Levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que, diminuição dos católicos chega a 1% ao ano e evangélicos crescem em torno de 0,7%, como registrado no Censo de 2010
Os dados das pesquisas, ano após ano, mostram que os grandes centros urbanos são o campo mais fértil para os evangélicos. Na periferia de São Paulo, por exemplo, a relação de evangélicos e católicos era de 52 para 100, enquanto no centro da capital cai para 38 por 100.
“Possivelmente em cerca de 10 e 15 anos o Brasil não terá mais maioria católica”, diz o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE.
Atualmente, Rondônia e Rio de Janeiro são os Estados onde o crescimento evangélico tem mais expressão: chega a 71 evangélicos para cada 100 fiéis ao Vaticano, no primeiro caso, e 64 contra 100 no segundo, conforme os números coletados pelo demógrafo Diniz Alves.
“As igrejas evangélicas criaram um caminho de inclusão e ascensão social”, afirma pesquisadora Maria das Dores Campos Machado, da UFRJ.
MÉTODO EFICIENTE
O pastor assembleiano Deiró de Andrade, formado em Administração, Economia e Direito, afirma que a forma como os evangélicos apresentam a mensagem bíblica é mais poderosa por um motivo: considera o indíviduo maior que a instituição e o Estado.
“Se o indivíduo está bem, o Estado estará bem”, afirma. “Os países da reforma protestante prosperaram; os da contrarreforma fracassaram. A Bíblia não diz o que é felicidade, mas mostra o caminho, trata da formação espiritual, da família, do trabalho que traz dignidade. É isso que pregamos”, acrescentou.
PESQUISA
Uma pesquisa de 2015, realizada pelo Pew Research Center, de Washington (EUA), mostrou que à época, um em cada cinco brasileiros é ex-católico, e que a troca de religião, segundo 81% dos entrevistados, foi motivada por uma maior conexão com Deus, enquanto outros 69% disseram que preferiam o estilo evangélico e 60% destacaram a ênfase na moralidade.
A POSIÇÃO DA IGREJA CATÓLICA
A Igreja Católica no Brasil demonstra ter mudado a visão a respeito do cenário, e agora, sob a direção do Papa Francisco, tenta focar na qualidade dos fiéis, e não mais na quantidade. O cardeal dom Sérgio da Rocha, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Brasília, afirmou que o mais preocupante não são os fiéis que seguem a Jesus em outras igrejas, mas os que se dizem católicos e não vivem como tal.
O padre Valeriano concorda e vai além, dizendo que a quantidade de católicos, na prática, é muito inferior ao demonstrando nas pesquisas: “Menos de 10% dos batizados na Igreja Católica Apostólica Romana frequentam as missas dominicais, o que significa um mínimo de pertença”, analisou.
Para o cardeal Rocha, Francisco tem se dedicado a mudar a postura da Igreja Católica, hoje mais enxuta e precisando deixar uma marca na sociedade diferente dos escândalos que a atingiram recentemente.
Rocha explica que as razões para a queda pronunciada do número de católicos no Brasil não são simples: “Tem a ver com a dinâmica interna de uma sociedade plural e complexa, e não apenas com as limitações e lacunas da ação pastoral da Igreja Católica, que obviamente não podem ser negadas”, observa.
“O pluralismo religioso é reflexo de uma sociedade plural. Não é possível manter a situação religiosa de outros tempos, nem seria conveniente, sob o ponto de vista teológico, uma igreja controladora da sociedade”, acrescentou, fazendo um mea-culpa e reconhecendo, de forma indireta, os avanços promovidos na sociedade pela Reforma Protestante.
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