domingo, 27 de novembro de 2011
Andando sobre as águas
Certa vez, Jesus mandou que seus discípulos fossem adiante dele para o outro lado do Mar da Galiléia. Então, o Mestre despediu a multidão e foi ao monte orar (Mateus 14.22). Em princípio, esta não seria uma situação complicada para os 12, porque alguns deles eram pescadores experientes e sabiam navegar muito bem. Além disso, a visibilidade era boa, pois o dia ainda estava claro. Certamente, poderiam atravessar o mar sem que Jesus estivesse com eles.
O início da viagem parece ter sido tranqüilo. Contudo, o tempo passou e a tarde chegou (14.23). De repente, começou uma ventania e o mar ficou bravio (14.24). A noite caiu e eles não conseguiam chegar ao outro lado. Já estavam no meio do mar, mas o vento contrário não os deixava avançar. Viram-se então em apuros, em perigo, correndo risco de naufrágio e morte.
Podemos comparar esta cena às nossas vidas ou algum momento vivido. Temos tantos alvos, propósitos, objetivos. Queremos chegar a algum lugar, alcançar a concretização dos nossos sonhos e projetos. No primeiro momento, pensamos que conseguiremos sozinhos, por conta própria. Afinal, somos fortes, capazes e experientes. Sabemos aonde vamos. Conhecemos a rota, os remos, as velas e a maré. Entretanto, o tempo passa e a tempestade vem. A noite chega e os ventos se tornam contrários. Os impedimentos se multiplicam e muitas forças querem nos impelir na contramão dos nossos planos. Quando procuramos a ajuda dos nossos amigos, vemos que todos estão no mesmo barco e na mesma dificuldade.
No meio do mar revolto, os discípulos perderam o controle da embarcação, que era arremessada pelas ondas de um lado para o outro. Porém, o texto nos diz que, na quarta vigília da noite, depois das 3 horas da madrugada, Jesus foi até eles (Mt.14.25). O Mestre não os abandonou. Vemos naquele versículo a manifestação da misericórdia divina. Todavia, eles podem ter questionado: por quê Jesus demorou tanto? Nossa idéia de tempo é diferente da idéia que Deus tem. Afinal, ele vive na eternidade. Nós vivemos na ansiedade. Queremos tudo imediatamente. Esperar é um sacrifício, principalmente para o homem moderno. Muitas vezes, Deus não nos socorre imediatamente porque ele tem um propósito nisso. É o tempo necessário para valorizarmos mais a sua presença, clamando pelo seu nome em oração. Enquanto isso, esgotam-se as nossas forças, nossos recursos e nossa auto-confiança. Somos desafiados a crer somente nele.
Jesus vem ao encontro daqueles que estão no meio da tempestade, perdidos, amedrontados ou até desesperados. Muitos momentos da vida se parecem com aquela situação dos discípulos. A tormenta de cada um pode ser o conflito conjugal, a separação, a solidão, a enfermidade, o desemprego, o aperto financeiro, a falência, etc. Nesse momento difícil, é preciso erguer os olhos e ver Jesus (14.26). Ele é a nossa única esperança.
Cristo vinha andando sobre o mar, pisando sobre aquilo que os discípulos temiam. Ele é soberano, domina sobre todas as coisas e supera todas as nossas expectativas. Os discípulos o viram, mas não o reconheceram. Jesus então lhes disse: “Tende bom ânimo. Sou eu. Não temais.” (14.27). Eles estavam amedrontados e desanimados, mas o Senhor lhes trouxe a sua palavra para encorajar, erguer e animar. Ainda hoje, este é o efeito da palavra de Deus sobre nós.
Pedro, o mais atirado do grupo, disse a Cristo: “Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas” (14.28). E ele lhe disse: “Vem” (14.29). Jesus veio até nós, mas nós também precisamos ir até ele, ou seja, ele nos socorre, mas nós precisamos crer e aceitar a sua ajuda. Não vamos esperar que ele resolva tudo sem o nosso conhecimento ou sem a nossa participação. Pedro precisou sair do barco e caminhar até o Mestre.
