terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Coreia do Norte

Local no planeta onde ser cristão é

mais difícil. Os cristãos são presos,

torturados e mortos. No entanto, a

Igreja está crescendo: há cerca de

400.000 cristãos no país
A Igreja e a Perseguição Religiosa

A Igreja

O cristianismo chegou à península

coreana, no final do século XVII,

através de católicos coreanos feitos

prisioneiros de guerra e enviados ao

Japão pelos algozes japoneses que

invadiram o país com o propósito de

dominar a China. Em terras nipônicas,

os coreanos tiveram contato com o

evangelho (muitos dos quais se

tornaram mártires) e, quando puderam

retornar a seu país, levaram consigo a

nova fé. O início do cristianismo no país

se deu no século XVIII (1793), quando

a igreja passou por perseguições

isoladas, mas suas raízes já estavam

suficientemente fortes e fincadas na

Coreia. Antes da guerra que dividiu a

península corenana, a capital do país,

Pyongyang, abrigava quase meio milhão

de cristãos, constituindo na época 13%

da população. Após a guerra, muitos

cristãos fugiram em direção ao sul ou

foram assassinados.

A perseguição

A Constituição prevê a "liberdade

religiosa", no entanto, na prática, o

governo restringe severamente

qualquer atividade religiosa, exceto o

que possa ser supervisionado

rigorosamente por grupos reconhecidos

oficialmente, ligados ao governo. Uma

autêntica liberdade religiosa não

existe, apenas igrejas rigorosamente

controladas pelo governo. As igrejas

que existem na cidade hoje são

basicamente "igrejas de fachada",

servindo à propaganda política sobre a

liberdade religiosa no país. Quase

todos os cristãos na Coreia do Norte

pertencem a igrejas não-registradas e

clandestinas. O culto deles se constitui

de um encontro "casual" de dois ou

três deles, em algum lugar público. Lá

eles oram discretamente e trocam

algumas palavras de encorajamento.

A perseguição aos cristãos foi intensa

durante o período de dominação

japonesa, especialmente devido à

pressão exercida pelos dominadores

para a adoção do xintoísmo como

religião nacional. Desde a instalação do

regime comunista, a perseguição tem

assumido várias formas. Inicialmente

os cristãos que lutavam por liberdade

política foram reprimidos. Depois, o

governo tentou obter o apoio cristão

ao regime, mas como não teve êxito em

sua tentativa, acabou por iniciar um

esforço sistemático para exterminar o

cristianismo do país. Edifícios onde

funcionavam igrejas foram confiscados

e líderes cristãos receberam voz de

prisão. Ao ser derrotados na Guerra da

Coreia, soldados norte-coreanos em

retirada frequentemente massacravam

cristãos com a finalidade de impedir

sua libertação.

O Estado não hesita em torturar e

matar qualquer um que possua uma

Bíblia, quer esteja envolvido no

ministério cristão, organize reuniões

ilegais, quer tenha contato com outros

cristãos (na China, por exemplo). Os

cristãos que sobrevivem às torturas

são enviados aos campos de

concentração. Lá, as pessoas recebem

diariamente alguns gramas de comida

de má qualidade para sustentar o

corpo, que deve trabalhar 18 horas por

dia. A menos que aconteça um milagre,

ninguém sai desses gigantes campos

com vida.

Em setembro de 2007, a revista

Newsweek destacou o drama dos

cristãos norte-coreanos. Um desertor,

Son Jong-Nam, converteu-se quando

fugiu para a China, onde conheceu um

grupo de missionários cristãos. Após

certo tempo, ele voltou ao seu país

como missionário. Lá, foi detido e

acusado de ser espião. Atualmente, ele

está no corredor da morte em

Pyongyang. Son cresceu em boas

circunstâncias por ser filho de um alto

oficial. De acordo com a Newsweek, a

esposa dele, grávida, perdeu o bebê

depois de ter sido espancada durante

um interrogatório na Coreia do Norte,

por ter criticado o controle de

alimentos de Kim Jong-Il. Desde o final

do século XIX, cerca de cem mil

norte-coreanos mantêm a fé cristã

clandestinamente, segundo cálculos da

Newsweek. Até mesmo Kim Il-Sung, o

primeiro ditador da Coreia do Norte,

falecido recentemente, veio de uma

família cristã devota.

De acordo com missionários, os

cristãos norte-coreanos mantêm suas

Bíblias enterradas nos quintais,

embrulhadas em plásticos. Alguns

pastores na China oram por doentes e

pregam através de interurbanos feitos

por telefone celular, segundo a

reportagem. Tudo isso num intervalo

de tempo que vai de cinco a dez

minutos. Os "cultos telefônicos" têm

de ser rápidos e muitas vezes são

interrompidos bruscamente, porque a

Coreia do Norte usa rastreadores para

localizar os telefones.

