para o seu

trabalho?

Oração e proteção. Outro desafio para

nós que trabalhamos com essas

pessoas é a mentalidade delas, pois é

muçulmana. Elas transferem os valores

muçulmanos para o cristianismo e

esquecem que a mentalidade cristã é

fundamentada na graça, enquanto a

muçulmana é baseada no quanto de mau

ou bom você fez. Nosso desejo é que

eles tenham uma relação pessoal com

Jesus, porque no islã há uma distância

muito grande entre Deus e Jesus e

leva algum tempo até que eles

compreendam a necessidade de viver

essa nova vida. Precisam muito de

oração e da Palavra de Deus.

Precisamos também de parceiros de

oração e parceiros financeiros para o

programa de televisão, pois é um

projeto muito grande. Temos dois

satélites. É um programa diário exibido

várias vezes ao dia. Mais de 300

milhões de muçulmanos têm acesso a

ele e muitas vidas têm sido alcançadas.



Foto: Pastor Jahan Binai



Foto: Jahan em sua casa, com alguns

ex-muçulmanos. Ao lado é possível ver

o material utilizado no discipulado



Foto: Correspondente local Tatiana e o

pastor Jahan

Esta entrevista foi publicada na revista Portas Abertas volume 28 nº8 ano 2010




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