A história do Velho Testamento claramente exibe que Deus sempre é fiel às suas promessas. Também identifica os princípios da justiça que ele requer de nós em Cristo. Com Abraão vemos a vida de fé, um que “Pela fé... obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia” (Hebreus 11:8). Com José ficamos sabendo sobre a providência de Deus (Gênesis 45:5-8; 50:20). Com Elias aprendemos o significado de coragem quando ele desafiou os profetas de Baal no Monte Carmelo (1 Reis 18). Tais estudos fazem uma contribuição rica para o entendimento da fidelidade na vida de um cristão. Vamos imitar a fidelidade destas e outras pessoas notáveis do Velho Testamento (Hebreus 11).
O apóstolo Paulo usou a história do Velho Testamento para ensinar aos coríntios a importância da fidelidade a Deus (1 Coríntios 10:1-13). Nos versículos 11 e 12 ele disse: “Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado. Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.” Verdadeiramente “tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito” (Romanos 15:4). Vamos aprender estas lições da história. Os cristãos podem ser rejeitados da mesma maneira que os israelitas, que haviam recebido tantas bênçãos de Deus, foram rejeitados quando tornaram-se infiéis. A abundância de bênçãos especiais não garantiram a aceitação incondicional deste povo por Deus. O povo de Deus hoje são os receptores das “suas preciosas e mui grandes promessas” (2 Pedro 1:4), mas isso não é uma garantia de salvação incondicional. Através do exemplo de Israel, os coríntios foram avisados que a mesma coisa poderia acontecer com eles.
O contexto de 1 Coríntios 10 é crucial. A palavra “ora” (versículo 1) exige uma conexão próxima com os dois capítulos anteriores. Capítulo 8 avisa-os a respeito de exercitarem sem cuidado suas liberdades em Cristo. Capítulo 9 reforça isso com o exemplo da auto-negação e abstenção do próprio Paulo. Ele reconheceu a necessidade pela auto-disciplina “para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” (1 Coríntios 9:27).
Considere a abundância das bênçãos de Deus sobre Israel. Ele libertou-os da escravidão egípcia com sua mão poderosa. Paulo não quer que os coríntios, muitos dos quais eram de descendência gentia, sejam ignorantes a respeito das grandes lições da história de Israel. Os israelitas todos foram privilegiados para serem “todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés”. A palavra “todos” é repetida quatro vezes nos primeiros três versículos de 1 Coríntios 10. Isso enfatiza que todo o povo judeu desfrutava do privilégio grande do relacionamento de aliança com Deus. Este “batismo com respeito a Moisés” colocou-os sob a obrigação de reconhecer sua comissão divina e submeter-se à sua autoridade. Este ato voluntário sugere a disposição de submeter-se a Moisés como o líder escolhido de Deus. De fato, ser um discípulo de Moisés era considerado uma grande honra (veja João 9:28). Todos eles foram privilegiados em receberem comida e bebida miraculosamente durante a viagem longa pelo deserto, indo à terra prometida (Êxodo 16; 17; Números 20).
“Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto” (1 Coríntios 10:5). Devemos ficar impressionados com o contraste enfatizado aqui. Toda esta grande nação (talvez até três milhões de pessoas) começou no mesmo nível de favor divino. Todos começaram a viagem em direção a Canaã, a terra que manava leite e mel, com a mesma libertação miraculosa. Todos comiam a mesma comida e bebiam a mesma água, ambas de origem divina. Todos dividiam a mesma expectativa de chegar a Canaã. No entanto, “Deus não se agradou da maioria deles”. Todos, exceto dois, Josué e Calebe (Números 14:30), acima de vinte anos, esqueceram a bondade de Deus e abandonaram Moisés e os mandamentos de Deus. Todos, exceto dois desta enorme multidão, pereceram no deserto e não receberam a recompensa da terra prometida. Um povo que fora o receptor das bênçãos mais ricas de Deus agora estava espalhado no deserto pelo pecado. Paulo cita um dos fracassos maiores e mais trágicos de uma geração inteira como aviso aos coríntios, e aos cristãos de todas as gerações depois, das conseqüências horríveis da desobediência.
