domingo, 27 de janeiro de 2008

VIDAS HUMANAS DE PRESENTE

Atos 27.1-26

1 Quando foi decidido que navegássemos para a Itália, entregaram Paulo e alguns outros presos a um centurião chamado Júlio, da Coorte Imperial.

2 Embarcando num navio adramitino, que estava de partida para costear a Ásia, fizemo-nos ao mar, indo conosco Aristarco, macedônio de Tessalônica.

3 No dia seguinte, chegamos a Sidom, e Júlio, tratando Paulo com humanidade, permitiu-lhe ir ver os amigos e obter assistência.

4 Partindo dali, navegamos sob a proteção de Chipre, por serem contrários os ventos;

5 e, tendo atravessado o mar ao longo da Cilícia e Panfília, chegamos a Mirra, na Lícia.

6 Achando ali o centurião um navio de Alexandria, que estava de partida para a Itália, nele nos fez embarcar.

7 Navegando vagarosamente muitos dias e tendo chegado com dificuldade defronte de Cnido, não nos sendo permitido prosseguir, por causa do vento contrário, navegamos sob a proteção de Creta, na altura de Salmona.

8 Costeando-a, penosamente, chegamos a um lugar chamado Bons Portos, perto do qual estava a cidade de Laséia.

9 Depois de muito tempo, tendo-se tornado a navegação perigosa, e já passado o tempo do Dia do Jejum, admoestava-os Paulo,

10 dizendo-lhes: Senhores, vejo que a viagem vai ser trabalhosa, com dano e muito prejuízo, não só da carga e do navio, mas também da nossa vida.

11 Mas o centurião dava mais crédito ao piloto e ao mestre do navio do que ao que Paulo dizia.

12 Não sendo o porto próprio para invernar, a maioria deles era de opinião que partissem dali, para ver se podiam chegar a Fenice e aí passar o inverno, visto ser um porto de Creta, o qual olhava para o nordeste e para o sudeste.

13 Soprando brandamente o vento sul, e pensando eles ter alcançado o que desejavam, levantaram âncora e foram costeando mais de perto a ilha de Creta.

14 Entretanto, não muito depois, desencadeou-se, do lado da ilha, um tufão de vento, chamado Euroaquilão;

15 e, sendo o navio arrastado com violência, sem poder resistir ao vento, cessamos a manobra e nos fomos deixando levar.

16 Passando sob a proteção de uma ilhota chamada Cauda, a custo conseguimos recolher o bote;

17 e, levantando este, usaram de todos os meios para cingir o navio, e, temendo que dessem na Sirte, arriaram os aparelhos, e foram ao léu.

18 Açoitados severamente pela tormenta, no dia seguinte, já aliviavam o navio.

19 E, ao terceiro dia, nós mesmos, com as próprias mãos, lançamos ao mar a armação do navio.

20 E, não aparecendo, havia já alguns dias, nem sol nem estrelas, caindo sobre nós grande tempestade, dissipou-se, afinal, toda a esperança de salvamento.

21 Havendo todos estado muito tempo sem comer, Paulo, pondo-se em pé no meio deles, disse: Senhores, na verdade, era preciso terem-me atendido e não partir de Creta, para evitar este dano e perda.

22 Mas, já agora, vos aconselho bom ânimo, porque nenhuma vida se perderá de entre vós, mas somente o navio.

23 Porque, esta mesma noite, um anjo de Deus, de quem eu sou e a quem sirvo, esteve comigo,

24 dizendo: Paulo, não temas! É preciso que compareças perante César, e eis que Deus, por sua graça, te deu todos quantos navegam contigo.

25 Portanto, senhores, tende bom ânimo! Pois eu confio em Deus que sucederá do modo por que me foi dito.

26 Porém é necessário que vamos dar a uma ilha.

27 Quando chegou a décima quarta noite, sendo nós batidos de um lado para outro no mar Adriático, por volta da meia-noite, pressentiram os marinheiros que se aproximavam de alguma terra.


* Quando alguém não seguir suas advertências e se der mal, não esmague. Lembre a imprudência e imediatamente passe a animá-la.

* Estejamos mais abertos para pessoas bondosas e prontos para aprendermos delas.

* Não tem sentido o crente se sentir inútil: sempre poderá ser útil em alguma atividade.

* Veja as oportunidades de falar o Evangelho do ponto de vista do outro, como uma oportunidade que Deus está dando a ele para ouvir de Cristo e ser salvo por Cristo.



