quarta-feira, 6 de abril de 2011
SUBMISSÃO, A GRANDE MISSÃO DA NOIVA
Por mais que se escreva sobre as responsabilidades de um cristão, nenhuma é tão importante quanto a sua relação com o Noivo, Cristo. Se a Noiva, a Igreja, não está numa relação correta com o Noivo, como que poderá se expressar ao mundo?
“Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nEle e Ele tudo fará”.
Se não enxergamos o Senhor como Senhor, nem sequer pensaremos que o nosso caminho deve ser entregue a Ele. Entregar-Lhe o nosso caminho? Vendo-O como o Senhor Todo-Poderoso posso me aquietar e tranquilamente deixar o desenrolar e a direção da minha vida serem conduzidos por Ele. Posso, assim, descansar sabendo que Ele é o único totalmente capaz e está presente para controlar e conduzir tudo em meu viver. Tudo? Sim, eu preciso dEle em tudo, por isso tenho que me submeter ao seu domínio em tudo. E a minha vontade? E a minha capacidade? E a minha sabedoria? E os meus desejos, planos e aspirações? Tudo deve ser colocado em seu devido lugar – na cruz. Negando-me a mim mesmo vou até Ele e encontro descanso para a minha alma, pois Ele toma o meu fardo insuportável e me livra do jugo cruel, me dando um fardo leve e um jugo suave. Ele é quem opera tudo, tanto o querer quanto o efetuar, isto é graça plena, eu só preciso viver nessa graça, vendo-O fazer tudo. O meu sustento é Ele e vem dEle. A minha saúde é Ele. A minha riqueza é Ele. A minha alegria e o meu prazer é Ele.
“Sujeitai-vos a Deus, resisti ao diabo e ele fugirá de vós”.
Parece-nos que temos que lutar contra o inimigo de nossas almas para sermos felizes, livres, vitoriosos, etc. Mas, não! Temos, antes, de nos sujeitarmos a Deus. O nosso foco é o Senhor, não o inimigo. Devemos, antes, temor ao Senhor, o que é o princípio da sabedoria. Temer ao inimigo é não confiar no Senhor. Fugir do inimigo é considerá-lo maior que o Senhor, o Pai que nos deu a Jesus, é maior que todos e nos tem em suas mãos (João 10), ninguém nos pode arrebatar de lá. Então, por que a minha vida é cheia de problemas, dificuldades, aflições??? Simplesmente para o nosso bem, pois todas as coisas contribuem juntamente para o nosso bem (Romanos 8:28), em razão de que o Senhor é verdadeiramente Senhor de tudo. Ele controla tudo em cada particularidade, nada fugindo ao seu total controle. Assim, nada pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nem a morte ou qualquer outra criatura. Antes de pedir ao Senhor por livramento das situações negativas, devemos pedir ao Senhor para passarmos pela situação sem tirar os nossos olhos do Senhor, sem perder a confiança nEle, sem murmurarmos contra Ele, sem darmos crédito ao inimigo ouvindo as suas mentiras. Uma das mentiras mais comuns é que Deus nos abandonou, ficamos sós à mercê do inimigo, que ruge como leão, buscando a quem possa tragar. O verdadeiro leão é o Leão da tribo de Judá, o nosso salvador, Jesus Cristo. O inimigo é mentiroso e só faz barulho, pois nem pode nos tocar (I João 5:18); antes é revelado na Palavra como a serpente, animal astuto e peçonhento. O rugido dele é total mentira, a possibilidade de nos tragar também é mentira. O único a quem devemos temer é o Senhor, mesmo quando o rugido mentiroso do inimigo acontece bem ao nosso lado. Lembra dos irmãos que foram atirados às feras como espetáculo, no passado? O testemunho é de que não se moveram, ficaram firmes olhando para o invisível, crendo no Senhor não fugiram do seu destino cruel, venceram mesmo morrendo. O segredo é que se sujeitaram ao Senhor, mesmo sem compreender o motivo, crendo que era da vontade de Deus, pois se não fosse não ocorreria. Mas nossa morte é da vontade de Deus? Sim, e é preciosa aos seus olhos. Então, olhemos para o Senhor, temamos ao Senhor, não as circunstancias e nem o inimigo astuto e mentiroso. Quando os três jovens foram atirados na fornalha de fogo ardente, no cativeiro da Babilônia, disseram que se Deus quisesse os salvaria e se não morreriam, mas não se dobrariam ante o ídolo babilônico. Para escapar da dor, da aflição, do problema, do sofrimento, muitas vezes nos dobramos ao ídolo, negando o Senhor. Mas, agora, devemos permanecer imóveis, isto é, inabaláveis diante dos problemas, esperando a vontade do Senhor e não a nossa, confessando assim o Senhor Todo-Poderoso e não o inimigo. Falamos levianamente: ainda que andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum. Mas, quando isso é real queremos escapar a todo custo da situação sem olhar para o Senhor que está conosco em qualquer situação. Queremos salvar as nossas vidas e nesse egoísmo a perderemos, mas ao contrário se nos sujeitarmos e perdermos a nossa vida, a salvaremos (Lucas 17:33). Sujeição ao Senhor é carregar a cruz, negando-se a si mesmo, só assim o estaremos seguindo realmente para o nosso único destino – a cruz, que é a morte do nosso eu, ou alma, ou vida. Para tanto, preciso deixar todo o embaraço e o pecado que tão de perto me rodeia, e correr a carreira (caminho) que nos foi proposta, olhando para o exemplo de Jesus que suportou a cruz pelo gozo que lhe estava proposto (Hebreus 12). Isso me faz considerar que quanto à salvação eu não pude escolher, antes fui escolhido, eleito, mas para a morte existe uma proposta: devo me submeter à cruz, que é a vontade do Senhor, como foi com Jesus. Ele é o caminho (João 14:6), então a carreira proposta é o próprio Senhor, e para ficar nesse caminho tenho que ir a Ele e permanecer nEle. Indo a Ele sou aliviado do meu fardo pesado e livre do jugo cruel do egoísmo, recebendo dEle um fardo leve que é a liberdade dos filhos de Deus no espírito e um jugo suave que é a direção do Espírito Santo. Hoje estamos capacitados pelo Senhor a vencer até mesmo a morte, portanto devo me submeter à sua vontade e encarar tudo e todos na fé, perdendo a minha vida, minha vontade, meus desejos, meus direitos, etc., crendo que a vontade do Senhor é boa, perfeita e agradável, mesmo que seja negativa ao meu eu. Por isso a súplica do apóstolo, em Romanos 12: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” O Sacrifício deve ser em um culto racional ao Senhor, isto é, com entendimento e inteiramente voltado para o Senhor.
“Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta. Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual pelo gozo que lhe estava proposto suportou a cruz...
pelo que tendo recebido um REINO que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente com reverência e piedade.”
Submeter-se à vontade do Senhor é seguir o caminho da cruz, que nos leva a Jesus o alvo de Deus. Pelo caminho que nos está proposto só há um fim – a cruz. Para não desanimar, é preciso olhar firmemente para Jesus, autor e consumador da fé. A cruz nos parece muito cruel, mas é a benção divina para nos preencher de Cristo, pois nos esvazia de nós mesmos. Há muitos embaraços que querem nos impedir de caminhar até a cruz e atingir o alvo, que é Jesus. Há o pecado que nos rodeia de tão perto nos seduzindo e nos impedindo de caminhar, desviando-nos do caminho. É preciso correr para o caminho – Jesus. Qualquer que vai a Ele é aliviado de seu fardo e liberto de seu jugo, recebendo dele um fardo leve e um jugo suave. Ir no caminho da cruz é negar-se a si mesmo, tomar a cada dia a sua cruz e segui-lo até a morte. Recebemos um Reino, ou seja, o Senhor está reinando em nossa vida, assim ele tem todo direito ao completo domínio de nosso ser e nosso viver. Esse reino não pode ser abalado, ou seja, o Senhor não vai deixar de reinar sobre nós. Nada nem ninguém irá impedir o seu reinado, ou seja, a realização de sua boa, perfeita e agradável vontade em nossa vida. Por seu reino, isto é, a realização perfeita e completa de toda a sua vontade em nossa vida – a cruz, podemos viver na graça, isto é, podemos nos apropriar de toda a capacitação que nos é dada gratuitamente em Cristo, para realizar a vontade do Senhor em tudo, isto é, servir ao Senhor agradavelmente com reverência e piedade.
Fala-se muito em testemunho, e pessoas tem se destacado pela oratória, outras por sinais e maravilhas, levando multidões às igrejas. Eu estou decepcionado comigo e com tudo isso que dizem ser testemunho. Palavras? Sinais? O Senhor pessoalmente não salvou ninguém enquanto não morreu. Sem a morte não seria salvador, apenas mestre, profeta, milagreiro. O verdadeiro testemunho da Igreja, a Noiva, deve ser tal qual o do Senhor, o noivo – a cruz, morte de cruz. Quando há testificação de morte, aí há verdadeiro testemunho, como disse o Senhor: fazei isto em memória de mim. Ele se referia à ceia, o testemunho de que nos incluiu em seu corpo e nos fez morrer com Ele, de que nos lavou com o seu sangue ao derramá-lo. Na cruz nos fez um (João 12:33 e João cap. 17). Pela sua morte fomos misturados a Ele, como a farinha de trigo quando se prepara o pão é misturada. Várias sementes de trigo são moídas, trituradas, esmagadas, como nós devemos ser. Assim se faz um único pão que é servido para que outros tenham vida. Desse modo devemos morrer e sermos servidos ao mundo, como testemunho, um verdadeiro espetáculo. Quando mortos é que damos fruto, não quando vivemos e nos expressamos a nós mesmos, ainda que falemos coisas belas, tocantes, impressionantes, ainda que realizemos milagres, não estaremos dando testemunho do Senhor senão na morte, e a ceia nos fala claramente disso. Não há testemunho mais precioso e real do que o partir do pão com entendimento e revelação, discernindo o corpo de Cristo, a Igreja invisível e que morre para si mesma por amor ao Noivo que a espera. Sem a nossa morte não vemos ao Senhor. Sem a nossa morte não expressamos o Senhor. Testemunho verdadeiro é testemunho de morte juntamente com Ele. Para tanto, necessário é nos sujeitarmos voluntariamente à vontade soberana do Senhor, que é a nossa morte, e morte de cruz. Amém!
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