segunda-feira, 2 de abril de 2012

COMO COMPREENDER AS DIFERENÇAS ENTRE IGREJAS EVANGÉLICAS NO BRASIL HOJE

A imagem de uma nave de igreja vazia, sem pessoas, a que nenhum ministro ou crente deseja ver. Se por um lado a fé seja algo particular e individual, o sucesso ao compartilhá-la é sem dúvida elemento real em nossa experiência cristã. Justamente por isso nos importamos e nos incomodamos quando detectamos conflito entre o comportamento do outro e o nosso quando ambos professamos a fé no mesmo Deus e Senhor. Trata-se de um conflito e batalha cuja solução não é ignorá-la nem incitar o desprezo. Afinal, disse o Senhor Jesus: "deixai-o, Quem é por mim não é contra mim"

9:49 E, respondendo João, disse: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava os demônios, e lho proibimos, porque não te segue conosco.( Lc 9:49 e 50 )


A postagem presente tem razão de ser em conclusões tiradas a partir da realidade particularmente brasileira e vista através da baliza única da Palavra de Deus, da Bíblia Sagrada. Se é definitiva e inrretocável, provável e certamente que não, encontra-se exatamente como reflexão no nível da teologia leiga e pessoal e oposta no sentido de que só os registros escriturísticos são A Palavra de Deus, os nossos são opiniões, pensamentos que podem e devem ser aperfeiçoados, conferidos tantas quantas vezes forem sabiamente e humildemente necessárias.

Dessa forma, relutei em fazê-los conforme concebi em minhas reflexões principalmente pra como diz um grande irmão não me achar "reinventando a roda", que aliás quando se quer inventá-la a única possibilidade é fazê-la quadrada e ai deixa de ser roda, deixa de ser funcional e útil. No campo religioso pratico ou teológico muitas vezes religiosos fazem exatamente a mesma coisa: inventam uma roda quadrada, cujo aspecto é inovador mas não funciona, nem para o bem da igreja e nem para o bem do perdido.

O ponto de partida não é algo em cima do muro, mas decisivo: a aplicação do Velho ou Antigo Testamento pela igreja evangélica brasileira hoje, justificativa, base bíblica, fatos, etc. Numa das conhecidas e documentadas confissões batistas reza exatamente a seguinte declaração: o Novo Testamento constitui a única fonte de doutrina e de prática pra a igreja hoje ( mais ou menos assim, pois não consultei para interromper o raciocínio o documento em questão, mas você pode fazê-lo incluindo a consulta da confissão de várias igrejas batistas em particular ) Vale lembrar que, em termos históricos, ter a mão toda a Escritura é um privilégio recente. Tanto no catolicismo ou no protestantismo, ter os Evangelhos e o Novo Testamento já eram uma verdadeira benção digna da mais extremada gratidão, um privilégio. Portanto hoje se ter toda a Bíblia, lê-la, estudá-la, fartar-se de falar sobre ela ( se fora possível ) é, sem nenhuma dúvida, um privilégio sem medida.

Temos, simplificadamente, pois daria margem a um capítulo inteiro em um livro sobre o assunto, os ramos tradicional, renovado, pentecostal e neopentecostal. Há ainda os paraprotestantes como Testemunhas de Jeová, Mórmons e Adventistas do 7° dia, Adventistas da Reforma, Adventistas da Promessa ( pentecostais ), só para citar alguns. A adesão a uma igreja se dá por simpatia, herança familiar, concordância de opiniões, cultura, prática, etc. Biblicamente entretanto só pelo arrependimento e a fé no Senhor Jesus Cristo como Deus e Filho de Deus, é a fé que salva efetivamente.

