Paolo Gabriele afirma que desejava “ajudar a trazer a Igreja de volta ao seu caminho certo”
por Jarbas Aragão
Depois de meses de investigação do caso de vazamento de documentos sigilosos da Santa Sé, conhecido como Vatileaks, o julgamento do ex-mordomo do Papa, Paolo Gabriele, se aproxima e com isso traz muitas revelações.
Em 23 de maio Gabriele, 46, foi preso em sua casa no Vaticano depois da polícia encontrar uma série de documentos sigilosos em seu poder. Seu advogado, Carlo Fusco, anunciou que ele pedia desculpa pela dor que causou ao líder máximo da Igreja Católica.
A motivação do mordomo teria sido fazer uma “faxina” na Igreja Católica e por isso estaria juntando esses documentos. Em 19 de maio de 2012 foi publicado na Itália um livro contendo fotocópias de correspondência privada do Papa. Segundo a investigação dos Serviços de Segurança e Defesa Civil do Vaticano, Paolo Gabriele, é responsável pelo furto desse material confidencial que foi repassado ao autor do livro. Seu objetivo seria “criar escândalo e desacreditar a Santa Sé e o Papa”.
Na ocasião, Papa Bento XVI nomeou uma Comissão de Cardeais para realizar uma investigação sobre o vazamento dessas informações que teriam sido fotocopiadas de um material ao qual somente o papa poucos líderes teriam acesso.
Com isso, foi feita uma busca no apartamento de Gabriele, onde foram encontradas cópias de muitos dos documentos presentes no livro. Ficou comprovado também o envolvimento de Claudio Sciarpelletti, especialista em informática, e funcionário da Secretaria de Estado do Vaticano.
Com isso, foi feita uma busca no apartamento de Gabriele, onde foram encontradas cópias de muitos dos documentos presentes no livro. Ficou comprovado também o envolvimento de Claudio Sciarpelletti, especialista em informática, e funcionário da Secretaria de Estado do Vaticano.
Sciarpelletti foi acusado de “falso testemunho, colaboração real no crime, de roubo qualificado de documentos e cumplicidade na violação de segredos de Estado”. Ele foi preso e durante o interrogatório afirmou que duas outras pessoas teriam lhe passado documentos para serem entregues a Gabriele. Como não apresentou provas disso, o mordomo continua sendo acusado de desacato às instituições do Estado, espionagem, calúnia e difamação e furto qualificado.
Para reduzir o tempo de investigação e de execução, o Vaticano ateu-se apenas ao furto qualificado. Durante o segundo interrogatório, dias 5 e 6 de junho, Gabriele confessou ter “duplicado os documentos fotocopiando no escritório e, em seguida, levando-os para casa.” Mas ele justificou seus atos de uma maneira que surpreendeu a muitos, alegando pensar que estava fazendo um favor pois o Papa não estava “devidamente informado.”
“Vendo mal e corrupção em toda parte na Igreja… estava certo que esse choque da mídia seria saudável para ajudar a trazer a Igreja de volta ao seu caminho certo… Eu pensava que este papel era justamente do Espírito Santo, pelo qual me sentia, de certa forma, guiado”.
Afirmou ainda que ele procurou e contatou pessoalmente o autor do livro, mas que nunca recebeu dinheiro ou outros benefícios. Contudo, o Juiz de instrução do caso aponta que foram encontrados na casa Gabriele, durante a busca, três objetos que pertenciam a Bento XVI: um cheque bancário de 100.000 Euros a nome do Papa, proveniente da Universidade Católica Santo Antônio de Guadalupe. Uma pepita de ouro, presenteada ao Papa pelo diretor do ARU do Peru, Guido del Castillo. Uma gravura da Eneida, traduzida por Annibal Caro, e impressa em Veneza em 1581, dada como presente ao Papa.
Gabriele não negou e o Promotor de Justiça do caso, Piero Antonio Bonnet, declarou o encerramento parcial da investigação. Paolo Gabriele será julgado por crime de furto qualificado e Claudio Sciarpelletti responderá ao Tribunal por crime de cumplicidade. Os dois irão a júri popular, ainda sem data marcada.
Traduzido de Chicago Tribune e Huffington Post
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