O livro de João foi escrito originalmente em grego. No grego, há quatro palavras diferentes que são traduzidas pela palavra amor, e são conhecidas como Ágape, Phileo, Stergo e Eros.
1) Agapao é considerar com reverência, admirar por algum bem, amar de modo mais elevado. No grego clássico significava saudar afetuosamente. Sua grande diferença com phileo é que agapao não tem nada do calor e da afetividade que caracteriza o phileo.
2) Phileo é olhar para alguém com afetuosa consideração, ter afeição, amizade, gostar de; podendo até ser traduzido por acariciar, beijar. Pode ser usado para o amor entre o marido e esposa. No Novo Testamento phileo é usado para expressar o amor de pai e mãe e de filho e de filha (Mateus 10:37). É usado para o amor de Jesus por Lázaro (João 11:3,36) e uma vez é usado com relação ao discípulo amado (João 20:2).
3) Stergo é um verbo que está mais relacionado com afeição familiar. Seria traduzido com propriedade para o português por amar com ternura, suportar. Seu uso mais normal é descrever o amor entre cônjuges, e entre pais e filhos.
4) Eros – usado principalmente para o amor entre os sexos. Tanto em grego como os derivados em português (erotismo, erótico) nos evidenciam que este verbo adquiriu uma conotação pejorativa. A nossa palavra amante expressa esta ideia decadente do vocabulário.
Sabemos que o diálogo entre Jesus e Pedro não foi feito utilizando a língua grega, mas sim, o aramaico. Porém, o autor do livro (João) fez questão de apresentar uma diferenciação no vocabulário. Quando Jesus pergunta para Pedro se ele o ama, Jesus usa o verbo Agapao, querendo saber se Pedro é capaz de amá-lo com todo o seu coração, de forma profunda e incondicional. Contudo, Pedro responde que o ama com o verbo Phileo, ou seja, Pedro o amava de forma incompleta.
Lembra-se de quando Pedro negou a Jesus antes da crucificação? Pedro tinha dito a Jesus que jamais o negaria, mas na hora “H”, ele falhou. A Bíblia relata que Pedro chorou amargamente depois disso. Agora em João 21, onde Cristo tem esta conversa com Pedro, Jesus faz a mesma pergunta três vezes, para que Pedro refletisse na resposta que estava dando, e reconhecesse que não podia ser fiel a Deus sem a ajuda de Cristo.
Mas algo surpreendente ocorre na terceira vez que Jesus pergunta a Pedro “você me ama?” (João 21:17). Jesus agora usa a expressão phileo, dando a entender que Jesus aceita o amor de Pedro por ele, mesmo sendo limitado pela fragilidade humana. Tanto é assim que na terceira vez, Pedro responde: “Senhor, tu sabes que eu te amo (phileo)”. É um amor imperfeito, que necessita da graça de Deus para se tornar Ágape, mas é o que Pedro tinha para oferecer a Jesus, tendo fé de que seria transformado pela graça de Deus.
O que é maravilhoso é que Jesus aceita este amor imperfeito que Pedro e todos nós temos para com Ele. Mais que isso: Jesus nos convida a sermos Seus colaboradores em servir a humanidade. Ele diz à Pedro: “Apascenta as minhas ovelhas” (João 21:17). Obviamente Deus quer que todos tenhamos o amor Ágape em nosso coração. Mas a vida cristã é uma vida de aprendizado contínuo. É a graça de Deus, através do Espírito Santo, trabalhando em nosso coração a cada dia, que vai fazer uma transformação em nosso coração, até atingirmos o ideal que Deus quer para a nossa vida. Buscando a Deus através da oração sincera, e do estudo humilde da Bíblia a cada dia, podemos deixar que o Espírito Santo faça a obra em nós.
Equipe Biblia.com.br
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