terça-feira, 7 de junho de 2011

vitória de Ollanta Humala no Peru

07/06/11 - 00:00 > INTERNACIONAL
Mercado recebe mal a vitória de Ollanta Humala no Peru

Lima - O mercado peruano reagiu mal à vitória do nacionalista Ollanta Humala à Presidência da República. Depois de duas paralisações dos pregões, quando caia 9,6%, a Bolsa de Valores de Lima fechou ontem com queda de 12,51%. A reação já era esperada, pois investidores e empresários nacionais e estrangeiros, entre eles diversos brasileiros, indicaram clara preferência pela candidata da direita, Keiko Fugimori durante a campanha eleitoral. Já em Portugal, onde o Partido Social Democrata, de direita, venceu o Partido Socialista, a expectativa que o futuro primeiro ministro, Pedro Passos Coelho, acelere as reformas econômicas para garantir a ajuda internacional.

A exemplo do que aconteceu no Brasil, na primeira eleição de Lula para presidente, os investidores peruanos mostram temor que Humala imponha um controle mais rigoroso do Estado sobre a economia. As incertezas políticas já vêm afetando a economia peruana há alguns meses. Segundo relataram executivos brasileiros e peruanos no país, houve uma paralisação nos novos negócios no Peru. Os atuais contratos estão sendo cumpridos, mas contratos que estavam sendo negociados foram para a gaveta, de acordo com empresários.

A piora na economia peruana pode ser medida nas projeções de crescimento para este ano. Em março, o Fundo Monetário Internacional (FMI) previa expansão de 7,5% do PIB peruano em 2011. Mas a paralisação provocada pela disputa do segundo turno fez as empresas de consultoria privadas reduzirem as projeções para 6% de crescimento este ano. As previsões mais otimistas dão conta que as empresas devem esperar para ver como será o governo de Humala antes de definirem por novos investimentos, o que não deve acontecer este ano.

Numa das eleições mais emocionantes dos últimos anos na América do Sul, Humala venceu domingo com pouco mais de 52% dos votos válidos. Agora enfrenta um desafio duplo: dar sinais de uma reconciliação política num país polarizado e tranquilizar os mercados, cuja forte queda provocou a suspensão das operações na bolsa.

Em meio a um clima de incerteza, as operações na Bolsa de Lima foram suspensas na manhã de ontem após a queda de 8,71% na abertura, sendo os principais afetados os títulos das empresas mineradoras.

O candidato conservador derrotado no primeiro turno, Pedro Pablo Kuczynski, advertiu para problemas no setor de mineração, referindo-se a uma proposta de Humala de aplicar um imposto extraordinário sobre os lucros das empresas mineradoras.

A queda da Bolsa era previsível, e inclusive Félix Jiménez, arquiteto do projeto econômico de Humala, afirmou que o Banco Central da Reserva (BCR-Central) e o ministro da Economia deveriam tomar medidas para evitar o caos financeiro. Antes mesmo do fim da contagem de votos, já aumentou a pressão para que Humala anuncie os nomes das pessoas que ocuparão os cargos de primeiro-ministro e ministro da Economia. A analista Cecilia Blume afirmou ontem que "o presidente eleito tem que divulgar logo os nomes dos que vão ocupar a direção do Banco Central da Reserva, e os cargos de ministro da Fazenda e primeiro-ministro".

Portugal

Um dia depois das eleições gerais em Portugal, o vencedor Partido Social Democrata (PSD) disse que precisa formar uma coalizão de governo rapidamente para cumprir os prazos estabelecidos pelo pacote de ajuda financeira internacional. As declarações indicam que o futuro primeiro ministro não pretende promover as medidas de austeridade, previstas pelo FMI e pelo Banco Central Europeu, para a concessão de 78 bilhões de euros para socorrer as combalidas finanças portuguesas. As reformas devem ser duras e implementadas rapidamente e de uma única vez.

O próximo governo tem de apresentar, até o final de julho, um projeto para reduzir significativamente as contribuições das empresas para a Seguridade Social, vender o Banco Português de Negócios, eliminar sua participação societária em empresas e reduzir as indenizações para trabalhadores demitidos, entre outras medidas.

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