sábado, 23 de julho de 2011

Deixando-O, fugiram...

“Então, todos os discípulos, deixando-O, fugiram.” (Mt 26:56)

ELE nunca os abandonou, mas eles, por covarde temor de perderem a vida, deixaram-No, precisamente, naquele momento, em que começavam os Seus sofrimentos. Este é só um exemplo instrutivo da fragilidade de todos os crentes se são deixados sozinhos; eles não são senão ovelhas, na melhor das hipóteses, que fogem, q

uando o lobo vem. Todos eles tinham sido avisados do perigo, e prometeram morrer antes que deixar o seu Mestre; e contudo, foram acometidos de pânico súbito e fugiram. Pode ser que eu, ao começar este dia, haja resolvido suportar alguma prova por amor ao meu Senhor, e imagine estar certo de mostrar perfeita fidelidade; porém, devo desconfiar de mim mesmo, não seja que tendo eu o mesmo coração mau de incredulidade, deixe o meu Senhor como fizeram os apóstolos. Uma coisa é prometer, e outra completamente diferente, é cumprir. Se eles tivessem permanecido corajosamente à mão direita de Jesus, teriam sido eternamente honrados; eles fugiram da honra; que Deus me livre de os imitar! Onde teriam eles permanecido mais seguros do que ao lado do seu Mestre, que podia chamar num instante doze legiões de anjos? Eles fugiram da sua verdadeira segurança. Oh Deus, não permitas que me eu engane também! A graça divina pode converter em valente o covarde. O pavio que fumega pode arder como o fogo sobre o altar, se Deus o quiser. Estes mesmos apóstolos que eram tímidos como lebres fizeram-se intrépidos como leões, depois que o Espírito desceu sobre eles; e ainda assim, o Espírito Santo pode converter o meu espírito covarde em corajoso para confessar o meu Senhor e para testemunhar da Sua verdade.

Que angústia terá abarrotado o Salvador ao ver os Seus amigos tão infiéis! Este foi um amargo ingrediente na Sua taça, mas aquela taça ficou vazia; não permita Deus que eu ponha nela outra gota. Se eu abandonasse o meu Senhor, iria crucificá-Lo outra vez e expô-Lo a uma vergonha pública. Livra me, oh bem-aventurado Espírito, de um fim tão vergonhoso!

FONTE: Morning's Meditation—C. H. Spurgeon
www.spurgeon.org

Lança o teu pão sobre as águas...


, porque depois de muitos dias o acharás.” (Ec 11:1 )

Não devemos esperar ver uma imediata recompensa por todo o bem que façamos; nem tão-pouco devemos limitar os nossos esforços a lugares e pessoas que pareçam ter a probabilidade de dar-nos uma recompensa pelos nossos trabalhos. O egípcio lança a sua semente sobre as águas do Nilo, onde isso nos poderia parecer um desperdício completo de grão. Mas no devido tempo a inundação do rio baixa, o arroz e os outros grãos afundam-se no lodo fértil, e rapidamente a colheita é produzida. Façamos hoje o bem aos ingratos e aos maus. Ensinemos os descuidados e os obstinados. As águas improváveis talvez cubram um terreno que dá grandes esperanças. Em nenhum lugar o nosso labor no SENHOR será em vão.


O nosso trabalho é lançar o nosso pão sobre as águas; fica com Deus o cumprir a promessa: “o acharás.” Ele não permitirá que a Sua promessa falhe. A Sua boa Palavra que temos falado viverá, será encontrada, e será encontrada por nós. Talvez não aconteça já, porém um dia segaremos o que temos semeado. Temos de exercitar a nossa paciência, ou quiçá o SENHOR a exercite. “Depois de muitos dias”, diz a Escritura, e em muitos casos esses dias transformam-se em meses e anos, e, não obstante, a Palavra permanece verdadeira. A promessa de Deus cumprir-se-á; devemos preocupar-nos com guardar o preceito, e guardá-lo neste dia..

Autor: Spurgeon

segunda-feira, 18 de julho de 2011

CURSO LIVRE DE TEOLOGIA

PANORAMA BÍBLICO


INTRODUÇÃO

Ao lermos a Bíblia nos deparamos com milhares de termos e expressões de época que torna o texto por vezes indecifrável, isto se deve ao fato de que a Bíblia foi escrita a dezenas de séculos atrás, em uma sociedade de hábitos peculiares, ou seja, próprios da época e dos costumes desse tempo. Entre o homem moderno e os escritos bíblicos existem diversos abismos: culturais, geográficos, sociais, tecnológicos, religiosos, econômicos, etc. O ignorar que o conhecimento dos contextos dos tempos bíblicos (a este contexto chamamos de Panorama) é uma necessidade, faz com que muitas pessoas obtenham a pior interpretação possível de suas leituras bíblicas. Mesmo vivendo na mesma época é bem provável que pessoas de diferentes regiões do mundo não se entendam mesmo falando a mesma língua, pois as expressões que usam são diferentes; neste caso existem bem menos abismos entre estas duas pessoas do que entre um escritor bíblico e nós.
Um missionário quando vai ao campo já sabe antecipadamente que sofrerá um choque cultural e terá um tempo de adaptação na nova cultura em que vive, terá de compreendê-la para fazer com que aquelas pessoas compreendam o evangelho. Imagine você conversando com um cidadão inglês e você diz a ele que vai "tomar o ônibus", então ele responde "como pode? Em um ônibus caber muito líquido", ele entendeu que você iria beber (tomar) um ônibus; então ele lhe pergunta "você quer dizer que vai ter um ônibus" e você responde "não eu não vou comprar um". A confusão aconteceu porque o brasileiro diz que vai tomar um ônibus já o americano diz "I will have a bus", ou seja, eu vou ter um ônibus.
Aqui está o porquê desta Disciplina, ela lhe dará conhecimento sobre os contextos sociais, econômicos, culturais, tecnológicos, religiosos, etc. que você necessitará ter para compreender muitas coisas ao ler a Bíblia. Se às vezes é difícil conversar com um vizinho que veio de outra região do mesmo país por que você não conhece a sua sociedade, imagine então que para compreender muitas coisas escritas há dezenas de séculos atrás é realmente necessário um estudo das sociedades dos tempos bíblicos.
Para se realizar este estudo é necessário ter a mente aberta para poder compreender a mente de outras pessoas que viveram na antiguidade, muita pesquisa, assim como também é necessário saber de antemão que nunca se obterá um sucesso absoluto neste tipo de pesquisa. Esta disciplina, de certo modo lhe introduzirá em meio a tais sociedades e após cumprir esta disciplina você poderá ler a Bíblia quase como uma pessoa da época, e isto é de suma importância, pois você deve primeiramente compreender o que o texto bíblico dizia ao homem na época, para depois poder compreender o que ele diz para o homem contemporâneo. Como exemplo veja um estudo sobre a sétima igreja de Apocalipse que é Laodicéia e para que as pessoas compreendam o conteúdo desta sétima carta tivemos que fazer um estudo dos contextos da região na época para que todos possam dessa maneira compreender ao lerem o que João escreveu. Confira a importância disto, pois o estudo segue abaixo em cor azul:

LAODICÉIA
Texto (Ap 3.14-22) : “Trinitarian Bible Society” em português.
14 E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a Testemunha Fiel e Verdadeira, o Princípio da Criação de Deus:
15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente!
16 Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.
17 Como dizeis: Sou rico, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;
18 Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e para ungires os teus olhos com colírio, para que vejas.
19 Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso, e arrepende-te.
20 Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, eu entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.
21 Ao que vencer eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono.
22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
A cidade: Laodicéia era uma cidade rica da Ásia menor (atual Turquia), fundada por Antíoco II em aproximadamente 250 a.C., era situada ao lado sul de uma das grandes estradas comerciais da Ásia menor, localizava-se nela o encontro de três grandes estradas comerciais, por isto tinha sua prosperidade garantida. Era também um importante centro bancário, foi ali que Cícero viajando para assumir o governo da província da Cicília em 51 a.C., sacou suas ordens de pagamento. Tais bancos financiaram a reconstrução da cidade depois de um terremoto que a destruiu em 60 d.C., e nesta época, Laodicéia de tão rica que era recusou por orgulho uma verba especial votada e liberada pelo senado romano para sua reconstrução. Não precisava realmente de coisa alguma.
Muitas atividades e produtos faziam Laodicéia famosa, dentre elas se destacam, a lã negra e lustrosa produzida no vale do Lico da qual eram produzidos finas capas e tapetes; ela tinha também uma ótima escola de medicina, uma industria de colírios, famosas águas mornas carregadas de sódio que vinham da vizinha Hierápolis que eram impossíveis de beber sem causar vomito, e outras. Sob o imperador Diocleciano foi elevada a situação de capital da província da Frígia.

Interpretação:
14 E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a Testemunha Fiel e Verdadeira, o Princípio da Criação de Deus:
FIEL - Nesta carta Jesus se autodenomina deste modo, isto serve para contrastar com a infidelidade desta igreja. Apesar daquela comunidade não ser fiel, Deus estava dizendo que Ele era.

15 - 16 Eu conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.
MORNA - Morna é a condição da igreja que vive em harmonia com o mundo, assemelhasse em comportamento com as pessoas ímpias ao seu redor; professa o cristianismo, mas, na verdade é miserável na fé. Assim como suas águas eméticas eram recusadas como nojo até por viajantes sedentos, o Senhor recusava Laodicéia com o mesmo nojo, e usava a imagem destas águas para que pudessem entender.

17 Como dizeis: Rico eu sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que tu és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nú;
GANANCIOSA E ORGULHOSA – No comentário sobre a cidade, já lemos sobre seu contexto econômico e cultural. Laodicéia era uma cidade mergulhada na ganância e na comodidade, imaginava que possuía riquezas espirituais e virtudes cristãs, e isto a cegava para o entendimento da doutrina cristã que é simples. Mas como poderiam ser pobres se eram ricos, cegos se tinham o melhor colírio e nús se produziam tecidos finíssimos?
Todo cristão que diz: “eu não preciso de coisa alguma”, engana-se gravemente, pois somos todos miseráveis sem Jesus na retaguarda, precisamos Dele em todos os sentidos. Deus é nossa fonte de fé, de graça, de sabedoria, de amor, precisamos do Seu amor, da Sua proteção, do Seu Espírito, da comunhão com os irmãos, etc. Este mesmo sentimento de auto-suficiência foi o principio da queda de satanás, e busca-la foi o principio da queda do homem. Tinham tudo e não tinham nada, eram miseráveis, pobres, cegos e nús.

18 Eu te aconselho que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e para ungires os teus olhos com colírio, para que vejas.
Laodicéia tinha em abundância cada produto citado aqui: ouro, finos tecidos e colírio, mas o que o Senhor quis dizer com “de mim compres” é que não se tratava dos produtos da cidade, pois estes eles já tinham, mas de ouro, roupas e colírio do Senhor. No versículo anterior o Senhor os chamava de pobres cegos e nús, e para estes Ele diziam eu tenho ouro para vossa pobreza, colírio para vossa cegueira, e roupas para sua nudez espiritual. Estes produtos que o Senhor oferece são de graça e comprados com a prática da fé. Os produtos de Laodicéia não traziam a verdadeira riqueza.


19 Eu repreendo e castigo a todos quantos eu amo; seja mui zeloso e arrepende-te.
Misericordioso que é o Senhor, repreende seus filhos para que não os perca, e este pedido de arrependimento vem após o conselho sobre como proceder corretamente. Ele diz: Disciplinarei cada um de vocês, para que se voltem a mim, e arrependam-se. Isto também denota que Deus castiga o homem com pesar. Todavia note-se que a repreensão vem antes da disciplina, e se não há uma resposta do homem à repreensão Divina, certamente virá o castigo.

20 Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, eu entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.
Esta frase para mim é triste, Cristo é mal quisto, mas, Ele está sempre pronto a ser aceito novamente, e o pecador que se arrepender sempre terá livre acesso à Cristo que sempre rejeitou. O povo da rica cidade de Laodicéia sentindo-se bem materialmente e farto, não sente necessidade de Jesus e trocou-o por conforto e comodidade. Mas o Senhor esta dizendo “estou aqui a vossa disposição, se me procurarem, prazer terei em vocês novamente, cearei convosco”, talvez até esta ceia refira-se à ceia das bodas do cordeiro.

21 Ao que vencer concederei eu que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono.
Para cada igreja há uma promessa distinta; esta promessa de certo vem ao encontro do interesse deste povo. Para Laodicéia o senhor promete que o vencedor (aquele que guardar seus preceitos) sentar-se-á num trono. Pensando na população rica de uma cidade, isto poderia vir ao encontro de cada um, mas este trono não era nos padrões humanos, e sim nos celestiais; o que esta sentado nele é um soberano riquíssimo e também humilde, poderoso mas amoroso, reto e justo.
__________

Vemos neste breve estudo o Senhor usando os próprios elementos da cidade na época para falar com seus cidadãos. Se lêssemos simplesmente sem conhecer nada disto o que iríamos entender?
Este tipo de conhecimento é importante também para que você comece a se "sentir" como um homem da época, pois pesquisar sobre aspectos físicos pode ser até de um certo modo fácil, mas tentar entender os sentimentos de um homem da época isto sim é muito difícil, o que lhe provocaria ódio, esperança, patriotismo, choro, angústia, alegria, quais os fatos, aromas, paisagens, cerimônias que poderiam mexer com seus sentimentos e de que modo. Não é suficiente você entender de que consistia o ofício de pastor, mas o sentimento que ele trazia consigo por ter a profissão mais desqualificada de toda uma sociedade; como se sentia um pescador que passou a noite toda deslocando um pesado barco a remo e puxando e redes pesadas e ásperas ao chegarem em casa cansado a encontrar-se com sua família?
Este tipo de estudo não nos leva somente a compreendemos melhor o texto bíblico, mas também os personagens bíblicos, tal como o próprio Jesus que era um judeu e vivia em meio a esta mesma sociedade alimentando-se e vestindo o que era comum. Não conhecer este tipo de estudo foi o que instituiu em muitas igrejas pesadas tradições que tornou a vida cristã em uma masmorra, pois a maioria destas igrejas apóiam-se nas epístolas aos Coríntios sem saber que o apóstolo Paulo estava em meio a uma sociedade completamente mergulhada na imoralidade, onde a prostituição é uma das fontes de renda da região.

__________


ÍNDICE

01. HABITAÇÃO - …....... pág. 06
02. CIDADES E POVOADOS - …....... pág. 09
03. FAMÍLIA - …....... pág. 11
04. VESTIMENTAS E VAIDADE - …....... pág. 14
05. COZINHA - …....... pág. 19
06. MEDICINA - …....... pág. 23
07. MATRIMONIO - …....... pág. 26
08. O SEXO - …....... pág. 29
09. A MULHER - …....... pág. 32
10. TRABALHO - …....... pág. 33
11. EDUCAÇÃO - …....... pág. 38
12. ESCRAVOS - …....... pág. 41
13. POBREZA - …....... pág. 44
14. AGRICULTURA - …....... pág. 48
15. PECUÁRIA - …....... pág. 53
16. A MÚSICA - …....... pág.56
17. OS FUNERAIS - …....... pág. 57
18. TRANSPORTE E COMUNICAÇÕES - …....... pág. 58
19. JUDAÍSMO - …....... pág. 61
20. PAGANISMO - …....... pág. 70
O altar ao deus desconhecido – Atos 17.23. - 71
21. DELITOS E PUNIÇÕES - …....... pág. 72
22. PESOS, MEDIDAS E VALORES - …....... pág. 76
23. GOVERNO ROMANO - …....... pág. 81
24. ESPORTES - …....... pág. 84
25. ESCOLAS EPISTOLARES - …....... pág. 86

__________

1. HABITAÇÃO

Casas e telhados
Nos tempos bíblicos as casas eram constituídas de somente um cômodo, e eram pequenas tinham aproximadamente 15m quadrados, uma escada lateral e externa levava ao telhado que era normalmente um segundo cômodo de toda casa naquela época, todas as atividades da família eram realizadas fora da casa, portanto à moradia era usada somente para dormir e para as refeições.
Por dentro o piso tinha dois níveis no mais alto dormia toda a família, todos juntos e no mais baixo poderia dormir alguns animais e estimados pela família, se a família tivesse poucos animais todos dormiam dentro da casa. No telhado da casa muitas atividades eram feitas, por exemplo: reuniões de família, atividades sociais e em noites mais quentes a família toda dormia no telhado, nele era comum haver tantas atividades que em Deuteronômio 22:8 manda que se construam parapeitos nele, que geralmente eram grades de madeira. Como as diferenças sociais eram poucas em meio a sociedade judaica então as moradias não mudavam muito, eram quase todas iguais. A vida do povo judeu era tranqüila, havia muito carinho e aconchego familiar, os pães eram assados em fornos de barro, à noite instrumentos musicais eram tocados na área de fora e as casas iluminadas pelas lamparinas de azeite.
Os tais telhados que eram planos, exigiam do construtor da casa cuidados especiais, pois era a sala de estar da família, era armado com pesadas vigas de madeira sobre as quais se colocavam varetas e depois tudo era recoberto com uma mistura de barro e palha picada, as famílias com melhores condições financeiras aplicavam ladrilhos sobre o barro para o conservarem das chuvas que os desgastavam, outros plantavam grama para os protegerem da erosão, regulamente era preciso lixa-lo para mantê-lo impermeável e apesar de todos os cuidados as goteiras eram inevitáveis, mais cedo ou mais tarde sempre apareciam.
As mulheres quase sempre trabalhavam no telhado, amassando pão, tecendo, secando frutas como figo, tâmaras, catando cereais, lavando ou secando roupas, etc. Certa vez em Atos 10:9 Pedro foi orar no telhado; ele também era usado para anunciar coisas importantes em alta voz, veja em Mateus 10:27, Lucas 12:3. As construções de dois cômodos naqueles tempos eram raras, era mais comum fazerem pequenos cômodos no telhado que serviam de quartos para hóspedes ou de aposento para oração, em Mateus 6:6 Jesus disse que ao orar deveriam entrar no quarto ao invés de exibir sua religiosidade.
Talvez num destes aposentos Jesus celebrou a ceia com seus discípulos (Lucas 22:12), neste caso tratava-se de um lugar espaçoso e mobiliado; também após sua ascensão os seus discípulos tivessem se reunido num lugar semelhante (Atos 1:13). Em alguns locais as casas eram ligadas umas às outras em meia parede, portanto os telhados também eram ligados formando uma grande passarela isto na época era chamado como uma rua de telhados que por muitos eram usadas como ruas comuns. Jesus certa vez disse que no dia do juízo quem estiver no telhado não deveria descer para pegar nada em casa (Mateus 24:17).

Encanamentos
As técnicas de encanamento são tão antigas quanto a fundação das primeiras cidades, mas, foi só na época de Jesus que estavam tomando providências para se instalar vasos sanitários. Para os romanos era comum banheiro e água encanada em casa, em algumas das cidades mais sofisticadas já haviam fossas com esgoto encanado ou valas, os canos eram de cerâmica semelhante aos nossos. No primeiro século as casas de pessoas mais ricas possuíam até banheiras e sistemas de aquecimento de água.

Iluminação
Nos tempos bíblicos além das casas hebraicas serem pequenas eram também escuras, pois, a janelas eram poucas, pequenas e localizadas no alto das paredes. Os modos que haviam de iluminar a casa eram geralmente à luz do fogão, lampiões ou lamparinas; naquela época não havia as velas, portanto quando na Bíblia se lê a palavra castiçal é um erro de tradução, o que havia parecido com o castiçal era o Menorá, um candelabro de ouro que tinha pavios mergulhados em azeite de oliva. O que era chamado lâmpada naquele tempo eram tigelas de azeite com uma depressão na borda onde se colocava o pavio que geralmente era de linho ou algodão. As lâmpadas mais simples eram feitas de barro e outras mais sofisticadas de bronze ou outro metal, as lâmpadas podiam ser adornadas com desenhos ou mesmo terem formatos de animais, os judeus não gostavam de lâmpadas com formatos, pois, abominava a idolatria.
Mesmo que fosse de dia a casa deveria ter sempre algo aceso dentro, pois eram realmente escuras, e o azeite era barato, também deveria se deixar a lâmpada sempre acesa, pois, era realmente difícil obter fogo o que faziam atritando pedras. Certa vez Jesus contou a parábola da dracma perdida (Lucas 15:8), as pessoas da época entenderam facilmente que o fato da mulher ter pego a candeia para procurar a moeda foi uma tarefa difícil, pois procurava em um ambiente escuro com auxílio de uma luz muito fraca, além do que uma dracma era muito dinheiro para época; e na parábola das dez virgens (Mateus 25:1-4) eles também entenderam muito bem o drama que é deixar uma lâmpada apagar, e agora você também pode compreender estas coisas como uma pessoa da época.
A mulher que sempre fazia o papel de dona-de-casa tinha inúmeros deveres, dentre os quais manter a lâmpada acesa, se você for mulher agradeça a Deus de não ter nascido naquela época. Haviam lâmpadas fixas que ficavam instaladas nas paredes internas ou externas da casa sobre os veladores que eram pequenas prateleiras, dependendo da necessidade podia-se ter uma ou muitas destas instaladas, havia também as portáteis. Disse certa vez Jesus que ao acender uma lâmpada deveríamos colocá-la no velador para que tivesse utilidade (Mateus 5:15), agora conhecemos porque disse isto.

As mobílias
Como a maioria das casas eram pequenas e só possuíam um cômodo também não tinham muitas mobílias, o que só iria atrapalhar o pouco espaço. As refeições eram feitas em cima de uma pele ou esteira que se estendia no chão, as mesas e cadeiras eram coisas de pessoas ricas, nem sequer uma banqueta era utilizada entre os hebreus.
Quando Jesus celebrou a páscoa com seus discípulos muito provavelmente utilizou-se de uma pequena mesa que ficava a poucos centímetros do chão coberto por uma esteira ou tecido, a possibilidade de ter usado mesa e cadeira vai de acordo com o nível do local em que a ceia foi celebrada, alguns dos seguidores de Jesus eram pessoas ricas, portanto, se a ceia foi celebrada na casa de alguém rico usaram realmente mesa e cadeira, o que não está de acordo com a realidade no quadro de Leonardo da Vinci foi o fato de terem usado um lado somente da mesa. Normalmente as pessoas faziam suas refeições sentados em cima das esteiras como os orientais ou deitados de lado apoiados no cotovelo.
Uma mobília que era comum era o baú onde se guardavam coisas de diversas naturezas e ficava no canto da casa, famílias mais ricas possuíam camas e armários, no Salmo 110:1 quando se lê "colocaria os teus inimigos por escabelo dos teus pés", poucos sabem que escabelo é um pequeno baú cuja tampa é forrada para servir de assento, era também usado para se colocar os pés em cima para descansá-los. Os colchões eram também esteiras ou peles de animais, pela manhã eram enrolados e colocados nos cantos das paredes, mas também havia os estrados de madeira que na época eram coisas sofisticadas. Não havia cobertores, pois as pessoas dormiam com a mesma roupa que usava um dia todo, se estivessem um pouco mais frio colocavam uma túnica a mais. Os travesseiros eram feitos de pelo de cabra com enchimento de lã ou penas. Havia também os tapetes, que era coisa de casas mais ricas, assim como divãs.
Os vasilhames eram tigelas ou jarras geralmente de barro colocadas em rentes prateleiras, onde guardava de tudo, desde substâncias medicinais, azeite, a água e outros; em casas mais ricas os vasilhames poderiam ser de materiais mais caros tais como cobre, bronze, porcelana, e até decorados.

Os alicerces
Geralmente o piso das casas era de cerâmica ou terra batida. Também era usado barro endurecido ou argamassa na construção do piso. Em casas mais ricas às vezes faziam-se pisos de pedra calcária que era mais fácil de limpar. O terreno onde era construída a casa era escolhido, pois, deveria ser firme (Mateus 7:24-27), naquele tempo havia ameaças de terremotos, ventos fortes e tempestades seguidas de erosões, eram comuns as fundações profundas para fincar a construção em camadas de argila ou a rocha; as paredes e o reboco da casa durava muito menos que os seus alicerces, portanto quando uma casa estava muito velha era derrubado, mas, o alicerce era aproveitado para a reconstrução.


