quinta-feira, 8 de março de 2018

O ÚNICO EVANGELHO - GÁLATAS CAPÍTULO 2


No capítulo 1, observamos que Paulo defende o seu apostolado porque também ele foi ensinado por Jesus e, portanto, tem a mesma autoridade que os outros apóstolos. Questiona a fé dos Gálatas e o cuidado que devem ter com os “falsos irmãos” que querem trazer o judaísmo para dentro do Evangelho de Jesus Cristo. Por fim, declara que seu ministério é voltado para os gentios (1.16).

I. O ENCONTRO DEPOIS DE CATOZE ANOS

1. O Evangelho Para Gentios e Judeus.

“Catorze anos depois, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também a Tito” (Gl 2.1).

Barnabé ainda continuava sendo um grande cooperador de Paulo. Foi ele a primeira pessoa a acreditar na sua conversão e o apresentou aos apóstolos (At 9.27). Tito foi outro cooperador para quem Paulo escreveu uma epístola pastoral. Ele está em Jerusalém, território dos judeus.

“Subi em obediência a uma revelação; e lhes expus o Evangelho que prego entre os gentios, mas em particular aos que pareciam de maior influência, para, de algum modo, não correr ou de ter corrido em vão” (2.2-4).

Deus impeliu Paulo a estar em Jerusalém e expor sua metodologia de pregação do evangelho para os gentios, na sua platéia havia gente influente (2.2). O tema circuncisão volta à tona e Paulo sabe que seu cumprimento remete ao LEGALISMO (2.3), esse desejo de voltar ao legalismo era desejo dos “falsos mestres”. O apóstolo combate o ensinamento dos judaizantes e entende que a volta da circuncisão é contrária à liberdade que o evangelho traz (2.4). Em At 16.3, Paulo consentiu na circuncisão de Timóteo para que o mesmo não perdesse a autoridade enquanto autoridade da igreja.

“Aos quais nem ainda por uma hora nos submetemos, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós. E, quanto àqueles que pareciam ser de maior influência (quais tenham sido, outrora, não me interessa; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que me pareciam ser alguma coisa nada me acrescentaram; antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me fora confiado, como a Pedro o da circuncisão” (Gl 2.5-7).

O apóstolo tem grande preocupação com esses falsos mestres. O retorno do legalismo seria um grande perigo para a doutrina da igreja e menciona que tais irmãos são rebeldes (2.5). Também reconhece que homens influentes no passado, não têm autoridade para opinar na pureza e eficácia do Evangelho de Cristo confiado a ele (2.6). Paulo vibra ao falar que o Evangelho da Incircuncisão (gentios) lhe fora confiado e o aceitou como um grande desafio, além de fazer uma grande distinção quanto ao papel de Pedro (2.7).

Cada indivíduo livre, das tradições, que se beneficia da coragem de Paulo, irá continuar vigilante no movimento de resistência formado por ele.

Paulo era tolerante e paciente para com muitas outras coisas (cf. 1ª Co 13-4-7), mas inflexível quando se tratava da “verdade do evangelho”. A revelação que ele recebeu de Cristo (1.12) é o único evangelho que tem poder para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16). Paulo sabia que não devia transigir com o evangelho, por causa da paz, da união ou de correntes teológicas. Estava em jogo tanto a glória de Cristo, quanto a salvação dos perdidos. Hoje, se abrirmos mão d’alguma parte do evangelho que temos, conforme o NT, começamos a destruir a única mensagem que nos salva da destruição eterna (cf. Mt 18.6).

“E, quanto àqueles que pareciam ser de maior influência (quais tenham sido, outrora, não me interessa; Deus não aceita aparência do homem), esses, digo, que me pareciam ser alguma coisa, nada me acrescentaram” (Gl 2.6).

Líderes cristãos extremamente respeitados podem nos decepcionar. Deus não considera posições sociais ou qualquer tipo de atuação (Rm 2.11). Líderes devem ser respeitados, mas, nossa fidelidade maior deve ser a Cristo. É possível respeitar o ofício sem reverenciar a pessoa.

