Ed Dobson explica como ele reaprendeu a ser um “seguidor de Jesus”
Com doença terminal, pastor de megaigreja afirma que sua fé mudou
Na década de 1980, o pastor Edward G. Dobson ganhou destaque na política norte-americana como executivo da organização conservadora “Maioria Moral”. Era uma espécie de fundação evangélica que defendia os interesses dos evangélicos. Ele chegou a ter influência na administração do presidente Ronald Reagan.
Em 1987, Ed Dobson, como é mais conhecido, assumiu o pastorado da Igreja do Calvário em Grand Rapids, Michigan. Seu ministério foi “de vento em popa” e o conceituado Instituto Bíblico Moody o nomeou “Pastor do Ano” em 1993.
Servindo como pastor da Igreja do Calvário por 18 anos, Dobson viu sua congregação chegar a mais de 5.000 pessoas aos domingos. Naquela época, Dobson influenciou toda uma geração de líderes. Foi ele, por exemplo, quem apoiou Rob Bell e o ajudou a iniciar a igreja Mars Hill de Grand Rapids. Ele diz estava acostumado a olhar para si mesmo como um homem cheio de lições, provérbios e, acima de tudo, respostas.
Uma espécie de “ícone” entre alguns círculos religiosos, tudo mudou quando Dobson foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), também conhecida como doença de Lou Gehrig. Ao ser diagnosticado, em 2001, os médicos deram-lhe de 3 a 5 anos de vida.
“Eu sou feliz por estar falando com você agora mesmo”, brincou Dobson, cuja voz deteriorada pouco lembra seus dias de pregador. Em uma entrevista à CNN, o pastor falou devagar, mas mantendo a mesma confiança e autoridade de sempre.
Após a sua aposentadoria, em 2006, as multidões sumiram de sua vida. “Eu fui de 100 quilômetros por hora a zero de uma hora para outra”, explica Dobson. ”Isso foi um choque para o meu sistema.”
Ele afirma que as respostas desapareceram junto com as multidões. “Eu sei que soa um pouco sentimental… mas a verdade é que quanto mais eu vivo, menos as respostas eu tenho”.
Autor de 12 livros e atualmente produzindo vários curtas-metragens, Dobson é um homem cheio de lições sobre fé. Após ter sido diagnosticado com essa doença degenerativa e sem cura conhecida, sentiu-se totalmente inseguro. Às vezes, ele diz que nem queria sair da cama em alguns dias. Depois de anos de intenso estudo da Bíblia, o pastor aposentado ficou surpreso como reagiu à notícia de sua própria mortalidade.
“Eu pensei que se eu soubesse que ia morrer, teria realmente lido a Bíblia e teria realmente orado como se deve”, explica Dobson. ”Mas durante anos o oposto era verdade. Eu mal tinha tempo de ler a Bíblia e tinha grande dificuldade de orar. Você fica tão sobrecarregado com outros compromissos que perde a perspectiva correta”.
Após recuperar essa perspectiva, sua pregação ocorre em um nível mais pessoal. Ele agora se encontra com os fiéis um a um. Senta-se com eles em suas casas ou escritórios e oferece toda a ajuda que puder. ”A maioria das pessoas que me procuram têm ELA e, basicamente, eu apenas as escuto”, explica.
Sair de 5.000 fiéis por domingo para atender um de cada vez gerou uma grande mudança em Dobson, forçando-o a reavaliar o seu trabalho como pastor. ”Eu estou tentando aprender que o um-a-um é tão importante quanto pregar para multidões”, disse ele.
Hoje ele diz que seu ministério o lembra de Adão e Eva sendo cobrados por Deus para cuidar do Jardim do Éden. Durante anos, o jardim de Dobson era Igreja do Calvário, os batismos, casamentos e os cultos de domingo.
Em 2007, ele escreveu o livro “Orações e promessas quando estamos diante de uma doença fatal.” Daniel Dobson, seu filho, o está ajudando a transformar as histórias do livro em vídeos.
Steve Carr, diretor-executivo de uma empresa de produções é evangélico e entendeu o desafio. Cinco desses pequenos filmes escritos por Dobson já foram lançados por Carr e estão disponíveis no mercado. Existem planos para mais dois.
Embora os vídeos possuam temas variados, desde perda até perdão, passando por cura e crescimento espiritual, todos abordam as lições aprendidas por Dobson em sua batalha com a ELA. “Meu Jardim”, o título mais recente da série, mostra como Ed lidou com o fim de sua carreira de pregador.
“Eu não sou mais um pregador”, diz o combalido Dobson em frente à câmera. ”Hoje, diria que eu sou apenas um seguidor de Jesus. Ponto Final”. Aos 63 anos, para ele essa é a lição que os pastores mais precisam aprender hoje em dia.
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