As portas
Nas casas hebraicas que eram pequenas havia somente uma porta geralmente feita de madeira, não utilizavam dobradiças, eram presas em um caixa de pedras e se moviam facilmente, e apesar de serem pequenas e estreitas a sua soleira era sagrada e construída com muito cuidado, esta soleira era de pedra e durante a páscoa se passava sangue nela por causa da ocasião em que foram libertados do cativeiro egípcio.
Nas regiões rurais elas ficavam sempre abertas, mas na cidade aonde havia constantes perigos de furto, possivelmente ela deveria permanecer fechada. Na ombreira da porta, ficava fixado o mezuzá, que era um tubo de metal ou uma caixinha que tinha um pergaminho contendo o texto de Deuteronômio 6:4-9, este trecho bíblico era chamado de Shema ou credo; o mezuzá é usado até hoje pelos judeus. O mezuzá tinha um orifício, pois quando o Shema era colocado dentro dele, era dobrado de um tal modo que o termo "todo-poderoso" ficasse à vista através deste orifício. O propósito do Mezuzá era identificar a fé dos moradores daquela casa, e proteger a casa também, quando se saía o entrava em casa era normal beijar os dedos e tocar no mezuzá. Havia fechaduras e chaves que eram imensas, as pessoas costumavam carregá-la penduradas no pescoço, também se trancava a porta com uma viga de madeira atravessada por dentro.

As janelas
Como a região do oriente médio é bastante quente a janelas da casa tinham o único objetivo da ventilação, e não iluminação, portanto eram construídas no alto das paredes, a outra função da janela era de chaminé, portanto havia sempre uma acima e na direção do fogão, eles não utilizava vidraças embora já existissem. Apesar das casas serem escuras nestas janelas ainda utilizavam um gradeamento de madeira tipo uma persiana para controlar a entrada de luz, tais persianas eram fechadas em noites frias. Haviam casas construídas sobre as muralhas da cidade, portanto suas janelas que eram altas em relação ao solo eram usadas também para fugas (2º Coríntios 11:33), o jovem Êutico que caiu do terceiro andar em (Atos 20:9) deve ter caído de uma destas janelas.

Paredes
As paredes das casas hebraicas eram lisas e não podiam ter adornos, pois a lei mosaica proibia o uso de imagens, em algumas sinagogas as paredes eram decoradas com imagens que retratavam passagens da história. As paredes ou eram construídas com barro seco ou com tijolos, estes eram fabricados em buracos no chão onde era prensado barro úmido com palha seca, após os elementos misturados eram colocados para secar em formas de madeira, aonde o sol forte do oriente médio o secava rapidamente.
Os oleiros faziam tijolos mais sofisticados para palácios de moradias mais ricas e estes tijolos além de possuírem estampas eram cozidos em fornos. A qualidade do tijolo variava muito de acordo com a formula, e os preços variavam proporcionalmente também, os melhores tijolos tinham mistura de areia, cal e até gesso, o mesmo poderiam ter outros materiais melhores tais como betume ou piche. Depois de preparadas as paredes geralmente eram caiadas. Quanto pior era o material mais trabalho dava para conservá-la, pois, poderiam sofrer desgaste até mesmo como o vento, poderiam sofrer rachaduras ou aparecer orifícios por onde animais poderiam entrar (Amos 5:19). Geralmente os hebreus davam mais atenção aos alicerces do que ao acabamento.

Quintais
Os quintais eram sem dúvida a parte da casa que a família mais apreciava, o tamanho dele, o que possuía, e de que modo eram decorados variavam de acordo com a condição financeira da família, mas a maioria das casas tinham quintal pequeno. Geralmente era bastante utilizado pela família, um centro de atividades, alguns eram calçados com ladrilhos, e a maioria deles possuía um poço, quem não possuísse um tinha de buscar água no Rio mais próximo.
Pessoas mais ricas tinham água encanada e cidades mais sofisticadas tais como Cesáreia e Tessalônica, possuíam uma ampla rede de esgoto. Pouquíssimas eram as casas que possuíam hortas e jardins, em sua maioria cultivavam apenas algumas folhagens. As plantações que deveriam suprir a necessidade da cidade eram feitas do lado de fora dos muros em hortas extensas, o Getsemani, por exemplo, onde de Jesus foi traído por Judas é uma plantação de oliveiras. Até mesmo as refeições eram preparadas no quintal antes de serem levadas ao fogão que eram de barro. As festas das famílias eram realizadas ali também, eles faziam fogueiras tocavam instrumentos dançavam e cantavam alegremente.
2. CIDADES E POVOADOS
Nos tempos bíblicos as casas não eram isoladas uma das outras a não ser que fosse em território agrícola, mas a grande maioria delas estavam agrupadas em povoados, sempre localizados próximos a nascentes ou rios, nos dias de Jesus Cristo havia aproximadamente 240 cidades somente na Galiléia. Estes povoados eram bastante pequenos não tinham sinagogas nem tribunais, Belém e Emaús são exemplos dessas cidades, já Nazaré pelo seu tamanho nem era considerada nas listas oficiais tanto dos judeus como dos romanos. Mesmo assim muitos preferiam viver nestas cidades pequenas, pois havia a possibilidade de terem seu jardim ou horta em seu próprio quintal além de mais privacidade, além do que quanto maior a cidade maior era o custo de vida.
As cidades grandes eram geralmente cercadas com muralhas, Jerusalém é um exemplo de uma destas, estas muralhas tinham grandes portões, e o fluxo de pessoas durante o dia era muito intenso através dos mesmos, portanto boa parte do comércio da cidade localizava nestes portões, ali os mercadores montavam seus negócios e contratavam funcionários. Por volta do primeiro século foi criada uma lei interessante que desobrigava a esposa de seguir o marido se este resolvesse mudar de uma cidade para um povoado vice-versa por causa da mudança drástica de hábitos que sofreria.

Hospitalidade
A hospitalidade era uma característica marcante do povo judeu, sempre que chegava uma visita a uma casa judaica esta deveria ser recebida com toda atenção os seus pés deveriam ser lavados, coisa que geralmente é feito pela esposa do anfitrião; nas casas de pessoas mais ricas os escravos faziam isso. A maioria seguia à risca este tipo de tradição enquanto uma pequena minoria era realmente indissociável, a hospitalidade já estava tão arraigada na sociedade judaica que a generosidade entre eles era franca, vejamos alguns exemplos:
• Não receber uma visita era considerado paganismo (Lucas 16:19-25).
• Jesus mesmo nos ensinou que deveríamos abrir a porta de nossa casa para os pobres e aleijados (Lucas 14:13).
Tudo o que a casa poderia oferecer deveria ser compartilhado com a visita, e alguns aproveitadores exageravam por causa desta liberdade. A hospitalidade parece ser um dos alicerces da fé tanto no judaísmo quanto no cristianismo. Todo forasteiro deveria ser recebido como amigo, e lhe deveria ser dado abrigo, alimento e roupa se fossem necessário. Algumas passagens do Novo testamento falam claramente sobre isso (Romanos 12:12; Tito 1:8; 1º Pedro 4:9), e até três epístolas inteiras do Novo Testamento são dedicadas a este assunto: Filemom, 2º e 3º João. O gesto de tirar o sapato ao entrar numa casa além de servir para não trazer sujeira para dentro da casa era uma preparação também para que seus pés fossem lavados.

As barracas
Na época dos patriarcas era comum a vida em barracas, eram acampamentos fáceis de montar e desmontar, pois eles constantemente viajavam de uma região a outra em busca de boas pastagens para os gados de ovelhas, naqueles tempos até mesmo os homens que viviam nas tais tendas almejavam um dia habitar em residências fixas, morar em barracas não era algo desejável. Algumas passagens bíblicas usam as barracas com algum significado: 2º Pedro 1:13; 2º Coríntios 5:1-4.
Os hebreus não tinham natureza nômade nem se habituavam a morar em barracas, mais desde o início a história deles vem sendo marcada por este tipo de habitação, antes mesmo de Abraão algumas pessoas já vivem em barracas, um personagem antediluviano "Jabal" foi o pai dos que habitam em tendas e possuem gado (Gênesis 4:20), talvez ele tenha sido o primeiro nômade. As barracas ou tendas em sua maioria eram feitas com pele de animais costuradas umas às outras e estendidas sobre mourões de madeira, depois as pontas das tendas eram amarradas às placas fincadas no solo. Todos os mantimentos da barraca também eram armazenados em grandes sacos feito com peles de animais, utensílios de cozinha, lâmpadas, almofadas, etc., e carregados em lombos de jumentos. A tenda sempre era armada em locais que pudessem oferecer sombra, a água e pastagem para seus animais.
Enquanto a vida em barracas era ruim e muito simples para alguns, para os patriarcas tal como o Abraão era bastante suntuosa, pois, ele era um homem muito rico e possuíam muitos escravos e pastores, nada lhes faltava de tudo tinham em abundância.

Foi com a ida da família de Jacó para o Egito que terminou a fase da vida em barraca por séculos, tal o hábito só reiniciou com a peregrinação do povo hebreu pelo deserto, pois durante os 40 anos habitaram barracas novamente, e novamente chegou o fim com a entrada na terra de Canaã sob a liderança de Josué. Em Jó 4.21, fala-se "Deus arrancar a corda da tenda", você pode entender agora o que significa isto? Seria soltar toda a lona da tenda, cair tudo. Se a lona se soltasse poderia causar um incêndio por causa das lamparinas de azeite, assustar as pessoas, ou mesmo ser levada pelo vento.
O apóstolo Paulo segundo o texto bíblico era "fabricante de tendas", mas esta expressão na época não significava unicamente a fabricação de tendas, e sim era o modo de se designar o um artesão que trabalhava com couro, portanto, Paulo além de tendas fabricava chinelos, bolsas, selas para carga ou montar, além de muitos outros utensílios. Na época de Paulo o povo habitava em casas fixas, mas a demanda por tendas era grande, pois eram usadas em festejos e ocasiões especiais, assim como hoje é divertido acampar em barracas, na época de Paulo também era diferente sair de suas casas fixas para habitar em barracas por alguns dias. Paulo, Aquila e Priscila viviam do ofício de "fazer tendas" (Atos 18:3). Paulo talvez não soubesse só trabalhar com couro, pois, ele era da cidade de Tarso, famosa pela produção do Cillicium, tecido feito com pelo de cabra.
________

3. FAMÍLIA
Durante todo o período bíblico de gênesis a apocalipse, a família sempre foi muito valorizada, isto foi tanto influência da lei mosaica quanto dos ensinamentos de Jesus, o cenário mais natural para o judeu era a família constituída pelo pai pela mãe e pelos filhos. O apóstolo Paulo ao descrever o relacionamento carinhoso que os crentes deveriam ter entre si usou a imagem da família em Gálatas 6:10. Mas estas famílias também tinham seus problemas assim como as atuais. Havia problemas de maus-tratos, conflitos entre pai e filho em entre irmãos, também havia adultério, filhos não concordavam com a opinião dos pais, mas apesar destes problemas corriqueiros e relativos ao ser humano a família sempre foi a instituição mais importante da Bíblia.
Nos tempos do Novo testamento a estrutura familiar já havia sofrido muitas alterações, os pais tinham dificuldades em manter intactas suas tradições, a Palestina já havia sofrido diversas mudanças culturais por causa dos gregos e agora com os romanos, tinham recebido forte influência externa, pais e filhos não concordavam sobre cosméticos, práticas esportivas, vestimentas, práticas religiosas e outras coisas mais, tínhamos uma sociedade modernista. E o que mais contribuiu para este modernismo foram os novos meios de comunicação e de transporte, se tornou mais fácil viajar e a correspondência era remetida com mais facilidade e chegavam ao destinatário mais rapidamente. As tais estradas traziam viajantes de todas as partes cada um com suas idéias e seus costumes, eram mercadores, operários, filósofos, etc.
Quando Jesus apareceu suas idéias sociais chocaram tantos liberais quanto os preconceituosos, pois ao passo que ele pregava uma volta aos valores tradicionais buscava também uma atitude de mais compaixão e compreensão entre as pessoas. Sua receptividade para com as mulheres e para com as crianças deixava as pessoas admiradas e escandalizadas (João 4:27; Marcos 10:13), e alguns de seus ensinamentos sobre perdão e divórcio eram bastante diferente do que as pessoas estavam acostumadas.

O pai
Na sociedade judaica o pai geralmente era compassivo e amoroso e não uma espécie de tirano diante do qual todos se curvavam, na família hebraica havia conflitos normais do dia-a-dia mas raramente haviam conflitos graves pois autoridade do pai sempre prevalecia. Ele realmente exercia autoridade suprema em seu lar, poderia, por exemplo, divorciar-se de sua esposa sem sofrer com isto nenhuma consequência (Deuteronômio 24:1); o conceito judaico de pai achava-se fortemente associado a paternidade de Deus, por isto o pai era visto como alguém justo e misericordioso; Jesus quando se dirigia em oração a Deus o chamava de "Aba", que em hebraico significa papai, uma expressão usada por crianças; Paulo de Tarso afirma que a nossa adoção como filhos nos dá o direito de poder chamar a Deus de papai (Romanos 8:15; Gálatas 4:6).
A maioria dos judeus amava muito seu pai e a sua admiração por ele era profunda, assim também tinham leal obediência, a expressão mais usada para a morte era: ele descansou com seus pais (1º Reis 2:10), pois se reunir com os pais após a morte era uma das coisas mais preciosas para os judeus. José como pai de Jesus foi um homem paciente e compreensivo (Mateus 1:18-20), o pai descrito na parábola do filho pródigo (Lucas capítulo 15) é a imagem típica do pai judeu, pois deu liberdade ao filho para que fizesse escolha errada, mas vendo-o sofrer as consequências acolheu-o de volta com amor. Em Atos 16:31 é bastante curioso, pois, nós lemos Paulo dizer - "crê no senhor Jesus Cristo e serás salvo tú e tua casa"; pois sabemos que a fé daquele homem não salvaria a sua casa, mas somente a si mesmo; o significado dessa passagem é que se aquele homem se convertesse ao cristianismo toda a sua casa o seguiria nesta nova fé, e a obediência e a admiração ao pai era tanta que sua família se converteria verdadeiramente.
O pai tinha a responsabilidade de prover as necessidades de sua família, se não quisesse sustentá-la, seria considerado pior do que um incrédulo (I Timóteo 5:8), a não ser que fosse fisicamente incapacitado; tinha também de providenciar a educação dos filhos e lhes ensinar o ofício, nas famílias mais pobres os próprios pais se incumbiam disto. O pai judaico era um homem de diálogo, estava sempre conversando com seus filhos durante todo o dia, durante as refeições, trabalho, atividades sociais, durante descanso noturno, nestas famílias não faltavam o diálogo e todos eram muitos amigos; deste modo o pai passava aos filhos todas as suas convicções religiosas, sociais e políticas. Havia também em raros casos pais e filhos que não se gostavam, mas mesmo assim era obrigatória a reverencia.
O relacionamento entre marido e esposa era também muito amoroso, mas o homem judaico entendia que a sua mulher era sua propriedade como uma casa ou uma cabeça de gado por causa da interpretação errada de Êxodo 20:17.

A mãe
A mulher hebréia era treinada desde criança para ser dona-de-casa, aprendia com a mãe a lavar roupas, costurar, fazer deliciosos alimentos e sobremesas e a cuidar dos filhos. Durante séculos a mulher dependeu destes conhecimentos para o seu sucesso pessoal, e além de fazer tudo o que está citado acima na maioria das vezes trabalhava também nos campos. A sua liberdade dependia da sua criatividade, ela poderia exercer atividades profissionais como mulher de Provérbios 31:10-31, mas se casada, então a sua liberdade deveria ser estabelecida pelo marido, que quase sempre era muito amigo.
O Antigo Testamento não obriga mulher a ter uma vida restrita a casa e a família, muito pelo contrário o próprio livro de Provérbios (31) a estimula a negociar e a ter liberdade, as limitações que as mulheres sofriam tinha como origem a tradição criada por maridos autoritários; o antigo testamento somente dava realmente mais regalias ao homem, que poderia divorciar-se de sua mulher somente apresentando lhe um "termo de divórcio" por motivos banais tal como não gostar mais de sua comida (Dt 24.1), enquanto a mulher não poderia fazer nada mesmo que fosse traída pelo marido. Um dos motivos dos judeus não teria gostado das pregações de Jesus, foi porque o senhor estabelecia igualdade entre os cônjuges, negando o homem o direito de proceder deste modo (Mateus 19:9).

Filhos
Era um desejo de todo casal ter muitos filhos os que não podiam ter filhos eram vistos com olhos de piedade e todos perguntavam - "por que razão Deus não os abençoa?", a culpa de um casal não tem filhos era sempre dada à mulher, ao homem nunca era atribuído a esterilidade. O casal só se sentirá realmente satisfeito se tivesse um filho do sexo masculino, e as meninas sentiam-se menos queridas que os meninos em quase todas as casas; os judeus tinham até uma oração na qual agradecia se a Deus por não ter nascido mulher.
Quando havia alguma separação a mulher ficava com a custódia das filhas e o homem com custódia dos filhos, em raros casos o juiz quebrava este protocolo. Cuidar bem dos filhos para o casal era modo de obedecer a Deus e demonstrar à sociedade a sua competência. A criança menino ou menina nos primeiros anos de vida ficava inteiramente sob cuidados da mãe, mas o menino quando um pouco crescido já começava a ser cuidado instruído pelo pai que já o ensinava um ofício e o educava, assim como a menina continuando sob os cuidados da mãe aprendia todas as coisas relativas às atividades femininas.
É incrível a noção de educação que tinham os judeus na época dos tempos bíblicos, pois davam as crianças a possibilidade de crescerem de um modo muito sadio, creio que isto seja consequência da observância das leis dadas por Deus; a criança tinha obrigação de fazer pequenas tarefas em casa, ou com o pai se fosse menino, deste modo adquiriam senso de responsabilidade. As crianças tinham tempo para aprenderem nas sinagogas, de aprenderem com o pai ou com a mãe a sua profissão, tinham suas ocupações que nunca tomavam muito tempo, pois, o tempo dado a elas para brincar também era importante. A proximidade com os pais é muito importante pois estas crianças viviam numa sociedade pluralista, e sofriam influência de outros povos e outras culturas, seus pais sabiam que ao sentir-se bem em seu meio as crianças não um optariam por um caminho diferente.
As crianças judias brincavam muito e os brinquedos eram construídos pelos próprios pais, eles brincavam de casamentos, sacrifícios, funerais, êxodo, guerras, e tudo o mais que lembrava a sua religião e a sua história, também tinham brinquedos simples tais como apitos, chocalhos, carrinhos de madeira com rodinhas e cordinha para puxar, bolas, balances, bonecas, bolinhas de gude, marionetes, miniaturas de mobílias e vasilhas e talheres para brincar com bonecas, etc. Tinham também muitos jogos tais como amarelinha, jogo de dados e xadrez. Praticavam esportes tais como o arco e flecha, luta romana, além de manejar em bem uma funda. Até que ponto uma família adotava os jogos gregos dependia da opinião do pai. As crianças eram bem tratadas e amadas, mas também castigadas se fosse necessário (Provérbios 22:15). Mas apesar de todo este aspecto positivo, como em nossos dias havia os maus pais, que poderiam até mesmo matar seus filhos (Levítico 20:9), ou mesmo vendê-los como escravos (Gênesis 31:15; Êxodo 21:7).
Mas por que os apóstolos tentavam afastá-las em Lucas 18:15-17? Porque eles achavam que elas iam importunar o Rabi, que lhes disse: - “deixai vir a minhas criancinhas, pois delas é o reino dos céus em verdade em verdade vos digo que todo aquele que não for como uma destas criancinhas não herdará o reino dos céus”. A família hebraica sempre foi muito numerosa, e geralmente todos sempre moravam na mesma localidade, as crianças geralmente sempre se davam muito bem como era o caso de João e Tiago, mas em outros casos tal o de Esaú e Jacó havia uma certa rivalidade, que na maioria das vezes é causada pela atenção excessiva ao primogênito.

Os idosos geralmente viúvos ou não, ainda procuravam prover o sustento para sua própria casa, mesmo depois dos filhos se casarem e morarem em outras casas com suas famílias; mas quando o idoso não tinha mais condições de trabalhar, então era obrigação dos filhos perante Deus perante a sociedade de arcar com o sustento dos pais do melhor modo que pudesse fazê-lo.

As viúvas
Geralmente quando uma mulher ficava viúva ela recebia uma herança do marido que poderia ser rica ou pobre, mas se a viúva fosse muito idosa e não pudesse mais administrar os seus bens, o herdeiro era então o primogênito que também tinha por obrigação cuidar de sua mãe, o antigo testamento tinha advertências graves para que tentassem aproveitar-se de uma viúva (Ezequiel 22:7), em Salmo 68:5 Deus apresenta-se como o protetor das viúvas. Se uma mulher jovem ficasse viúva, deveria se casar de novo, mas se ela não tivesse filhos a lei obrigava o irmão do marido a casar-se com ela.
Mas haviam pessoas ruins que se aproveitavam delas, e justamente os que faziam isso eram os que se passavam por religiosos, Jesus acusou os fariseus de agirem deste modo, pois organizavam estruturas criminosas dentro da religião judaica com finalidade de furtar as viúvas (Mateus 12:40), agiam como age hoje o crime organizado; eles apelavam para o corbã ao recusarem sustentar suas mães idosas, diziam que como haviam se dedicado ao templo, o templo agora deveria sustentar seus pais (Marcos 7:11); a rejeição a esta responsabilidade para os cristãos é uma atitude pagã (Tiago 1:27). As viúvas eram tão desamparadas que a igreja primitiva teve de assumir o sustento de muitas delas (Atos 6:1), por isto o apóstolo Paulo em diversas passagens de suas cartas trata do assunto das viúvas, tal como em 1ª Timóteo 5:11; na igreja cristã primitiva uma mulher só era considerada viúva se tivesse 60 anos ou mais. Em Gênesis 38:14 fala-se de uma veste típica de viuvez, não sabemos se este costume se estendeu até os tempos de Jesus.

O lar
A casa era sagrada para o judeu, era o seu pequeno reino mesmo que fosse pequena e simples, a santidade no lar era muito fácil de manter, pois todas as vestes eram descentes e as pessoas eram dedicadas umas às outras e a sociedade não era liberal, pelo menos entre judeus; já os gregos tinham como comum a prática de esportes nu dentro dos estádios, e as mulheres gregas e romanas eram mais audaciosas. A igreja primitiva nasceu dentro dos lares, as atividades inicialmente era feita dentro dos mesmos (Atos 2:46), Paulo, por exemplo: batizou na casa de Estéfanas (1ª Coríntios 1:16), mandou saudações para casa de Onesíforo (2ª Timóteo 4:19), etc. Os lares foram o início das congregações durante os primeiros séculos, e até hoje continuam sendo. Certa vez Jesus usou a figura do dono da casa em Lucas 13:25 para falar sobre o reino dos céus.

_______

4. VESTIMENTAS E VAIDADE
As vestes já nos tempos do antigo testamento não eram sem graça, mas bonitas e bem elaboradas, desde os tempos de Moisés até Jesus o traje hebreu era a túnica, que melhorou de qualidade e aspecto sensivelmente, pois sempre foram muito bonitos.
Haviam muitos pigmentos de tecidos, a túnica poderia ser toda pigmentada para receber decorações feitas com fios pigmentados de outras cores, como bordados; ou mesmo já ser feita com os fios pigmentados formando as decorações que não poderiam retratar homem ou animal algum por causa do perigo da idolatria. Era importante que as vestes fossem confortáveis, pois as pessoas passavam o dia inteiro e dormiam a noite com a mesma túnica. Nos tempos de Jesus com a influencia grega e romana nos costumes judaicos, a túnica poderia ter sofrido também influencias.
Quanto a origem do tecido haviam de dois tipos: animal e vegetal; os de origem animal eram por exemplos os feitos com lã de carneiro ou pelo de cabras ou camelos, ou de couro de camelo que era uma peça bastante grande. A seda já existia e era famosa e cobiçada, mas somente poderia ser adquirida por alguém muito rico, pois era caríssima, importada do extremo oriente. Os de origem vegetal eram o linho e algodão, mas este último somente chegou à Palestina após o cativeiro babilônico, portanto já era abundante nos tempos de Jesus.
As tinturas tinham origem animal, vegetal e mineral; eram extraídas de insetos tal como o carmim, ou de romãs tal como o rosa, o amarelo do açafrão, etc. Havia uma verdadeira industria que gerava muito capital no campo da produção de matéria prima, fios, tecidos, pigmentos e no serviço de pigmentação, a arqueologia tem encontrado grandes estruturas em todo o mundo antigo. Dorcas (Atos 9:36-41) era hábil no oficio de tear. O tecido mais utilizado era o linho.