Deus não usa de favoritismo com ninguém por causa da tradição, reputação, posição ou sucesso (cf Lv 19.15; Jó 34.19; Dt 10.17; At 10.34; Ef 6.9). Deus vê o coração, o seu interior, e seu favor permanece sobre aqueles que voltam sinceramente para Ele com amor, fé e pureza (cf. 1º Sm 16.7); Mt 22.28; Lc 16.15; Jo 7.24; 2ª Co 10.7; 1ª Co 13.1).

No Concílio Apostólico, por sua vez, os “respeitados” e a delegação de Antioquia, tendo Paulo como porta voz, concordavam que Pedro e Paulo haviam sido chamados por Deus para a edificação das comunidades judeus-cristãos. O evangelho gentio-cristão de Paulo teve, portanto, total aprovação eclesial:

“(Pois aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão também operou eficazmente em mim para com os gentios) e, quando conheceram a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram reputados colunas, me estenderam, a mim e a Barnabé, a destra de comunhão, a fim de que nós fôssemos para os gentios, e eles, para a circuncisão; recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei por fazer” (Gl 2.8-10).

Os judaizantes, erroneamente, não só negavam a origem divina da missão de Paulo, mas também se colocavam contra o consenso eclesial.

Paulo continua a sua defesa ao mencionar que ele tem o mesmo status de Pedro dentro do discipulado de Cristo. A mensagem de Cristo é eficaz para ambos (2.8). Tiago, Cefas (Pedro) e João entenderam que Cristo havia removido a barreira entre judeus e gentios e estendem a ele a “destra da comunhão”, apesar de distintos, ambos os ministérios são co-participantes da mesma Graça (2.9). Pobres e necessitados foram o foco do ministério de Cristo, também entendido por Paulo (2.10).

II. A HIPOCRISIA DE PEDRO

Vejo que a hipocrisia é um doas maiores assassinos da graça divina; e isto está identificado na carta do apóstolo São Paulo aos Gálatas.

“Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti -lhe face a face, porque se tornara repreensível. 12 Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, comia com os gentios; quando, porém, chegaram, afastou-se e, por fim, veio a apartar -se, temendo os da circuncisão. 13 E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles. 14 Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho, disse a Cefas, na presença de todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?” (Gl 2.11-14).

Os judeus são escrupulosos ao extremo no Kashrut (leis dietéticas dos judeus), observado até hoje – alimentos considerados puros e impuros). Os cristãos de origem judaica (circuncisão) entendiam ser uma abominação comer com os gentios. O apóstolo Pedro sabia disso e para não ter problemas com os dois grupos, fazia um papel duplo. Paulo, porém, percebeu isso e confrontou a Pedro e sua postura (2.11). Essa falta de entendimento de Pedro, lhe causou uma repreensão da parte de Paulo (2.12). Seu grande amigo e colaborador Barnabé, também foi persuadido por essa interpretação errada da Palavra de Deus (2.13).

Nesse consenso mais uma vez foi colocada em dúvida por ocasião da visita de Pedro a Antioquia (Gl 2.11-21). Mas também, naquela ocasião, Paulo não cedeu um só milímetro da verdade do evangelho e agora, mais ainda, não tem intenção de diante dos judaizantes.

Também Israel, citado na aliança de Abraão, estava condicionado à lei. Contudo, contra argumenta Paulo, assim o Evangelho torna-se um não evangelho (1.6-9), porque desaparece o escândalo da cruz de Cristo, ou seja, Cristo morreu em vão (2.21; 5.11). Assim o Evangelho deixa de ser a graça (1.6; 2.21; 5.4). Por quê? Quem vê a lei como parte integrante da aliança, de tal modo que a eleição da parte gratuita da parte de Deus encontra sua correspondência subseqüente no cumprimento humano da lei, concede à lei um lugar que, segundo Paulo, não lhe corresponde. Essa unidade entre aliança e lei como caminho de salvação para alcançar a vida concede às “obras da lei” uma importância que, conforme a visão do Apóstolo ela não pode ter. Quem assim procede quer ser “justificado pala lei” (2.21; 5.4); pretende apoiar-se em seus êxitos com a lei, e não está disposto a atribuir somente a Cristo a glória da redenção (Gl 6.13s). Não lhe basta “ser “justificado em Cristo” (2.17). Ele não confia unicamente na graça da cruz, mas atribui ao cumprimento da lei parte de sua redenção.

