Em entrevista exclusiva o pastor fala sobre o distanciamento de muitas pessoas das igrejas e como é necessário voltar ao evangelho puro e simples
Paulo Siqueira, editor do blog pedrasclamam.wordpress.com
De acordo com o Novo Mapa das Religiões traçado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) o número de evangélicos sem vínculos denominações tem aumentado. Nesse grupo estão pessoas que passaram a frequentar mais de uma denominação e também aqueles que continuam se afirmando como evangélicos, mas não frequentam nenhuma igreja.
Conversamos com o pastor Paulo Siqueira, da Igreja Quadrangular, que lidera o movimento O “$how tem que parar” que protesta contra diversas atitudes de líderes de igrejas evangélicas. “A consequência de tudo isso [divisão das igrejas] é a perda progressiva e rápida das essências da igreja, como tradição, espiritualidade, história, liturgia, sacramentos e acima de tudo, a inspiração e a pregação bíblica”, diz.
Entre as pessoas que assumidamente não frequentam mais nenhuma denominação está o casal Kaká e Caroline Celico, a esposa do jogador do Real Madrid diz que hoje sua igreja é a sua casa e que não sente falta de frequentar uma igreja. Apesar de esta declaração gerar polêmica, o pastor Siqueira não discorda do posicionamento do casal e ainda diz que é válido fazer cultos em casas, já que a Igreja Primitiva se reunia nos lares.
“Kaká foi vítima de um pregador pragmático, ganancioso, cego, em busca dos prazeres desde mundo. Com tudo isso foi fácil prever o final dessa história”, disse o pastor Paulo que ainda critica pastores como o líder da Igreja Renascer em Cristo, onde Kaká e sua esposa frequentavam.
Para ele o principal motivo que tem feito as pessoas desistires da instituição igreja é o pragmatismo. “Cada líder tem sua verdade, e ela é absoluta, nada mais vale a não ser a sua verdade”, explica ele que cita alguns exemplos: “É fácil compreender isso através das atitudes do Bispo Macedo, Silas Malafaia, Estevam Hernandes, Valdemiro, R. R. Soares e outros. Todos têm algo em comum, são donos da verdade”.
Siqueira conta que ao fixar a pregação no materialismo essas igrejas emergentes, também chamadas de neopentecostais, acabam se distanciando do papel verdadeiro que Igreja tem na Terra. “Queremos uma igreja fundamentada na sua essência, que é promover vida digna ao ser humano. E isso não se consegue com uma igreja materialista, mística, com uma espiritualidade decadente devido à exaltação humana”.
Qual é o papel da Igreja
Siqueira conta também que importante frequentar uma igreja para não perder a comunhão com os demais irmãos e também para poder exercitar a fé. Fora isso ele diz que o papel da igreja é responder Às necessidades sociais.
“A igreja existe para responder à sua responsabilidade social, ou seja, a igreja, através de seus representantes, atua em sua comunidade. Se há fome, a igreja dá o que comer; se há doenças, a igreja propicia meios para sarar as feridas”.
Ainda criticando o materialismo ele cita que muitas pessoas deixam de frequentar uma igreja porque se sentem fora do círculo de conquistas, se frustrando por não terem uma benção material para contar.
“Não podemos aceitar os que pregam alianças com o materialismo deste mundo. Cristianismo e luxo são palavras antônimas. Como pode pastores morando em palácios, se vestindo como reis e nobres enquanto milhares morrem de fome, por doenças, pela violência e pelas drogas?”, questiona.
Mas apesar de conhecer os motivos que levam tantas pessoas a se distanciarem das denominações, o pastor que se dedica a discussões sobre o tema através do seu blog Pedras Clamam diz que estar fora da igreja faz com que as pessoas deixem de exercer o cristianismo no mundo. “A igreja existe para que a justiça, a paz, a fé, o amor seja expresso nas atitudes de cada membro na relação com o mundo”.
Para isso é necessário voltar a se pregar o evangelho de Cristo, baseado em atitudes e não só em bênçãos materiais. “Para que o evangelho de Cristo volte a reinar será preciso que essas lideranças caiam em si e voltem à simplicidade e pureza do próprio Cristo”, diz o pastor que já participou de manifestações contra a atual situação a Igreja Evangélica.
“Nós necessitamos da comunhão diária em nossa comunidade de fé, mas diante da realidade que muitas igrejas estão vivendo, sou a favor do culto familiar. Mas ainda acredito que existam muitas igrejas e homens e mulheres de Deus que ainda sirvam a Deus de todo coração”.
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