Apesar das bênçãos de Deus, Israel pecou e provou que era infiel. O que fizeram? Ao aprender por que muitos de Israel falharam em entrar no descanso de Deus, podemos evitar seus erros. Paulo mencionou algumas coisas específicas: ➊ Eles desejavam coisas ruins (Números 11:4-35; Salmo 106:7,21). Seu conceito de que Deus havia lhes preparado bênçãos nunca pareceu passar além do físico. Cansaram do maná e queriam carne, melões, alhos silvestres e cebolas do Egito. ➋ Cometeram idolatria (Êxodo 32). Em vez de olhar para Deus em Canaã, olharam de volta para o Egito (Atos 7:39) quando construiram um bezerro de ouro e o adoraram. Deus ficou extremamente descontente e três mil foram mortos. ➌ Eles cometeram fornicação (Números 25:1-9), quando se prostituíram com as mulheres de Moabe e adoraram seus idólos. Vinte e quatro mil morreram numa praga. ➍ Tentaram o Senhor (Números 21:4-9). Eles tentaram a paciência de Deus quando sairam do Monte Hor passando pelo caminho do Mar Vermelho. Eles não queriam dar a volta por Edom e reclamaram, “a nossa alma tem fastio deste pão vil”. Deus mandou serpentes abrasadoras para morderem as pessoas e muitos morreram. ➎ Eles murmuram continuamente. Como resultado do pecado, numa ocasião catorze mil e setecentos morreram (Números 16:41-50). Isso foi logo após a morte dos duzentos e cinquenta que seguiram Corá (Números 16:31-35). Uma geração que saiu do Egito com grande esperança morreu durante quarenta anos de peregrinação no deserto, com exceção de Josué e Calebe e aqueles que tinham menos de vinte anos. Por quê? Eles não podiam entrar na terra prometida “por causa da incredulidade” (Hebreus 3:19).
Este exemplo da falha de Israel torna-se num aviso familiar aos Hebreus. “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração como foi na provocação, no dia da tentação no deserto” (Hebreus 3:7-19). Deus disse: “Por isso, jurei na minha ira: não entrarão no meu descanso” (veja Números 14:20-35). O escritor de Hebreus avisa: “Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo”. O perigo da apostasia era tão real a estes cristãos hebraicos quanto fora para seus antepassados no deserto. Esse perigo surge de um “perverso coração de incredulidade”. Mas é uma tragédia desnecessária e evitável; pode ser evitada por todo cristão se manter o coração com toda a diligência (Provérbios 4:23).
O perigo da apostasia é tão real hoje quanto era para os hebreus e os coríntios. Deus tem abençoado tão ricamente seus filhos. Ele libertou-nos da escravidão do pecado (Romanos 6:16-23; Colossenses 1:13). Quão mais vil é esta escravidão do que a escravidão de Israel no Egito! Ele permitiu que fôssemos batizados em Cristo (Gálatas 3:27; Romanos 6:3-7). Ser unido com Cristo é a maior honra. Deus, pela sua graça, nos guia através da sua palavra enquanto caminhamos em direção a Canaã celestial onde nos é prometido “descanso”. “Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós tenha falhado” (Hebreus 4:1). Só porque desfrutamos ricas bênçãos em Cristo não garante que receberemos o “descanso” reservado aos fiéis.
Infelizmente, cristãos ignoram as lições do passado e cometem os mesmos pecados hoje, apesar das bênçãos de Deus. Nós tentamos fazer uma concessão nos nossos esforços ao tentarmos andar junto com o mundo e aprovarmos as coisas que são aceitáveis socialmente. Fornicação e adultério são, com muita freqüência, descobertos e tolerados na igreja (veja 1 Coríntios 5:4-13; Gálatas 5:19). Nós tentamos Deus quando colocamos em questão a necessidade de aderir a “doutrina de Cristo” (veja 2 João 9-11). Tentamos torná-lo num deus que aceita tudo e não condena nada, que ajunta-se com todo tipo de crença e aqueles que a ensinam. Nós murmuramos e reclamamos quando sofremos, assim falhando em dar lugar à disciplina de Deus (veja Hebreus 12:4-13; Apocalipse 3:19). Pensamos que a única maneira de adorar a um ídolo é colocando uma imagem de pedra ou metal precioso e nos inclinar diante dele. Mas na verdade, idolatria é colocar outras coisas antes de Deus (veja Mateus 6:33). Como são os pensamentos de um homem tolo (Isaías 55:8-9) quando ele procura justificar sua idolatria (veja 2 Crônicas 25:15; 28:22-23).
Nós não temos que cair. Paulo escreveu aos coríntios: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia. Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar” (1 Coríntios 10:12-13).
Nossas tentações sempre têm uma saída. Fidelidade é necessária e é possível. “Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos” (Hebreus 2:1). Vamos nos esforçar para não cair como Israel, mas pela graça de Deus e pela força de Cristo, vamos aprender que disciplina e domínio próprio podem ser usados para superar, com sucesso, o mundo.
–por Mickey Galloway
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domingo, 27 de setembro de 2015
Deus deixou coisas escritas para nosso exemplo
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