Porque Deus levantou Paulo como apóstolo? Porque o discípulo Pedro, aquele que havia aprendido com mestre Jesus, estava colocando em jogo a pregação do Evangelho.

1. Porque Paulo repreendeu a Pedro? Ele nos conta:

“E chegando Pedro a Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível. Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios: mas, depois que chegaram se foi retirando e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão” (vvs. 11-12).

Cefas (que quer dizer Pedro), que tinha experimentado a liberdade que há em Cristo depois da visão em At 10.10-35, começou a comer com os gentios em Antioquia. Quando vieram os judaizantes de Jerusalém, Pedro, hipocritamente deixou de seguir o princípio dado pelo próprio Deus. Será que podemos aceitar este apóstolo mais do que qualquer outro como infalível? Sendo que afirmam alguns que Pedro foi o primeiro papa e era infalível. Se Pedro era infalível, segundo o ensino de alguns, porque Paulo diz no verso 11 que “se tornara repreensível”.

Paulo resistiu na face um apóstolo que foi escolhido por Jesus. Qualquer líder espiritual que se torna culpado de erro e da hipocrisia deve ser confrontado e repreendido pelos colegas de ministério (cf. 1ª Tm 5.19-21). Isso, sem favoritismo; até mesmo uma pessoa de destaque como o apóstolo Pedro, que foi grandemente usado por Deus, necessitou de repreensão corretiva. As Escrituras indicam que Pedro reconheceu a sua falta e aceitou a repreensão de Paulo, de modo humilde e arrependido. Posteriormente, ele refere-se a Paulo “nosso amado irmão Paulo” (2ª Pe 3.15).

Dificilmente um falso líder aceitaria uma correção como Pedro aceitou. Uma repreensão de ministro para ministro não é uma ofensa dentro do presbitério! Errar é humano, falhar todos falham, mas devemos reconhecer o erro e arrepender. Pedro, como um servo de Deus, se arrependeu e aceitou a repreensão do amigo Paulo.

O Apóstolo Pedro estava obrigando os gentios a viverem como judeus, estava introduzindo na Igreja da graça, o selo do apostolado de Paulo, a lei, isto deixava Paulo indignado. E eu vou dizer uma coisa, a insensatez espiritual é a realidade de muitas igrejas evangélicas, e quando nós combatemos isso, não é provocação nem arrogância nossa é porque nos deixam indignados ver a situação que as pessoas vivem. Gentios sendo obrigados a viver como judeus, debaixo da lei, das obras da lei.

Então, qual foi o motivo para uma repreensão tão forte, tão contundente, com o apóstolo Pedro? O motivo foi o legalismo, o judaísmo. O que mais mexia com a paciência de Paulo, o que tirava ele do sério, era ver os gentios vivendo como judeus. Porque ele diz que quando vi que não procediam corretamente segundo as verdades do evangelho, por que isto tirava Paulo do sério? Porque esses gentios que estavam sendo obrigados a viverem como judeus, estavam na verdade, desviados do evangelho revelado, desviados da verdade, desviados da graça de Deus, pessoas se submetendo ao jugo da escravidão da lei. O que é o jugo da escravidão da lei? O que escraviza o homem! São obras mortas, é jugo da lei, e Paulo não aceitou isso e repreendeu Pedro. Paulo disse: Pedro você está enganando os irmãos, porque você é judeu e já conhece a graça, já vive como os gentios e está querendo obrigar os gentios a viverem como judeus, quer dizer graça pra si e lei para os outros.

