Escrito por Rick Wade de Probe Ministries International,
traduzido pelo pastor James A. Choury
Através da história da Igreja, os cristãos foram chamados para defender as razões e o raciocínio de sua fé. O Apóstolo Paulo falou deste ministério como “defesa e confirmação do evangelho” (Fil. 1.7). O Apóstolo Pedro disse que deveríamos estar "sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós,” (1 Pedro 3.15).
Esse ministério dos cristãos chegou a chamar-se “apologia” que quer dizer “defesa”. Mas se é importante defender a fé, como se faz?
Neste estudo não daremos muitas evidências ou argumentos. Antes, apresentaremos alguns princípios que nos servirão de guia na defesa da nossa fé. Analisaremos nosso ponto de partida e veremos a importância de pensarmos logicamente. Responderemos à acusação específica de “elitismo” e finalmente, trataremos de apresentar um argumento convincente em favor do cristianismo.
Apologia é a arte e a ciência de defender a fé cristã. Nos tempos dos gregos, quando alguém era acusado de alguma infração, o acusado tinha oportunidade de prestar sua “apologia”. Para nós cristãos, isso poderia significar responder à pergunta: “porque vocês acreditam que Jesus, o Nazareno, é Deus mesmo?” ou, mais provável nestes dias: “Por que os cristãos acham que só eles têm a Verdade?”.
Então, apologia é em primeiro lugar uma defesa. Um segundo aspecto da apologia é desafiar as crenças dos outros que são contrárias à nossa fé. Um terceiro aspecto é apresentar evidências positivas em favor da fé. Em outras palavras, as três áreas da apologia cristã são: uma defesa da fé, uma ofensiva contra as crenças contrárias à fé e uma ofensiva em favor das doutrinas cristãs.
Em tudo isso nosso alvo é fazer a luz da verdade de Deus brilhar ao máximo. Também é nosso desejo trazer os descrentes a uma compreensão adequada da verdade de Cristo como Salvador e persuadi-los a colocar toda a sua fé Nele.
A apologia tipicamente é uma resposta a uma pergunta ou desafio. Nos tempos de Paulo ele teve que tentar tirar o obstáculo da cruz de Cristo dos pensamentos dos judeus. No segundo século os apologistas cristãos tiveram que defender não só as doutrinas cristãs, mas também os próprios cristãos das acusações de ateísmo e canibalismo. Depois tiveram que defender a fé dos desafios do islamismo. Na era do iluminismo e por muitas décadas depois, defenderam a fé dos ataques do racionalismo e cientificismo. Hoje o desafio maior é defender a afirmação de que existe um conhecimento certo da verdade absoluta e que essa verdade se encontra na Bíblia.
Assim como nossos antepassados, nós temos que dar respostas racionais e certas pela esperança que temos em Cristo. Nos compete lidar com os assuntos contemporâneos por mais difíceis e incômodos que sejam para nós.
A importância de pensarmos bem
Uma das frustrações no estudo da apologia é a grande variedade de desafios à fé cristã. Outra é dominar as muitas evidências e razões em defesa da fé. Na verdade, é mister dominarmos algumas dessas áreas, ou pelo menos ter repostas para as objeções mais freqüentes. Mas é de muito valor adquirir a capacidade de pensar logicamente. Isso nos ajuda a tomar boas decisões no nosso dia-a-dia e deduzir verdades e o modo de viver conforme as Sagradas Escrituras.
A capacidade de pensar logicamente é mister para o apologista. Primeiro, nos ajuda a não discutir usando argumentos mal-formulados. Segundo, nos ajuda a avaliar e responder aos desafios dos descrentes. Muitas vezes o cristão fica sem saber o que responder quando confrontado com argumentos que parecem ser fortes, mas são vazios e ilógicos. Vejamos alguns destes.
Alguém diz: “Não existe a verdade absoluta”. Se essa pessoa realmente acredita que não existem declarações que são certas para todas as pessoas em todas as épocas, o melhor que ele poderia dizer é: “Em minha opinião, não existe a verdade absoluta”. Porque dizer categoricamente que não existe verdade absoluta é afirmar uma verdade absoluta e é contraditório. Se o assunto fica na esfera das opiniões, então a opinião dele vale tanto quanto a sua.
Aqui temos outro argumento conhecido, mas vazio. “Todas a religiões são iguais”. Podemos responder que o cristianismo ensina que Cristo é Deus encarnado. Muitas outras religiões ensinam que isso não é certo. A lei da não-contradição diz que Jesus Cristo não pode ser, e não ser, Deus encarnado ao mesmo tempo e no mesmo sentido.
Vejamos mais um outro. Alguns dizem, “Não posso acreditar em Cristo, pois vejo quantas coisas horríveis os cristãos fizeram durante toda a história”. Agora sabemos que o testemunho dos cristãos pode influir muito em como o cristianismo é percebido. Porém, logicamente, a conduta dos cristãos particulares não tem nada a ver com a verdade própria do cristianismo. O cristianismo não afirma que toda pessoa que chama-se “cristão” é incapaz de cometer pecado. Também, seria ilógico pensar que a conduta de pessoas vivendo no século XVII possa modificar um fato realizado no ano 33 do primeiro século. A conduta dos cristãos hoje não pode mudar de jeito nenhum o fato histórico de que Cristo morreu, ressuscitou e está sentado à destra do Deus todo-poderoso agora, fazendo intercessão por nós.