Em um artigo escrito pelo irmão Jorge Fernandes Isah em seu blog Kálamos, a questão da Lei e a Graça, rendera cerca de cem comentários extensos e complexos nas suas diversas argumentações, fóra o número quatro, cinco, seis ou mais vezes de leitores da postagem. Além da "puxada" instigante do articulista e biblicista talentoso que é, puxando pelo raciocínio e posicionamento de seus leitores, renderam muitos outros aspectos a serem refletidos por cada um de nós posterior e particularmente. Basicamente, salvo o erro da minha simplificação ( repito para efeito de abordagem ), além do aspecto da salvação, restou o da aplicabilidade do Velho Testamento em todos os seus aspectos, em alguns, ou definitivamente não ou nunca , pelo menos no que concernia aos aspectos visíveis e cerimoniais.

Em termos práticos, no Brasil, o reavivamento evangélico, em linhas simples e gerais, passou por uma atenção ao Dia de Pentecostes, aos milagres e curas nos sinópticos ( João é um Evangelho diferente, praticamente sem milagres, e atentando para todos os milagres e operações e intervenções divinas do Velho ou Antigo Testamento. Vale lembrar que a decadência da fé dos crentes passa pela dificuldade de confessar fé naquilo que a Bíblia relata de sobrenatural no mundo natural. Algumas postagens mais acesadas inclusive por leitores de Portugal, Estados Unidos, etc, é justamente sobre Jonas e a Baleia ( um grande peixe ), Jardim do Éden, O Dilúvio, etc. As pessoas não negam a Bíblia inicialmente, negam selecionadamente passagens que "ofendem" o nosso conheciam o secular moderno. Pastores vão se negando a pregar determinados textos e passagens e ignorar justamente os que chocariam a sua plateia.

Os pentecostais, renovados ( termo adotado por batistas, presbiterianos, metodistas, adventistas, etc) e neo pentecostais mergulham nos textos milagrosos e não se envergonham de citá-los de pregar sobre eles, diante de quem for, de cultos ou ignorantes e nisso estão legitimamente corretos, pois afinal todos, dos reformados aos neopentecostais, confessamos serem as Escrituras a Palavra de Deus, sem retoques, sem explicações, tal qual lá está, nem menos e nem mais. Desse modo além da pregação do Evangelho, de Jesus como o Salvador que livra o homem do inferno, que perdoa pecados, como O Filho de Deus, e o único nome pelo qual somos salvos, Deus é apresentado como o Senhor dos Exércitos que luta junto a seu povo, como o Deus de Abraão de Isaque e Jacó ( não por citação mas de fato ) e cada uma das milhares de promessas do VT são tomadas individualmente ao pé da letra para horror dos teólogos mais ortodoxos.

Resultados na prática: é reconhecida uma luta dinâmica e constante entre o bem e o mal e em cuja batalha, homens e mulheres pendem todos para um lado ou para o outro sobre a coação dos inúmeros demônios a serviço de Satanás. A batalha e corpo a corpo e cada palmo de território em reconquistado para Deus em todas as áreas da vida, sejam espirituais ou materiais. Não há mais a distinção teológica de São Tomás de Aquino, parte de todos estudos filosóficos e teológicos sérios, o andar de baixo e o andar de cima, as coisas do mundo e seculares distintas e desconexadas das coisas celestes ou divinas; princípios divinos aparentes no VT são aplicados hoje como foram aplicados às diversas personagens em seus próprios dias. Não se trata de legalismo mas de aplicações de princípios tais como "entrega", "renúncia", "voto", "sacrifício", "luta", "profecia", "palavra" ( declaração ) etc. Com vista a materialização nos dias de hoje das mesmas atuações do Deus Antigo Testamentário.

A batalha teológica está instaurada pois grupos mais históricos ficam horrorizados com as novidades, o pragmatismo e a não correspondência ( diga-se de passagem em parte ) com a Igreja Primitiva, mas principalmente com aquilo aceito como culto, liturgia, historicamente construída pelos ramo protestante. Mas o que vemos? Vemos milhares e milhares de pessoas, de fato milhões, concorrendo a esses novos ramos do protestantismo.