Portanto, Paulo lançou esses fundamentos da graça aos Gálatas, mas Pedro estava tentando escravizá-los, Pedro estava tentando confundi-los com a lei, porque a lei só confunde as pessoas. Por isso Paulo disse:

“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou, não vos submetais de novo ao jugo de escravidão” (Gl 5.1).

2. Voltar para a lei é construir aquilo que Jesus destruiu.

“Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor. Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo. Não anulo a Graça de Deus, pois, se a justiça é mediante a lei segue-se que Cristo morreu em vão (Gl 2.18-21).

A nova vida da ressurreição, a autêntica vida de Cristo, outorgada pelo Espírito Santo, cancela de uma vez por todas a relação com a lei. Se a justiça provém da lei, Cristo morreu em vão, é o que afirma o apóstolo Paulo. Guardar a lei em Cristo é o mesmo que continuar no avião, ao findar a viagem, isto é um absurdo. Partir a lei em duas, ensinar que Cristo cumpriu uma parte e deixou a outra para cumprirmos, é ofender a graça de Deus, entristecer o Espírito Santo, renunciar aos lugares celestiais em Cristo Jesus (Ef 2.6) e meter-se debaixo do jugo da servidão.

Tentar encontrar uma posição de retidão diante de Deus através da lei significa “cair da graça”.

“Cristo se tornou totalmente inútil para vós, a vós todos os que sois justificados pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5.4).

Vamos, portanto amontoar todas as nossas boas obras numa só pilha, e todos os nossos pecados numa outra – e fujamos de ambas, para a Cruz de Cristo, onde o perdão é oferecido aos penitentes. Pela fé somente em Seu sangue (Rm 3.25) é que podemos ser justificados.

Paulo descreve seu relacionamento com Cristo em termos de união pessoal profunda com seu Senhor e da sua dependência d’Ele. Aqueles que têm fé em Cristo, vivem uma vida em comunhão intima com Ele tanto na sua morte, como na sua ressurreição. Todos os crentes foram crucificados com Cristo na cruz. Morreram para a lei como meio de salvação, e agora vivem para Deus por meio de Cristo (v.19). Por cauda da salvação em Cristo o pecado não tem domínio sobre eles (Rm 6.11; Rm 6.4, 8, 14; Gl 5.14; Cl 2.12, 20).

É mediante o Espírito Santo que a vida ressurreta de Cristo continuamente nos é comunicada (Jo 16.13-14; Rm 8.10-11). Participamos da morte e ressurreição de Cristo pela fé, a crença, a confiança, o amor, a devoção e a lealdade que temos no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós (cf. Jo 3.16). Esse viver pela fé pode ser considerado como viver pelo Espírito (3.3; 5.5; Rm 8.9-11).

III. ENTREGA TOTAL E NÃO UMA MERA FÉ INTELECTUAL

1. Os legalistas e as seitas atuais.

Os judaizantes achavam que além da fé em Jesus, deviam observar a circuncisão, dar esmola, guardar o sábado, observar o kash’rut – leis dietéticas dos judeus etc. A conclusão do apóstolo Paulo é que, segundo essa linha de raciocínio, Jesus teria morrido em vão:

“Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; esse viver que (que é o viver do povo desta Igreja e daqueles que crêem na verdade do evangelho), agora, tenho na carne, (como é que eu vivo nas obras da carne? não), vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provem da lei, segue-se que Cristo morreu em vão” (Gl 2.21-22).

As seitas não ensinam a salvação pela fé somente, sempre acrescenta lago a mais.

Porque se nós vamos obrigar os gentios a viverem como judeus, então este viver não é pela fé. Você vive pela fé ou pelas obras da lei? Eu vou mostrar que viver pela fé, e viver pela pregação da fé é viver a Palavra segundo o Novo Concerto. O que desejamos ensinar aos leitores é a pregação pela fé, e não tem o dia do sal, o dia do óleo, dia da vigília, dia do monte, dia do jejum! Aqui, é a pregação da fé, e mais, a pregação da fé e não as obras da lei. Por quê?