Tecidos finos e caros
Nos antecipamos, antecipei um pouco ao escrever sobre a seda, mas haviam outros tecidos luxuosos e pigmentos raros que davam status a vestimenta. A cor roxa e suas variantes eram muito apreciadas em todo o mundo “conhecido”, esta tinta era obtida de um caramujo; O rei Salomão mandou trazer homens de Tiro que soubessem trabalham com obras de púrpura para a construção do templo. Lídia, moradora de Filipos, uma das primeiras pessoas a se converterem ao cristianismo (Atos 16:11-15) era vendedora de roupas de púrpura, e Filipos era uma região conhecida pela produção deste pigmento. Ao lermos a Bíblia pensávamos que ela era pobre, mas agora sabemos que ela trabalhava com material de luxo, o que comparado aos nossos dias, ela era a dona daquela boutique 'chique'.
Jesus quando narrou a parábola do rico e de Lázaro (Lucas 16:19) ressaltou que o rico egoísta usava roupas de púrpura e linho finíssimo, isto significa que era muito rico, pois se sua roupa era púrpura então o tecido era caro, pois ninguém usaria um pigmento raro para tingir um tecido comum, esta veste era exterior. A veste de linho era a interior, e era semelhantemente muito cara, tratava-se de um tecido amarelo importado do Egito chamado de Bisso e era tão delicioso de se vestir que as pessoas o chamavam de tecido feito de ar.

A vestimenta comum ou popular
As peças de roupas básicas do judeu consistiam em: bolsa de dinheiro, xale, calçados e calcados extras, túnica exterior, túnica ou veste interior, cinto, chapéus ou adornos para a cabeça, isto não significa que ele andava com tudo isto de uma vez, o normal era vestir as sandálias as vestes interiores, a exterior (túnica) e o cinto, além disto somente seus apetrechos de trabalho, por exemplo se fosse um pastor teria a funda e o cajado.

A túnica exterior
Também era chamada de capa, era um tecido grande, quadrado ou retangular com uma abertura que seria a gola, e era usada também como agasalho para dormir a noite, aliás, você deve estar pensando porque se cobrir a noite em um lugar tão quente, mas no deserto as noites são muito frias, sabia? As túnicas eram listradas, tingidas com cores alegres e listradas, o tecido usado para fazê-las poderia ser muito caro ou rústico, as melhores túnicas (ou capas) eram usadas para se ir ao templo ou as sinagogas.
A capa era um motivo de orgulho, pois tinha grande valor, assim como hoje em dia mostramos nossa condição financeira pelo nosso automóvel, naqueles tempos a capa é que denotava a condição financeira de seu possuidor. A túnica servia também para ser empenhada em troca de dinheiro, pois eram muito valorizadas, mas a lei obrigava que a túnica mesmo empenhada deveria ser devolvida ao anoitecer para o seu dono, pois ele a utilizava também como cobertor. Agora sabemos que o fato das pessoas ter colocado suas capas no chão na entrada triunfal de Jesus para serem pisadas pelo burrinho que o carregava demonstra o quanto ele era amado, pois a túnica era uma peça muito estimada, isto deve ter causado uma tremenda inveja nos fariseus. A capa era tão importante que em Êxodo 22:26, 27 temos um dispositivo para a proteção da mesma.
Algumas túnicas tinham como decoração franjas na bainha e mais tarde as túnicas internas ganharam também tal decoração e também por último os xales de oração, Inicialmente estas franjas eram pressas as roupas com cordões azuis, e tinham como objetivo lembrar os mandamentos de Deus (Números 15:37-41). Depois de algum tempo muitos hipócritas passaram a exagerar nas tais franjas e as faziam bastante grande e vistosa para parecer mais religioso, isto chamou a atenção do mestre Jesus que em Mateus 23:5 fala sobre tais franjas, e agora podemos saber o que quis dizer com – “E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios e alargam as franjas de suas vestes”.
Agora podemos compreender também que quando Jesus disse em Mateus 5:40 ou em Lucas 6:29, que deveríamos dar a capa e alguém que a queira, isto é semelhante a você dar o seu melhor terno a alguém que o queira; o que ele quis dizer não é literal, mas sim que os seus direitos são menos importantes que a necessidade dos outros. Em Lucas 20:46 o mestre critica a vaidade dos fariseus ao ostentarem capas caríssimas.
O manto colocado no nosso Senhor era de cor púrpura, e digno de um rei, e os soldados estavam certos, ele era realmente rei, mas o fizeram por zombaria. A capa que Jacó fez para o seu filho José era muito especial e poderia ser de um tipo até que tinha mangas compridas, que mostravam que o seu usuário era importante e não poderia fazer serviços corriqueiros. A capa de Golias (1º Samuel 17:5) tinha 55 quilos aproximadamente e era coberta de centenas de escamas metálicas, o que era também comum como veste de campo de batalha.

A túnica interior ou interna.
A veste interior não diferia muito da exterior, era geralmente uma túnica e feita dos mesmos materiais, talvez fosse menos decorada, pois não seria vista e maioria era feita de uma cor só, também deveram ser mais leves e confortáveis. Mas outras eram decoradas e bordadas. Em Lucas 3:11, João batista disse que se alguém tivesse duas capas deveria dar uma a quem não tem nenhuma, isto é abrir mão de alguns bens para beneficiar a outros. Por varias vezes na Bíblia lemos que as pessoas rasgavam suas vestes quando revoltadas ou indignadas, isto significa tanta indignação aponto de destruir algo de valor pessoal, nós não faríamos isto, mas eles faziam. Era um modo de demonstrar ao publico o quanto estava revoltado.
A túnica de Jesus que foi tirada e dividida entre os soldados (João 19:23), deveria ser de boa qualidade, senão, porque teriam interesse nela, isto fez cumprir a profecia do salmo 22 (Salmo 22.18). As vestes de pano de saco que o povo vestia em sinal de arrependimento, eram feitas de pelos de cabras, e muitos desconfortáveis, ao vesti-las queriam dizer que estavam no pó, humilhados e envergonhados, era um sinal humilhação voluntária diante de Deus.

O cinto
Cinto ou cinta? Nas varias traduções encontramos as duas palavras, que são a mesma coisa. A cinta também com o tempo, mudou de forma e se tornou mais bela e decorada, e também podiam ser trançadas ou bordadas. O material do qual era feito também podia ser pouco ou muito caro de acordo com o poder aquisitivo do comprador, podiam ser de seda ou terem até decorações com materiais preciosos como o ouro, assim como podiam ser de linho bruto.
Mas sua função sempre foi a mesma que era prender as túnicas longas subindo-as um pouco para facilitar a caminhada ou a corrida, neste caso as pessoas ou subiam um pouco a túnica (ficando folgada do cinto para cima), ou pegavam a barra da túnica e enfiavam no cinto subindo uma das laterais e folgando o movimento das pernas. Muitas vezes uma corda amarrada na cintura substituía o cinto, mas o cinto feito de pano de saco (1º Reis 20:32) era sinal de luto. O cinto não tinha fivelas, era na verdade uma tira pouco ou muito larga amarrada na cintura para ajustar ao corpo as túnicas que eram folgadas. Quando um cinto possuía uma fivela esta servia somente para decoração e não para prender. A cinta também era usada para portar objetos, nela eram colocados punhais, facas, facões, espadas, tinteiros, bolsas de dinheiro, etc.
Cingir os lombos, expressão muito usada, significa por o cinto e preparara-se para alguma atividade, pois o cinto era tirado somente em momentos de folga, como alguém que chega em sua casa e afrouxa a gravata.

Chapéus e coberturas para a cabeça
A cobertura mais comum que os judeus usavam servia para proteger a cabeça e a nuca do forte sol do deserto, constituía-se num lenço quadrado e grande dobrado em dois de modo a formar um triangulo (como usamos os lenços atualmente), ele era colocado na cabeça com as três pontas para traz e caídas em cima da nuca; este lenço era fixado com uma corda amarrada no alto da cabeça.
Assim como em todas as outras peças de roupa este lenço poderia ser simples ou de nobre confecção, liso ou decorado. O lenço poderia ser usado para proteger os olhos ou o rosto do sol, e servia de proteção eficiente em uma tempestade de areia. Jesus provavelmente usava um destes além de um xale que era necessário para ir a sinagoga. Algumas mulheres judias usavam véu enrolado em torno da cabeça. O turbante também era usado.

Calçados
Existiam dois tipos de calçados, os sapatos e as sandálias.
As sandálias eram bem simples e parecidas com o que temos hoje, a sola era feita com algum material resistente tal com o couro e tinham tiras que se amarravam aos pés, poderiam ser usadas com ou sem meias.
Já os sapatos eram semelhantes as nossas botas de cano médio, o couro era macio e geralmente de chacal ou de hiena. Não é preciso mais dizer que também os calcados poderiam ser simples ou sofisticados. Não era permitido calçar um sapato no dia de sábado, pois, o seu principal objetivo era as grandes caminhadas ou mesmo viagem e por ser o sábado dia de descanso era então proibido o uso de botas nesse dia. Algumas botas tinham um solado grosso e resistente.
Nos tempos bíblicos todas estas coisas eram artesanais, por isto muito valorizadas, uma industria não significava automatização, e sim muitos artesãos trabalhando juntos. O profeta Amós fala que em seu tempo o povo tinha se tornado tão corrupto que os juizes aceitavam um par de sandálias como suborno em seus julgamentos. Ao se entrar em algum lar uma pessoa da casa sempre retirava as sandálias do visitante e lavava seus pés, o costumes de lavar os pés dos visitantes, trazia grande conforto a quem tivesse feito grandes caminhadas e estivesse com os pés doloridos ou feridos, mas também era sinal de reverencia. Quando o Senhor lavou os pés dos seus discípulos fez o papel deste que deveria ser sempre o servo da casa, ou o menor de todos.


PERFUMES, COSMÉTICOS E ADORNOS
Cremes e óleos hidratantes
Israel é um país quente e seco e com pouco suprimento de água, portanto o perfume era geralmente usado no lugar do banho após o dia de trabalho intenso e cansativo. A maioria das pessoas passava dos desodorantes pelo corpo ao invés de tomar banho, mas também se perfumavam mesmo quando tomavam banho; o uso do perfume faz-se a parte dos costumes do povo israelita, Jesus quando esteve entre nós naquela época não fez nenhuma proibição quanto ao uso do perfume.
Os cremes também eram bastante usados e não só por mulheres, mas, também por homens para hidratar a pele, por causa do clima seco e quente a pele ficava geralmente ressecada e rachada; para hidratar a pele se usavam cremes e óleos especiais. Tanto homens quanto mulheres os usavam em abundância, eram bastante cuidadosos com relação à sua aparência.



O incenso
O incenso era largamente utilizado na época de Jesus Cristo para se perfumar o ambiente das casas judaicas, muitas eram as fragrâncias. Eles queimavam incenso dentro de casa para afastar os insetos e perfumarem o ambiente. Alguns homens e mulheres antes de saírem de casa sentavam-se ao lado do incensário para perfumarem-se com sua fumaça, mas antes passavam óleo na pele para absorverem melhor o perfume, assim a pele, os cabelos e as roupas ficavam impregnados do aroma, algumas pessoas usavam saches debaixo das roupas para se perfumarem e, esse sache na maioria das vezes era feito com material do incenso.
O incenso e a mirra eram tão preciosos que as pessoas os consideravam ofertas dignas de serem dadas a Deus. O incenso entrava na composição dos perfumes do tabernáculo (Êxodo 30:34-38), também era usado na oferta de manjares (Levítico 2:15,16). O incenso e a mirra também são citados em várias passagens românticas do livro Cantares de Salomão.

Os perfumes
Assim como os perfumes eram usados para adorar a Deus, eram usados também em situações indignas como em provérbios 7:17 onde a prostituta perfuma sua cama com mirra, aloés e cinamomo. O corpo do senhor Jesus Cristo foi perfumado com mirra e aloés (João 19:39).
Na cidade de Betânia, Maria derrama sobre a cabeça de Jesus um frasco cheio bálsamo de nardo puro, um dos perfumes mais caros da época, fabricado a partir de uma flor rosada cultivada no norte da Índia. Ela pegou um pequeno frasco cheio deste bálsamo quebrou o gargalo dele e derramou sobre Jesus, ao ver isto Judas ficou transtornado, pois o valor daquele frasco equivalia a um ano de trabalho para um trabalhador comum. O Aloés também eram perfumes extraídos de flores, é produzido a partir de uma planta da família do lírio, normalmente também era misturado com mirra. Uma das formas usadas para se extrair o perfume era mergulhar as flores em gordura quente. A produção dos perfumes óleos de cremes era em larga escala visto que eram muito consumidos, havia uma verdadeira indústria de cosméticos e perfumaria.

Os unguentos
Quando alguém recebia uma visita em casa era um costume da época que o dono da casa ungisse a cabeça do convidado com óleo, isto geralmente era feito em banquetes. Para isto, colocavam na cabeça do visitante um pequeno cone feito com algum perfume, este cone era feito à base de óleo e em contato com o calor da cabeça e ele ia se derretendo e o perfume e a sendo espalhado pela cabeça do convidado e até pingava em suas roupas.
Apesar deste costume ser dispendioso, era uma tradição de muito valor por causa da importância da hospitalidade para o povo judaico, por isto até as famílias mais pobres tinham unguentos muito valiosos guardados para momentos especiais. Eles eram guardados em vidros, caixas, garrafas ou sacos. O tipo mais comum era o feito com óleo de azeitona. As fórmulas para fabricação de estas substâncias eram passadas de pai para filho em caráter de segredo. O incenso e a mirra são fabricados a partir da seiva de arbustos, o seu tronco é ferido com fendas das quais escorre seiva que é colhida em pequenos potes, esta seiva cristaliza-se após uns quatro meses, quando então é transformada em pó e vendida para aromatizar óleos, incensos, cremes, cosméticos, etc.

Os cosméticos
Todos os tipos de cosméticos que temos hoje em dia já existiam na Antiguidade, e eram bastante apreciados tanto por gentios como por judeus. As mulheres pintavam as unhas das mãos e dos pés e usavam batom, também pós faciais, rouge, e maquiagem para os olhos. Em 870 a.C. a rainha Jesabel já se maquiava de acordo com o estilo das mulheres fenícias, os profetas Jeremias e Ezequiel falam dos cosméticos de forma depreciativa (Jeremias 4:30; Ezequiel 23:40), mas Jesus nada observou sobre isto.

As jóias
As jóias eram bastante comuns também naquela época, as mulheres e homens judeus as usavam. Grandes grampos eram feitos só para prender o cabelo, como em nossos dias. Os acabamentos de algumas das jóias eram feitos de forma delicada e detalhada, e também havia jóias caras e bem elaboradas e outra simples, algumas feitas de material precioso e outras não.
O brinco era muito apreciado, era usado tanto por homens quanto por mulheres, eles eram usados pelos judeus como objetos decorativos, mas por outras civilizações como espécie de amuletos. Os brincos no nariz também eram muito apreciados por mulheres de outras nações, os judeus não tinham este costume. Os judeus e cristãos tinham restrições quanto ao uso de jóias, pois os pagãos lhe atribuíam poderes sobrenaturais a elas, o que na época caracterizava seu uso como uma prática pagã, por isto Paulo e Pedro condenavam o uso (1ª Timóteo 2:9; 1ª Pedro 3:3), e o comparavam a doutrina.
Os egípcios usavam jóias bastante extravagantes como largos colares, mais os judeus gostavam de correntinhas, colares, anéis e pulseiras. As jóias também eram usadas como sinal de riqueza, os anéis dos homens deveriam ser usados na mão esquerda, somente mulheres punham anéis da mão direita. Os braceletes também eram bastante usados desde a época do rei Saul (2º Samuel 1:10). As mulheres judias tinham o costume de confeccionar um colar com dez moedas de dracma, que era usado na ocasião de seu casamento, talvez daí venha o significado da parábola da dracma perdida (Lucas 15:8). Os espelhos na época eram de metal polido ou de vidro, eram baratos, pois havia em abundância.

Cabelo e barba
Jesus usava barba, embora isto não tem nenhuma importância teológica, pois se tratava de um costume de seu povo, na época de Jesus a barba raspada significava que o povo fora derrotado. Os sacerdotes não poderiam entrar no templo se a barba estivesse aparada. Mas havia os judeus que sofreram influência greco-romana que usavam sua barba raspada. Jesus cresceu em Nazaré, e de acordo com alguns documentos históricos o cabelo e a barba nesta região eram usados penteados divididos no meio, e os cabelos compridos até os ombros.
Desde a época do império grego já havia na palestina, pessoas com a profissão de cabeleireiro e massagista, alguns judeus não se acostumavam com o esta idéia. As mulheres usavam alguns penteados diferentes tais como coques no alto da cabeça, caixilhos, trancinhas ou uma trança única. As mulheres mais ricas prendiam o cabelo com redes de ouro. A bela mulher de cantar de cantares usava tranças no cabelo. Apesar dos cabelos brancos serem bastante respeitados entre os judeus, alguns preferiam tingidos, pois preferiam parecerem mais jovens do que as honrarias que são atribuídas aos anciãos; o rei Herodes pintava seus cabelos de preto.
Na época de Jesus Cristo havia vários cortes de cabelos masculinos, os gregos o usavam bem aparados, já os judeus os usavam compridos até os ombros ou muito comprido. Existiam já também as perucas postiças feitas com pelos de animais e até mesmo com cabelo natural. Geralmente tanto gentio como judeu gostavam sempre de estar com o cabelo muito bem arranjado penteado e perfumado. Jesus também não fez nenhuma proibição quanto a este assunto.
________

5. COZINHA
Nos tempos bíblicos as famílias tinham alimento em abundância, eles tinham hortas nos quintais, criavam galinhas, e gados, tinham árvores frutíferas, e sempre uma vinha. O que faltava era adquirido na maioria das vezes em permutas, com negociantes de outros tipos de mercadorias, tais como peixes e cereais. Outras coisas poderiam ser adquiridas por permuta com alimentos tais como túnicas, perfumes, etc. Mas estas coisas eram mais comum de serem compradas mesmo.
Para quem tivesse melhores condições financeiras, haviam também os alimentos importados. A alimentação de quem havia saído do judaísmo para o cristianismo sofria uma forte mudança, pois, ao passo que os judeus tinham muitas restrições para alimentarem-se os cristãos gozavam de uma ampla liberdade, principalmente após os escritos de Paulo. Para os judeus, comer e beber bem eram uma das alegrias da vida que devia ser muito cultivada, a maioria dos lideres religiosos deliciavam-se de bons alimentos em quantidade e qualidade. Jesus apreciava bastante as refeições e os banquetes, e por isto era criticado por seus adversários (Mateus 11:19; Lucas 7:34).

Peixes
Como naquela época não havia refrigeração os pescados deveriam ser consumidos frescos ou salgados, o processo de salgar era muito comum, havia muitas salgas. Alguns tipos de peixes eram consumidos somente por gentios, pois, os judeus pela lei de Moisés somente poderiam comer peixes de escamas, então as raias, bagres e enguias eram consumidas somente por gentios. Alguns pescados Israel exportava para regiões distantes. A pesca descrita pela Bíblia era feita tanto no mar da Galiléia quanto no rio Jordão. Os crustáceos eram proibidos pela lei, talvez fosse pelo fato de ser difícil de conservar, mas eram também exportados. As perolas eram comercializadas, mas, as ostras não podiam ser consumidas.
A pesca não acontecia somente em água doce, mas no mar mediterrâneo também. A pesca era abundante e gerava divisas para o estado, pois havia uma porta de Jerusalém conhecida como a porta do peixe, e era por lá que os peixes entravam após serem comprados no porto, lá também ficava sempre um dos coletores de impostos do estado romano. A forma mais comum de preparar o peixe era assa-lo sobre braseiro e isto é muito saudável, é o que conhecemos por churrasco. O peixe mais comum do cardápio judaico era um pequeno parecido com uma sardinha, que se costumava comer com pães de centeio.

Sal
O sal nos tempos bíblicos era usado por todos os povos de várias maneiras:
1. Para salgar alimentos, conservando-os.
2. As ofertas queimadas e de manjares deveriam ter sal (Levítico 2:13; Ezequiel 43:24).
3. Para esfregar em recém nascidos como anti-séptico. Embora outros povos tinham com isto uma intenção supersticiosa, que o sal representava alguma espécie de proteção espiritual.
4. Inutilizar a terra semeando sal nela (Juízes 9:45), sabemos que se o sal for espalhado sobre a terra nada mais poderá nascer neste lugar. Isto era feito por exércitos inimigos para enfraquecer por longuíssimo prazo a nação invadida, ao deixa-la saberiam que não se recuperaria e não representaria ameaça nunca mais.
5. Era usada em alimentos em geral, e até a massa do pão tinha sal,
6. O Judeu não tinha problemas em encontrar sal, muito pelo contrário tinham em abundancia no mar morto, e até exportavam.
7. Jesus citou diversas vezes o sal em seus ensinamentos (Mateus 5:13; Marcos 9:50; Lucas 14:34, 35).

Mel
O mel é um alimento usado pelos judeus desde os tempos mais antigos, os irmãos de José levaram mel ao Egito em Gênesis 43:11. Ele era ingerido como remédio, usado como adoçante, no confeito de doces, em bolos, etc. Calcula-se que deveria haver muito mel em Israel, pois em Êxodo 3:8 foi descrita como a terra que emana leite e mel, e não se sabe se havia apicultura naquela época em Israel ou se todo mel era selvagem.
Os escritores de salmos e provérbios usaram a figura do mel para ilustrar verdades espirituais (Salmos 19:10; Provérbios 16:24). Nem sempre quando a Bíblia fala sobre mel trata-se de mel de abelhas, pois algumas vezes o termo mel refere-se a um néctar doce retirado de uvas e tâmaras, e este tipo era exportado em sua maioria. Quando lemos que João Batista se alimentava de mel silvestre e gafanhotos, logo pensamos: “pobrezinho!”, mas na verdade gafanhotos com mel eram prato muito apreciado e tinha na natureza, não era necessário compra-lo, os gafanhotos eram muito consumidos, João não os comia porque não tinha o que comer. O mel costumava ser consumido com quase tudo, com gafanhotos ou com peixe (Lucas 24:42).

Figos
O figo era muito apreciado não somente nos tempos de Jesus, mas em toda história bíblica, ele já estava presente no jardim do Éden (Gênesis 3:7). Nos dias de Jesus era uma fruta muito apreciada e facilmente encontrada, era muito cultivada em plantações próprias e sua produção visava não somente o consumo da fruta fresca, mas também a produção de pastas, figos secos e vinho coisas que eram exportadas. O sicômoro, árvore em que Zaqueu subiu para ver Cristo era uma espécie de figueira.
A figueira era plantada em meio aos outros cultivos por causa de sua enorme sombra e delicioso fruto. O homem do campo de vez em quanto necessitava de uma sombra para refrescar-se do Sol escaldante do oriente médio, e a figueira não somente davam uma sombra extensa (pois seus galhos estendem-se para os lados), mas tem um fruto muito delicioso.

Leite
O leite sempre foi um alimento muito consumido mundialmente em todas as eras. Nos tempos bíblicos o povo consumia leite de vaca, cabra, ovelha e camelo (fêmea). Como não havia um modo de conservar o leite, ele era consumido em forma de coalhadas, iogurtes e queijos. Também costumavam coser cabrito em leite, mas a lei proibia coser cabrito no leite de sua mãe (Deuteronômio 14:21).

Tâmaras
As tâmaras eram também muito consumidas, e dela era feito xarope, mel, vinho ou pasta, ou tâmaras secas, era um dos alimentos básicos. A região de Jericó era famosa por sua produção, quase tudo era exportado após a secagem.

Ovos
Os ovos eram um alimento comum, nos tempos de Jesus quase todos judeus tinham suas galinhas no quintal (Mateus 23:37; Marcos 13:35). Os comiam fritos ou cozidos como fazemos hoje, e também passavam ovos mexidos sobre peixes ao fritá-los os assa-los.

Azeitonas
O óleo de oliva era utilizado para diversos fins:
1. Na preparação de alimentos.
2. Para banhos de óleo.
3. Tratamento de doenças.
4. Iluminação.
5. Temperar saladas.
6. Untar assadeiras para pães ou bolos.


O óleo era encontrado em quase todas as casas de Israel. As oliveiras crescem lentamente e demoram quinze anos para começarem a dar frutos, mas depois produzem por séculos, um exemplo disto são as oliveiras do Getsemani, algumas são dos tempos de Jesus e continuam produzindo até hoje. Elas adaptam-se perfeitamente ao clima do oriente médio seco e rochoso. Algumas delas foram derrubadas, pois sua madeira é de primeira qualidade. A oliveira brava citada por Paulo em Romanos 11:17-24 era uma espécie semelhante a oliveira comum, mas não dava frutos, algumas traduções as chamam de zambujeiro.

Gafanhotos
Nos tempos de Jesus, os gafanhotos eram muito apreciados. Após remover as asas, patas e cabeças, eles eram consumidos crus, refolgados, assados, cozidos ou secos. Ao ser cosido com água e sal o seu sabor lembra muito o do camarão. Era também triturado e misturado com a massa do pão. Os gafanhotos mais comuns eram verdes e grandes.

