quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Cuba-A Igreja e a Perseguição Religiosa

A Igreja
A história da Igreja Cristã em Cuba está intrinsecamente ligada à sua colonização pelos europeus. Missionários católicos da ordem dominicana chegaram a Cuba em 1512, pouco tempo depois da descoberta da América por Cristóvão Colombo, em 1492. Mas no final do século XIX a credibilidade da igreja diante da população cubana estava fragilizada, já que era vista como a principal aliada da coroa espanhola e, consequentemente, do jugo colonial. Os membros do clero tinham tratamento especial e recebiam favores da coroa que outros cidadãos não tinham, como imunidade em processos civis.
A Igreja Católica Romana encontra-se firmemente estabelecida no país desde então, mas o número de católicos que efetivamente vão à igreja diminuiu drasticamente a partir de 1960, já que a revolução de 1959 restringiu a prática religiosa no país. O governo de Fidel Castro declarou Cuba um país praticante do ateísmo, vendo qualquer prática religiosa como reacionária e antigoverno. Embora 85% da população seja católica (por causa do ateísmo, são em sua maioria nominais), apenas uma pequena parcela da população vai à igreja com certa frequência. Os protestantes estão entre os outros 15% da população.
Durante os anos 90, várias denominações cristãs cresceram rapidamente, a ponto de hoje ser muito difícil encontrar uma cidade cubana sem uma igreja protestante. Atualmente o número de cristãos protestantes no país gira em torno de 550 mil em crescimento.
A perseguição
A Constituição reconhece o direito dos cidadãos a professar e praticar qualquer crença religiosa, no entanto, na lei e na prática, o governo impõe restrições à liberdade de religião. O governo cubano permite o casamento religioso, mas somente após o casal ter completado um ano de casamento no civil. Bíblias e outras literaturas cristãs só podem ser importadas e distribuídas por grupos religiosos registrados e monitorados pelo governo cubano. O governo também não permite o ensino religioso nas escolas públicas.
Em inúmeras leis e documentos legais, o governo cubano tem se declarado completamente neutro em questões relacionadas ao cristianismo, exigindo a separação absoluta entre Igreja e Estado. Da mesma forma, afirma não apoiar nem exigir nada da Igreja cubana. Na prática, no entanto, há severas restrições às reuniões, à evangelização nas ruas e à construção de igrejas. Pastores são detidos e presos, informantes se infiltram nas igrejas e a discriminação é constante.
Felizmente, o risco de morte é baixo nos dias atuais e a perseguição está em declínio de maneira geral. As restrições ainda são evidentes, mas uma recente abertura tornou possível a expansão do ministério.
Em 1992, uma emenda à Constituição mudou a natureza do Estado cubano de ateísta para laico, permitindo que cristãos pudessem se filiar ao Partido Comunista Cubano. Isto, no entanto, ainda está para acontecer. Membros devotos de denominações protestantes e católicas enfrentam, de maneira geral, intensa oposição e perseguição das autoridades. Cubanos que defendem questões de direitos humanos frequentemente são visados e muitos têm sido presos.
História e Política
Cuba é a maior ilha caribenha e fica somente a 170 km da costa norte-americana da Flórida. O território é dividido quase igualmente por florestas e áreas cultivadas. Não se sabe ao certo a origem do nome Cuba, mas é possível afirmar que deriva da palavra indígena “cubanacan”, que significa “lugar central”. Os espanhóis chegaram à ilha em 1492 com o descobridor Cristóvão Colombo e encontraram na ilha dois povos indígenas, os Tainos e os Ciboneis, que sobreviviam basicamente da caça e da pesca. Os Tainos haviam subjugado os Ciboneis por achá-los inferiores.
