O enfrentamento do gigante Golias pelo pastor Davi (Davi enfrenta e vence o gigante). O texto principal diz: “Davi, porém, disse ao filisteu: Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém, eu vou a ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado” (1Sm 17.45). Os escritos sagrados sobre o assunto comentado se encontram em 1Samuel 17.43-49.
Davi um pastor corajoso
Nesse texto de 1Samuel 17.45, o jovem pastor Davi faz referência àquilo que encheu o campo de sua visão, à primeira vista. Penso que todos nós faríamos o mesmo. O homem impressionava por seu tamanho e pelo volume de seus equipamentos militares.
Embora nossos olhos tenham condições de focar algo com mais propriedade, para contemplar o conhecimento, temos a tendência de mover o nosso olhar para a estética das coisas, conforme padrões preestabelecidos pela sociedade. Olhamos para aquilo que, no primeiro momento, atrai a atenção. Buscamos aquilo que nos parece bom aos olhos (Dt 12.8). Com isso, perdemos aspectos importantes e primordiais para alcançarmos triunfos na vida.
Eliseu permaneceu tranquilo diante da ameaça do amedrontador exército da Síria, enquanto seu discípulo se apavorava de medo. A diferença entre os dois estava na visão de ambos. O rapaz não conseguia enxergar os exércitos dos Céus, até que o profeta orou para que se lhe abrissem os olhos (2Re 6.15-17).
Davi realmente faz menção daquele verdadeiro “muro intransponível” à sua frente, talvez para dar o realce merecido e valorizar a sua vitória, que ele antecipara, por sua fiel determinação, firmada na confiança no Senhor. No Velho Testamento não se conhecia a definição cristã de fé, mas a lealdade e por ela, a confiança.
Todos os israelitas tremeram diante de Golias – e não era pra menos – talvez diziam:
– Ele é monstruoso… Como vamos derrotá-lo?!
Davi por sua vez, com sua arma (“as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para a destruição das fortalezas”, 2Co 10.4) – a firme determinação na vitória, por confiar na potência divina (ele já havia matado urso, leão etc, com a mesma arma que, agora, enfrentaria Golias de Gate) –, possuía outra visão, que ninguém ali conseguia enxergar, e que ia além daquilo que o tempo, o espaço e a matéria, lançavam no ar, e possivelmente pensara:
– Ele é realmente muito grande… Não há como errar!
Assim como Eliseu, Davi podia prever o poderio que estava ao seu lado – o Senhor dos Exércitos. Os ocultos cálculos do peso da pedra, força gravitacional, direção, sentido do vento, mais velocidade, força e impulso etc, estavam sob a visão confiante do pastor, que podia antever o triunfo, por sua pontaria – resultado de uma visão perfeita.
Golias estava em plena exibição, se apresentando ao povo; Davi em ação exibia o Senhor a todos. A fé e a razão estavam notabilizadas pelas discrepâncias e expressadas no decisivo duelo.
Na verdade, o gigante era Davi e a pequenez estava em Golias que, por não enxergar assim, perdeu a vida. Enquanto essa visão brotava da alma de Davi, pois os seus olhos eram bons, e por isso ele podia ver a luz brilhar a ele – a glória da vitória (Mt 6.22).
Volumes reais
Confira as referências das dimensões ligadas ao gigante Golias, tendo em vista referências do mundo atual, pois muitos poderão ser tentados a lançarem dúvidas sobre tais pesos e medidas.
A Bíblia traz informações importantes como a ligação de Golias com os anaquins, um povo formado de gigantes. Cientificamente é possível haver a concentração de determinada característica de um povo. O lado oposto das proporções humanas ocorre na cidade sergipana de Itabaianinha, onde os homens são, na maioria, de baixíssimas estaturas, verdadeiros anões.
Quanto à estatura de Golias, não há nenhum exagero nas medidas mostradas pela Bíblia – seis côvados e um palmo – exatamente 2,98m de altura, a considerar o côvado a 0,45cm (do cotovelo à ponta do dedo médio) e o palmo a 22,5cm.
Não era só isso que impressionava e que metia medo em qualquer homem da época. Golias possuía ainda um apetrecho de batalha, que totalizava cerca de 64k:
- Lança de 6,8k, equivalente a um eixo (de tecelagem da época), mais a
- Armadura com aproximadamente 57k.
O total chegava a quase 64 quilos.
Este peso equivale ao dobro da carga que um soldado moderno carrega em plena ação de guerra, ou seja, 30k. São 14 itens: Capacete, pistola, fuzil, munição para morteiro, faca, kit para limpeza de arma, luz química, bolsas para remédio, para água e outra para munição, meias, colete, poncho e toldo.
É muito mais pesado em termos de proporção o que Golias carregava? Não! Se analisarmos os aspectos de equivalência, a considerar a massa física de cada homem, Golias carregava menos peso.
Se partirmos do ponto que um soldado hoje tem, em média, 1,80m e 80k de peso corporal, e suprimentos de guerra equivalentes a 30k; Golias, caso tivesse o equivalente a 140k, deveria carregar em torno de 84k. No entanto, levava 64k: a armadura de 5 mil ciclos de bronze e a lança de 600 ciclos de ferro.
As medidas usadas foram as citadas pela Bíblia, ou seja, o ciclo. Seu peso era de 11,4g.
Importante citar que dessa medida (de prata) nasceu a moeda judaica Shekel (ciclo, no hebraico), em circulação até hoje.
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