“Não anulo a graça de Deus (então quer dizer que tem gente que anula a graça de Deus, como?), pois se a justiça, é mediante a lei, (se eu tenho que viver sacrificando, se eu tenho que viver debaixo da lei, segue-se que morreu Cristo em vão”.

O que representa a morte e a ressurreição de Cristo para as igrejas? Foi em vão, as pessoas choram no dia da ceia, os pregadores frívolos aproveitam para quem está em pecado e quem não está, expulsar, excluir da Igreja, e não se entende o que foi feito na cruz.

Então eu não anulo a graça de Deus, o que os Gálatas estavam fazendo, era anulando a graça de Deus, porque se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão. Qual é o cenário do cristianismo em nossos dias? Fábulas, obras, sacrifícios, mandamentos humanos, tradições e dogmas e se a Igreja diz que não é da lei, que não é tradicional, inventa os nomes, renovada, avivada, até usam graça, mas isso é só na teoria do nome, na prática você encontra fermento, as obras da lei, os sacrifícios e pessoas anulando a graça de Deus.

O Evangelho que Paulo pregava era algo novo tanto para os gentios como para os judeus. A indignação de Paulo não era preocupação com sua posição, ou seu status de apóstolo de Cristo. A preocupação como ele declara duas vezes em Gálatas 2, era a “Verdade do Evangelho”. Em outras palavras, estava em jogo não somente a salvação dos gálatas, mas também o futuro do próprio cristianismo. O que Paulo não queria era um Evangelho misturado com a lei.

Paulo viu através da duplicidade e expôs a hipocrisia em Pedro. Com efeito, ele repreendeu: Pedro você foi hipócrita diante dos judeus e depois diante dos gentios. Você está falando de liberdade, mas não vive essa liberdade. Pedro, deixe de ser legalista, e viva a verdade do evangelho. Os outros judeus também dissimularam com ele, de maneira que até Barnabé se deixou levar sua dissimulação.

“E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles. Quando, porém, vi que não procedia corretamente segundo a verdade do Evangelho, disse a Cefas, na presença de todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, porque obrigas os gentios a viverem como judeus” (Gl 2.13-14).

2. Paulo duramente confronta Pedro.

“Se, sendo tu judeu, vive como gentio e não como judeu, porque obrigas os gentios a viverem como judeus?”

O Evangelho da Salvação não aceita hipocrisia, ele confronta nosso comportamento, Cristo combateu os fariseus, doutores em hipocrisia (ver a parábola do fariseu e do publicano (Lc 18.9-14).

Porque Paulo disse palavras tão fortes? Porque as pessoas costumam seguir os líderes. As ovelhas seguem os seus pastores, mesmo que eles estejam errados. Se você disser que é pecado comer sem lavar as mãos eles vão acreditar e obedecer. O líder é o espelho da igreja. Se você for um fariseu legalista os seus seguidores também irão ser, a menos que alguém lhe exponha a verdade.

Antes de começar a pensar que jamais cometerá o crime da hipocrisia, que você está acima dessa tentação, lembre-se do que Paulo expôs em sua carta aos Gálatas. Um líder espiritual tão forte e estável quanto Pedro caiu nela. E com muitos outros, “o próprio Barnabé”.

O legalismo é sutil, é insidioso. Descobri que ele representa especialmente uma tentação para aqueles cujo temperamento tende a agradar as pessoas, o que nos leva de volta à maravilhosa passagem em Gálatas 1.10 que nos liberta:

“Porque persuado eu agora a homens ou a Deus? Ou procuro agradar homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo”.

O verdadeiro ministro é aquele que defende o Evangelho de Cristo, pois Deus não nos deu um espírito de temor, mas de fortaleza, por isso devemos batalhar pelo Evangelho. A Bíblia diz que Jesus veio purificar para si um povo zeloso e de boas obras.