A colonização do país teve início em 1512, através do explorador espanhol Diego de Velázquez, responsável pela criação das primeiras povoações urbanas de Cuba. Os espanhóis logo empregaram sua política de exploração dos recursos naturais da ilha, sobretudo nas minas de ouro e pedras preciosas. Os Tainos e Ciboneis foram subjugados pelo dominador, com sua mão-de-obra explorada através do trabalho compulsório denominado “encomenda”*.  Ainda no século XVI, introduziu-se na ilha o cultivo da cana-de-açúcar e, com ela, o trabalho escravo, com os escravos vindos da África.
No século XVII a ilha ser tornaria um dos maiores produtores de cana-de-açúcar e de tabaco do mundo, devido à crescente demanda dos gêneros na Europa. No século XVIII, já era a colônia com a maior população negra.
Cuba foi a última colônia da América a se tornar independente do jugo europeu, porque os cubanos optaram, a princípio, por negociar sua independência com os espanhóis. A independência só aconteceu em 1895, liderada pelo revolucionário José Martí. Vendo a possibilidade de lucrar com a independência da ilha, os EUA declararam guerra à Espanha e invadiram a ilha, ocupando a região de Guantánamo. Após a vitória da ilha sobre seus colonizadores, os norte-americanos devolveram o poder político aos cubanos em 1902, quando proclamaram sua independência. Os EUA permaneceram com o domínio de Guantánamo e ali estabeleceram uma base militar.
Após a independência, muitos ditadores assumiram o poder da ilha com o apoio dos EUA.  O mais famoso de todos e que ficou por mais tempo no poder, foi Fugêncio Batista. Em 1959, ocorreu o golpe de estado que mudou a história política de Cuba até os dias atuais. Sob o comando de Fidel Castro e Ernesto Rafael Guevara de La Serna (“Che Guevara”), com um discurso de esquerda e de não submissão ao imperialismo dos EUA, os guerrilheiros cubanos estabeleceram a República de Cuba, um dos únicos regimes comunistas que sobrevivem após a queda da URSS (União das Republicas Socialistas Soviéticas), em 1989, e ainda é liderada por Fidel Castro e seu irmão Raul.
*Para a Igreja Católica o índio não poderia ser escravizado, então se utilizava sua mão de obra através das encomendas, os índios se submetiam a esse sistema em troca de cuidados tanto material quanto espiritual.
População
A população cubana é, em sua maioria, nova e urbana: 99,8% acima de 15 anos e alfabetizada. Havana, a capital, é a maior cidade, com 2,2 milhões de habitantes. Etnicamente, a maior parte da população cubana é mestiça, existindo grupos minoritários de trabalhadores chineses. Embora o regime de Castro declare Cuba oficialmente um Estado ateu, a maior religião organizada ainda é a Igreja Católica Romana.
A santería, prática sincretista afro-cubana similar ao candomblé, pode ser considerada a principal religião de Cuba. Ela é uma crença animista baseada na religião yoruba, que foi trazida pelos escravos africanos durante a fase colonial e misturou-se ao catolicismo. Uma vez que a santería não possui estrutura organizada, é difícil definir o número de seguidores, mas relata-se que pelo menos 60% dos cubanos participaram de um ritual de santería alguma vez na vida.
A maioria dos santeros se considera católica e todos os praticantes da santería consideram o batismo um requisito fundamental para a participação em suas cerimônias sincretistas.
Muitos cubanos fugiram ilegalmente do país nos últimos anos; seu destino mais comum é os EUA, devido à sua proximidade e às oportunidades de renda.
Economia
Devido aos embargos econômicos impostos pelos EUA por questões ideológicas, a economia cubana dependeu por muitos dos investimentos da URSS, que foi, durante quase todo o século passado, seu principal parceiro econômico. O embargo americano que ainda pesegue os cubanos e a centralização da economia impede que empresas estrangeiras invistam no país.
Assim como nos demais países comunistas, a economia de Cuba é contralada pelo Estado e essencialmente agrícola. A ilha é hoje o maior exportador mundial de açúcar e seus derivados. O tabaco é outro gênero que traz bons rendimentos à economia cubana. O país lucra muito também com o turismo e os cassinos, existentes principalmente em Havana.

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