sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Sobre o batismo infantil

Esse é um assunto um pouco polêmico para os dias de hoje, mas nem sempre foi assim.
Vou tentar demonstrar como o batismo infantil era visto no início do cristianismo e porque ele sempre foi aceito nas comunidades cristãs em todas as épocas até bem recentemente.
O batismo significava a inclusão das pessoas na nova aliança, assim como Deus tinha feito a aliança com Abraão para a circuncisão, Cristo instituiu o batismo para a nova aliança. A prerrogativa era a mesma, crianças com 8 dias eram circuncidadas e incluídas no pacto de Deus, porque isso mudaria com Jesus? O princípio é o mesmo e não foi ab-rogado.
É preciso ser honesto, o Novo Testamento não traz nenhum registro explícito de batismo de crianças. Mas, por outro lado, ele também não traz nenhum registro de batismos de adultos filhos de pais crentes, então esse principio falha e não pode ser usado como argumento. É preciso entender o contexto, o fato de não dizer explicitamente que uma criança foi batizada, não significa que isso não era feito. No ambiente cristão, o batismo substituiu a circuncisão como “selo da justiça da fé”, e não havia a menor razão para excluir ninguém, muito menos as crianças.
Muitos falam que era preciso ter fé para ser batizado e crianças não teriam discernimento para isso, e nem tinham arrependimento prévio dos pecados.
O consentimento pessoal não altera o fato de que somos propriedade de Deus. A criança é um membro privilegiado da nação santa de Deus. Jamais passou pela mente dos israelitas rejeitar a bênção da aliança na circuncisão por causa disso. O fato de ter discernimento ou não, não tem influência sobre o caso, pois o ato do batismo é ação do Espírito Santo, e não da própria pessoa. Além do mais, nos pactos de Deus com o seu povo, os pais sempre foram os legítimos representantes dos seus filhos. Se os pais tem autoridade para escolher a roupa e a melhor educação para seus filhos, porque não teriam autoridade em matéria espiritual ? Já dizia o Provérbio: “Ensine a criança no caminho em que deve andar.” Provérbios 22:6
Além do que, o que de mal causaria para a criança ser incluída nas bênçãos celestiais de Deus? Se houvesse um mandamento expresso contra o batismo infantil até entenderia, mas não é esse o caso, muito pelo contrário, as evidências apontam para o oposto.
Analisando o Novo Testamento, temos fortes evidências para crer que os apóstolos batizaram crianças, “a casa de Estéfanas”(1Co 1.17); Lídia e “toda a sua casa” (At 16.15); o carcereiro “e todos os seus” (At 16.33); Crispo, que tendo crido, “com toda sua casa” foram batizados (At 18.8); e Cornélio e sua casa (At 11.14; 10.48). Casas inteiras foram batizadas pelos apóstolos, quando o chefe de família se convertia a uma nova religião, todos da casa faziam o mesmo, incluindo as crianças. Alguém consegue imaginar, durante esses batismos familiares, todo o clima de alegria no ar pela nova conversão, algum apóstolo negando incluir alguma criança na nova aliança em Cristo?
Se Deus não faz acepção de pessoas, porque faria a uma criança, se a elas pertenciam o reino dos céus?
Ainda em Atos 2:38, Quando Pedro adverte seus ouvintes sobre arrependimento, batismo e dom do Espírito, ele acrescenta que “a promessa é para vós e vossos filhos”. Fica bem claro que a visão dos apóstolos era para toda a família, e não havia sentido em deixar crianças de fora. A mensagem de salvação englobava toda a família, todos eram chamados a nova aliança em Jesus Cristo.
Para fortalecer mais ainda o argumento, os principais pais da igreja, como Justino, o mártir, Irineu, Orígenes, Agostinho, Hipólito e Tertuliano, fizeram menção dessa prática apostólica. Nas igrejas do período pós-apostólico dos primeiros séculos, a prática do batismo infantil sempre foi aceita normalmente, era parte dos sacramentos e prática essencial da vida da igreja.
Além da inclusão na nova aliança, o batismo era visto também como necessário para apagar o pecado original, como já dito, era o “selo” do espírito, isso também era muito importante.
Toda a Igreja cristã durante séculos sempre realizou o batismo infantil, mesmo após a reforma protestante, as confissões de Ausburgo, o Catecismo de Heidelberg, os Cânones de Dort e o Catecismo de Westminster mantiveram esse ensinamento. No aspecto teológico e histórico, as igrejas Católica, Ortodoxa e Reformadas são coerentes e seguem o ensinamento apostólico. A prática do batismo infantil não é uma invenção da determinada igreja, mas um ensino profundamente arraigado nas Escrituras do Velho e Novo Testamento e por toda tradição  e história apostólica.
Conclusão:
Não vou entrar no mérito de onde começou a história de se negar batismo a crianças, pois essa é uma longa história e não é a intenção desse post. O fato é, batismo infantil sempre foi feito desde o período dos apóstolos, e essa prática permaneceu durante centenas de anos de modo inquestionável no cristianismo, e não há a menor razão histórica ou teológica para nega-la.
“Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais…” Mateus 19:14


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