Zeloso: que tem cuidado da doutrina – que segue o evangelho sem mistura (farisaísmo, dogmatismo, legalismo, filosofias etc.).

Boas obras: Que tem fruto do Espírito (Gl 5.22-23), evangelismo, assíduo no trabalho de Deus no tocante aos cuidados dos órfãos e viúvas. Estas boas obras nos diferenciam do mundo e não um fanatismo obscuro.

Precisamos urgentemente rever os ensinos da igreja primitiva:

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At 2.42-47).

A igreja primitiva praticava a verdadeira doutrina, eram homens de oração, tinham comunhão uns com os outros, no partir do pão, no amor, no perdão, unidade, temor a Deus e a verdadeira adoração.

A igreja primitiva estava fundamentada na doutrina dos apóstolos. Eles não priorizavam os costume e culturas da época. Deus não está preocupado se nos saudamos com ósculo santo ou não, mas precisamos da oração e do estudo correto da Palavra de Deus que nos faz crescer em Cristo.

IV. A JUSRTIFICAÇÃO PELA FÉ

A carta aos Gálatas é o mais antigo testemunho da mensagem da justificação por parte do apóstolo. Por isso, as teses sobre a justificação adquirem uma importância em sua parte central.
A carta aos Gálatas é o mais antigo testemunho da mensagem da justificação por parte do apóstolo. Por isso, as teses sobre a justificação adquirem uma importância em sua parte central.


É surpreendente que a idéia de justificação, em sua forma tipicamente paulina, tinha como base a teologia, eleição e a teologia da cruz e, em momentos centrais, isso só ocorre, nas cartas anteriores a Gálatas, somente em passagens típica que contenham afirmações tradicionais, e muito esporadicamente.

Na questão sobre a origem da mensagem da justificação, também se deve deixar de considerar que Paulo somente recorre a ela em contextos altamente polêmicos contra os judaizantes, ou seja, em Gálatas e Filipenses, antes de desenvolvê-la aos romanos, também com uma apresentação mais objetiva.

A visão de conjunto de Gálatas mostra que seus textos sobre a justificação se restringe ao discurso contra Pedro em Gl 2.14-21. O discurso contra Pedro, com isso, assume a tarefa de introdução e apresentação dos pontos decisivos contra o legalismo.

O que Paulo afirma sobre a justificação do pecador em concreto? Afirma algo que não pode surpreender o leitor de Gl 3s, a justificação acontece “sem lei” (Rm 3.21). É uma reiteração de Rm 3.20, 28

1. A lei não justificou o homem diante de Deus.

“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado. Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não! Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor” (2.16-18).

Paulo descreve o crente justificado como tendo sido crucificado com Cristo (v.20), como sendo espiritualmente vivo (Rm 7.4, 6), como alguém que vive em Cristo (Gl 2.20; Jo 14.20; Cl 1.27), que vive uma vida de fé (Gl 2.20; Rm 1.17); e que sabe quem tornou essa vida possível. Paulo aponta, então, que a justificação pelas obras (“a lei”) é oposta a justificação pela graça mediante a fé. Ele também afirma que demais obras são, no final das contas obras (Gl 4.19-31). Se a salvação pode ser conquistada, então Deus está meramente dando o que é conquistado ou merecido, o que declara a graça nula e invalida; e nesse caso, Cristo teria morrido em vão. Ninguém jamais foi salvo guardando a lei. Paulo, assim como todos os crentes, teve de morrer para si mesmo (Rm 7.6).

2. A justificação precisa ser recebida pela fé.

Assim também, somente pela fé, vive um cristão (Cl 2.6-7; Gl. 3.2-9). A união com Cristo pela fé inicia com aqueles que crêem no domínio do Espírito, onde a verdadeira liberdade reina (2ª Co 3.17). É o espírito que ilumina a lei à luz de Cristo, desse modo, transformando a perversão do legalismo em liberdade genuína. Tornando-se membros do corpo de Cristo, aos crentes é concedida a possibilidade de obedecer às ordens do Mestre.

