Os católicos creem que Maria morreu virgem e, portanto, nunca teve outros filhos além de Jesus, que nasceu por um milagre. Mas, ao crerem e pregarem isso, os católicos contrariam diversos textos das Escrituras Sagradas.
José não teve relações com Maria, sua esposa, somente enquanto ela não deu à luz
“E [José] não a conheceu [isto é, teve relações sexuais – NVI] até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus.” (Mateus 1:25, ACF)
Sempre que um homem “não conhece a mulher até…”, quer dizer que ele conheceu depois (Gênesis 4:1).
Os católicos geralmente dizem que “enquanto” não implica necessariamente que houve uma mudança de estado e normalmente citam 1 Coríntios 15:25, Filipenses 1:10, 1 Timóteo 6:10, entre outras passagens em que a palavra “enquanto” é usada, mas sem implicar mudança. Porém, o significado das palavras também é determinado pelo contexto e o contexto todo da passagem de Mateus 1 é sobre a virgindade de Maria, que muda no versículo 25 para o relacionamento dos dois, José e Maria.
O termo grego usado para “até que” ou “enquanto” é “heos hou“. De acordo com o estudioso Jack Lewis, “em outras partes do Novo Testamento (Mt 17:9; 24:39; Jo 9:19), a palavra enquanto (heos hou), seguida por uma negativa, sempre sugere que a ação negada realmente ocorria posteriormente” (Jack Lewis, “The Gospel According to Matthew, vol. 1, p. 42).
O Novo Comentário da Bíblia, de F. Davidson, diz sobre essa passagem: “Esta descrição conserva perfeitamente o fato do nascimento de Cristo pela Virgem. É implícito, entretanto, que, depois do nascimento de Jesus, José e Maria coabitavam normalmente”.
Dr. James White comenta:
“A ideia de uma virgem casada simplesmente está fora de harmonia com os ensinamentos da Bíblia a respeito da natureza do casamento (sem falar nos costumes Judaicos da época). Como Paulo ensinou (1 Cor. 7), existe uma dívida conjugal envolvida (v. 3) que iria excluir a ideia de uma virgem casada: o corpo do homem não é dele mesmo, mas é de sua esposa, e vice-versa. Relações sexuais são completamente naturais em um casamento, e, de fato, são assumidos se um casamento de verdade existe. Se uma pessoa quer de manter virgem, ela não deve se casar.”“A ideia de uma virgem entrando em um noivado com um homem, mesmo ela pretendendo manter o celibato, é simplesmente uma tentativa de fazer a evidência bíblica dar suporte a uma doutrina criada bem depois dos apóstolos terem terminado de escrever as Escrituras.” (James White, Mary – Another Redeemer?, kindle pos. 323, p. 32)
Profecia Messiânica que afirma que Jesus tinha irmãos
“Os que sem razão me odeiam são mais do que os fios de cabelo da minha cabeça; muitos são os que me prejudicam sem motivo, muitos, os que procuram destruir-me. Sou forçado a devolver o que não roubei. Tu bem sabes como fui insensato, ó Deus; a minha culpa não te é encoberta. Não se decepcionem por minha causa aqueles que esperam em ti, ó Senhor, Senhor dos Exércitos! Não se frustrem por minha causa os que te buscam, ó Deus de Israel Pois por amor a ti suporto zombaria, e a vergonha cobre-me o rosto. Sou um estrangeiro para os meus irmãos, um estranho até para os filhos da minha mãe; pois o zelo pela tua casa me consome, e os insultos daqueles que te insultam caem sobre mim.” (Salmos 69:4-9, NVI)
É impossível apelar para as similaridades entre “irmãos” e “primos” em hebraico, pois o texto claramente diz “filhos da minha mãe”. Também é impossível negar que esse salmo seja messiânico, pois João 15:25 Jesus citou o versículo 4 desse salmo para se referir a Si mesmo, e em João 2:16-17 Ele citou o versículo 9 também em referência a Si mesmo. Jesus claramente cria que esse salmo se referia a Ele, o Messias.
