segunda-feira, 15 de maio de 2017

A bênção apostólica

"Venho solicitar-lhes maiores esclarecimentos quanto a um ato muito repetido nos finais dos cultos, ou seja, a impetração da chamada bênção apostólica. É necessária? Faz alguma diferença sair sem a mesma? Não é mera repetição? Não se faz por pura liturgia? Qual o sentido teológico? Tem um bom amparo exegético? Além do que está nos finais das cartas paulinas tem algum sentido mesmo." 

Prezado irmão;
A bênção apostólica ou sacerdotal é assim chamada porque é proferida pelo sacerdote que por sua vez também é um apóstolo de Cristo, não no sentido dos doze apóstolos, mas na aplicação da palavra grega apostello que significa “aquele que é enviado em missão”, ou “aquele que é separado para um serviço especial”.

O termo apostólico também pode ser aplicado ao povo que ao sair da reunião retornando para seus afazeres comuns e suas convivências e relações sociais, são enviados ali como embaixadores em país estrangeiro, como apóstolos e testemunhas de Cristo para uma sociedade corrompida.

Kenneth E. Hagin disse que “Uma pessoa pode ser um enviado ou um mensageiro da igreja e corretamente ser chamado um apóstolo da igreja. Smith Wigglesworth foi chamado de apóstolo da Fé. Mas quando Cristo chama-os e envia-os eles são apóstolos de Cristo”.
1) É necessária? 

Necessário é aquilo que é absolutamente essencial e indispensável. Jesus disse: “Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”. Se nós consideramos o alimento algo indispensável para a sobrevivência, Jesus nos mostra por outro lado que a palavra de Deus é tão ou mais indispensável para a conservação da vida.

Em meu ponto de vista considero a bênção apostólica necessária por nela conter palavras de bem para abençoar, por ser ela uma forma de oração horizontal, por ela ser praticada desde os primórdios cristãos.
2) Faz alguma diferença sair sem a mesma? 

Em Mateus 10.40-42, Jesus fala das recompensas. Gostaria que observasse com atenção os versos 40 e 41:

“Quem vos recebe a mim recebe; e quem me recebe recebe aquele que me enviou. Quem recebe um profeta, no caráter de profeta, receberá o galardão de profeta; quem recebe um justo, no caráter de justo, receberá o galardão de justo.”

A benção apostólica só faz diferença se fizer diferença para quem a recebe. Outro ponto a ser considerado é que tudo relacionado ao reino de Deus gira em torno da fé, como está escrito: “O justo viverá por fé” (Rm 1.17).

Se alguém receber as palavras da bênção do sacerdote, na qualidade e honradez de um representante de Cristo, então ele a receberá como se recebesse do próprio Cristo. O galardão do profeta é a profecia, o galardão do justo é a justiça, e no caso da bênção apostólica é a própria bênção proferida. Mas isso só fará ou não diferença de acordo com a fé de cada um em reconhecer ou não o ministro e conseqüentemente a sua oração como provindas do Pai e do seu Cristo.

O mesmo princípio é aplicado na passagem onde Jesus instrui os apóstolos para que “ao entrar numa casa, dizei antes de tudo: Paz seja nesta casa! Se houver ali um filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; se não houver, ela voltará sobre vós” (Lc 10.5, 6).
3) Não é mera repetição? 

A bênção apostólica é uma repetição positiva e faz parte de uma liturgia positiva. Seu valor e importância estão atribuídos na forma como cada cristão a recebe, ou a interpreta.

Em Mateus 6.7a, Jesus diz: “E, orando, não useis de vãs repetições...”. Existem repetições que são em vão, vazias de motivos, sem valor divino ou humano, insignificante em suas intenções e ações. A bênção apostólica, porém, por estar intrínseca em Cristo possui em si o ensejo e o desejo de abençoar e de bendizer com palavras de bem aquele que a recebe.

A bênção não tem que ser pronunciada sempre com as mesmas palavras, o que também não é errado. Mas incentivamos que se garimpe outras bênçãos existentes em Cristo para seu povo, pois a palavra diz que Deus “nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1.3). É importante que a bênção contenha três elementos fundamentais: 1) a concessão de proteção e livramento de Deus; 2) o favor, a bondade e a graça de Deus; 3) o cuidado e a provisão de Deus.
4) Não se faz por pura liturgia? 

A liturgia por sua vez faz parte de qualquer culto público, para a boa disposição das coisas, mantendo cada coisas em seu lugar observando a maneira, o modo e a disposição; mesmo que alguns religiosos tentam ignorar este fato. Ela faz parte do ritual, do cerimonial e das práticas consagradas da adoração, da oração e das ações de graças. A liturgia está inserida na pregação, na preparação e participação da ceia do Senhor, na disciplina e na ordem no culto como adverte Paulo quando diz: “Tudo, porém seja feito com decência e ordem”.

A repetição litúrgica é positiva quando baseada na Escritura, trazendo clareza e evidenciando a verdade de Cristo e do Reino dos céus para seus súditos.
5) Qual o sentido teológico? Tem um bom amparo exegético?

A teologia tem por objetivo trazer um princípio de fé e de moral na vida religiosa, a exegese por sua vez interpreta e esclarece estes princípios pelas escrituras e pela história.

A bênção sacerdotal descrita em Números 6.22-27 era uma repetição litúrgica positiva invocada sobre os filhos de Deus demonstrando assim o amor e cuidado divino na vida da pessoa que resultaria na proteção, cuidado e provisão; no favor divino, bondade e graça; e na paz, em se estar completo, sem ter falta de nada.

A história bíblica mostra que o ato de abençoar fazia parte das alianças de Deus com seu povo e também da cultura hebraica nos relacionamentos familiares e sociais. No Novo Testamento vemos Jesus abençoando os pães (Mt 14.19, 26.26) , abençoando as crianças (Mc 10.16), abençoando os discípulos (Lc 24.50). Também temos o exemplo das bênçãos contidas nas cartas apostólicas para as igrejas.

Inúmeros textos bíblicos e a própria história mostram a importância de se abençoar. Nos dias atuais, mesmo diante da crescente apostasia no meio da igreja, devemos manter fervorosamente a prática e o hábito da bênção apostólica, da bênção entre pais e filhos, de abençoar sempre.

“Abençoai e não amaldiçoeis” (Rm 12.14)
Carlos Garcia Costa, pr.
Missão Ichthus & Jornal Urro do Leão

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