Retrospectiva: Paulo depõe perante o rei Agripa e deixa-o muito tocado. Agripa diz que Paulo poderia ser solto se não houvesse apelado para César. Inicia-se a viagem para Roma.



v. 1-3: O centurião Júlio tratou Paulo com humanidade. Embora no Novo Testamento predominem perseguições aos crentes, não é sempre. Aqui e ali vemos pessoas bondosas, como esse oficial.

Observe como Lucas fez questão de registrar isso, mostrando reconhecimento e gratidão.



Alguns crentes desenvolvem atitudes mentais hostis a quem quer que não seja crente. Taxa-o como "do mundo", considera quase inimigo e evita, como não querendo se contaminar.

Errado! Existem pessoas bondosas, mesmo sem a graça da fé, mas que também são imagem e semelhança de Deus e trazem dentro de si uma dosagem do amor do Criador, maior que a média.

Temos muito o que aprender de pessoas assim, abnegadas, amorosas, que servem e ajudam. Graças a Deus pelos "Júlios" do mundo, que tratam outros com humanidade, filantropos no sentido exato da palavara.



Paulo visitou amigos na cidade e recebeu ajuda para a viagem.



v. 4-12

Paulo alerta aos responsáveis, que a viagem estava ficando muito perigosa e que poderia haver dano, talvez até de vida, caso continuassem.

Não sabemos se foi apenas palpite de Paulo (experiente, com três naufrágios antes (2Co 11.25) ou se falou como profeta (de fato se cumpriu o que ele previra, exceto perdas humanas).

Seja como for, não atenderam a Paulo e seguiram viagem.



v. 13-22

A situação tornou-se crítica, jogaram fora a carga e partes do próprio navio.

De repente, Paulo levanta-se, se põe no meio do grupo e fala às 276 pessoas presentes (v. 37).

A última vez que Paulo estivera falando em público foi se defendendo perante um rei, um governador e várias autoridades, reunidos em grande pompa.

Agora: perante grupo de prisioneiros, marinheiros e soldados de olhos arregalados, apavorados, vendo a morte de frente. Que mudança de platéia!

O apóstolo fala com autoridade e segurança. É o líder natural do grupo.

Começa com leve repreensão aos responsáveis pela viagem por não terem atendido às suas advertências.

Mas imediatamente passa a levantar o ânimo de todos.

E dá uma garantia fantástica: nenhuma vida se perderá de entre vós, mas somente o navio.



É comum uma criança olhar para o irmão chorando, porque se cortou ou queimou, não seguindo a advertência do outro e dizer: "Bem feito, eu não disse?"

Os adultos também gostam de agir assim. Prazer duplo para a carne: se exalta, dizendo que avisou e diminui o outro, que não foi prudente. Procedimento sem amor.

O amor repreende levemente, apenas para caracterizar a imprudência e registrar uma lição. Mas, no mesmo fôlego, anima, encoraja. Exatamente como Paulo fez.



Voltando: Com que base Paulo poderia afirmar que ninguém se perderia?

v. 23-24

Um anjo de Deus havia estado com ele naquela noite. (Não diz se em aparência física, visão, ou sonho).

Mas anjo de que Deus? Muitos ali criam em vários deuses.

É espetacular a maneira como Paulo define o Deus a quem pertencia o anjo: … Deus, de quem eu sou e a quem sirvo.

Antes de se identificar como servo, Paulo se identifica como patrimônio de Deus.

Linguaguem bem compreendida numa época em que havia escravos. O escravo pertencia ao amo. O trabalho do escravo era consequência natural do fato de ser propriedade do outro. Por isso não havia remuneração - como não se remunera um carro, ou um animal.

Havia trabalho remunerado (jornaleiro). Esse não era escravo. Trocava o serviço por dinheiro.

Ao dizer que pertencia a Deus e o servia, Paulo se identifica como escravo desse Deus, propriedade dEle e, como consequência natural, trabalhava para Ele.

Essa era uma noção diferente para a época. Os pagãos adoravam aos deuses por medo, para agradá-los e serem beneficiados, mas não porque achavam que pertenciam a eles.

Um modificação interna profunda que ocorre na conversão é a noção de que a pessoa agora pertence a Cristo. Não apenas acredita nEle. Não apenas quer adorá-Lo, agradá-Lo e servi-Lo. Mas é propriedade particular dEle.

Fica para trás a velha idéia de que pessoa é dona de si mesma.