Vinho
O vinho era muito apreciado por muitos e rejeitado por outros. Ele sempre foi alvo de muitas discussões, alguns os proíbem terminantemente e outros os consomem moderadamente. Acontece que muitos são os termos bíblicos que designam os vinhos, pois os vinhos eram feitos de muitas frutas (uvas, tâmaras figos, romãs, etc). Os judeus consideravam o vinho uma dádiva de Deus, e criam que o próprio Deus ensinou a Noé o segredo de sua fabricação. Após serem recolhidas as uvas eram deixadas expostas ao sol, isto aumentava seu teor de açúcar, depois eram esmagadas com pés e seu suco escoria para pequenos tanques onde era deixado para fermentar durante uns 50 dias, depois era colocado em talhas (João 2:6) de pedras ou odres (Mateus 9:17). Os trabalhadores que pisavam as uvas faziam isto em clima de festa, dançando e cantando alegremente.
Jesus não teve nenhuma atitude contrária ao vinho, mas João Batista não o consumia; em João 2:1-9 Jesus transforma água em vinho de muito boa qualidade, a prova disto esta na declaração do mestre-sala que disse ao noivo – “Todo homem põe primeiro o vinho bom e, quando já tem bebido bem então o inferior, mas tu guardaste até agora o bom vinho”. Jesus foi criticado por beber vinho (não teria sido criticado por beber suco), como lemos em Mateus 11:18, 19 os fariseus o criticavam por uma suposta embriagues, Provaria isto que o vinho era fermentado?
Assim como em toda a história, naqueles tempos muitos não sabiam aprecia-lo e se embriagavam, por isto a Bíblia traz inúmeras advertências (Efésios 5:18). Jesus o usa em Mateus 9:17 como figura para ilustrar ensinamentos. Com tudo isto, nós não queremos dizer que aprovamos ou desaconselhamos o uso de bebidas alcoólicas, queremos nos ausentar disto, somente queremos dizer que, qualquer que seja a postura de uma determinada Igreja ou Comunidade em relação a este assunto eles hão de ter suas razões em fortes e profundas evidências bíblicas.

Verduras
Nos tempos bíblicos eram usados a cebola, alface, alho, beterraba, pepino, vagens, lentilhas e alho porro. Estas verduras eram consumidas cruas, cozidas ou temperadas em saladas. Podia-se também utiliza-los para temperar outros alimentos ou mistura-los.

Carne
Já as carnes não eram muito consumidas, as carnes vermelhas eram mais utilizadas em banquetes, casamentos e festas. Eles evitavam abater os animais por causa dos seus outros produtos e utilidades, tais como leite, lã, transporte, etc. As carnes consumidas eram de vacas, ave domestica, cabras, cordeiros, ou aves selvagens como codornas, perdizes e gansos, também comiam caças como veados, gazelas, corça, etc. Os Judeus não poderiam comer carne de porco, lebre, camelo e muitos outros animais.


Temperos
Os judeus apreciavam bastante os temperos, os mais usados eram o alho, mostarda, hortelã e canela. Costumavam misturar condimentos na massa de pães e bolos. Tudo era bem temperado, todo os alimentos tinham seu modo especial de ser temperado.

Cereais
Os cereais mais comuns eram o trigo, a cevada, o centeio e o painço (uma espécie de capim comestível). Quase todos os pães eram feitos de trigo e cevada, também eram feitos pães de centeio.

Frutas
Muitas frutas eram consumidas, tais como uva, figo, romã, tâmara, amora, pistácio (uma espécie de noz), castanhas, melão, melancia, etc.

Refeições
Os judeus oravam antes e depois das refeições, era uma exigência da lei (Dt 8.10), não havia um procedimento exato para esta oração, o pai orava ou todos juntos ou mesmo o convidado. Alguns em vez de orarem, rezavam, pois assim como os católicos eles também tinham suas rezas já pré escritas, uma destas orações é repetida até hoje entre os judeus –“Bendito sejas, Jeová, nosso Deus, Rei do mundo, que fazes o pão brotar da terra”.
Jesus sempre orava antes das refeições (Mateus 26:26; Lucas 24:30).
O alimento era servido na mesma vasilha em que era preparado, não havia talheres e todos comiam com as mãos, mas não havia contato, pois os alimentos eram pegos com pedaços de pães e comidos com os mesmos, ou os pães eram apreciados depois de mergulhados em deliciosos molhos. O comer na mesma vasilha era para eles importante, um sinal de união, e se houvesse um convidado, era um gesto cordial o anfitrião pegar um bocado de alimento da vasilha e dar-lhe; eles pegavam o pão com a mão e introduzindo-o na vasilha pegavam o seu bocado. Era sinal de muita má educação levar a mão a vasilha junto com outra pessoa, faziam como fazemos hoje –“primeiro você por favor”, então imagine só Judas levando a mão a vasilha junto com o mestre (Mateus 26:23), isto denota a tremenda falta de consideração de Judas para com Jesus.

Lavagem das mãos
Para os judeus era muito importante lavar as mãos antes e depois das refeições, já que pegavam os alimentos com as mãos. Pelo regulamento judeu tinha de se lavar as mãos jogando água nos dedos e deixa-la escorrer até os pulsos, o que era para ser um ato simples de higiene virou um ritual religioso, e tudo isto deveria ser feito com uma quantidade de água igual a um ovo a meio. Quando os fariseus criticaram Jesus por não ter lavado as mãos (Lucas 11:38), na verdade o criticaram por não ter lavado as mãos segundo este critério. Você poderia tomar um banho, mas se não cumprisse este ritual para eles você estava de mãos sujas.

Preparo dos alimentos
Preferencialmente preparavam seus alimentos no quintal, para isto possuíam até pequenos fogões portáteis, que poderiam ser retirados de casa, desta forma a casa não ficava enfumaçada e cheirando a comida. Muitos eram os tipos de combustíveis que usavam: lenha, esterco seco e gravetos. A lenha era mais rara e quando a achavam geralmente a vendiam, o que era mais comum era o esterco seco, pois incendiava com muita facilidade e mantinha chama por um bom tempo. Quem possuía mais condições poderia comprar carvão vegetal. Os fogões tinham uma abertura embaixo onde se punha lenha ou esterco, e em cima um orifício por onde saia um vapor muito quente onde era colocada a vasilha.
Um problema sério era os insetos: mosquitos, moscas e pulgas, a água para o consumo tinha de estar sempre bem tampada e apesar disto os insetos sempre entravam nas vasilhas, por isto a água antes de ser consumida era coada; por isto o povo entendeu claramente quando Jesus falou em coar mosquitos (Mateus 23:24).
6. MEDICINA
Naqueles tempos, (assim como hoje) existiam os médicos formados em escolas altamente capacitadas o que equivaleria para a época a um curso superior, mas também havia os charlatões que ministravam porções mágicas e outras coisas mais. Quem necessitasse de um atendimento deveria confiar sua vida na mão de um médico, e eles eram muito mal vistos, pois, a medicina na época era muito limitada e não tinha cura para muitas doenças, o que o médico podia fazer na maioria das vezes era melhorar o padrão de vida de um enfermo, mas não curá-lo.
Nos evangelhos vemos que naquela época não faltavam os doentes, aonde Jesus ia faziam-se filas de enfermos para serem curados. Também naquela época quem tinha melhores condições financeiras era melhor e mais rapidamente atendido, enquanto que os pobres morriam e acabavam vitimas de suas enfermidades. Algumas pessoas apreciavam os médicos, mas a maioria tinha medo ou desprezo por eles, muitos os achavam os piores criminosos da terra.
Havia provérbios naquela época que mostravam bem isto:
a) Todos os médicos até mesmo os melhorem mereciam o geena (inferno).
b) Não more numa cidade governada por um médico.
c) Médico cura-te a ti mesmo (este era um ditado conhecido até entre os chineses, gregos, egípcios, etc, e foi usado pelo Senhor Jesus em Lucas 4:23).
d) Abençoados sejam os médicos que não cobram preços elevados.
Havia também os céticos que não criam que os médicos pudessem curar, mas o fato é que já havia na época conhecimento para a cura de várias enfermidades. O honorário do médico era uma questão delicada, muito achavam que eles não deviam cobrar pelo seu trabalho, o talmude expressa esta idéia. Os rabinos aconselhavam o povo que não utilizassem médicos caros demais. Havia um médico muito famoso chamado Umna que não cobrava por seus serviços, mas ele tinha uma caixa onde pedia que cada um colocasse lá o que poderia pagar.

Escolas de medicina
Havia muitas e boas escolas de medicinas, Israel tinha escolas em Tessalônica, Laodicéia, e outras cidades, mas a maior e melhor era a de Alexandria no Egito que foi fundada em 300 a.C. Os professores de Alexandria tinham muitas instruções especificas acerca de muitas enfermidades. O papiro médico de Edwin Smith contém muitas informações sobre conhecimentos médicos do antigo Egito, cita quarenta e oito tipos de lesões e seus tratamentos, indica também tratamentos para dez males em que se suspeitava ter havido lesões cerebrais.
Para as fraturas já havia os moldes de gesso, o óleo de rícino era laxante, o uso de ervas medicinais era muito comum. Mas os médicos não eram todos clínicos gerais, pois já havia também os especialistas, que também viajavam para fazer cursos, dar aulas ou clinicar, já havia os dentistas, psiquiatras, ginecologistas, obstetras, etc. Na Palestina o governo exigia do médico uma licença especial para clinicar, que era ignorada pela maioria. Era uma profissão muito difundida, pois em todas as cidades havia pelo menos um médico. Os rabinos exerciam a medicina também, muitos deles estudavam medicina.

Operações
Havia também muitos instrumentos cirúrgicos, tais como: Serras, pinças, bisturis, grampos, etc. com os quais se faziam muitos tipos de cirurgias diferentes. Os judeus chagavam a remover cataratas dos olhos e cirurgias no cérebro através de aberturas quadradas no crânio. Muitas cirurgias cerebrais tinham sucesso. Muitos ossos já foram descobertos com placas de metal inseridos. A cirurgia mais comum era a circuncisão, todo menino ao completar o oitavo dia era circuncidado, a operação consiste na retirada do prepúcio, esta pequena cirurgia era feita com uma faca de pedra (pederneira) que era um instrumento de corte afiadíssimo como uma gilete. Contudo as facas eram geralmente de metal.
Em Gênesis 17:12 Deus ordena que a criança fosse circuncidada ao oitavo dia, o curioso é que isto esta absolutamente correto no ponto de vista cientifico, pois é no oitavo dia que a criança já possui a quantidade de vitamina K (produzida pelo fígado) para que ocorra a coagulação do sangue. Como iriam saber disto? Deus revelou!

Obs: Quando o Senhor Jesus disse em (Mateus 12:5) que aos sábados os sacerdotes violam a lei e ficam sem culpa, ele se referiu a lei de Moisés que proibia o trabalho no sábado e a circuncisão, pois se o menino completa-se o seu oitavo dia no sábado, então a lei deveria ser desobedecida, pois deveriam trabalhar, catando lenha para acender fogo e ferver água para esterilizarem os equipamentos cirúrgicos, e depois da circuncisão também deveriam fazer os curativos no menino.

A anestesia
Eram drogas, tais como ó ópio ou soníferos, que eram ministrados em mais ou menos quantidade dependendo da necessidade.

Próteses
Já faziam pernas e braços postiços, pois em muitos casos a medicina limitada da época somente achava a solução em uma amputação, os rabis proibiam as pessoas de andarem com suas próteses no sábado, pois carrega-las poderia significar trabalho. Havia as dentaduras e os dentes postiços, e eram muito usados, pois os judeus gostavam muito de doces o que estragava seus dentes rapidamente. Para amenizar as dores de dentes, os dentistas usavam o alho, raiz de parietária, esfregavam sal ou fermento nas gengivas para melhorarem as dores. Os dentes postiços eram feitos de madeira, marfim, ossos, prata, ouro, etc.

Pesquisas
Muitos médicos e cirurgiões eram pesquisadores respeitados, um deles chamado Mar Samuel, inventou um aparelho com o qual podia examinar estômagos por dentro. Tais médicos utilizavam animais como cobaias, dissecavam cadáveres, etc.

Sangrias
Faziam-se muitas sangrias naquela época, porque muitos pensavam que as doenças estavam no sangue do paciente. Elas eram feitas com o auxilio de sanguessugas que eram colocadas em várias partes do corpo ou com pequenos cortes, eles pensavam que eliminando parte do sangue estariam eliminando parte da doença também. Esta prática perdurou até por volta de 1800 d.C, mas hoje em dia muitos médicos pensam em trazer de volta tal tratamento, pois a ciência já sabe que a saliva das sanguessugas contém um forte analgésico que age também sobre as dores do paciente, e também outras substâncias benéficas. Era até aconselhado que mensalmente se fizesse uma sangria para permanecer mais saudável, ou por prevenção.

Medicamentos
• Para perda de peso era indicado o leite de cabra.
• Para alguns males orgânicos era indicado o mingau de cevada misturado a outros ingredientes.
• Verduras e legumes eram usados também no tratamento de enfermidades.
• Para impotência a folha da mandrágora era a indicada.
• O mel era utilizado para dores de garganta, era também colocado diretamente sobre as feridas.
• Para dores no estomago utilizavam o alecrim, hissopo, arruda, erva de bicho, etc.
• Para irregularidades nas batidas cardíacas era indicado um copo de cevada com leite coalhado.
• O azeite e o vinho eram os remédios caseiros mais conhecidos, o bom samaritano aplicou óleo e vinho nos ferimentos.
• O vinho era também usado em casos de nervoso ou perturbação, pois possui um efeito relaxante. Paulo de Tarso receitou este remédio a Timóteo (1ª Timóteo 5:23).
Médicos respeitados
Muitos médicos eram amados pelo povo, tal como Lucas o médico amado, muitos deles eram chamados de anjos de Deus. Estes eram chamados para servirem de testemunhas em tribunais em julgamentos. Também presenciavam execuções de condenados para verificarem se estava tudo sendo feito de modo correto.

Farmácias
Os farmacêuticos na época fabricavam medicamentos, cosméticos, perfumes, tinturas de cabelo, preservativos, e outras substâncias. Muitos enfermos os procuravam direto por não poderem pagar os médicos, então seriam duas despesas, o médico e o remédio. Os preservativos eram feitos com a membrana do intestino do porco, um dos lados era amarrado firmemente com um nó, e segundo conta a história Cleópatra já os usava no Egito, os judeus não os usavam, mas as mulheres gregas e romanas usavam como ferramenta de planejamento familiar.
__________

7. MATRIMONIO
A maioria das pessoas busca o casamento, porque necessitam da companhia da pessoa amada, porque desejam se satisfazerem sexualmente e também porque desejam constituir família.
Apesar do casamento ser uma instituição estabelecida por Deus, ele tem tido diversos problemas ao longo da história, e tem sido constantemente maculado pela humanidade, pois, muitos traem o cônjuge, e muitos outros casados se tratam mal ou com indiferença. Mas o fato é que muitas pessoas casam-se sem se conhecerem bem, ou sem saberem que uma vida a dois inclui ambas as partes abrirem mão de algumas coisas, ai é que surgem os desacordos. Um casal cristão é diferente (pelo menos deveria ser), pois, conta com a orientação bíblica para sua vida, onde é exigidos fidelidade, compreensão, respeito mútuo, amor, etc.
Nos tempos bíblicos o casamento era tão importante que quem não se casasse ficava levemente excluído da sociedade, desconfiava-se que aquela pessoa tinha problemas físicos ou mentais, e as mulheres solteiras tinham suas vidas seriamente limitadas; mas Paulo ao aceitar a ajuda de solteiros e casados ajudou a quebrar muito desde estigma dentro da comunidade cristã. A família mudou devido à evolução da sociedade, de lá para cá sofreu muitas mudanças em suas bases, mas o objetivo central permanece até nossos tempos que é uma união para toda a vida.
A mulher finalmente passou a ter seus direitos garantidos em igualdade aos homens, trabalha, vota, dirige carros, pilota avião, concorre a cargos sofisticados com homens, assume cargos de destaque nos três poderes, e na comunidade cristã pode ser pastora, etc. A influencia disto na família (ou no casamento) foi a mulher também ter de trabalhar para ajudar no orçamento doméstico, as crianças não gozam mais tanto da companhia dos pais, só os vêem a noite depois da escolinha, ou ficam com os avós. Pais e filhos, mães e filhas não trabalham mais juntas, mas cada um trabalha ou estuda tendo em vista ou boas colocações profissionais ou o sustento para poder pagar as mil despesas que o viver gera, não sobra muito tempo mais para diálogos; temos então uma família muito diferente dos tempos bíblicos onde os indivíduos são criados de forma independente, mas há um perigo de isto gerar também indiferença.

Poligamia
Nos tempos do AT isto era uma prática comum, todos os homens mais ilustres tinham mais de uma esposa, e os que não tinham era somente por motivos financeiros, porque não podiam sustentar mais de uma família, já que Deus exigia que todas as esposas e os filhos fossem tratados com a mesma dignidade e importância (Deuteronômio 21:15-17; Êxodo 21:10). O problema não era a poligamia, mas tratar os filhos de uma melhor que os da outra, ou uma ter mais ou melhores mantimentos que a outra, etc.
A poligamia era normal e legal Deuteronômio 25:5-10. O costume era tão comum que a própria Sara, mulher de Abraão lhe sugeriu que tomasse a Hagar (a escrava egípcia) por mulher, havia também uma forte pressão cultural para que o homem tivesse muitos filhos. Este costume não durou somente até os tempos de Salomão ou Davi, mas alem dos dias de Cristo, nos dias de Jesus era bem provável que um homem com melhores condições tivesse duas ou mais esposas, mas os lideres judaicos protestavam contra esta prática, os lideres e o povo não tinham uma opinião unânime sobre o assunto.
Ter duas esposas significava muitas coisas boas e más, ao passo que se tinham mais filhos e bocas para comer, tinha-se também mais braços para trabalhar, duas esposas significava mais amor e companhia, mas também um clima de rivalidade dentro de casa, a palavra hebraica que significa segunda esposa tem o sentido de “rival”. Jacó casou-se com Raquel e Lia porque não queria perder o seu verdadeiro amor que era Raquel. Já Davi e seu filho Salomão, casaram-se com muitas mulheres e um dos motivos foram as alianças políticas, Salomão chegou a ter 700 esposas de nobre nascimento e mais de 300 concubinas. Em uma passagem retratada por Mateus 19:6 e Marcos 10:8, Jesus dá a entender que o ideal para a vida cristã é a monogamia.
Esposas e concubinas eram coisas diferentes, as concubinas eram o que hoje em dia seriam as amantes, elas geralmente eram mulheres pobres que entravam para a família por algum motivo, geralmente como servas ou prisioneiras de guerra ou simplesmente presentes de outros homens, e passado um tempo já tinham relações como os seus senhores, os filhos das concubinas deveriam ter os mesmos direitos dos filhos da esposa, herdavam os bens em igualdade. O Rei Salomão possuía 300 concubinas. A lei mosaica protege também as concubinas Êxodo 21:7-11 e Deuteronômio 21:10-14. Estes são fatos que devemos aceitar, apesar de Deus ter criado um homem para uma mulher (Adão e Eva), Ele também deu a Davi as mulheres de Saul (2º Samuel 12:8), isto tudo nos perece estranho, mas estamos diante de um assunto que não vamos compreender perfeitamente.

O dote
Eram três os tipos de dotes que se praticavam nos tempos bíblicos.
1. Poderia ser um presente de grande valor dado pelo noivo ao pai da noiva.
2. O pai dava um presente a filha que saia de casa e geralmente 10% deste dote era usado pela noiva no ato, para comprar para si presentes, roupas, perfumes, jóias, etc.
3. O noivo e a noiva trocavam presentes, e este era o dote mais comum dos três.
Antes do casamento era comum não somente uma reunião onde se combinava o dote, mas também era decidida a porcentagem que voltaria a ambas as partes se o casamento viesse a ser dissolvido. Os jovens casavam-se muito cedo, num determinado momento os rabis decidiram que a idade mínima para a mulher era de 12 anos e para o homem de 13 anos, mas algumas crianças casavam-se até antes disto e algumas meninas, já com seis anos, estavam comprometidas. Na maioria das vezes o casamento era decidido sem uma consulta a ambos, mas havia as exceções em que os jovens mesmos escolhiam seus cônjuges; e mesmo quando os pais decidiam sobre a união, se os filhos não se agradassem da escolha e decisão dos pais não se concretizava, pois o amor era uma questão primordial para os judeus.
Em contrapartida para os noivos a aprovação dos pais era tão importante, que apesar de se amarem alguns optavam por não se casarem mais, se os pais não concordassem. Isto se deve ao fato de que as famílias eram muito próximas e unidas, eles não queriam somente constituir suas família, mas, queriam que seu filho e esposa estivessem perfeitamente integrados com o resto da família. Esta era a idéia da família judaica nos tempos bíblicos, isto era tão importante que muitos jovens faziam questão de deixarem a decisão a cargo de seus pais. A influencia que a cultura grega e romana trouxe não foi boa para a família judaica, pois os gregos não eram tão apegados a família e o homossexualismo era comum na sociedade grega desde antes de Sócrates, alguns cultos gregos como por exemplo ao deus Baco terminavam em orgias que eram frequentadas por pais mães e filhos.

O noivado
O noivado geralmente acontecia em um período de um ano, e para que este compromisso fosse oficializado era então feita uma grande festa (de acordo com as possibilidades financeiras dos pais) e uma cerimônia. Nesta cerimônia também havia uma troca de presentes, e o rapaz que ficasse noivo era dispensado do serviço militar para que não viesse a morrer antes do casamento (Deuteronômio 20:7). Após o noivado o moço e a moça já eram chamados de esposa e marido, mas somente um ano após o noivado é que passavam a viver juntos.
Se um homem viesse a ter relações com a noiva de outro, devia ser apedrejado até a morte por crime de adultério (Deuteronômio 22:23, 24), mas se a moça não fosse comprometida devia pagar ao pai dela a indenização, o dote e se casar com ela. Os casamentos mistos eram mal vistos, principalmente porque se deveria manter a pureza religiosa, filhos de casamentos mistos seguiriam a que Deus? Mas mesmo assim os casamentos mistos aconteciam para o desespero dos pais judeus, que iam vendo suas gerações se desfazendo em meio a povos de outras raças, seus filhos não eram mais judeus. Estas uniões aconteceram nos exílios do Egito e da Babilônia, o rei Salomão tomou para si muitas esposas de outras nacionalidades e elas traziam para dentro de suas casas seus deuses estrangeiros.

A virgindade
Em sua noite de núpcias, o noivo esperava ver sangue nas roupas de cama e se isto não acontecesse a noiva poderia ser apedrejada, ou o casamento anulado o que iria expor a família da noiva a um terrível constrangimento, por este motivo muitas noivas guardavam seus lençóis de núpcias para mostrar a quem pudesse acusá-las no futuro; esta pratica vem desde os tempos de Moisés (Deuteronômio 22:13-21). Ainda hoje em muitos lugares do mundo se observa esta prática, mas em outros locais de cultura mais atrasada é costume expor o lençol sujo de sangue na janela para que todos na vizinhança possam testemunhar.
Se não houvesse sangue nas núpcias os pais da noiva poderiam contestar se eles tivessem certeza de que sua filha casara virgem, e isto acontecia muitas vezes, pois sabemos que nem sempre o hímen se rompe na primeira relação. Se o marido duvidasse injustamente os anciãos da cidade lhe imporiam uma multa de cem ciclos de prata (a prata nos tempos bíblicos era mais cara e rara que o ouro) e depois disso ele nunca mais poderia se separar dela em nenhuma circunstancia, portanto, o noivo deveria pensar muito antes de proceder com a acusação.
O casamento
Um ano após o noivado outra grade festa acontecia, era o casamento, esta festa era geralmente marcada para o outono (depois da colheita) para que todos pudessem comparecer até os parentes que morassem nos locais mais distantes. Esta festa poderia durar uma semana ou mais, as testemunhas de ambas as partes eram muito numerosas e o noivo tinha por costume escolher um amigo para ser seu padrinho, o que o novo testamento chama de “o amigo do noivo” (João 3:29). Era um casamento sem nenhum sacerdote; a noiva saia de sua casa acompanhada de muitas pessoas amigas e era carregada numa liteira, ela ia ao casamento enfeitada, perfumada e com lindas roupas, este grupo ai em festa cantando e dançando até a casa do pai do noivo; o grupo do noivo saia de outro local que poderia ser a casa de seu padrinho, e ia também em clima de festa até a casa de seu pai; a noiva usava um véu no rosto que somente poderia ser retirado pelo noivo quando estivessem a sós.
Esta cerimônia era chamada de Huppah, que em hebraico significa toldo, e os noivos ficavam sentados debaixo do toldo durante um determinado momento da festa, não havia a presença de um juiz ou sacerdote, pois estes casamentos faziam um paralelo da união entre Isaque e Rebeca, pois ele simplesmente pegando-a pela mão conduziu a sua amada para tenda de sua mãe e assim se tornaram marido e mulher. Todos os votos matrimoniais já eram feitos no noivado, portanto, tudo isto era dispensado, agora a prática do ato sexual deveria selar o casamento. Quando o casal estava debaixo da tenda muitos amigos e parentes recitavam passagens das escrituras e Salmos e Provérbios. Depois os noivos eram deixados a sós para consumarem o ato sexual em uma tenda ou quarto já anteriormente preparado para recebe-los; Na noite de núpcias o casal deveria sair da tenda com as provas de que a noiva era virgem.
Enquanto isto a comemoração continuava, os convidados continuavam a cantar, tocar instrumentos e dançar, as pessoas da época eram muito mais extrovertidas que nós. Nestes casamentos sempre havia muito vinho e comidas e todas as naturezas. Havia um costume supersticioso de jogar sementes sobre os noivos para que o casamento fosse frutífero. Foi num destes casamentos que pediram para que o Senhor Jesus providenciasse vinho (João 2:1-11).

