Partido de Kassab atrai líderes evangélicos e católicos para sua legenda no Rio de Janeiro
PSD pode virar um “partido religioso”
O prefeito de São Paulo Gilberto Kassab é o fundador e presidente do Partido Social Democrata (PSD). Ele tem procurado fortalecer o partido em todos os Estados, mas no Rio de Janeiro ele começa a ter um perfil conservador, com um forte vínculo religioso.
Entre os seus 13 deputados estaduais titulares, a maior bancada da Assembleia Legislativa do Rio, cinco são evangélicos, e Myrian Rios (ex-PDT) é missionária católica.
O partido tem um 14º parlamentar desde a semana passada. Trata-se do suplente Hélcio Ângelo (ex-PSDB), que assumiu a vaga do deputado Comte Bittencourt (PPS). Ângelo também é evangélico.
A figura mais destacada dos deputados religiosos do PSD provavelmente é Samuel Malafaia (ex-PR), irmão do conhecido pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.
O sobrenome Malafaia desde a campanha eleitoral de 2010 tem sido conhecido pelos ataques ao PT, a quem atribuiu à defesa do aborto e a criação da PL 122, que legalizaria o casamento homossexual.
A ex-atriz da Globo Myrian Rios (ex-PDT) também é criticada pelos homossexuais, desde que declarou que não contrataria empregados gays e participou da campanha “Todos contra o sexo anal”.
A nova legenda conta com Marcos Soares (ex-PDT), filho do pastor R. R. Soares, missionário da Igreja Internacional da Graça, conhecido pelo programa “Show da fé”.
O PSD é também o partido atual do deputado Fábio Silva (ex-PR), filho do empresário Francisco Silva, da Congregação Cristã do Brasil. Silva é dono da Melodia, uma das maiores cadeias de rádios gospel do País.
Ao comentar seu ingresso no novo partido, em 2011, Samuel Malafaia afirmou “Foi uma bênção, mas não tem a ver com religião e sim com o fato de que eu estava insatisfeito com a liderança do Garotinho. Encontramos ar novo no PSD”. A crítica do parlamentar é direcionada ao Partido da República (PR) liderado no rio pelo ex-governador e deputado Anthony Garotinho, da Igreja Presbiteriana.
Samuel Malafaia foi o terceiro mais votado no Estado na última eleição, com 134,5 mil votos.
“Houve uma fase em que evangélicos votavam em evangélicos. Em 2006, eles seguraram os votos, acho que pelo envolvimento de alguns políticos evangélicos em escândalos, como o mensalão. Caí de 60 mil votos em 2002 para 35 mil em 2006 e não fui reeleito. Em 2010, com essa história de casamento gay, de lei da homofobia, acredito que os evangélicos reagiram e voltaram aos candidatos em quem confiavam para ir contra esta onda”. Porém, Malafaia explica que sabe que o PSD está aberto a todas as correntes. “Um grupo no nosso partido vai defender os homossexuais. O PSD está disposto a conviver com ideias diferentes.”
A deputada Graça Pereira, da Igreja Presbiteriana, que trocou o DEM pelo PSD, o que atraiu os parlamentares para o novo partido foi a insatisfação com suas antigas legendas. “Não houve movimentação por conta de sermos religiosos”, disse.
A maioria dos deputados estaduais evangélicos foram para o PSD por convite do deputado federal Arolde de Oliveira, que está no oitavo mandato e mudou de partido depois de quase 30 anos nos antigos PDS e PFL e no DEM. Arolde, ligado à Igreja Batista, é dono da gravadora de música gospel MK e da rádio evangélica 93 FM.
Para ele, a composição atual da bancada do PSD reflete o perfil religioso da região metropolitana do Rio. “O PSD é reflexo da própria sociedade. Não é só o Estado do Rio, nós somos uma nação conservadora”.
Após a perda de seis deputados – entre titulares e suplentes – para o PSD, os dois políticos evangélicos mais influentes do Estado do Rio de Janeiro ainda estão em outros partidos.
Antony Garotinho ainda tem o domínio do PR fluminense, mas seu partido foi o que mais perdeu deputados estaduais para o PSD.
O senador Marcelo Crivella permanece sendo o principal líder do PRB, partido vinculado à Igreja Universal do Reino de Deus.
A bancada evangélica do Rio é possivelmente a maior do Brasil. Na Assembleia é possível identificar pelo menos mais oito parlamentares evangélicos, ligados no momento a PMDB, PR, PRB e PMN. Além de Myrian Rios, existem dois deputados que são líderes católicos, um do PMDB e outro do PSC.
Ainda é cedo para afirmar que o PSD será um partido evangélico, mas as próximas eleições podem ser determinantes para isso, principalmente com a disputa aberta entre os evangélicos e o PT. A chamada “bancada evangélica”, presente na Câmara Federal e no Senado, tem se posicionado abertamente contra propostas polêmicas do Partido dos Trabalhadores. No Brasil, a fidelidade religiosa dos políticos parece ainda estar acima da fidelidade partidária.
Com informações O Globo e Estado de São Paulo
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