Partindo desse ponto, o serviço a Cristo torna-se mera consequência: se eu pertenço a alguém, preciso satisfazer a vontade do meu dono e fazer o que ele quer.

E, tratando-se de Cristo, além da obrigação, isso é feito por prazer!



Amigo: que tal passar a pertencer a Deus hoje, através de Cristo? É extramente gostoso ter um Dono tão maravilhoso!



Voltando: O anjo diz duas coisas a Paulo:

1) É preciso que compareças perante César, ou seja, "tu não vais morrer".

Além do conforto da própria garantia de vida, o anjo confirma as palavras de Jesus de que importaria que Paulo desse testemunho dEle (Cristo) em Roma.

Só que agora tem detalhe importante: perante César!

Paulo falaria de Cristo ao próprio imperador Nero!

Se Paulo estava se sentindo como um inseto insignificante nos porões daquele navio, preso, quase naufragando, agora recobrava o ânimo, sentindo-se util, peça importante nos planos de Cristo.

Nenhum salvo é insignificante ou inútil perante Deus.

Cristo não iria derramar o Seu preciosíssimo sangue por uma pessoa a quem não pretendia utilizar de alguma forma para a glória dEle.

Se há uma coisa sem sentido é um crente com complexo de inutilidade.



2) Deus pouparia todos os outros passageiros do navio.

Aos olhos de Deus, não é que Ele iria poupar Paulo de morrer, e como algo à parte, os outros. Mas os outros seriam preservados vivos em consideração a Paulo, quase como um presente que Deus resolveu dar ao Seu apóstolo: graciosamente te deu todos quantos navegam contigo.



Duas observações sobre a graça de Deus:

a) A graça de Deus sobre Paulo.

A situação de Paulo: para frente: indo preso para Roma, onde seria julgado pelo próprio imperador ou por um tribunal dele.

Para trás: dois anos preso, cinco vezes tendo de defender sua situação, falsamente acusado, alvo de planos de morte. Da última vez foi chamado acorrentado perante o rei Agripa, a irmã dele e o governador Festo, que estavam em grande pompa. Muito humilhante!

Agora Deus resolve lhe dar um presente muito diferente, único, que ninguém nesta terra poderia dar: a vida de 276 pessoas!

Imagine você, olhando para centenas de pessoas e pensar: elas não estão mortas por minha causa, porque Deus me deu a vida delas.

O mundo nunca vai saber quantas vidas nessa terra já foram poupadas exclusivamente por causa de pessoas fiéis a Deus.



Deus mostrou que gosta de fazer isso já para Abraão: Gênesis 18.26: Então, disse o SENHOR: Se eu achar em Sodoma cinqüenta justos dentro da cidade, pouparei a cidade toda por amor deles.



Paulo deve ter sentido uma satisfação muito forte. Ainda mais sendo tão sensível com as pessoas.



Deus sabe a hora e a maneira de agradar os Seus filhos. Especialmente quando estão em dificuldade. E é extremamente criativo, usa coisas inusitadas: uma tempestade para fazer vibrar o coração de Spurgeon, um passarinho para aliviar a cruel hesitação de fé da Joni.

Talvez cada um aqui pudesse contar momentos e situações muito especiais em que Deus se fez presente e lhe deu um enorme conforto.

Sem dúvida, Paulo sentiu-se animado com aquela distinção de Deus, mostrando que estava ao seu lado.



b) A graça de Deus sobre os passageiros do navio.

Deus deixou-os com vida e anunciou isso claramente. Ali estava Deus dando a eles uma espetacular oportunidade de conversão, permitindo que conhecesse mais esse Deus através de Paulo.



Amigo: quantas vezes Deus já lhe deu oportunidade de conhecer mais a Ele, enquanto lhe mantém com vida sobre esta terra?



Recentemente uma irmã desta igreja falou de Cristo a uma senhora com câncer, enquanto esperavam o ônibus.

Pode parecer bem casual, duas senhoras conversando numa rodoviária, mas não é. Do ponto de vista da mulher doente, ali estava Deus graciosamente providenciando uma filha na fé para levar palavras de salvação, talvez no final da sua vida.



E você? Agora mesmo, está ouvindo sobre este Deus, que deseja que todos se rendam ao Filho dEle.



v. 25-26

Paulo finaliza dizendo abertamente que cria na revelação do anjo e animando a todos. E complementa com mais uma informação profética: o navio daria numa ilha.


Em outra mensagem veremos o naufrágio do navio.


Que Deus nos abençoe com tantas lições.


- Amém -

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