Separação
O VT estabelece uma regra geral para o divorcio em Deuteronômio 24:1, mas o caso relatado por esta passagem não engloba todos os motivos que realmente poderiam surgir. Nos dias Jesus havia duas interpretações acerca desta passagem; A escola do Rabi Shammai interpretava que Deuteronômio 24:1 referia-se somente a casos de adultério, já a escola do Rabi Hillel dizia que Deuteronômio 24:1 permitia ao homem separar-se por qualquer motivo, até mesmo se queimasse a sopa ou simplesmente se encontrasse outra que lhe agradasse mais.
Apesar da igreja evangélica não permitir o divorcio, Jesus abordou esta questão em Mateus 5:27-32; 19:3-12 e Marcos 10:2-12, passagens onde parece que aprova somente em casos de adultério, mas isto também é condicional porque a parte prejudicada pode optar pelo perdão. Falar sobre um assunto deste e interpretar tais passagens requer que deixemos de lado tudo o que nos foi dito ou explicado sobre tal assunto, para que ao ler a Palavra sejamos instruídos por ela, ao ler não devemos ser influenciados pelos nossos próprios preceitos. A carta de divorcio de que fala Moisés e Jesus, dava direito à mulher casar-se novamente. Os divórcios eram muito comuns entre os gregos e romanos.

O amor
Não devemos pensar que os Judeus daquela época amavam como nós amamos, geralmente o que acontece entre nós é um amor que surge de repente sem controle, de forma surpreendente, mas naqueles tempos o amor estava sob controle de cada um, e eles é que decidiam a quem iriam amar, isto nos parece muito estranho e frio, mas era assim, eles mantinham os sentimentos sob controle. Portanto, todos esperavam que o casal “viesse a se amar” depois de casados, amar tal pessoa ou não era uma questão de decisão pessoal. Sendo assim eles tinham muitas possibilidades de serem felizes e de que seus relacionamentos fossem duradouros; o que não acontece na sociedade ocidental atual que não sabe distinguir amor de paixão.




8. O SEXO
Nos tempos bíblicos os casais tinham uma vida sexual satisfatória, praticavam sexo por desejo de procriação e por prazer também. A Bíblia trata do assunto do sexo abertamente, muito mais do que é tratado hoje em muitas igrejas, talvez isto seja uma preocupação de Deus em instruir o homem sobre este assunto e apesar disto ela não toca no assunto da masturbação, talvez isto se deva pelo fato de que os jovens casavam no inicio ou no meio da adolescência. Tudo leva a crer que os pais judeus instruíam bem seus filhos nestes assuntos devido ao longo tempo que pais e filhos passavam juntos e também ao clima de amizade entre eles.
A algum tempo atrás aqui no ocidente havia um clima de extrema severidade entre pais e filhos, a educação era muito dura, muito rígida, não havia amizade, havia somente medo, por isto, quando pensamos em educação antiga fazemos a mesma imagem, mas o clima que havia entre pais e filhos naqueles tempos, é o mesmo que a maioria das pessoas civilizadas terá com seus filhos nesta próxima geração. O prazer sexual para alguns povos era o objetivo supremo da vida, mas para os Judeus não, eles tinham outros objetivos maiores, tais como o sustento da família, a adoração a Deus, o trabalho, etc; mas também não eram frios, os judeus viam o sexo como uma benção de Deus e não como um problema. Para designar os órgãos sexuais a Bíblia traz alguns termos simbólicos: ventre, lombos (Gênesis 35:11), órgãos não decorosos (I Coríntios 12:23, 24), entre outros; os termos citados podem ser usados para se referirem a outras coisas também, para referir-se a prostituição masculina o termo usado é sodomia, isto é uma referencia a Sodoma (Gênesis 23:18) o termo carne também era empregado para designar atração física, sexo e contraste com o espiritual.
Em 1ª Coríntios 7:1-7, Paulo aconselha que o casal deveria manter relações sexuais, recomendou o domínio próprio e também aconselhou que a o homem deveria satisfazer a mulher e vice versa. O livro bíblico que mais expressa livremente acerca do sexo é Cantares, nele podemos ler que “ele admira os seios de sua amada”, “fica fascinado com seus doces beijos”, “ ela admira suas pernas” e “aprecia seus abraços”. Não há na Bíblia restrições sobre sexo para pessoas casadas.

O paganismo e o sexo
As religiões das outras civilizações que conviviam com os judeus, sempre promoviam alguma espécie de prostituição cultual, esta atividade sempre estava associada ao conceito de fertilidade, quando um agricultor queria obter colheitas mais fartas ou rebanhos mais produtivos ele necessitava recorrer aos deuses da fertilidade, se o casal não pudesse ter filhos deveria fazer o mesmo. E a forma de agradar ou estar em harmonia com os deuses da fertilidade era ter relações sexuais com as prostitutas ou prostitutos cultuais, eles estavam no tempo para servir a estes deuses e sua função era manter relações com todos que fossem procurá-los. De acordo com Números 25:1-8; Juízes 8:33 e I Crônicas 5:25 os hebreus já se deixavam seduzir por este tipo de paganismo, o que era proibido pela lei (Deuteronômio 23:17-18). Mas não era somente com o sexo que se “agradavam estes deuses” (não se pode agradar o que não existe), mas também com sacrifícios que na maioria das vezes eram de crianças, eram sacrifícios feitos a Baal, a Moloque ou a Quemós (deus moabita).
Moloque por exemplo era uma imagem meio homem meio peixe, que ficava em pé com as caudas curvadas para trás, ele tinha as duas mãos a frente do corpo em forma de concha (como fazemos para pegar água para beber), fazia-se então uma fogueira em torno desta imagem de modo que ela ficasse no meio do fogo, e em um determinado momento do ritual uma criança era colocada em suas mãos que estavam a uma temperatura elevadíssima, esta criança geralmente se debatia muito pois queimava-se toda, mas morria rapidamente. Talvez este seja um dos motivos pelos quais Deus ordenou a Josué que dizima-se todos os cananeus, pois eles praticavam tais coisas. Havia povos onde todas as mulheres tinham de passar um tempo de suas vidas em um templo prostituindo-se para servir a Vênus, então temos algumas civilizações onde todas as mulheres eram prostitutas. Na época em que Paulo esteve em Corinto havia mil prostitutas no templo da deusa Afrodite, um templo conhecido com Acrocorinto. O povo associava a prosperidade da cidade com a prática deste culto; a cidade vivia mergulhada numa tamanha devassidão que o termo “mulher de Corinto” significava prostituta.
Naquela época, aquela sociedade não dava nenhuma conotação moral ao sexo, ser virgem ou prostituta era estado moralmente neutro, o que Paulo pregou por lá, que a prostituição era imoral, que as pessoas deveriam ter um cônjuge e ser fiel a eles eram conceitos absolutamente diferentes; tudo o que é considerado imoral hoje naqueles tempos era absolutamente normal. As pessoas eram instruídas a se entregarem completamente a todo desejo sexual, mas Jesus pregou o extremo oposto (Mateus 5:28). Para os israelitas homens e mulheres é extremamente importante casarem-se virgens, mas pela lei somente a moça tinha de comprovar sua virgindade durante as núpcias (Deuteronômio 22:15), o que poderia dar alguma liberdade a mais para o moço, mas entre eles era fácil manter a virgindade até o casamento, pois se casavam muito jovens ainda, mal entravam na adolescência e já eram casados.
O homossexualismo
O homossexualismo é praticamente quase tão antigo quanto a humanidade, principalmente também porque era visto como uma forma de prazer e não davam-lhe nenhum caráter moral ou imoral, para que entendamos em nossos dias era como “andar a cavalo”, não há nisto nenhuma ligação com a moral. Os hebreus não desconheciam o problema, pois nos tempos de Abraão as cidades de Sodoma e Gomorra foram destruídas por causa de sodomia (Gênesis 18 e 19 (ver 19:5) / este nome é derivado de Sodoma). Em Deuteronômio Deus preocupa-se com a questão e adverte os Hebreus em 23:17, pois todas as nações vizinhas já possuíam a prostituição cultual, e o Senhor sabia que isto poderia seduzi-los.
E realmente foram seduzidos por tais práticas, pois nos tempos de Roboão havia templos com prostitutos cultuais (I Reis 14:24); no reinado de Asa ele procurou acabar com tais práticas, mas os homossexuais somente foram exterminados no reinado de Josafá (I Reis 22:47) somente reaparecendo no tempo do rei Josias. As escrituras são claras quando proíbem o homossexualismo: Levítico 18:22; Romanos 1:18-32 e I Coríntios 6:9, 10. O império romano estava perdido nesta prática, na verdade os romanos e os gregos ao que parece disputavam quem poderia ser os mais devassos, as mulheres gentias simplesmente tinham liberdade de ter relações com qualquer um a qualquer momento (mesmo que fossem casadas) sem ser com isto desmoralizada, pois o sexo não possuía conotação moral, imagine então o esforço de Israel para permanecer limpo em meio a estes vizinhos “festivos”; na verdade, a grande parte dos imperadores romanos eram homossexuais.
Na verdade os cristãos viviam em meio a um mar de lama, mas não poderiam se sujar, ser crente hoje não é mais difícil que nos tempos bíblicos, pois já sabemos que o sexo e o homossexualismo naquela época era muito mais liberado do que é hoje. Conta a história que a imperatriz Agripina esposa de Cláudio e mãe de Nero certa vez sentido-se um pouco estressada foi se divertir num bordel próximo onde manteve relações com muitos homens durante toda a noite.

A pedofilia
A nossa polícia tem muito se esforçado no sentido de coibir a pedofilia que para a nossa sociedade é algo horrendo e indesculpável, nos tempos bíblicos ter relações com crianças poderia ser um crime, o que variava era a idade. Para os judeus a idade mínima de uma menina casar era de 12 anos e para o menino 13, isto para nós seria pedofilia, mas se uma menina de 12 anos se casasse já deveria satisfazer seu marido e ter filhos.
Seguindo a narrativa histórica, tudo nos leva a crer que para as pessoas da época, surgindo as mudanças físicas da pré-adolescência, já consideravam estes indivíduos preparados para uma vida sexualmente ativa. Então para os judeus já poderiam se casar, e para os gentios, as crianças já poderiam se prostituir. Talvez fosse considerado crime entre os judeus ter relações com crianças abaixo da idade estipulada, ou com crianças muito pequenas causando lesões físicas ou não, mas entre os gentios, sinceramente ficamos em duvida visto que os pais tinham até o direito de matar os filhos. Até hoje no mundo existem entre as sociedades menos evoluídas casamentos em plena infância, mas também precisamos estar entre eles para saber o porque disto, pois, as meninas indianas de 14 anos já têm uma mente adulta de mulher e estão prontas para assumir um lar, já no ocidente as meninas de 14 anos estão descobrindo o mundo; sociedades diferentes, costumes diferentes.

A nudez
A nudez sempre foi abominada pelos judeus, eles se vestiam com muita decência, mas em compensação era muito comum entre os gentios, pois os gregos praticavam esportes nos ginásios nus, por isto havia uma controvérsia se os jovens judeus poderiam praticam esportes. No jardim do Éden Adão e Eva viviam nus, pois estavam na dispensação denominada de inocência. Entre os judeus a nudez era sinal de vergonha, os prisioneiros de guerra, repatriados e os condenados eram despidos para serem envergonhados; não sabemos exatamente até que ponto eles eram despidos, pois o termo nu para a época poderia significar também semi-nú, Jesus foi despido na cruz, certamente para ser humilhado. Apesar de tudo isto Isaías andou três anos nú por ordem de Deus – Isaías 20:3.

Incesto
Quando Deus criou Adão e Eva as primeiras uniões deveriam ocorrer entre irmãos, e posteriormente entre parentes de 2º grau, tios, sobrinhos, primos, etc., pois todos eram descendentes de um só casal, mas com o passar do tempo, o próprio Deus proibiu esta prática em Levítico 18:6-18.
Isto foi feito por Deus no momento oportuno. Um exemplo disto era Abraão casado com sua meia-irmã Sara. Esta prática era proibida pela lei romana, tudo poderia ser comum, homossexualismo, prostituição, pedofilia, mas incesto era proibido, mas apesar disto os imperadores a praticavam, somente eles podiam o povo não. O levirato (casamento de um homem com a viúva de seu irmão) não era considerado incesto, mas servia para proteger esta viúva, pois a mulher viúva se não pudesse se casar novamente ou voltar a casa dos pais (se jovem ainda) dependeria de esmolar para viver.

O levirato
Muitos têm procurado interpretar o caso de Onã (Gênesis 38:1-11) de modo que apoie as suas tradições que dizem que o sexo deve ser praticado somente para procriação. O irmão de Onã tinha morrido e deixado Tamar viúva, e Judá seu pai ordenara a ele que cumprisse a lei do levirato e que assumisse Tamar como esposa, mas Onã ao ter relações com Tamar deixava o sêmen cair em terra para não lhe dar descendência e Deus o matou por sua desobediência. Deus não o matou por evitar a gravidez ou por masturbação, mas por evitar o levirato. Ao não dar filhos a ela, ele a estava recusando, não podemos entender isto como ocidentais do Século XXI. Podemos e devemos praticar o planejamento familiar de modo tranquilo e em paz com Deus.

Zoofilia
Engana-se quem pensa que esta prática não é antiga, pois ela estava presente nas mais antigas civilizações e permanece até nossos dias. Praticar sexo com animais nem pensar, isto para os hebreus sempre foi um horror, mas entre os gentios acontecia sim, e não era uma coisa que deveria acontecer de modo mais reservado, lembre-se o sexo não tinha nenhuma conotação com imoralidade para os gentios, estas coisas aconteciam em público mesmo, em orgias que eram organizadas em vários lugares. A lei é clara sobre isto em Deuteronômio 18:23; 20:15, 16.

A menstruação
A lei proibia as relações sexuais com mulheres menstruadas (Levítico 18:19), ela era considerada impura durante este período, e se estando assim, tocasse em algum objeto de casa ou sentasse sobre algo, isto também ficaria impuro (Levítico 15:19-24), algumas traduções usam o termo “imundo”. A lei sempre zelava pelo bem estar de todos os indivíduos, e se não fosse ela os maridos procurariam as esposas neste momento desconfortável, para a mulher este item da lei era um tremendo beneficio. Não sabemos exatamente se era somente por razões de higiene, ou por motivos doutrinários também; mas sabemos que como a água era um item de luxo para eles, talvez a relação sexual com uma mulher menstruada, e a impossibilidade de lavar-se em seguida poderia acarretar enfermidades, naqueles tempos eles não podiam entrar debaixo de uma ducha assim como nós.

Adultério
Enquanto esta era uma pratica comum entre os gentios, entre os israelitas era considerado crime, e o crime era a execução. Se um marido desconfiasse que sua mulher o havia traído, então ela deveria se submeter ao humilhante ritual descrito em Número 5:16-31. Se um homem fosse pego em traição com a esposa de outro, ou uma mulher com o marido de outra, ambos deveriam ser executados, e na maioria das vezes isto era feito por apedrejamento. Os israelitas eram o povo da época que tinham mais noção de família, devido as inúmeras leis que proibiam todas as atividades imorais pagãs.
Nos dias de Jesus os adúlteros sofriam outras penas e não eram mais punidos com execução, portanto o caso da mulher adultera que iria ser apedrejada foi criado como cilada para tentar pegar o Senhor em alguma contradição, mas Jesus colocou cada um daquela multidão diante de um espelho, e com isto esvaziou o caso, nada respondeu sobre a questão, somente disse para aquela mulher que não pecasse mais, não aprovou o pecado dela e nem a atitude deles. Com isto ele nos mostrou que podemos perdoar uma pessoa adúltera.



9. A MULHER
Estamos no Século XXI e muitos ao lerem a Bíblia pensam se tratar de um livro que assume uma personalidade machista, mas não é verdade; nos tempos bíblicos, a mulher não tinha os mesmos direitos do homem, mas isto variava muito dependendo da liberdade que o homem dava a ela, e também de suas qualidades de liderança e habilidades, a sociedade israelita sabia das qualidades da mulher e do que elas seriam capazes de fazer se fosse necessário, pois em Provérbios 31 escrito a aproximadamente 800 anos antes de Cristo já falava sobre a mulher virtuosa.
Mas as mulheres se incomodavam com isto? Não é a resposta, ou talvez um pouco; O que era mais importante que tudo para uma pessoa (homem ou mulher) judaica era a união familiar, era ter certeza que de todos estavam sadios e felizes, o pensamento girava em torno da comunidade e não do individual. Mas não pensemos que isto não era uma situação incomoda. Outro fator era a lei judaica que punha sempre a mulher abaixo do homem, ao passo também que zelava pelo seu bem estar. Alguns judeus consideravam que o homem e a mulher juntos (humanidade) eram considerados a imagem de Deus, portanto a mulher não seria uma criação secundaria e por estes a mulher era muito bem tratada, mas havia um outro grupo tendencioso que julgava ser o homem a imagem de Deus e não a mulher. Mas mesmo os deste segundo grupo tinham de aturar as mulheres que dispunham de liberdade para produzir, negociar, prestar serviços, expressar suas opiniões ou mesmo serem usadas por Deus como profetizas, ou lideres.
A história hebraica e a cristã conta com mulheres fascinantes cuja atividade foi decisiva em momentos importantes, tal como: as parteiras hebraica que desobedeceram ao decreto do faraó (Êxodo 1), Joquebede mãe de Moisés que salvou sua vida (Êxodo 2), Débora que foi juíza e comandou um exército quando Baraque se acovardou (Juízes 4:6-9), Éster que arriscou-se para salvar o seu povo, a profetiza Hulda (II Reis 22:14-20) ; No NT só na carta aos romanos temos Priscila, Trifena e Trifosa, Maria, Julia e Olimpas; e na lista dos heróis da fé em Hebreus 11 constam duas mulheres Sara e Raabe. Aliás, um dos grandes atrativos do cristianismo para as mulheres era a liberdade da qual agora gozariam.
Algumas das restrições impostas as mulheres na lei estão em: Números 27:8; Números 30:10-12; Gênesis 30:1, 2, 22; Deuteronômio 22:20, 21 ; Levítico 27:1-8 ; e muitas outras mais. Apesar disto as filhas eram na maioria das vezes muito amadas pelo pai, e quando um marido destratava ou humilhava sua esposa o pai e os irmãos dela vinham em sua defesa e advertiam seriamente o seu marido. Muitas mulheres também eram muito amada pelos maridos, como Jacó amou a Raquel e Isaque amou a Rebeca. As mulheres tinham uma vida muito ativa entre os cristãos elas trabalhavam no grupo e eram muito bem consideradas, tudo isto porque Jesus quebrou muitos tabus com relação as mulheres, ele falava com elas, as tratava bem, muitas eram seguidoras e aceitava suas contribuições. As mulheres também tiveram o privilégio de serem as primeiras a saberem da sua ressurreição.
O cristianismo nasceu já dando a mulher muita estima e admitindo-as trabalhando ativamente em meio a comunidade, isto se deve ao fato de Jesus quebrar todas as barreiras sociais, ele falava com elas, as admitia como seguidoras, aceitava suas contribuições, etc. Neste aspecto (dentre muitos) o cristianismo representava uma revolução social; Jesus pregou o reino de Deus em igualdade para homens e mulheres, onde a fé e as atitudes tornavam as pessoas muito ou pouco dignas da salvação. Jesus não só deu muitos direitos as mulheres, mas também as prostitutas que se convertiam e eram admitidas em seu grupo; por estas e outras foi alvo de muitos comentários ruins. As prostitutas eram tratadas como cães pelos religiosos, eles achavam que elas não deveriam ter nenhum apoio ou direito, mas de modo bastante enrustido utilizavam-se de seus serviços.
Em meio aos judeus mais rígidos as mulheres não podiam participar do culto e deveriam sentar no fundo e manter distancia dos homens, não podia ler na sinagoga, não tinham direito a educação, não eram consideradas inteligentes, e tinham no templo uma área destinada a elas chamada “pátio das mulheres”. Seguindo o pensamento do mestre, o apostolo Paulo de Tarso também observa que as mulheres deveriam ser amadas e agradadas I Coríntios 7:1-7; Efésios 5:25 (o fato de Paulo ter instituído coisas diferentes em Corinto, não invalida todo o resto do NT, mas agora sabemos porque foi feito isto lá), já Pedro declara que se o homem não tratar bem sua esposa Deus não atenderia as suas orações (I Pedro 3:7).
É interessante ver os efeitos deste estudo na mente do leitor da Bíblia, certa vez (em outra faculdade) eu havia dado um estudo destes durante algumas semanas; e depois de alguns dias um aluno me disse que ao ler Lucas 10:38 sentiu-se chocado por Jesus ter entrado na casa de uma mulher, e percebeu que devido ao estudo de contextos bíblicos já podia sentir como um homem da época, ao se deparar com algumas situações; e este é o objetivo, conhecer o significado na época e local e transportar este significado para os nossos dias de modo atualizado. Cada fato bíblico tinha um significado para a sua época, e tem em si também um significado para os nossos dias, isto é chamado de “principio eterno”, o estudo desta Matéria será precioso para a disciplina que é hermenêutica.
10. TRABALHO
Nos tempos do Brasil colônia a palavra “negocio” tinha uma conotação ruim, pois significava “negar o ócio”, naqueles tempos o ócio deveria ser praticado como sinal de se ter boas condições financeiras e não precisar trabalhar, mas se você trabalhasse então era visto como servo por aqueles que poderiam ter o privilégio de praticar o ócio.
Mas nos tempos bíblicos era justamente o inverso, quem não trabalhasse e muito era mal visto, você até poderia ser um negociante de sucesso, mas deveria trabalhar do amanhecer ao anoitecer; os judeus consideravam que o homem foi feito para o trabalho. Se você fosse um oleiro e trabalhasse o dia inteiro fazendo objetos e potes de cerâmica e barro, ao chegar em casa a noite era uma dádiva poder ajudar a esposa a amassar o pão ou a cuidar dos filhos, O conceito de que trabalhar é honroso e manteve-se no NT veja o que Paulo aconselha em Colossenses 3:22 era mais trabalho, na mente israelita isto agradava a Deus e, portanto, sempre trabalhavam louvando e agradecendo ao Senhor.
Mas como sempre havia os “espertos”, que preferiam utilizar-se de truques para viver, faziam negócios na base do “muito para mim e pouco para você”, “o meu é sempre melhor”, etc. Não preciso me prolongar todos nós conhecemos alguém assim. Nos dias de Jesus, já havia na Palestina aproximadamente 500 mil pessoas e em Jerusalém umas 25 mil, mas estes números podem ser maiores, era uma sociedade complexa que consumia muitos tipos de produtos e serviços. Havia corporações para cada tipo de atividade, elas funcionavam como sindicatos e também como cooperativas, havia várias corporações para cada atividade, mas a maioria se concentrava nas mais conceituadas.
Era melhor para um trabalhador qualquer estar associado, mesmo se morasse longe e isolado estariam associados, pois através disto tinham muitos benefícios, tais como compra de matéria prima mais barata; maior facilidade de vender sua produção, cursos onde se aprendiam novas técnicas, seguro contra roubo de ferramentas, terceirização da produção, seguro desemprego, tumulo para sepultamento, a corporação poderia comprar toda a produção para renegociar, poderiam exportar por estas instituições, e muitas outras vantagens. José com certeza devia ser membro a alguma associação de carpinteiros, pois o incomum era não ser. Se o trabalhador não fosse autônomo, mas um funcionário deveria estar também associado, pois estas corporações estabeleciam os pisos salariais. A origem desta, instituições perde-se no tempo, a 24 séculos antes de Cristo já havia uma corporação em Sumer.
Geralmente a presença de matéria prima em uma determinada região fazia dela centro de alguma atividade e, portanto, era um centro de várias corporações especificas. Estas corporações com o tempo passaram a se tornar tão ricas que o próprio governo romano preocupou-se com ela, mas elas também enriqueciam o império que sempre cobrava altas taxas para tudo o que se fazia, nesta ocasião o governo passou a exercer poder sobre elas. As corporações passaram a ser motivo de rivalidades, e muitos associados impediam membros de outras associações de instalarem-se ou morarem em suas cidades. Havia também as greves contra as corporações, patrões e até contra o governo, a história conta muita delas, em uma delas os pedreiros da Babilônia pararam suas atividades enquanto não recebessem do rei por seus serviços, aliás, tais pedreiros em nossos dias seriam considerados finos escultores, no 1º século houve uma greve de padeiros que faziam os pães para o cerimonial judaico; mas eram muito raras.
Havia uma certa pressão de caráter ameaçador para quem, tentado, fugindo das associações contratassem trabalhadores estrangeiros não sindicalizados, tais pessoas acabavam tendo de despedir estes funcionários e readmitir os ex-empregados pagando o dobro por seus serviços; e ninguém era poupado, certa vez isto aconteceu com o próprio templo judaico. Este assunto era tão importante para o povo judeu que Jesus não poderia deixar de se manifestar, certa vez disse que todo trabalhador honesto é digno de seu salário (Lucas 10:7), o problema de maus patrões que não pagavam seus funcionários sempre houve (Tiago 5:4). Jesus era carpinteiro e todos os seus apóstolos tinham uma profissão, e existe uma grande possibilidade de todos eles trabalharem associados a tais corporações. Em todas as atividades descritas abaixo havia (como há hoje) os bons e os maus profissionais, portanto o preço dos serviços e qualidade dos produtos variava muito de acordo com a capacidade do profissional.