Textos no Novo Testamento que afirmam que Jesus teve irmãos
“Falava ainda Jesus à multidão quando sua mãe e seus irmãos chegaram do lado de fora, querendo falar com ele. Alguém lhe disse: ‘Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar contigo.’” (Mateus 12:46-47)“Não é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é Maria, e não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Não estão conosco todas as suas irmãs? De onde, pois, ele obteve todas essas coisas?” (Mateus 13:55-56)“Pois nem os seus irmãos criam nele.” (João 7:5)“‘Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? Não estão aqui conosco as suas irmãs?’ E ficavam escandalizados por causa dele.” (Marcos 6:3)“Todos eles se reuniam sempre em oração, com as mulheres, inclusive Maria, a mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus.” (Atos 1:14)“Não vi nenhum dos outros apóstolos, a não ser Tiago, irmão do Senhor.” (Gálatas 1:19)
Note que, em alguns casos, quando os irmãos e irmãs de Jesus são mencionados, o contexto implica que eles sejam filhos de Maria. A palavra grega usada para “irmão” é “adelphos” e para “irmã” é “adelphe”. Porém, os católicos dizem que esses irmãos são, na verdade, primos de Jesus. Mas a palavra “irmão” foi usada 346 vezes no Novo Testamento e nunca significa “primo”. Havia uma palavra para primo (anepsios), usada em Colossenses 4:10, mas não foi usada nos textos acima. É verdade que a palavra “irmão” é usada para a irmandade espiritual, mas todas as vezes que “irmão” é usada no Novo Testamento para uma relação de família física, ela simplesmente significa irmão. Se irmão significasse primo, em Lucas 8:19-21, Jesus estaria dizendo que sua mãe e seus “primos” eram aqueles que ouvem a palavra e a cumprem.
Sabendo disso, os católicos argumentam ainda que esses irmãos e irmãs são filhos de José, de um casamento anterior. Mas se este fosse o caso, então a Bíblia usaria a expressão adelphos ouch omopathios, mas não usou. Ademais, nada na Bíblia ao menos sugere que José tenha sido casado e enviuvado, tampouco que já tivesse filhos, pois esses filhos teriam que ter viajado com ele e Maria (Lucas 2:5), mas não são sequer mencionados. A única explicação é que esses filhos são de Maria e José, como indicam alguns dos textos acima citados, e são irmãos mais novos de Jesus.
Agora, é verdade que “adelphos” pode ser usado para significar outra coisa dependendo do contexto. Mas o seu significado primário é de irmão de sangue, e apelar para os significados secundários ou simbólicos é inteiramente ad hoc e desnecessário, e parece mais uma tentativa desesperada para desviar das conclusões óbvias das Escrituras.
Em Mateus 12:46-50, lemos:
“Falava ainda Jesus à multidão quando sua mãe e seus irmãos chegaram do lado de fora, querendo falar com ele. Alguém lhe disse: ‘Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar contigo’. ‘Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos? ‘, perguntou ele. E, estendendo a mão para os discípulos, disse: ‘Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Pois quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe’”.
A multidão ali presente disse a Jesus que a sua mãe e irmãos estavam lá fora. Foi só depois disso que Jesus “estabeleceu” que sua família “simbólica” eram seus discípulos.
Ademais, o historiador judeu do século I, Flávio Josefo, chamou Tiago de Irmão de Jesus:
“Convocou então uma reunião do Sinédrio e trouxe perante ele um homem chamado Tiago, o irmão de Jesus, chamado o Cristo, e alguns outros. Ele os acusou de transgredir a lei e condenou-os ao apedrejamento” (JOSEFO, Flávio. História dos hebreus. Rio de Janeiro, CPAD, 1991, 2, p. 203. V. tb. YAMAUCHI, Edwin. Josephus and the Scriptures. Fides et historia 13, 1980, p. 42-63.)
Josefo, como judeu, não teria razão nenhuma para chamar Tiago de irmão de Jesus se este fosse apenas um irmão simbólico. Os primeiros cristãos e a Bíblia chamam Tiago de “Irmão do Senhor” ou “Irmão do Salvador”. Isso pode ser visto em Gálatas 1:19 e nos escritos de Eusébio.
Ademais, sobre a chamada Tumba de Tiago está escrito: “Tiago, filho de José, irmão de Jesus”. Isso evidencia que Tiago era mesmo irmão de Jesus. Leia sobre a Tumba de Tiago aqui.
Por que Jesus confiou Maria a João, e não a um de seus irmãos?
Pouco tempo antes de morrer, Jesus disse:
“Quando Jesus viu sua mãe ali, e, perto dela, o discípulo a quem ele amava, disse à sua mãe: ‘Aí está o seu filho’ e ao discípulo: ‘Aí está a sua mãe’. Daquela hora em diante, o discípulo a levou para casa.” (João 19:26-27)
Maria provavelmente já era viúva nesta época, e Jesus, como filho mais velho, tinha a responsabilidade de cuidar dela. Ao morrer, ele transferiu essa responsabilidade para João, que era o único discípulo ali presente. Jesus demostrou Sua preocupação com a saúde espiritual de Maria quando a deixou sob os cuidados de um discípulo crente em vez de deixá-la sob os cuidados dos outros filhos dela, que até então eram descrentes (João 7:1-10). Felizmente, depois eles se converteram: “Todos eles se reuniam sempre em oração, com as mulheres, inclusive Maria, a mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus” (Atos 1:14). Convém lembrar também que se João cuidou de Maria até o fim, então por que não existe nos seus escritos nenhuma referência à perpetua virgindade de Maria, sua assunção (que só aparece no final do quarto século) e outras doutrinas sobre ela nas quais os católicos creem?
De onde vem a doutrina católica de virgindade perpétua de Maria?