Apesar de toda a complexidade da situação, os discípulos ainda confiavam no barco. Precisavam confiar apenas em Jesus. O barco é aquele último recurso terreno que nos impede de caminhar com o Senhor. Precisamos descer, renunciando àquilo que nos prende.
Pedro desceu, mas 11 discípulos continuaram a bordo. A maioria não foi tão longe. Todos queriam o Mestre, mas não estavam dispostos a correr grandes riscos para se aproximarem dele. As maiores experiências com Deus estão reservadas para aqueles que são mais ousados. Isto não significa fazer qualquer loucura, mas apenas atender à palavra de Deus, saindo da zona de conforto e indo além dos limites humanos. Pedro ouviu a voz do Mestre dizendo: “Vem”. Sobre a palavra de Jesus, Pedro depositou sua fé. Além de crer, ele também agiu. Temos então: palavra, fé e ação. O resultado é o milagre.
Aos olhos humanos, a ação de Pedro era um suicídio, perda total, o fim. Contudo, aquele ato de fé era o início de uma jornada extraordinária.
Jesus não arrancou Pedro do barco. Ele precisou demonstrar o exercício de sua própria vontade ao descer e caminhar. Era uma questão de escolha, decisão e iniciativa. Da mesma forma, Jesus continua chamando a muitos. Ele diz: “Vem”. Ele nos chama para uma vida sobrenatural, para andar sobre as águas. Pedro andou (14.29). Ali aconteceu o imprevisível, improvável e impossível. Pedro encontrou segurança e firmeza no meio da instabilidade. Se você crê em Jesus, o impossível pode acontecer. Deus pode trazer soluções inimagináveis. Contudo, isto não se concretiza simplesmente a partir da nossa vontade, embora possamos pedir, como Pedro fez. O fator determinante é uma palavra de Jesus a nosso favor. Se cremos na palavra de Deus e agimos de acordo com ela, em obediência, o sobrenatural acontece.
Pouco depois de descer do barco, tendo dado alguns passos sobre as águas, Pedro começou a afundar (14.30). Por quê isso aconteceu? Está escrito que ele “sentiu o vento forte”. O que percebemos com os sentidos físicos pode ser contrário à fé. Para andar com Jesus não podemos depender de sentidos ou sentimentos. Vamos sentir, ver e ouvir muitas coisas contrárias, mas a nossa fé está firmada na palavra de Deus.
O fato de Pedro ter começado a afundar nos mostra a fragilidade humana, até mesmo dos grandes homens de Deus. Todos os apóstolos viram que Pedro não era infalível nem igual a Jesus, mas dependente dele. Assim, a nossa fé não pode depender dos servos de Deus que conhecemos hoje ou daqueles que já morreram.
Quando começou a afundar, Pedro clamou pela ajuda de Jesus: “Senhor, salva-me” (14.30). Não adiantaria pedir ajuda a outra pessoa. Pedro clamou ao Senhor e foi salvo da morte. Da mesma forma, em se tratando de salvação das nossas almas, só Jesus pode nos ajudar, pois só ele é o Salvador. Está escrito: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm.10.13).
Naquele momento, todos os discípulos foram salvos, porque Jesus entrou no barco e o ventou cessou. Aquela circunstância tão adversa foi útil para que eles conhecessem um pouco mais sobre Cristo, seu poder e sua divindade (14.33). Assim acontece conosco. Deus permite que passemos por situações difíceis para que tenhamos novas experiências pela fé e o conheçamos um pouco mais. Teremos, então, novos motivos para louvá-lo e adorá-lo.
O versículo 34 nos diz que eles chegaram ao outro lado do mar. Sozinhos não conseguiriam, mas, com Jesus no barco, a chegada é garantida. Não vamos desistir nem naufragar. Muito além de alcançar nossos objetivos neste mundo, o mais importante é que, com Jesus, chegaremos ao reino celestial e com ele viveremos eternamente.
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