Carpinteiros
Os carpinteiros não fabricavam somente móveis, mas muitos objetos e utensílios. Faziam tambores, tamboretes, carros de bois, portas, arados, baús, carroças, grades, janelas, e havia os que sabiam fazer dentes postiços. Suas ferramentas de trabalho eram machados de todos os tamanhos, serrote, facas, esquadro, plaina, martelos e pregos de bronze. Como as casas não eram de madeira, eles não eram construtores.
Curtidores
O couro era um produto essencial para os judeus, com ele fabricavam-se sandálias, tendas, bolsas, recipientes, peças de vestuário, membranas de instrumentos de percussão, armadura, pergaminho, etc. Mas o curtidor apesar de importante para a sociedade era mal visto, pois trabalhava com animais mortos, e segundo a lei estava constantemente impuro. Os curtidores sempre moravam longe das cidades por causa de sua impureza, porque a sua atividade necessita de muita água e porque as substancias que usavam tinham um odor forte e desagradável.
Em Atos 10:6 Pedro estava na casa de Simão o curtidor que morava a beira mar em Jope, não sabemos se estava lá simplesmente ou se estava hospedado, mas isto era inovador, porque estar na casa de Simão era tornar-se imundo também juntamente com ele, no entanto, Pedro sabia que as leis sobre impureza haviam caído. Por coincidência é lá que Pedro tem a visão do lençol que desce com toda espécie de animais para serem consumidos.

Correios
Já no século VI a.C. haviam serviços organizados de correio, os persas tinham correios, onde as correspondências iam em lombos de animais, em pequenas ou grandes carroças (conforme a conveniência). As estações dos correios ficavam a um dia de viagem uma das outras e eram estações próprias para a colher os mensageiros. Nestas estações os mensageiros poderiam dormir, alimentar-se, trocarem os animais se fosse necessário (pois todos eram propriedade dos correios), ou mesmo serem substituídos se estivessem enfermos ou machucados. Este serviço foi se aperfeiçoando com passar do tempo e no império romano já tínhamos um serviço de muita qualidade. Mas muitas cartas eram levadas por amigos e mercadores em viagem para não pagarem taxas. Como o numero de alfabetizados era grande havia sempre muito serviço para os correios.

Filósofos
Já nos tempos de Sócrates (IV a.C.) e muito antes disso, havia os filósofos que ganharam dinheiro ensinado as pessoas sua sabedoria, o próprio Paulo de Tarso foi criado aos pés de Gamaliel, talvez fosse um filosofo, talvez um rabino, ou mesmo os dois. Eles eram bem pagos por pais de jovens que tinham boas condições, financeiras para conviverem com seus filhos, e lhe ensinassem parte de suas sabedorias. Eram procurados também como conselheiros. Nero e Aurélio muitas vezes recorriam a eles que em sua maioria eram gregos.
Sócrates, aliás, foi condenado a tomar cicuta (veneno) por estes tais filósofos, que eram conhecidos como sofistas, eles não sabiam muitas coisas, mas “sabiam fingir que sabiam”, já Sócrates dizia – “a minha ignorância é de melhor qualidade, porque enquanto eles nada sabendo dizem que sabem, eu tenho certeza de que nada sei.” Os sofistas diziam coisas incoerentes de modo sofisticado e assim se passavam por sábios. Sócrates viajava por toda a Grécia e debatia em publico com todos os que se achavam sábios e os fazia um a um cair em graves contradições, inclusive os grandes homens do governo, por isto, passou a ser inconveniente e odiado, mas na verdade as pessoas não estavam interessadas em sabedoria e sim em status, por isto desenvolviam filosofias fracas. Já Platão espelhando-se em seu mestre Sócrates aprendeu a submeter a sabedoria ao exame e entrou para a história, Aristóteles (seguidor de Platão) também.
Sócrates não ensinou nada diretamente, ele andava buscando quem o ensinasse algo realmente de qualidade, e em seus debates criou um método conhecido como maiêutica, onde, através de simples questões ia anotando na mente tudo o que significasse algum conceito de modo classificado como se fosse em uma tabela, num determinado ponto do debate em que surgia algum conflito nesta “tabela” ele procurava confirmar os conceitos contrastantes e expunha a contradição. Quem o estudou sabe que sua mente era muito sofisticada, não sabemos ao certo como ele organizava estas idéias e informações, ninguém permanecia sem ser humilhado. E apesar de ser um filosofo andava pela Grécia pedindo as pessoas que desviassem a atenção do cosmo para dentro de si mesmos.
Paulo de Tarso quando esteve em Atenas teve lá um certo conflito com os filósofos, pois a filosofia busca conhecer para crer, já a teologia crer para conhecer, por isto Paulo advertiu os cristãos de Colossos que tivessem cuidado com os filósofos, pois seus ensinos eram contrários aos das escrituras. Em Atos 17:18, Paulo é mal visto entre os filósofos estóicos e epicureus, pois pegava a ressurreição de Cristo o que para os Gregos era sinal de piorar de situação, voltar a carne; para os gregos quando alguém morria evoluía, pois se libertava da carne, além do que a ressurreição não poderia ser lógica.

Açougueiros
Era uma profissão muito comum, em todas as cidades tinham alguns, e eles tinham sua própria corporação, já que algumas corporações englobavam algumas atividades.

Banqueiros
Os bancos começaram a surgir dois séculos antes de Cristo e apesar de serem simples escritórios já se faziam neles muitas operações financeiras:
1. Recebiam investimento em depósitos e pagavam juros aos depositantes (Lucas 19:23).
2. Emprestavam dinheiro a juros
3. Já havia as poupanças.
4. Faziam hipotecas.
5. Expediam cartas de crédito.
6. Depósitos e empréstimos internacionais.
7. Havia também o serviço de aluguel de cofres.
Se o banqueiro fosse um israelita ele deveria observar a lei se fosse emprestar para um pobre, pois era proibido cobrar juros destes, mas os pobres enterravam suas moedas para coloca-las a salvo dos ladrões. Os empréstimos de emergência cujos juros chegavam a 12% ou 13%, e em alguns casos 50%. Os banqueiros deveriam trabalhar honestamente, pois segundo a lei quem não pagasse suas dividas iria para a cadeia, mas em nome do lucro, sempre que possível passavam sobre todas as leis e regras.
Os historiadores afirmam que quando João escreveu Apocalipse, havia cidades que eram grandes centros bancários, aliás, a carta para Laodicéia mostra que a cidade estava em ruim estado espiritual por causa da riqueza. Jesus teve um confronto com os cambistas (banqueiros) no templo, pois as pessoas que vinham de longe precisavam cambiar o dinheiro que traziam, mas aqueles homens estavam cobrando preços elevadíssimos pela moeda local.

Eunucos
Nem todos eunucos eram castrados, alguns simplesmente assumiam este papel, eles deveriam ser sexualmente inativos, pois eram os guardas e servos dos haréns. Muitos deles exerciam pouca ou muita influencia nos governos por serem servos de confianças de reis e imperadores.

Hoteleiros
Nos tempos mais antigos da Bíblia quando as pessoas viajavam pernoitavam em tendas, mas nos tempos de Jesus a vida já tinha se tornado um pouco mais complexa e já havia as hospedarias. Nesta época as pessoas alugavam o teto de suas casa ou outro cômodo para visitantes dormirem. Elas geralmente ficavam na beira das estradas que eram muitas, havia grandes e pequenas hospedarias, simples e sofisticadas. Os dias de melhor movimento eram os de festas religiosas, muitas pessoas deslocavam-se para Jerusalém e era difícil achar vaga nestes dias, talvez por isto José e Maria não conseguiram achar uma vaga na noite em que o Senhor nasceu.

Jardineiros
A Bíblia fala pouco desta profissão, mas, ela já existia, o jardineiro também era chamado de hortelão (João 20:15).


Marinheiros
Os grandes navegadores da época eram os fenícios, os israelitas não tinham muito contato com o mar, e só passaram a arriscarem-se a medida que a nação enriquecia e que o transporte de materiais e passageiros passou a aumentar. Os marinheiros fenícios às vezes ficavam três anos longe de casa e por causa do apelo a família os israelenses não tinham atração por esta profissão.

Mendigos
Mendicância não é profissão é situação, quem escolheria para si ser mendigo? Mas devido ao grande numero de lesões, defeitos de nascença e desemprego isto teria se tornado uma forma de vida comum, alguns até nasciam e morriam na mendicância. A lei e as festas religiosas favoreciam os mendigos e de um certo modo até os incentivava, pois dar esmolas era uma prática tradicional e quando era época de alguma festa religiosa então as pessoas se tornavam mais piedosas. Às vezes a renda obtida era, e muitos mendigos ganhavam mais do que alguns trabalhadores e por causa disto muitos se fingiam de aleijados para receberem esmolas. O trajeto dos mendigos era de uma cerimônia a outra, cultos, enterros, casamentos, etc.

Mercadores
Havia basicamente dois tipos de mercadores, o primeiro produzia e vendia seus produtos e já o segundo comprava no atacado para vender no varejo. No AT o que promoveu o comercio em Israel foi a grande urbanização feita por Salomão, já alguns séculos depois foi no exílio babilônico que o povo judeu não tendo terras para produzir tiveram de se tornar hábeis comerciantes, quando voltaram a terra de Israel para reconstruí-la, tiveram de se dedicar a obras e agricultura mas já trouxeram no sangue o comercio, afinal foram 80 anos de cativeiro e praticamente a grande maioria que retornou já havia nascido na babilônia.
Jerusalém tinha setores comerciais e as lojas de determinado produto localizavam-se todas naquela rua, por exemplo, havia a “rua dos açougueiros”, já o comercio de peixe localizava-se na “porta dos peixes”, portanto se algum comerciante tivesse alguma filial de sua loja então deveria ou ter esta filial na mesma rua ou em outra cidade. Já os mascates, eles não tinham local fixo para vender seus produtos, montavam suas bancas de manhã e de noite já as recolhiam, não trabalhavam com um tipo de produto especifico, mais exatamente compravam de tudo, o produto que parecesse melhor para o momento ou que tivesse boa oferta era adquirido para ser vendido, mas isto não impedia alguns de terem seus produtos de preferência.
Havia também os comerciantes que viajavam de cidade em cidade atravessando o deserto em camelos e nas grandes festas religiosas praticamente quase todos eles se deslocavam até Jerusalém, estes comerciantes eram os que traziam mercadorias de longe, geralmente seus produtos eram cobiçados, quase sempre tinham seda para vender, e para os ladrões eles eram uma presa preciosa. E para que o comercio fosse incentivado o império romano construía muitas e boas estradas, que, aliás, estão em muito bom estado de conservação até hoje.
Os consumidores eram exigentes, ao comprarem roupas examinavam as costuras e o acabamento, os alimentos deveriam estar bem conservados, conferiam o peso e faziam pesquisas de preços. A margem de lucro dos comerciantes variava em torno de 20 a 30% dependendo da atividade, e em alguns casos poderia chagar até 100%, dependendo da habilidade e conhecimento do mercador em comprar e vender. Em Atos 16:14 temos Lídia a comerciante de púrpura, já falamos sobre ela. Existiam também aqueles que não eram comerciantes, mas que nas épocas de festas religiosas montavam também suas barracas para venderem coisas que produziam como pães ou outras mercadorias.

Oleiros
Esta é uma profissão muito antiga, tais objetos são sempre achados nas ruínas das mais antigas civilizações. Os hebreus preferiam os potes de cerâmica por serem mais resistentes que os outros, mas os oleiros fabricavam potes de diversos materiais tais como argila, barro e cerâmica; os produtos que fabricavam eram também variados: talhas para água, lâmpadas de azeite, potes para trigo, vasilhas para azeite, (sempre com tampas para proteger tais produtos de insetos) placas para escrever, epitáfios, bonecas, dentes, etc. E podiam também fabricar muitos produtos por encomenda.
Obs: Como os pergaminhos eram caros muitos preferiam escrever nas baratas placas de cerâmica ou argila.
Exatamente como em nossos dias, depois que era dada forma a massa o objeto tinha de ser levado a um forno para ser cozido, em Neemias 3:11 lemos sobre uma “torre dos fornos” e talvez ela tivesse tal utilidade. O oleiro preferencialmente também deveria morar longe da cidade pois a fumaça dos tais fornos eram muito incômoda.

Padeiros
Se ninguém gostava do odor das químicas do curtidor nem do forno do oleiro, isto com certeza não acontecia com os padeiros. Após a urbanização promovida por Salomão, boa parte da sociedade tornou-se urbana, o que tornou necessário o surgimento dos padeiros profissionais e das padarias, assim como hoje em dia, o povo da cidade não tinha tempo de fazer o seu pão em casa. Mas antes de Salomão a mulher fazia o pão da família diariamente. Antes de Salomão somente os reis tinham padeiros, vemos em Gênesis 40:2 que o faraó tinha alguns em seu palácio, pois, havia um padeiro mor. Havia também a rua dos padeiros

Metalurgia
Também o trabalho artesanal no metal é muito antigo e apreciado, os artesãos trabalhavam com ouro, prata, ferro, bronze, chumbo cobre, latão, e outros metais. Eles fabricavam muitos produtos tais como: Imagens religiosas, jóias (pulseiras, anéis, brincos, etc), bandejas, armas (espadas, facas, lanças), anzóis, adornos de casas e prédios, ferramentas de trabalho (serrotes, martelos, pregos, brocas, machados, etc), ferramentas médicas (pinças, bisturis, etc), alguns tipos de próteses, e muitas outras coisas mais. Em Éfeso os fabricantes de imagens da deusa Diana se revoltaram com a pregação do evangelho, pois isto estavam levando as suas fabricas a falência (Atos 19:24).
__________
11. EDUCAÇÃO
A maioria do povo, em Israel, eram alfabetizados, e isto era assim pelo forte desejo de buscarem a Deus, sabiam que se não soubessem ler não poderiam passar as próximas gerações o conhecimento da Palavra de Deus e também a história de seu povo, já na época de Josué todos dominavam a leitura; e o interesse nisto era tão concentrado que não davam atenção a outras ciências tais como matemática, engenharia, filosofia, etc.
Nos tempos de Jesus os jovens recebiam educação nas letras e filosofia, mas ainda sim a maior parte de seu tempo de estudo era dedicado às leis, salmos e profetas. As escavações têm encontrado evidências claras da existência de escolas em Ur, no Egito e na Mesopotâmia nestes locais são encontrados placas de barros com exercícios de gramática e geometria. Algumas famílias tinham exemplares da Torá em suas casas, com as quais ensinavam diariamente aos seus filhos, possivelmente não havia analfabetismo em Israel e nos tempos de Jesus a maioria do povo sabia ler e escrever em grego e na sua língua local, em alguns locais era comum que todos soubessem três línguas.

O aio
O aio era um servo incumbido de cuidar da educação dos filhos (de sexo masculino) de seu senhor, e na maioria das vezes era uma pessoa culta. Isto era comum nas culturas gregas e romanas, não entre os judeus onde os filhos conviviam com os pais. Além do aio ensinar os seus futuros senhores (Gálatas 4:1), os levavam as escolas, os buscavam e complementavam seus estudos, podendo alguns também encarregarem-se da formação total das crianças. Naqueles tempos ser educado por um aio era um privilegio, alias para você que leu este parágrafo fica uma pergunta – “como é possível um homem culto ser um escravo (servo)?” a resposta para esta questão esta no próximo capitulo deste estudo.

As bibliotecas
Nos tempos de Jesus havia centenas de bibliotecas pelo mundo conhecido e em cada uma destas bibliotecas centenas ou milhares de livros, havia bibliotecas de literaturas de vários assuntos, e também nelas guardavam-se contratos, cartas, recibos, registros de transações comerciais, etc. Na biblioteca de Sargão rei da Assíria (governou de 722 a 705 a.C. – Isaías 20:1). Arqueólogos encontraram 25.000 volumes; Já o rei Assurbanipal (662 a.C.) possuía 20.000 placas escritas. A biblioteca de Nippur (400 a.C.) possuía 50.000 volumes. A maior biblioteca de todas da antiguidade era a de Alexandria que segundo alguns historiadores possuía em torno de 250.000 volumes e sua destruição implicou na perda de informações preciosas que nunca mais serão recuperadas.
Estas casas onde os volumes escritos iam sendo guardados e organizados iam surgindo aos poucos, mas foi no império romano que ganharam uma organização especializada e multiplicaram-se aos milhares e também foi nesta época que surgiram as salas de leitura que poderiam ser frequentadas pelo publico. A grande maioria dos estudiosos acha que os pergaminhos do mar morto pertenciam a biblioteca dos essênios, estes volumes foram guardados em potes e escondidos em uma caverna.

As escolas
Nos dias anteriores a Moisés, já havia escolas no Egito (Atos 7:22), mas em meio ao povo de Israel não temos certeza em que época começaram a existir, ou se não havia ainda nos tempos de Jesus. A maioria dos jovens judeus era alfabetizados e educados em sua própria casa por seus pais, onde também lhes era ensinada uma profissão, mas algumas famílias de melhores condições financeiras inscreviam seus filhos nas escolas gregas e romanas, para que fossem sábios na aritmética, matemática, filosofia, retórica, etc., e isto poderia ser ruim, pois, ao passo que se tornavam conhecedores eram influenciados por culturas que negavam a fé no Deus de Abraão.
Com o advento do cativeiro babilônico muita coisa mudou, a língua hebraica foi aos poucos sendo substituída pelo aramaico (língua babilônica), o ponto central do judaísmo passou do templo para a lei, é bem capaz que nesta época tenham sido fundadas escolas pelos judeus. Esdras preparou escribas para que fossem mestres da lei (Esdras 7:6). Quando os gregos assumiram o poder de toda a região, os judeus foram obrigados a dar mais atenção a instrução, pois, os gregos eram dedicados e apaixonados pela cultura, a difusão da cultura grega com suas escolas foi logo contra atacada pelos judeus com a criação de escolas judaicas que ensinavam as mesmas ciências mas sem a influencia dos costumes gentios. No ano de 175 a.C. foi fundada uma escola grega perto de templo de Jerusalém que foi frequentada por muitos judeus, e foi motivo de grande preocupação e também pânico por parte de outros.
O rabi Simom bem Shetach era considerado o pai deste novo tipo de sistema escolar, que de inicio era chamada de casa do livro (em hebraico beitsefer beit[casa] sefer [livro]), depois de algum tempo a frequência se tornara obrigatória e havia punições para quem faltasse muitas vezes às aulas. Nesta época a formação começava aos cinco anos e terminava aos 15, mas haviam também cursos organizados para quem quisesse ir além disto, o que era o caso de poucos. Muitas destas escolas funcionavam em sinagogas que também nasceram no exílio babilônico, pois como lá não havia o templo, então iam construindo casas de oração. Nos tempos de Jesus então já havia muitas estruturas para o ensino.

Os mestres
No inicio os pais eram os professores dos filhos e lhes ensinavam tudo o que sabiam e levavam isto muito a sério, isto era um ponto de honra visto que seria uma grande humilhação um filho crescer ignorante. Não ser ignorante, ou ter sido bem ensinado no conceito de um judeu significa um sujeito que conhece bem a sua história, seus livros sagrados, é bem alfabetizado na sua língua e em outra, sabe executar bem todas as atividades referentes a sua profissão, e algumas coisas a mais. Até a época do exílio babilônico os levitas eram os principais mestres na educação que era dada fora do lar, depois do exílio os escribas assumiram este papel, tais homens eram os responsáveis pela interpretação da Palavra.
O titulo de rabi (mestre) não era somente dado aos escribas ou sacerdotes, mas a todos os judeus que de alguma forma eram importantes, mais tarde passou a significar professor, senhor, digníssimo, doutor, sábio, etc. Quem era assim chamado sentia-se muito honrado. Jesus era assim chamado por todos, pois era considerado por todos como mestre e profeta.
Na época de Jesus havia alguns mestres famosos em meio aos judeus que eram muito admirados:
• Hillel – Nasceu na babilônia, mas foi a Palestina divulgar seus ensinos, ele criou sete princípios de interpretação das Escrituras e fundou sua escola Beit Hillel, onde lecionava, a ele foi dado o titulo de nasi que significa o mestre principal do templo, e era conhecido por sua grande inteligência. Ele era mais liberal na interpretação que Shammai.
• Shammai – era outro mestre famoso e respeitado, mas muito radical, ele defendia a idéia de que o homem poderia separar-se de sua mulher simplesmente se ela queimasse o feijão.
• Gamaliel – Foi um dos mais famosos mestres do 1º século e muitos de seus ensinos foram preservados até hoje no Misná. Puxava um pouco as idéias de Hillel, seu mais famoso aluno foi Paulo de Tarso, que o denota a capacidade dele em ensinar; Gamaliel em Atos 5:34-39 convencia o sinédrio com sua astúcia a não matar os apóstolos. Suas idéias eram largamente aceitas por todos.

Idiomas
Nos dias de Cristo, as pessoas normalmente falavam aramaico e grego e conheciam palavras ou expressões de outros idiomas, o hebraico era o idioma natural dos judeus que foi trocado pelo aramaico nos cativeiro babilônico, portanto o hebraico já havia se tornado uma língua presente somente nas sinagogas, era o idioma oficial do culto. Só se podia ler as escrituras em hebraico, e todo o culto era nesta língua, por isto havia os tradutores que traduziam o culto para o aramaico ou grego para que todos entendessem.
O aramaico era a língua mais comum entre os judeus antes de Cristo, mas na época de Jesus o povo falava mais o aramaico, com alguma exceção o grego (koiné) já era a língua comum mais culta e se tornava cada vez mais popular. Para que o povo da época pudesse ler as escrituras sagradas elas foram traduzidas do hebraico para o aramaico e para o grego. A versão em aramaico causou muito desprazer em algumas pessoas, Gamaliel, por exemplo, chegou a esconder um exemplar numa parede. A versão em grego era chamada de Septuaginta e foi feita por setenta tradutores no Egito no Século II a.C., esta tradução foi rejeitada por todos os judeus e rabinos, pois, nela foram acrescentados os livros apócrifos presentes hoje na Bíblia católica.
O grego falado por toda a Palestina era o coiné ou koiné (simples ou popular), este era uma variação do grego clássico sujeito a regionalismos por isto era muito dinâmica, ele incorporava palavra estrangeiras qualquer termo novo neste grego se pudesse ser entendido estava certo. Este dinamismo e simplicidade do koiné eram útil nas relações comerciais estrangeiras e também foi na pregação do evangelho, a única carta do NT que foi escrita em grego clássico foi a carta aos Hebreus. O latim era uma língua pouco falava na Palestina, mas popular nas imediações de Roma, ela era usada para tratar de assuntos do governo.
Ciências
Apesar das Escrituras serem a base da educação do povo judeu, eles estudavam também em suas escolas ciências, engenharia, escrita, música, matemática, direito e outros idiomas. As tentativas feitas de se estudar ciências eram restringidas por conceitos teológicos que lhes ordenavam não sondar o desconhecido. Já os gregos e romanos tinham mais liberdade para vasculhar o cosmos e fazer observações cientificas em diversas experiências.