Na prática essa nova parcela da igreja tem visibilidade oposta a discrição, partipação no poder secular, crescimento numérico expressivo e não poucos escândalos e muitas historias individuais surpreendentes, coisas que a parcela histórica a muito não tem o que apresentar diga-se de passagem. O fato é que o ramo mais tradicional, embora tenha tido importante papel histórico trazendo o evangelho até os dias de hoje, arrefeceu e falhou desastradamente (por várias razões incluídas a teológica ) no seu empreendorismo evangelístico. Há uma igreja batista reformada ( não citarei o nome nem lugar ) de trinta anos de existência com com membros apenas, considerando que muitos são familiares, talvez um pouco mais de vinte e cinco famílias ou menos é que constituem a sua membresia...um desastre evangelístico, seja analisado pelo lado espiritual ( sobrenatural ou estratégico,portanto injustificável.

A reação óbvia é que o ramo tradicional e reformado nega peremptoriamente toda a operação divina nessas "igrejas" e o interessante é que a sua teologia afirma que Satanás não tem poder para operar no mundo natural, contra a favor das leis da natureza, não se apossa dos corpos das pessoas, não põe nelas doenças, nem interfere em suas mentes, logo se não é Deus quem faz "os milagres" nessas igrejas quem os faria, ou faz? Montagens e falsos testemunhos são aventados e pode ser que ocorram, mas não no número dos milagres relatados, com variedade de testemunhas, muitas não crentes contudo não seria Deus "capaz" de efetuar no mundo nada de grande impacto, esquecendo a afirmação do próprio Senhor Jesus, que "obras maiores do que essas" seriam feitas em seu nome.

Outro problema aventado por opositores tanto cristãos como não-cristãos, é a ambição e a relação dos novos crentes com o dinheiro e os bens materiais, refletindo a cultura teológica franciscana da negação às riquezas e toda manifestação das mesmas. A questão da discurso é outro problema aventado, um limitado conhecimento bíblico, pregações razas muito próximas do que se percebe usado em promoções e vendas, bordões, e o uso de alegorias vistas como bizarras e inconsequêntes. Se pudéssemos olhar de fora teríamos duas praticas opostas: uma a de ministros de cultura e conhecimento bíblico desejável, alguns legitimamente invejáveis e completamente previsíveis na sua limitação denominacional que podem satisfazer o neófito durante um tempo mas que se mostram efetivamente sem nada mais a oferecer, exauridos em suas proposições distantes da realidade e sem ( muitas vezes ) apresentarem o mínimo sinal de sobrenatural em suas vidas que seja condizente com o que a Bíblia declara. Do outro lado, pregadores, pastores, francamente despreparados, forjados pela pressa e o oportunismo caótico, limitados nos seus argumentos, repetindo o que mal-mal aprenderam, vão aos milhares aos locais mais destetáveis e atendem espiritual e materialmente as pessoas mais indesejáveis ou problemáticas para qualquer igreja de clientela digamos, mais normal.

Provavelmente poucos ou a imensa e definitiva maioria não saiba nem o que seja um calvinista ou arminiano ( Graças a Deus! ), muito o menos o que disse o que fez e o que o pensou Santo Agostinho e tantos outros. Às milhões de pessoas é ensinado basicamente que há um único Deus verdadeiro, Todo Poderoso, para quem não há nenhuma limitação, e que Jesus Cristo está vivo e operando nos nosso dias tal qual o fez em carne quando andou por esse mundo. Atitudes como as de Abraão, Jacó, Davi, Elias, Eliseu, Pedro e Paulo, cujas sobras e peças de roupa curavam os doentes, expulsão de demômios como feitas por Cristo e os demais apóstolos, prosperidade dada a Jó, a Davi e a Salomão, vitórias como a de Ester, e todas as lutas e enfrentamentos do povo de Iarael são trazidas concretamente pra os dias de hoje, para a vida de cada cristão. A relação como dinheiro e a oferta, desde Melquissedeque, a promessa reiterada do livro de Malaquias, e todas presentes nos Salmos, particularmente o Salmo 1, 23, 91, 119, etc. A Bíblia é crida ao pé da letra, de forma contundente e de forma a não se quedar frente a secularidade e ao mundo acadêmico. É a sabedoria da Palavra de Deus que enlouquece e confunde os sábios desse mundo. Curiosamente os calvinistas criam que a benção de Deus se manifestava concreta e visivelmente na sua prosperidade material, sendo portanto um forte elemento de fortalecimento do capitalismo, daí a té a fama de "calvinistas pães-duros". Esses mesmos calvinistas hoje, os mais ferrenhos, há os mais sábios como Gamaliel, se inflama contra a chamada "teologia da prosperidade" .