História e Política

Localizada na metade setentrional da

Península da Coreia, no leste asiático, a

Coreia do Norte é caracterizada por

altas montanhas separadas por vales

estreitos e profundos. Densas

florestas cobrem cerca de dois terços

do país. O topônimo Coreia deriva-se

de Koryo, "alto e belo", nome da

dinastia que governou o país de 918

a.C. até 1392 d.C. Os habitantes da

península coreana imigraram da Sibéria

entre os séculos X e XIII a.C. No ano

108 a.C., os chineses dominaram a

península e a dividiram em 4 colônias

chinesas. No século XIII, Koryo foi

invadida por mongóis, que passaram a

ter grande influência na corte. E em

1392, Yi Song-gye fundou a dinastia

Choson (Yi), que durou até 1910.

O século XX foi decisivo para a

configuração política atual do país. Com

interesses políticos e econômicos

sobre a península coreana e sobre

outros países da Ásia, o Japão anexou

a Coreia ao seu território,

transformando o país em seu

protetorado. Com a derrota do Japão

na Segunda Guerra Mundial, a Coreia se

viu livre para se consolidar como nação

independente no cenário mundial. Foi a

partir de 1945 que o cenário político

atual da Coreia começou a se formar:

nesse ano, com o apoio da União

Soviética, o norte se proclamou

independente do sul, recusando-se a

cooperar com as Nações Unidas e

passando a se chamar República

Democrática Popular da Coreia,

chefiada pelo primeiro ministro Kim Il

Sung. No ano de 1950, o norte invadiu

o sul da península, na tentativa de

unificar a península sob o regime

comunista, desencadeando a “Guerra

da Coreia” (1950-1953), que culminou

com a divisão definitiva da Coreia e a

criação de dois novos países: Coreia do

Norte e Coreia do Sul, o primeiro

comunista e o último capitalista. O

armistício assinado em 1953 definiu o

paralelo 38 como a zona

desmilitarizada da Coreia. A zona

desmilitarizada entre os dois países

continua sendo uma das áreas mais

fortificadas e impenetráveis do mundo.

A guerra quase irrompeu novamente no

fim da década de 90, mas foi evitada

graças a esforços diplomáticos. Não

obstante, ainda há grande tensão entre

as duas Coreias.

Desde a divisão, a Coreia do Norte

teve apenas dois presidentes: Kim II

Sung, que governou o país até 1994 e

seu filho Kim Jong-il, que está no

poder desde então. O governo exerce

uma política unipartidária e é

considerado como uma autocracia, ou

ditadura comunista totalitária. O país

tem sido profundamente marcado por

um "culto à personalidade" que elevou

o falecido ditador King Il-Sung, pai de

Kim Jong-Il, à posição de deus. O mais

provável é que Kim Jong-il seja

substituído no governo do país por seu

filho, Kim Jong-Un.

População

A população norte-coreana é de pouco

mais de 24 milhões de pessoas, sendo

60% urbana. Etnicamente, ela é

constituída quase que totalmente por

coreanos (99%). Há um pequeno

número de chineses e japoneses

residindo no país. Segundo estimativas

do governo, 70% da população não

professa nenhuma religião. O restante

segue crenças asiáticas, como

xamanismo, confucionismo ou budismo.

Há grupos cristãos de protestantes,

católicos e ortodoxos.

Quase 100% da população é

alfabetizada e tem acesso à educação.

A população sofre com a fome, já que

normalmente os alimentos do país são

primordialmente direcionados ao

exército. Há abertura para

organizações humanitárias atuarem, a

fim de aliviar a fome da população, mas

os esforços não são suficientes. Isso

acontece parcialmente por causa da

corrupta liderança das forças

militares. Eles interceptam muitas

cargas de alimento e desviam-nas para

os seus soldados. O próprio presidente

Kim Jong-Il disse, certa vez, que só

precisa que 30% da população

sobreviva.

Economia

A economia da Coreia do Norte é

totalmente centralizada no Estado,

totalmente planejada pelo governo; a

indústria pesada e a agricultura (arroz,

milho, batata, soja) são as principais

atividades econômicas do país.

Pyongyang é o centro comercial do

país; as relações econômicas da Coreia

do Norte com outros países são

poucas, sendo a China o principal

parceiro comercial do país. O turismo é

também uma importante fonte de

renda para a Coreia do Norte: todo

turista ou grupo de viajantes deve

conhecer o país sempre acompanhado

de um guarda ou representante do

Estado.

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