Crianças
O normal era os pais darem a melhor e mais complexa educação possível aos meninos e não as meninas, mas isto variava muito dependendo da família, havia pais que se importavam com a educação das suas filhas e as ensinavam a ler e em outras ciências. Apesar das mulheres serem, às vezes esquecidas algumas delas se destacaram na Bíblia, e demonstraram conhecimento da escrituras tal como Maria mãe de Jesus que em seu cântico (Lucas 1:46-55) demonstrou conhecer as Escrituras. Mas infelizmente a maioria das meninas era educada somente nos afazeres domésticos.

O mestre Jesus
O fato do povo chamá-lo de Rabi denotava que era tido como um mestre ou doutor, alguém que fosse digno de respeito. Mas provavelmente ele fosse mais conhecido como professor, pois na maioria das vezes em que Jesus é citado no NT ele estava sempre ensinando, fazia isto sem cessar. Jesus falava com autoridade e isto ficava notório ao povo, pois era do povo que vinha este comentário (Mateus 7:28-29; João 7:46). Jesus pregava o que vivia e quando falava algo, falava seguro de si, e este era um tremendo contraste entre ele e os mestres e religiosos. Ele utilizava as coisas do cotidiano para ilustrar seus ensinos, eram citações acerca de profissões, natureza, família, etc.
_________

12. ESCRAVOS
Para o homem moderno pensar em escravatura, ele logo visualiza um homem (negro, índio ou outro qualquer) amarrado em um tronco apanhando de chicotes ou trabalhando de forma exaustiva sem direito a descanso, sendo mutilado ou assassinado por seu senhor, e logo uma questão vem a mente – “porque a Bíblia não proíbe terminantemente a escravatura ao invés de garantir os direitos dos escravos?”.
Mas o que muitas pessoas não sabem é que a escravatura dos tempos bíblicos era muito diferente da que havia a alguns séculos atrás, era muito mais humana, e entre os judeus alguns escravos eram tratados até como filhos ou amigos, este tipo de escravatura tinha um papel muito importante e positivo para toda a sociedade da época, para os indivíduos e para o governo, mesmo os prisioneiros de guerra que eram vendidos como escravos tinham muitos direitos garantidos. Mas veja bem, estamos falando de algumas sociedades não de todas; ao passo que os gregos e romanos tratavam bem seus escravos e os judeus melhor ainda, os egípcios e assírios os tratavam muito mal, com crueldade. Mas ainda que fossem bem ou mal tratados haviam os que eram trazidos de lugares distantes e nada poderia lhes minimizar o sofrimento por estarem longe de suas famílias, tal como José filho de Jacó quando foi vendido ao Egito.
Mas vamos nos ater as sociedades que fazem parte do texto bíblico. Os escravos faziam parte do cenário da época, e muitos homens viviam de comercializá-los, pois muitos vinham de longe e eram vendidos a mercadores que iam de cidade em cidade. Mas a escravatura entre os israelitas apresentava inúmeras vantagens, tais como:
1. Se uma pessoa tivesse muitas dividas e não pudesse paga-las, poderia dar-se voluntariamente de escravo ao seu credor e assim pagar suas dividas, ao invés de serem presos, e muitos requeriam este direito, que muitas vezes não era vantagem ao credor, neste tipo de escravatura combinava-se o tempo em que se ia trabalhar.
2. O credor nunca ficava sem receber, pois recebia suas dividas em forma de serviços.
3. Se alguém caísse na mendicância ou se tornasse muito pobre poderia optar por dar-se de escravo (Levítico 25:39) e assim teria moradia, vestes e alimentos em troca de seus serviços, mas pela lei deveria ser tratado como um empregado comum, e no ano do jubileu deveria ser liberto. (Jubileu - remissão de servidão dividas e culpa de 50 em 50 anos).
4. Se um Judeu se entregasse a escravatura deveria ser libertado com seis anos de trabalho.
5. Se um devedor se entregasse para ser escravo, a noite poderia esta de volta em casa com sua família, não era como uma cadeia.
6. Um escravo poderia prosperar tanto que alguns compravam sua liberdade (Levítico 25:49), ou mesmo tinham para si outros escravos, Ziba o servo do rei Saul, por exemplo, tinha ele mesmo vinte escravos (2 Samuel 9:10). Mas não era necessário ser servo de um rei para prosperar, pois muitos servos tinham a liberdade de negociar.
7. A lei de Moisés tinha inúmeros dispositivos que davam uma série de direitos ao escravo.
8. O estado lucrava, pois, com esta mão de obra barata muitos produtos eram fabricados, e na sua comercialização o estado recolhia seus impostos.
Muitos judeus após vencerem os seis anos de trabalho, optavam por ficarem com seus senhores pelo resto de suas vidas, se casassem poderiam fazer esta opção (Êxodo 21:5, 6), então teriam de furar a orelha para ficarem caracterizados como escravos. O que a lei de Moisés protegia, nas nações vizinhas eram a constituição que protegiam, pois se devia garantir os direitos de quem ficasse pobre e sendo honesto tivesse o desejo de saudar suas dividas. Havia também os que se tornavam escravos contra vontade (a força), pois tinham cometido um furto ou contraído dividas e não queriam trabalhar de servos para pagar. Os servos poderiam ser vendidos como escravos a outros senhores.
Nos dias de Neemias (5:1-5) alguns tinham se tornado tão pobres (ou cruéis), que venderam seus próprios filhos como escravos. A história do profeta Eliseu envolve uma mulher que teve seus filhos quase levados como escravos por causa de dividas (2 Reis 4:1). Israel comprava uma grande quantidade de escravos estrangeiros, mas quase nenhum judeu era vendido como escravo, pois, a lei em Deuteronômio 24:7 condenava a morte quem vendesse um irmão seu como escravo. Mas os judeus entendiam que a lei de Moisés somente protegia os escravos judeus e por isto não estendiam tais direitos aos escravos estrangeiros, que na maioria das vezes permaneciam na escravatura durante toda a vida e até eram deixados como herança aos filhos. Contudo, havia mendigos, havia os que estavam nesta situação por estarem inutilizados fisicamente, havia os malandros como já vimos e os que não gostavam de fazer nada mesmo.
Apesar da lei de Moisés tornar o cidadão judeu mais justo e decente que os povos em seu redor, eles também ao derrotarem uma nação inimiga, traziam muitos escravos; em Números 31:11,12 ao derrotarem os midianitas trouxeram muitos despojos e escravos para Arão e Moisés. Muitas pessoas procuram uma justificativa para tal ato, uns dizem que isto era comum no contexto da época, outros que era um ato de misericórdia, pois, a outra providencia seria matar. Em 2 Crônicas 28:9,10 há uma passagem onde o povo de Israel (reino do norte) derrota o povo de Judá (reino do sul), e tenta levar muitos deles como escravos. Grande parte do sucesso financeiro de Salomão deveu-se ao trabalho de escravos estrangeiros que haviam sido derrotados em guerra, Salomão não tinha escravos hebreus, mas milhares de estrangeiros (1 Reis 9:21).

Determinações da lei que protegiam os escravos, leia com atenção, nos detalhes do texto.
Êxodo 21:1-11
1 Estes são os estatutos que lhes proporás.
2 Se comprares um servo hebreu, seis anos servirá; mas ao sétimo sairá livre, de graça.
3 Se ele entrou só com o seu corpo, só com o seu corpo sairá; se ele era homem casado, sua mulher sairá com ele.
4 Se seu senhor lhe houver dado uma mulher e ela lhe houver dado filhos ou filhas, a mulher e seus filhos serão de seu senhor, e ele sairá sozinho.
5 Mas se aquele servo expressamente disser: Eu amo a meu senhor, e a minha mulher, e a meus filhos; não quero sair livre,
6 então seu senhor o levará aos juízes, e o fará chegar à porta, ou ao umbral da porta, e seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e ele o servirá para sempre.
7 E se um homem vender sua filha para ser serva, ela não sairá como saem os servos.
8 Se ela não agradar ao seu senhor, e ele não se desposar com ela, fará que se resgate; não poderá vendê-la a um povo estranho, agindo deslealmente com ela.
9 Mas se a desposar com seu filho, fará com ela conforme ao direito das filhas.
10 Se lhe tomar outra, não diminuirá o mantimento desta, nem o seu vestido, nem a sua obrigação marital.
11 E se lhe não fizer estas três coisas, sairá de graça, sem dar dinheiro.

Levítico 25:39-55
39 Quando também teu irmão empobrecer, estando ele contigo, e vender-se a ti, não o farás servir como escravo.
40 Como diarista, como peregrino estará contigo; até ao ano do jubileu te servirá;
41 Então ele sairá do teu serviço, ele e seus filhos com ele, e tornará à sua família e à possessão de seus pais.
42 Porque são meus servos, que tirei da terra do Egito; não serão vendidos como se vendem os escravos.
43 Não te assenhorearás dele com rigor, mas do teu Deus terás temor.
44 E quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das nações que estão ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas.
45 Também os comprareis dos filhos dos forasteiros que peregrinam entre vós, deles e das suas famílias que estiverem convosco, que tiverem gerado na vossa terra; e vos serão por possessão.
46 E possuí-los-ei por herança para vossos filhos depois de vós, para herdarem a possessão; perpetuamente os fareis servir; mas sobre vossos irmãos, os filhos de Israel, não vos assenhoreareis com rigor, uns sobre os outros.
47 E se o estrangeiro ou peregrino que está contigo alcançar riqueza, e teu irmão, que está com ele, empobrecer, e vender-se ao estrangeiro ou peregrino que está contigo, ou a alguém da família do estrangeiro,
48 depois que se houver vendido, haverá resgate para ele; um de seus irmãos o poderá resgatar;
49 Ou seu tio, ou o filho de seu tio o poderá resgatar; ou um dos seus parentes, da sua família, o poderá resgatar; ou, se alcançar riqueza, se resgatará a si mesmo.
50 E acertará com aquele que o comprou, desde o ano que se vendeu a ele até ao ano do jubileu, e o preço da sua venda será conforme o número dos anos; conforme os dias de um diarista estará com ele.
51 Se ainda faltarem muitos anos, conforme a eles restituirá, para seu resgate, parte do dinheiro pelo qual foi vendido,
52 e se ainda restarem poucos anos até ao ano do jubileu, então fará contas com ele; segundo os seus anos restituirá o seu resgate.
53 Como diarista, de ano em ano, estará com ele; não se assenhoreará sobre ele com rigor diante dos teus olhos.
54 E, se desta sorte não se resgatar, sairá no ano do jubileu, ele e seus filhos com ele.
55 Porque os filhos de Israel me são servos; meus servos são eles, que tirei da terra do Egito. Eu sou o SENHOR vosso Deus.
Não são somente estes os versículos que falam de escravos, existem muitos outros também.

A orelha furada
Após seis anos de trabalho se um escravo decidisse ficar com o seu senhor por toda a vida então deveria ser marcado, ele deveria encostar a orelha no batente da porta para que sua orelha fosse furada com um pequeno golpe de martelo numa sovela de carpinteiro, era rápido; a dor vinha depois do ato, mas por um dia somente, este furo tinha aproximadamente uns 5 mm de diâmetro. Em outros povos se marcavam os escravos com tatuagens nas mãos, testa, etc; no antigo Egito algumas dançarinas, prostitutas cultuais, sacerdotes eram marcados também, já na antiga historia das ilhas polinésias somente os nobres podiam se tatuar.

Escravidão no NT
Em Delfos praticava-se a venda de escravos para deuses como modo de libertá-los, quando o escravo já tinha o valor para pagar por sua euforia, ele ia no templo e depositava este valor no tesouro do templo, depois o seu dono ai lá e o vendia a um deus e recebia por esta venda o mesmo valor depositado pelo escravo; na verdade era o escravo que pagava por sua liberdade. Delfos era uma cidade vizinha a Corinto perto da península de Acáia. Alguns membros da igreja primitiva eram escravos (I Coríntios 7:21).
Na carta a Filemom Paulo envia Onésimo de volta para seu Senhor, ou seja, não se opõe a tal prática, mas aconselha inúmeras vezes que Onésimo seja bem tratado, talvez não se opôs, pois sabia que esta atividade era necessária. Havia em Jerusalém um mercado próprio para o comercio de escravos, eles eram comprados diretamente ou em leilão, o valor de um escravo podia ser alto, dependendo de quem fosse ou do que sabia fazer, quando alguém queria se entregar como escravo preferia ser escravo de um judeu, pois, isto significava ser melhor tratado, e por isto chegavam em Jerusalém muitas pessoas de outras nações. O preço que se pagava por um escravo era muito alto, e um escravo estrangeiro poderia custar até cem vezes mais que um judeu, pois ele era um escravo por toda a vida, enquanto o judeu por seis anos.
Mas a escravatura gerava um problema para as pessoas livres que não tinham uma profissão, pois tinham aceitar salários baixíssimos para trabalhar. A escravatura era tão comum que houve uma época em que quase a metade da população do império romano era constituída de escravos. O tratamento dado a um escravo variava muito dentro da mesma região, pois um escravo pessoal era sempre tratado com mais afeição do que um escravo que trabalhava em grupo; na Babilônia enquanto Daniel e seus três amigos eram servos do rei a maioria fazia trabalhos braçais. Podemos considerar as concubinas como escravas também, escravas sexuais.
Nem sempre o termo “servo” largamente utilizado na Bíblia significa escravo, pois também se chamavam os empregados assim. Pedro instrui que os escravos deveriam se submeter aos seus senhores (1Pe 2.18-25), Paulo ensinava que senhores e escravos crentes deveriam tratar-se com respeito (1 Timóteo 6:1,2), e que se um escravo pudesse ter a oportunidade de se libertar que aproveitasse isto (1 Coríntios 7:20, 21). Quando Paulo se diz escravo de Cristo, agora podemos imaginá-lo pensando em um senhor bondoso (1 Coríntios 7:22). Em Romanos 6:22 e outras passagens Paulo usa a expressão: “servos de Deus”, e isto quer dizer também que quem é servo não pode desobedecer a seu senhor, era uma condição, Deus é Senhor.
_________

13. POBREZA
O povo de Israel era em sua maioria pobre, podemos dizer que 50% tinham o suficiente para viver e que mais 40% não tinha nem este suficiente e viviam em condições de extrema pobreza. A Bíblia traz várias passagens marcantes onde Deus condiciona o sucesso de Israel a obediência, tal como Deuteronômio 15:4; Ageu 1:1-11, e outros, então perguntamos: - seria um erro associar a pobreza deste povo a sua desobediência? Acreditamos que não.
Na maioria da história bíblica a pobreza sempre foi o cenário mais comum na maioria do território, mas também sempre houve os locais que gozavam de abundancia. Na verdade, estes parecem fazer um papel importante na missão de Jesus, visto que a Palavra frisa que o evangelho deveria ser pregado aos pobres e isto nos parece bastante estranho, pois Jesus pregou para pobres e ricos.
O texto profético de Isaías (61:1,2) lido por Jesus afirma que ele deveria vir evangelizar os pobres - Lucas 4.18. Quando João Batista lhe enviou mensageiros para se certificar de que Ele era o Messias, Jesus mandou lhe responder que o evangelho estava sendo pregado aos pobres - Mateus 11:5. Qual a razão disto? Será que é porque os pobres aceitam mais facilmente o cristianismo por causa de sua vida sofrida em contraste com a mensagem de conforto eterno que está inserido no cerne desta doutrina? Quem sabe é isto mesmo! Pois, no tempo (três anos) em que Jesus demorou para angariar uma multidão de podres, teria conseguido convencer poucas pessoas ricas, mas ao passo que a Bíblia declara isto, no mesmo versículo também temos outras informações que tornam o evangelho mais universal e menos exclusivo:

Lucas 4.18,19 – Seis declarações
1º Evangelizar Os pobres
2º Curar Os quebrantados de coração
3º Pregar liberdade Aos cativos (escravos e encarcerados? / liberdade física ou espiritual?)
4º Restaurar da vista Aos cegos (só cego de olhos?)
5º Pôr em liberdade Os oprimidos
6º Anunciar o ano aceitável do Senhor Possivelmente a todos

E possivelmente cada pessoa da humanidade esteja inserida numa destas linhas, você já parou para pensar nisto? Sobre os pobre ainda, Jesus em Lucas 14:12-14 pede que o invés de gastar dinheiro com festas (ou quando gastar) nos lembremos sempre de repartir com os pobres os suprimentos. Alguns dispositivos da lei que protegiam aos pobres:
1. A cada três anos, todos os dízimos e ofertas de produtos recolhidos deveriam ser distribuídos entre os pobres – Deuteronômio 14:28, 29.
2. A cada sete anos todos os credores deveriam perdoar as dividas de seus devedores para que pudessem recomeçar suas vidas – Deuteronômio 15:1-4.
3. Nas colheitas os pobres poderiam apanhar nos campos particulares tudo o que quisessem para comer – Levítico 19:9, 10.
4. Qualquer escravo deveria ser liberto com seis anos de serviço – Deuteronômio 15:12-18.
5. Se alguém emprestasse dinheiro a um pobre não poderia cobrar dele os juros – Êxodo 22:25.
Todas estas leis tinham como um dos seus objetivos uma distribuição de renda mais justa, mas os profetas foram testemunhas de que as pessoas ignoravam estas leis nome do lucro; geralmente um pobre era tão mal recebido por um agiota que não se atrevia a ir lá pedir um empréstimo.


As causas da pobreza
Muitos eram os fatores que causavam a pobreza naquela época:
Impostos.
Os pesados impostos cobrados eram um grande problema para todos os que poderiam produzir ou vender alguma coisa, o império cobrava seus impostos para financiar suas construções e investimentos militares, também haviam os impostos de Herodes, os das autoridades do templo, e os das cooperativas, ao todo chagavam a mais de 50% do lucro. E toda esta despesa gerava salários menores, gerava mais escravos e alto custo das mercadorias, etc.

A mão de obra escrava.
Isto diminuía demais os salários de quem podia trabalhar, nas regiões rurais o problema não era tão grave, pois se morava junto às plantações, mas nas cidades onde as pessoas deveriam comprar tudo o que comer o problema tornava-se grave. O preço de um servo judeu era tão baixo que muitas pessoas possuíam um para fazerem afazeres tolos.

Enfermidades e deficiências.
Já vimos que a medicina da época era muito limitada, e que na maioria das vezes ela procurava melhorar o padrão de vida de pessoas com graves enfermidades ou deficiências. Nos templos bíblicos o numero de deficientes físicos era muito grande, pois em casos de acidentes graves de trabalho, ferimentos de guerra ou enfermidades sem cura esta pessoa estava inutilizada.
Atualmente temos uma medicina avança da que é capaz de identificar um numero grande de enfermidades, que esta envolvida com nanotecnologia, utiliza recursos eletrônicos sofisticados e medicamentos elaborados por profissionais em sofisticadíssimos laboratórios, próteses eletrônicas, etc.; mas naqueles tempos não, e muitos acidentes resultavam em aleijões. Na maioria da história bíblica uma característica que marcou muito o povo foi a dureza de coração que somente era minimizada com a proximidade de festas religiosas (mas mesmo nos tempos destas muitos só pensavam nos lucros), ou com o surgimento de algum profeta, que logo era assassinado, por isto muitos que ficavam inutilizados passavam a ser rejeitados pela família que agora deveriam lhes sustentar, eram obrigados a ir as ruas pedir esmolas e viver nelas. O que chama a atenção era a quantidade de cegos que havia na época.

A perda do pai
Se um chefe de família morresse ou ficasse inutilizado, toda sua família ai a miséria.

Calamidades naturais
Se algo havia em abundancia era isto, e me faz lembrar Ageu 1.1-11 (leia), eram secas rápidas e fatais, chuvas torrenciais e destruidoras, excesso de pragas, etc. Havia normalmente quatro meses que poderia se prolongar ou ser muito quente, isto poderia se somar a um forte e quente vento de leste.

A agiotagem.
Os agiotas nem tomavam conhecimento das leis de Moisés, isto é o que posso dizer claramente, eles as desobedeciam em todos os sentidos e não eram punidos, pois por serem ricos eram amigos das autoridades e dos sacerdotes do templo. Se um pobre quisesse um empréstimo deveria pagá-lo com juros, e se ele se demorar em pagar a divida o credor geralmente cobrava com violência, ou lhe tomava algum objeto de valor. Por lei um credor não poderia entrar na casa do devedor para tomar-lhe algo, mas tinha de esperar na porta com testemunhas (Deuteronômio 24:10,11) e também não poderiam aceitar em pagamento objetos essenciais para a vida diária (Deuteronômio 24:6), mas não somente entravam nas casas como aceitavam até roupas como pagamento (Amós 2:8). As taxas de juros poderiam chegar até os 50%.

A obediência a lei era cobrada somente dos pobres, eles não tinham como se defender. Certa vez, um mestre do Talmude chegou a fazer o seguinte comentário a alguns agiotas – “Se Moisés tivesse a idéia do quanto vocês podem ganhar com seus empréstimos a juros, nunca o teria proibido”. Ao narrar a parábola do credor sem compaixão (Mateus 18.30), Jesus conta que este credor lançou o devedor na cadeia, e segundo a história era comum naquelas épocas, o credor poderia cobrar simplesmente, tomar o devedor como servo ou prendê-lo; e muitos preferiam serem escravos a ser encarcerados. Se o dia do perdão estivesse perto, então eles tomariam seus credores como servos depois.
Dai a importância que Jesus dava a perdão de dividas, quando ele disse em sua oração – “Perdoa as nossas dividas assim como nos perdoamos aos nossos devedores” (Mateus 6:9-13) e - “Perdoa-nos os nosso pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve” (Lucas 11:2-4), talvez isto para você não tenha o mesmo significado para uma pessoa da época, mas agora poderá entender como eles entendiam.
Quem estivesse devendo estava na eminência de perder até tudo e até os seus direitos, sentia-se escravizado, era viver sob pressão. Alguns homens curiosamente em meio a todo este contexto de caráter torto optavam por uma vida de pobre, mesmo sendo bem sucedidos, eram pessoas hábeis nos negócios, ou que produziam coisas cuja qualidade era conhecida, ou agricultores, etc., que empregavam boa parte de seus ganhos para gerar recursos para os pobres, como o caso de Barnabé que vendeu um terreno seu para distribuir o dinheiro entre os pobres (Atos 4:36-37). Mas seja lá qual forem os fatores que causavam a pobreza, mesmo que fossem desastres naturais, os israelitas culpavam-se a si mesmos por tais eventos ou fatores, eles procuravam sempre em si a culpa por suas desgraças e nunca culpavam a Deus. Sabiam que viviam erroneamente.

Órfãos
Para que alguém fosse considerado órfão bastava que perdesse seu pai, pois esta era quem sustentava a família, por isto eles eram muitos, e o grande problema deles era não ter ninguém para lhes ensinar uma profissão, quando se tornavam adolescentes estavam condenados a serem servos ou trabalhadores miseráveis. Se um chefe de família morresse ou viesse a ser inutilizado por algum acidente de trabalho, guerra ou enfermidade a família toda ficava gravemente comprometida. Se fosse uma órfã tinha três opções:
a) ser adotada por um tio, irmão maior ou por alguém que poderia utilizá-la como concubina,
b) ser uma prostituta cultual ou comum, ou
c) mendiga.
Contudo havia os que até os espoliavam e depois os matavam (Salmo 94:6; Isaías 10:2), mas Deus advertiu que aquele que afligisse a um órfão que enviaria a espada contra ele – Êxodo 22:22-24. Já no cristianismo havia uma orientação clara para cuidar dos órfãos.Em Deuteronômio 14:28, 29 os órfãos também estão incluídos nesta lista.

Jesus era pobre?
José que era responsável por Jesus, era carpinteiro e provavelmente gozava da vantagem de ter uma profissão especializada, mas quando José e Maria levaram no templo a oferta pelo nascimento de Jesus, eles levaram um par de rolas ou pombinhos (Lucas 2:24) e isto nos faz pensar que talvez fossem pobres, pois a lei determinava que se o casal não pudesse oferecer um cordeiro, então deveriam oferecem duas rolas ou pombinhos (Levítico 12:8).
Jesus era o primogênito (1º filho) de Maria (Mateus 1:25) e além dele a Bíblia enumera mais quatro: Tiago, José, Simão e Judas alem de irmãs (Mateus 13:55, 56), que era comum na época, um casal judeu geralmente tinha muitos filhos; e talvez tantas bocas para sustentar também pudesse baixar o padrão de vida da família. É obvio, ele sempre teve uma casa enquanto estava com sua família, mas quando saiu a fazer sua missão vemos na Bíblia que quando ele não se hospedava na casa de alguém então dormia com seus seguidores em locais públicos mesmo, tal como no jardim das oliveiras. Sabemos que durante sua pregação ele não teve nenhuma atividade profissional, mas era sustentado pelo auxilio financeiro de seus seguidores.