N. D. Kelly, historiador da igreja, diz que tal doutrina se originou no apócrifo Ascensão de Isaías, que diz:
“Seu ventre foi encontrado como ela estava antes de ficar gravida.” (11:8-14) [link]. (J. N. D. Kelly, Early Christian Doctrines, p. 492)
O Odes de Salomão, repleto de influência gnóstica, e o Proto-Evangelho de Tiago, que teve grande influência na doutrina Católica Romana, também mencionam a virgindade perpétua de Maria. Joseph Fitzmyer, historiador Jesuíta, diz:
“Tal ensino da igreja foi formulado pelos Cristãos primitivos na era pós-Apostólica, fazendo uso de uma interpretação de algumas passagens no Novo Testamento que passaram por outras que eram problemáticas, como João 1:45; 6:42; Lucas 4:22. O resultado foi que esse ensinamento não foi aceito universalmente a princípio. Mesmo que as vezes se pense que esse ensino seja implicado no escrito do segundo século, Protevangelium Jacobi [Proto-Evagelho de Tiago], ele eventualmente se tornou cristalizado na crença duradoura sobre Maria como aeiparthenos ou semper virgo, “sempre virgem”, nos credos do quarto século em diante.” (America Megazine, Whose Name is This?, http://www.americamagazine.org/issue/412/article/whose-name 18 de Novembro de 2002)
Dr. James White comentou sobre o Gnosticismo que influenciou a igreja:
“Gnosticismo ensinava que a salvação vinha através de um certo tipo de ‘conhecimento’ salvífico […], e esse conhecimento normalmente vinha por meio de várias cerimônias. A grande ênfase era no celibato […] e sua asserção resultante de que a união sexual entre marido e mulher deve mais ao Gnosticismo do que a uma interpretação justa das Escrituras.” (James White, Mary – Another Redeemer?, nota 12 do capítulo 3, kindle pos. 1831)
Mas a Bíblia obviamente contradiz a Tradição Católica. Sabemos que as Escrituras são theopneustos (inspirado divinamente). Qual é mais credível?
De qualquer forma, no final do segundo século d.C., Tertuliano escreveu:
“E, portanto, quanto à pergunta anterior, ‘quem é a minha mãe, e quem são meus irmãos?’ Ele adicionou a resposta ‘Aqueles que ouvem minhas palavras e as seguem’, Ele transferiu os nomes de quem tem relação de sangue aos outros, a quem Ele julgava serem mais próximos a Ele por razão de sua fé. Agora, ninguém transfere essas coisas exceto por aquele que possui aquilo que é transferido. Se, portanto, Ele fez deles ‘Sua mãe e Seus irmãos’, a quem não eram, como Ele poderia negar a eles esses relacionamentos e quem realmente os tinha?” (Against Marcion 4:19)
Note que Tertuliano claramente usou a passagem em que a mãe e os irmãos de Jesus aparecem, e Ele fala dos “irmãos” novos. Tertuliano está argumentando que Jesus não poderia fazer daqueles seus “irmãos” se já não tivesse esse tipo de parente. Ainda que os católicos discordem de seu argumento, o ponto aqui é que um dos primeiros cristãos ensinava que Jesus possuía irmãos de sangue, ao passo que a tradição mostra a virgindade perpetua de Maria mais tarde, sendo fortalecida apenas no quarto século.
Mas ainda no quarto século, Basílio de Cesareia escreveu que a perpetua virgindade de Maria, “não iria afetar os ensinos de nossa religião, porque a virgindade de Maria era necessária até o serviço da Encarnação, e o que aconteceu depois não precisa ser investigado para afetar a doutrina do mistério” (St. Basil the Great, PG 31, 1468 B; citado por Luigi Gambero em Mary and the Fathers of the Church, p. 146).
É verdade que Basílio prosseguiu argumentando com o porquê de ele acreditar que Maria tinha se mantido virgem. Mas o ponto importante é que ele não via isso como uma doutrina essencial da fé Cristã:
“Nós não devemos debater sobre esse assunto – se depois dela dar a luz ao Salvador, Maria firmou o casamento ou, por outro lado, se manteve uma virgem – porque isso não tem aplicação ao mistério da fé. […] O que aconteceu depois (do nascimento de Cristo) é algo que nós não nos intrometemos no que diz respeito à Palavra do mistério…” (St. Basil the Great, “Sermon on the Nativity of Christ”. Vol. 1, p. 389, citado em John Gerhard, Theological Commonplaces, “On the Nature of Theology and Scripture”, 18, 8)
Portanto, Jesus tinha irmãos de sangue, pois Maria, como qualquer mulher casada, teve relações com seu marido (depois que concebeu o primogênito, Jesus Cristo), e eles tiveram filhos e filhas. A doutrina católica da virgindade perpétua de Maria, embora não seja relevante para a fé cristã, é falsa.
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