O objetivo dessa abordagem resumida, não é demovê-lo de suas convicções e leitura de mundo pessoais ( claro estou falando a crentes, cristãos que conhecem e amam de fato ao Senhor ), mesmo por que como disse em conversa pessoal como o meu querido irmão Jorge, não se deve abrir mão tão facilmente de usas convicções pessoais, quaisquer que sejam, convicções são construídas dolorosamente e só dolorosamente podem ser melhoradas, revistas, confrontadas. No que respeita a fé cristã genuína deve-se se ser cuidadoso para não perder o que se tem, daí a admoestação do Senhor Jesus para não escandalizar os pequeninos. A fé pode e deve ser ampliada, nunca destruída. Se você é reformado, calvinista moderado, hipercalvinista, arminiano, nada disso, pentecostal, neopentecostal, ama ao Senhor de todo o seu coração, tem a marca dEle na Sua vida, Ele se revelou a você, o curou, o prosperou, libertou de vícios, restaurou seu casamento, lhe de paz, aspiração pelo céus, amor a sua volta e manifestação, continue olhando para Ele, só para Ele.

Detalhes como o que vemos e discutimos, nos chocamos e nos confundimos, não são primordialmente importantes. Muito se diz sobre o jovem Rico com uma ênfase recaindo sempre sobre o seu amor às riquezas. Penso entretanto que Jesus o convidou a abster-se da teoria ou pelo menos não priorizá-la, visto que para ele a teologia se tenha mostrado insuficiente para iluminar a sua mente e fazê-lo entender as coisas de Deus. Algo que só poderia ser compreendido de fato, na prática, seguindo ao Senhor Jesus e vendo no dia a dia, vendo-O fazer o que efetiva e concretamente fazia, os resultados da Sua palavra pregada e ensinada, as libertações, curas e o amor revelado à cada uma das pessoas alcançadas pelo sua presença real.


Louvo o nome do Senhor, dou-lhe graças e meus olhos se enchem efetivamente de lágrimas, pois o Deus em que creio é vivo, Ele está ativo e operando no mundo, e o que é caótico para mim, mesmo concernente à igreja, para Ele é tão claro como a planície iluminada pelo sol no meio dia. O perdido pode ser salvo, o doente pode ser curado, o pobre pode ser exaltado, e todo o que anda em trevas pode ver a luz. Não há limites para o que Ele pode fazer, Aleluia...não há...definitivamente não há... A igreja não é minha e portanto não pode ser a projeção do que eu entenda por simplesmente entender convenintemente, do que prefira, do que eu mais goste, do mais palatável, mas dEle, só dEle, unicamente por Ele e para Ele. Como eu resolvi abordar livremente algo polêmico, de fato não sei se muitos lerão até essas últimas linhas, mas se você as pôde ler, espero que não tenha prejudicado a sua fé particular, essim contribuido para, pelo menos, refletir em relação aos acontecimentos reais tão difícieis de serem compreendidos a luz do que possa estar efetivamente acontecendo. Ao que concerne ao plano e operação efetivas de Deus nesse mundo, particularmente no Brasil.

O Senhor nos abençoe a todos guiando-nos, dando-nos sabedoria, prudência, paciência e guiando-nos em toda a justiça, em seu nome. Amém.

Por Helvécio S. Pereira

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