Quando alguém apresenta um argumento contra a fé, nós precisamos analisar se os fatos desse argumento estão certos e se a afirmação em si mesma é lógica. Muitas vezes as objeções à fé cristã falham em ambos os sentidos. Saber pensar logicamente nos capacitará a discernir as falhas no pensamento da pessoa fazendo a objeção. Mostrando-lhe essas falhas, de maneira suave e amável, poderemos fazer com que aquela pessoa reconsidere suas idéias ou pelo menos diminua a força do seu argumento contra o cristianismo.
Uma outra objeção que ouvimos, especialmente entre universitários, é que o cristianismo é “elitista”. Dizem que os cristãos acreditam ter a única verdade. Pensam que, com tantas crenças no mundo inteiro, é soberba demais afirmar ter o monopólio a respeito da verdade.
Como poderíamos responder a esta questão? Primeiro, podemos notar que o uso da palavra “elite” é linguagem preconceituosa. Quer dizer que antes de tratar a veracidade do assunto, a pessoa já julgou e condenou o cristianismo. Nós temos que ter o cuidado de não fazer o mesmo com eles. É mister tratar os assuntos em si e não recorrer ao ataque pessoal.
Em segundo lugar, nós deveríamos admitir que os não-cristãos também podem ter a verdade e que os ensinos de outras religiões contêm verdades. As falhas vêm dos assuntos que tratam da pessoa de Cristo e da maneira de ser reconciliado com Deus.
Terceiro, notemos a falha na lógica do argumento. Pensar que só o fato de existirem muitas opiniões sobre um assunto possa afeitar a verdade ou falsidade de uma delas é ilógico. Seria como dizer, “Alguns homens tratam a esposa com amor e respeito, outros são indiferentes, enquanto outros acham que podem bater nelas. Como vamos saber quem tem a razão?” A estrutura do argumento é a mesma nos dois casos. Alguém poderia questionar que os cristãos têm a única verdade sendo que existem tantas opiniões diferentes sobre o assunto. Porém, é ilógico concluir que ninguém tem a verdade simplesmente por existirem muitas opiniões.
Quarto, por trás desta objeção está a idéia de que duas ou mais afirmações sobre um só assunto podem ser verdade. Isso é uma infração da lei do terceiro excluído. Existindo duas afirmações com o mesmo sujeito e o mesmo predicado, uma afirmativa e a outra negativa, uma delas obrigatoriamente precisa ser verdadeira e a outra falsa, sem existir uma terceira opção. Por exemplo, as duas afirmações “Cristo ressurgiu” e “Cristo não ressurgiu”. Uma delas é verdadeira e a outra falsa. Não existe outra possibilidade.
O caso em favor do cristianismo
Acima tínhamos dito que um alvo da apologia é defender a fé e tentar persuadir os descrentes a crerem na mensagem da Bíblia. Quando alguém nos pede a razão da nossa esperança em Cristo Jesus, realmente está pedindo uma “prova” ou demonstração de que o cristianismo é a verdade. Existem evidências ou argumentos que servem para nos ajudar nisso?
Precisamos distinguir entre uma “prova” e evidências. Uma prova é a certeza de uma fórmula matemática. Isso se presta para mostrar a verdade ou falsidade de coisas puramente físicas. Podemos calcular a aceleração dos corpos em queda livre na superfície da terra. É de 9,75 metros por segundo. Porém não podemos saber, através de cálculos, porque o objeto está caindo. A matemática não serve para “provar” os eventos históricos. Que fórmula mostra que Teresina foi fundada no ano de 1852? Para demonstrar os eventos históricos aplicamos as regras do estudo da história. Desta forma vemos que a verdade do cristianismo não pode ser “provada” com a precisão da matemática e não é razoável pedir que assim se faça.
Não podemos “provar” o cristianismo deste jeito, porém podemos apresentar evidências razoáveis e lógicas que servem para abrir a mente à possibilidade de que o cristianismo é a verdade. Se só conseguirmos fazer isso, teremos atingindo muito no processo de levar uma pessoa à Salvação.
Enquanto apresentamos as evidências favoráveis ao cristianismo devemos lembrar que os preconceitos do descrente geralmente afetam sua percepção do que dizemos. Porém toda pessoa é criada à “imagem” de Deus e tem algum conhecimento de Deus e da moralidade. Podemos contar com esta imagem para nos ajudar a penetrar a mente entorpecida do homem natural.
Podemos dividir as diversas evidências em três categorias: fatos empíricos, pensamento lógico e experiência humana. Estas três categorias de evidências são usadas de duas maneiras: avaliação e explicação. Por exemplo, podemos perguntar se existem fatos objetivos que apóiam o que as Escrituras ensinam? Existem, sim. Considere a história e a arqueologia. Podemos perguntar se os ensinamentos da Bíblia são logicamente coerentes e conseqüentes. São sim. Podemos perguntar se o que a Bíblia diz a respeito da condição humana concorda com nosso dia a dia. Concorda, sim. Os personagens da Bíblia são humanos, tal como nós.
Podemos perguntar se o cristianismo serve para explicar nosso universo físico e pessoal. Por exemplo, o cristianismo oferece alguma explicação para a existência do universo, do homem, e da vida? Oferece, sim. O cristianismo oferece uma base para crermos na utilidade do raciocínio humano? Sim. O homem foi criado à “imagem de Deus”. A Bíblia explica a existência do bem e do mal? Sim. Deus fez tudo bom, mas Satanás e o homem introduziram o pecado e a morte no nosso mundo.
Neste estudo tentamos providenciar alguns princípios que ajudam na defesa da nossa fé. Explicamos a importância de pensar logicamente. Vimos a necessidade de responder com evidências razoáveis às perguntas dos descrentes e de deixar os resultados, como sempre, nas mãos de Deus.
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