O legalismo exige que seus seguidores obedeçam a um código externo, mas o perfeccionismo é baseado em uma compreensão deturpada do significado prático da justificação.

De forma realística, a justificação pela fé transforma muito mais do que a condição de culpado do crente diante de Deus. Ela o ressuscitou da morte com Cristo para um compromisso contínuo de fé com o Senhor, que orienta suas decisões pelo Espírito Santo. Pela virtude deste relacionamento, Paulo escapara das limitações da lei para estar sob as exigências legais de Cristo (1ª Co 9.21).

Paulo envereda pelo caminho prático do Evangelho: Obras é o resultado da fé. A vida cristã é dinâmica e cheia de obras e frutos (Gl 5.22-23), o verso 16 está em concordância com Rm 1.17, que, aliás, foi o texto que trouxe Lutero para o Evangelho de Jesus. Se não é pelas obras da Lei que somos justificados (2.17), a circuncisão não pode ser um mandamento de Cristo. O apóstolo tem em mente que o período da dispensação da Graça chegou e que não somos merecedores da salvação. Nada que venha da parte do homem pode ser aproveitado para que se torne merecedor da salvação. A parte que cabe ao homem é somente crer no sacrifício de Cristo e arrepender-se de seus pecados (2.16-17). O homem possuidor desse entendimento não pode, em hipótese alguma, retornar à prática que o tornava escravo da Lei e transgressor da mesma (2.18).

A lei para Paulo foi boa para o levá-lo ao entendimento, mas uma vez que o entendimento o alcançou, a lei não tem mais função para ele, ela foi um “AIO” (Gl 3.24). Cristo, como seu SENHOR, tem primazia sobre as suas vontades, a ponto de confundir se é ele Paulo que vive ou Cristo que vive em seu lugar. O autor desta epístola nos convida a confundir pessoas com o nosso viver santo, como sendo a vida do próprio Cristo (2.20). A Lei veio como aio para compreensão da JUSTIÇA e se a Lei ainda vigorar, a morte de Cristo foi é vã (2.21).

Negar a eterna segurança do crente é desafiar o caráter eterno da grandeza da graça divina, e admitir que o próprio Filho de Deus, no qual nós estamos firmes pudesse cair.

Mas quando você toma a decisão de crer no Senhor Jesus Cristo, você entra em um sistema que depende inteiramente de Deus. É por isso que Ef 2.8-9 diz que é pela graça que você é salvo através da fé e não por você mesmo, é presente de Deus, não por obras para que nenhum homem se gabe.

Graça significa que depende inteiramente de Deus. Graça significa que Deus não está se expondo desnecessariamente quando dá a você algo, independente do seu mérito, independente da sua habilidade, independente de suas obras. Portanto graça se torna a questão principal na doutrina da eterna segurança.

Da mesma forma, vamos considerar Rm 11.6: “Mas se é pela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça”.

A justificação pela fé, que ás assusta até aos crentes em Jesus, pela maneira simples de o homem ser salvo pela graça de Deus, pois a tendência humana é complicar o que Deus simplificou, revela uma entrega total e irrestrita a Deus. Não se trata de uma fé intelectual e superficial, mas algo que torna a pessoa em nova criatura por um milagre de Deus – o novo nascimento (2ª Co 5.17), produzindo frutos de arrependimento como decorrência da salvação (Gl 5.22).

Se não tivéssemos a posição firme do apóstolo Paulo, colocando a lei no seu devido lugar e explicando a superioridade do evangelho, o cristianismo, além de não ser religião distinta do judaísmo, não poderia ensinar a verdade da justificação dos pecados pela graça.

Então, o tema da mensagem é: pelas obras da lei ou pela pregação da fé. Eu estou mostrando que é pela pregação da fé. “O homem não é justificado pelas obras da lei e sim mediante a fé. Também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado”.

“Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não” (Gl 2.17).

 

Pr. Elias Ribas
Igreja Evangélica Assembléia de Deus

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