A pobreza na igreja
A igreja apostólica vivia em sistema de cooperativa, o trabalho de todos era revertido em recursos financeiros que era então retornado a comunidade, nesta cooperativa todos viviam em iguais condições (Atos 4:32).
E esta cooperativa atraia também muitas pessoas, pois o numero de miseráveis era grande, eles chegavam a eram evangelizados. Esta divisão de bens e recursos baixou o padrão de vida de muitos profissionais que se convertiam, mas também subiu o padrão de quem não tinha nada. Logo no primeiro século já havia perseguições a nível particular com relação aos seguidores de Jesus, por isto muitos ao se converterem logo perdiam seus empregos ou eram expulsos da família. Mas ao se iniciar as perseguições mais pesadas isto realmente proibiu as pessoas de trabalharem ou congregarem. Muitos desonestamente largavam seus empregos, pois, diziam que Jesus voltaria por aqueles dias para lhes arrebatar, por isto Paulo de Tarso advertiu tais pessoas em 2 Tessalonicenses 3:6-15, Paulo diz duramente, que se alguém se recusasse a trabalhar também não poderia comer.
Muitos miseráveis vinham a Cristo, pois, estavam cansados de ser desprezados ela encontravam o amor de todos, e muitos ricos vinham também e entregavam todas as suas posses aos apóstolos para que distribuíssem aos pobres; mas hoje em dia muitos pastores têm usado desonestamente tais passagens bíblicas em suas pregações tentando retirar de uma vez tudo o que algumas pessoas possuem; tais passagens não devem ser usadas para pregar estas coisas; a não ser que um grupo de cristãos vivam em cooperativa. A cooperativa não incluía só os cristãos locais, mas toda comunidade cristã espalhada por todo o império, uma vez os cristãos de Antioquia enviaram suprimentos aos cristãos de Jerusalém - Atos 11:27-30, também em Atos 27:17 vemos algo semelhante.
Haviam espalhadas por todo o império associações de caridade e programas de ajuda aos pobres, mas em Jerusalém havia muitas delas, por isto muitos pobres dirigiam-se para lá. No ano 23 d.C. Herodes o Grande vendeu uma grande quantidade de ouro e prata de seu luxuoso palácio particular para financiar muitos destes programas, ele fazia por vezes sacrifícios heróicos para distribuir alimentos a famílias pobres, aliás Herodes foi um dos melhores administradores que o império romano já possuiu, ele fazia grandes estoques de cereais em épocas de colheita para ter certeza de quem ninguém passaria fome em épocas de estiagem, e também reformou e decorou o templo judaico de tal modo que os judeus diziam – “quem nunca viu o templo de Herodes não viu o que é belo”, este rei era odiado pelos muitos impostos, mas amado pelas muitas e pesadas caridades. Quando Jesus falou de dar esmolas em secreto (Mateus 6:4), talvez tenha se referido a “sala de segredos” onde o doador podia entrar e depositar suas esmolas, que depois eram distribuídas aos pobres pelos sacerdotes.
_________

14. AGRICULTURA
O povo de Israel em sua maior parte vivia da agricultura, por isto muitos de seus conceitos sobre Deus estavam relacionados com esta atividade, se houvesse chuva ou seca atribuíam a Deus estes fatores. O agricultor fazia o melhor que podia por sua plantação, mas eles criam que o resultado da colheita dependeria de Deus, se fosse ruim era sinal que Deus estava desagradado. Alguns de seus festejos relacionavam-se a agricultura, de toda a produção 20% era atribuída a Deus.
Deus prometeu a Abraão a terra que emana leite e mel, e devido à proximidade deste povo com a terra, Jesus por várias vezes usou figuras provenientes destas atividades em seus ensinos. Mas um dos grandes problemas de Israel é com água, hoje em dia não, pois eles possuem mais tecnologia do que seria preciso para aproveitarem e distribuírem bem a água, mas nos tempos bíblicos dois eram os grandes problemas:
1. A irregularidade de chuvas no território – Enquanto que da região do mar morto registra um índice pluviométrico de 0 Cm/ano, temos uns 20 cm no lado oeste do rio Jordão e uns 100 cm no mar da Galiléia, uma verdadeira enxurrada. Já em Jerusalém nos últimos 1000 anos temos um índice aproximado de 62 Cm/ano.
2. A outra dificuldade é que a maioria das chuvas se precipita em forma de tempestade e escoa rapidamente causando erosão e destruindo plantações.
Em Israel existia e ainda existem duas épocas de chuvas. Em Maio e Outubro, em Dt 1.14 estão registradas como “primeiras chuvas” e “últimas chuvas”; as chuvas de outubro eram a época do plantio e as de maio tinham sua importância, pois era época de colheita. Outras fontes de água que eles possuíam eram: nascentes, rios, poços e orvalho. O orvalho por vezes era o fator decisivo para o sucesso de uma colheita, pois apesar da pouca quantidade de água esta garoa umedecia as plantas e a terra, eles aconteciam mais intensamente em agosto e setembro. Com o passar do tempo eles perceberam que deviam armazenar as águas das chuvas para época da estiagem e começaram a cavar muitos poços e construir reservatórios por toda a região, muito desses reservatórios ficavam na beira de locais por onde a água escorria, eram poços imensos cavados em rocha.
O rei Uzias (800 a.C.) mandou cavar muitos poços (2 Crônicas 26:10), em Gibeom uma obra surpreendente foi encontrada, um imenso açude construído debaixo da cidade; para se chegar a tal açude se deveria descer uma larga escada que dava acesso a um imenso vão subterrâneo, deste partia um túnel que dava acesso ao açude, calcula-se que foi preciso remover 3 milhões de Kg (75 carretas) de rocha para fazer tal obra, e talvez este fosse o Açude Gibeom (2º Samuel 2:13). Os poços da fortaleza de Massada possuíam grande capacidade, pois 900 homens os usaram por três anos. Quando se fala em poço na Bíblia pode ser tanto um tipo de poço que visa retirar água do fundo (subsolo), quanto um outro cujo objetivo é ser abastecido de água pela boca, com as águas que escorrem das chuvas, este segundo também é chamado de açude, tanques ou cisterna. Podemos ler sobre os tanques de Betesda (João 5:2), e de Siloé (João 9:7-11). Muitos destes tanques construídos na antiguidade são importantes para o abastecimento de água até hoje em Israel. Agora você pode compreender o que está escrito no Salmo 84:6?
Mas água não era simplesmente armazenada para ser retirada com baldes (em alguns locais sim), da maioria dos açudes partiam estruturas de irrigação que aproveitavam a força de gravidade para distribuir as águas, isto era o mais racional e sempre que se podia usava-se isto, mas em algumas outras regiões a água poderia ser levada até os lares e plantações em lombos de animais ou carregados por escravos. Não era todos os agricultores que podiam usar de irrigação, somente os mais abastados usavam isto, a maioria ficava na dependência das chuvas e orvalhos. Israel localizasse na ponta do crescente fértil, que compreende desde a nascente até a desembocadura dos rios Tigre e Eufrates fazendo uma faixa curva até o mar mediterrâneo (estudos de geografia bíblica), a sudeste compreende a Mesopotâmia, chegando até o golfo pérsico, ao norte uma cadeia de montanhas a milita, e a sudeste Gaza.
Os egípcios chamam esta região de “terra onde o Nilo cai do céu”, pois as chuvas lá também em suas maioria ocorrem em forma de tempestade, mas também existem as épocas de estiagem. O norte de Israel esta dentro da ponta deste crescente fértil e isto garante tempestades menos intensas que em seu meio. Este nome “crescente fértil” foi dado a esta região, pois, tem o formato de uma lua crescente. Uma solução prática para o plantio em meio a tais condições climáticas foi a construção de patamares nas montanhas, são cortes longitudinais nas encostas das montanhas formando grandes e largos degraus com muros de rocha, a água escorre de degrau em degrau, mas o muro de rocha impede a erosão do solo, calcula-se que 60% das montanhas a oeste de Jerusalém já encontram-se cortadas em patamares, e toda estas obras não são recentes mas provem da antiguidade, já no ano 800 a.C. muitas das terras já estavam sendo exploradas por este tipo de irrigação.

Terrenos rochosos
Um grande problema para os agricultores em Israel é o terreno rochoso, são pedras de mármore, granito, basalto ou enxofre, e quando ocorrem acomodações geológicas mais rochas ainda afloram à superfície, e as chuvas torrenciais levando a camada de terra na enxurrada fazem também mais rochas aflorarem. Estas pedras são removidas nos locais que serão utilizados para plantações, e o povo já se habituou a fazer uso de forma criativa com essas pedras, construindo muros, represas, ou seja, elas são bem aceitas na liga do concreto e são bastante úteis em grandes construções.
Se o terreno possui pequenas pedrinhas isto não constitui um obstáculo para as plantações de vinhas, mas em outros locais para se retirar em todas as rochas as vezes isto gera muita despesa. O que mais prejudica as plantações é que um terreno com muitas pedras não têm capacidade de reter água, a semente pode brotar, mas a planta não se desenvolve o suficiente.

O plantio
O plantio possui duas etapas principais para se obter uma boa colheita, mas a variedade de solos diferentes impede que os mesmos procedimentos sejam utilizados por todo o território de Israel, por vezes o plantio era feito nos patamares, em terra úmida, em terra seca, em solo pedregoso ou não, etc. Na Antiguidade os agricultores usavam arados de madeira ou ferro puxados por bois, em Dt 22.10 e era proibido juntar dois animais diferentes para puxar o arado, mas é desde aquela época até hoje se juntam bois e jumentos para a arar a terra.
Jugo significa escravidão, ou peça com a qual se prende algum animal para ele trabalhar puxando algo, na época de Cristo dois animais diferentes puxando um arado era conhecido por julgo desigual, e o apóstolo Paulo aproveitou este conceito para ilustrar o fato de que os crentes não deveriam se colocar em jugo desigual com incrédulos (2ª Coríntios 6:14), acontece que quando se coloca um boi e um jumento juntos para puxar o arado praticamente o boi sempre faz muito mais força que o jumento e o arado não sai reto, ou o jumento é sacrificado em um serviço muito mais forçado para acompanhar o boi; não será nunca algo harmonioso.
Em Mateus 11:28-30, quando Jesus disse "vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo...". Alguns estudiosos interpretam que ele quis dizer que possuía um jugo que não estava mais submetido às leis rigorosas do Antigo Testamento, outros entendem que Jesus quis dizer que ao deixarem a lei rigorosa o homem deveria vestir o jugo que ele lhe daria. Estes jugos eram feitos ou de madeira pesada e forte ou de metal, havia jugos para dois animais ou para um só, do jugo para um animal saíam duas cordas laterais até o arado, mas do jugo para dois saía uma corda do meio da barra até o arado.
Em Lucas 9:6 Jesus usa a figura do arado e diz - "ninguém que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus", ele usou a figura do arado de novo, pois, desde os tempos bíblicos até os nossos atuais sempre que se vai arar a terra, quem estiver com a mão no arado ou no volante de um trator, para fazer um traço reto no solo deve fixar o olhar em algum ponto distante e ir ao encontro deste ponto sem desviar os olhos, qualquer olhar para outro local que não seja este ponto, produz um corte torto na terra. Devemos então está com os olhos fixos no nosso alvo que é Cristo, devemos arar a terra sem vacilações.
O que se usava para cultivar a terra em pequenas plantações tais como hortas, eram instrumentos que de um lado era pá e de outro uma enxada. Este solo rochoso, quando bem arado e regado tinha uma cor de vermelho a vermelho arroxeado. O Aguilhão com o qual Sangar feriu 600 filisteus, era uma vara de aproximadamente 2 m de comprimento com uma ponta de metal afiada com a qual o lavrador cutucava os animais que puxavam o arado, Eclesiastes 12:11 usa a figura deste instrumento; em Atos 26:14 quando Deus diz a Paulo - "dura coisa a de recalcitrar contra os aguilhões" isto denota que Deus já a algum tempo vinha tocando Paulo para seguir Jesus.

A semeadura
Depois de cortar a terra com o arado, o agricultor percorria toda a terra com as sementes numa sexta a tiracolo, daí ele pegava sementes e contando os passos as jogava na mesma distância uma da outra dentro do sulco na terra. Depois percorriam tudo de novo jogando terra em cima das sementes (ou faziam isto com os pés no mesmo momento), para que não fossem comidas por pássaros.
Na época de Isaías (25:10) misturava-se palha com esterco para adubar a terra, outra forma também era misturar sal ao esterco este era muito usado pelos egípcios, para adubar uma videira cavavam um buraco ao redor dela e ali depositava-se o estrume. O calcário que havia em abundância no solo era adubo natural para plantações de cereais.
Culturas
Uma grande variedade de cultura era cultivada no território de Israel, cereais, verduras, legumes, frutas e linho. Havia muitos cereais, alguns eram considerados mais importantes tais como o trigo que é plantado na Galiléia e às margens do rio e Jordão, já a cevada era considerada de segunda qualidade por isto é plantada em solo mais pobre, ela era colhida um mês antes do trigo, a cevada é recolhida em abril e o trigo em maio e junho.
Havia também os cereais considerados mais inferiores tais como a espelda e o endro e estes eram plantados nas beiras dos Campos de trigo e cevada. O feijão era muito cultivado pelo povo, mas apesar de ser um alimento de grande valor por ter uma porcentagem grande de proteínas era desvalorizado, e sendo um alimento barato era consumido somente pelos pobres. Os israelitas faziam deliciosos pães de feijão, e outros tipos de comidas. Ele era cultivado em grandes plantações e também de pequenos quintais. A lentilha foi cultivada por todo o território de Israel durante muito tempo, e não só em Israel mais por todo o crescente fértil e também no Egito, e era considerado um alimento de primeira qualidade. Outras variedades muito apreciadas eram o alho, cebola, melão, alho poro, pepino, abóbora, alface, pimentão e berinjela, o alho poro da época era uma variedade de cebola.
A cabaça era também cultivada, pois se via para transportes de pequenas quantidades de líquidos tais como água, vinho ou azeite. O linho também era muito cultivado e servia para a confecção de tecidos e cordas, ele desempenhava um papel importante na economia, depois de colhido os talos eram submetidos a um processo para que suas fibras se soltassem que pudessem ser fiadas.

Destruição das plantações
Apesar de todo o trabalho que cada agricultor tinha com sua lavoura, o resultado da sua plantação dependia de Deus ser generoso e não mandar sobre o campo uma longa estiagem ou tempestades. O vento quente que vinha em outubro e poderia durar de três dias a uma semana; chamava-se sicoro, ele fazia com que a umidade do ar baixasse tremendamente e a temperatura subisse em até 20 °.
As pragas de insetos eram outra grande ameaça, e de todos eles o gafanhoto era o mais destruidor. Havia também a seca, e a Bíblia e a história também registram muitas delas, algumas devastadoras, a história registra uma grande seca em 24 a.C. no o reinado de Herodes, e a Bíblia registra outra grande seca no reinado de Acabe, quando profeta Elias determinou que não haveria mais chuvas - 1º Rs 17:1. A plantação também poderia ser atacada por fungos se a umidade estivesse excessiva.

O calendário de Gezer
Este calendário trazia as épocas de plantio e colheita e vem do século XX a.C., por vezes o povo usava de expressões relacionadas a período das plantações, tal como - "após a colheita do trigo" que poderia ser julho. Linho: março e abril; Cevada: abril e maio; Trigo: maio e junho; Figos e uvas: agosto e setembro. A foice usada na colheita dos cereais poderia ser de metal ou de pederneira, que era uma pedra bastante dura a onde podia se fazer um fio como no metal, a pederneira também era chamada de pedra de fogo, pois se a atritada uma na outra produziu faíscas facilmente, e era o modo de se fazer fogo naquela época.

Debulha e armazenagem
A debulha do grão era feita de três modos diferentes, após o grão ser colhido ele era levado para a eira, que era uma área plana, o primeiro modo é bater com varas no cereal para que soltasse da casca, o segundo modo era fazer animais pesados caminharem sobre os grãos, e outro método era fazer um animal puxar troncos de árvores por cima dos grãos. E para se separar a casca do grão eles usavam pás com as quais jogavam para o alto as palhas juntamente com os grãos, os grãos pesados caiam rapidamente enquanto a palha era levada pelo vento, por isso João Batista disse que Jesus era aquele que estava com a pá na mão para separar o joio do trigo - Lucas 3:17, o povo que escutou entendeu, pois puderam visualizar exatamente o que os agricultores faziam; e agora você também já pode!
O armazenamento da produção de cereais era feito de diversos modos, se fosse uma produção pequena poderia ser guardada em casa pela própria família do agricultor, o se uma produção pouco maior parte dela poderia ser vendida. Geralmente o estado guardava parte de sua produção por prevenção, além de comprar estoques de colheitas particulares.
O trigo armazenado para uso próprio era colocado numa vasilha de barro de diversos tamanhos, e aquele trigo armazenado para a população era colocado em grandes silos subterrâneos, alguns tinham mais de 7 m de largura e 6 m de profundidade. A quantidade de cereais que era armazenada poderia ser imensa, o rei Salomão certa vez designou algumas cidades para serem cidades armazéns - 1ºRs 9.19, seu pai Davi também fizera a mesma coisa (1º Crônicas 27:25). As primeiras cidades celeiros eram egípcias e foram construídas por trabalho escravo - Êxodo 1:11. Tais métodos de armazenagem eram perfeitos, pois, até hoje muitos arqueólogos têm achados grande silos com estoque de cereais em perfeito estado de conservação.

As videiras
O cultivo da uva é um dos mais antigos da história da humanidade (Gênesis 9:20), Noé tinha uma vinha e os povos da terra de Canaã também (Números 13:23,24). Israel possui excelente local para a plantação de uvas, mas o seu cultivo é muito trabalhoso, primeiro o agricultor deve limpar o terreno a ser plantado de todas as rochas e pedregulhos, e muitas vezes é tanta quantidade de pedras que é possível se construir altos muros ao redor da vinha; as mudas eram implantadas a distância de 2 m e meio umas das outras, e planta por planta deveria ser escorada com varetas, além do que deveria ser podada logo depois da época das flores quando estavam ainda pequenos os frutos, pois os galhos sem frutos deveriam ser cortados, o solo e as plantas deveriam ser limpos duas vezes por ano, e seus galhos que fossem crescendo deveriam ser re-dirigidos, por isto era fácil ver se uma vinha estava sendo bem tratada ou não.
Seis anos poderiam plantar e cuidar da plantação, mas no sétimo ano não, o agricultor não podia trabalhar na vinha (Lv 25:3, 4). Não se poderia colher os frutos dos três primeiros anos (Levítico 19:23), e quando se colhia uma porcentagem deveria ser deixada para os pobres. O colhedor não poderia passar de novo pela plantação para verificar o que esqueceu de colher, pois esta parte era também dos pobres; as colheitas em pequenas plantações eram feitas pelo agricultor e sua família, já nas grandes plantações particulares ou do estado às vezes centenas de pessoas trabalhavam na colheita. Alguns proprietários podiam arrendar suas vinhas, e após isto ganhavam parte do que ela produzia, e de vez em quando iam verificar o estado de conservação dela, Jesus usou isto em uma parábola em Marcos 12.
Uma boa produção de uvas significava uma grande quantidade de vinhos, passas, mel de uva, e muita produção para exportação. Era também muito comum construírem se "torres de vigia de vinhas", nestas torres ficavam os vigias das linhas que as protegiam de ladrões e animais. Tais torres eram construídas de pedra que havia em abundância, algumas torres eram altas e tinham três ou quatro andares, possui um pavimento para a armazenagem de uva e outros pavimentos para o pernoite do vigia, nas plantações mais pobres nem se faziam torres, mas cabanas para o guarda. O rei Uzias construiu algumas delas - 2º Crônicas 26:10. Deus usa em Isaías figura do guarda da vinha em suas profecias - Isaías 27:3. Agora podemos entender o que está escrito em Marcos 12:1.

As oliveiras
As oliveiras são as árvores que produz azeitonas e elas tinham um papel muito importante na vida pessoal e religiosa das pessoas e também para o estado por causa dos seus produtos e da exportação dos mesmos. As primeiras oliveiras de Israel não foram plantadas pelos hebreus, mas já estavam lá quando Josué entrou com o povo de Israel na terra Santa.
A oliveira requer muita paciência por parte do agricultor, pois somente após 15 anos é que árvore começa a produzir, neste meio tempo deve ser bem tratada; a colheita da azeitona se dá no outono, e nos tempos bíblicos eles as colhiam batendo com bastões nos galhos da oliveira, os frutos maduros caiu no chão e eram de colhidos, assim como no caso das videiras todos frutos da árvore não deveriam ser colhidos mas uma parte deveria sobrar para os pobres, viúvas e órfãos. Após iniciar sua produção, apesar de ter início demorado a oliveira pode produzir por séculos, ainda existem em Jerusalém oliveiras da época de Jesus Cristo. Esta árvore se adapta, facilmente ao clima da região, suas raízes se aprofundam no solo pedregoso, e o forte calor da região assim como as variações bruscas de temperatura geralmente não as afetam (Gêneis 31:40), também pode sobreviver no deserto com um mínimo de água; a única coisa que pode matá-la é uma geada muito forte.
A principal utilidade da azeitona é a estração do azeite, a fruta era também consumida crua ou cozida, mas o azeite tinha muitas utilidades era usado em rituais religiosos, nas lâmpadas de iluminação, para fazer pães, como remédio, na indústria de cosméticos, etc.

O jardim das oliveiras para onde Jesus ia frequentemente as tardes, pela tinha o nome de Getsemani (prensa de azeite) devido à grande quantidade destas árvores que estavam plantadas lá, era um grande pomar.
Como o azeite de oliveira era produzido sempre em grandes quantidades, ele era exportado e os lucros gerados faziam diferença para economia do estado, desde os tempos de Salomão Israel produz grandes quantidades de azeite. As azeitonas eram esmagadas com os pés ou com pedras, existiam moinhos próprios para azeitonas, alguns pequenos que poderiam ser movidos por homens ou mulheres, outros grandes que deveriam ser puxados por animais; isto produzia uma mistura de óleo e poupa, a poupa era retirada numa peneira, e o líquido era deixado em repouso até que o óleo viesse a superfície, então a camada superior deste líquido (azeite), era retirado e o restante do líquido tinha outros usos. Em Romanos 11:17, o apóstolo Paulo diz que o cristão é um galho de zambugeiro (oliveira brava) que é enxertado por Deus na oliveira verdadeira para que dê frutos, é por causa disto muitas pessoas tentaram fazer tal enxerto, na verdade isto nunca foi feito nem nunca deu certo; Paulo somente criou uma figura imaginária.

Figos
Esta fruta sempre foi e ainda é comum na paisagem de Israel, tanto hoje quanto nos tempos bíblicos existem muitas figueiras cultivadas em fazendas e também nativas da vegetação. Ter uma figueira em casa era sinal de felicidade, pois as suas grandes folhas dava uma excelente sombra (o que é precioso em climas quentes), ela também normalmente frutifica durante séculos e sua manutenção não dá quase nenhum trabalho e também se adapta perfeitamente ao solo árido, duas são as safras anuais, a primeira em julho é a segunda em setembro.
O sicômoro tão citado na Bíblia era uma espécie de figo, mas inferior, o seu fruto não tem o mesmo sabor delicioso do figo, mas mesmo assim muitos o preferiam, foi num sicômoro que Zaqueu subiu para ver a Jesus (Lucas 19:4), o profeta Amós era boiadeiro e cultivador de sicômoros (Amos 7:14), Salomão também tinha muitos sicômoros 1º Reis 10:27. Em Marcos 11:1 os discípulos foram buscar um jumento na cidade e de Betfagé que significa a casa dos figos, talvez fosse uma cidade dedicada ao cultivo desta fruta.

A castanha
As frutas secas eram muito apreciadas pelo povo de Israel, e dentre elas destacam-se três: amendoim, pistácio e nozes. O amendoim já era o alimento comum, desdenha época do antigo Egito (Gênesis 43:11), eles eram consumidos com os torrados, e também usados na fabricação de cosméticos; e já o pistácio, era também muito cultivado em Israel e fazia parte também da lista de presentes que Jacó enviou ao Egito. As nozes normalmente eram cultivadas próximo ao mar da Galiléia e também eram muito consumidas.

Tâmara e maçãs
Muitos escritores estudiosos concluem que os israelitas consumiam tâmaras e maçãs apesar destas frutas não constatarem no texto bíblico. Quanto as tâmaras, eles concluem que haviam naquela época, pois hoje existem muitas em estado nativo e em plantações organizadas, a Bíblia por muitas vezes fala em palmeiras e muitos são os tipos de palmeiras frutíferas. Pela história sabemos que os antigos egípcios apreciavam muito as maçãs, muitos estudiosos hoje dizem que em certos trechos da Bíblia ao onde se encontra a palavra damasco a melhor tradução seria maçã.

Romãs
A romã é uma fruta deliciosa muito parecida com laranjas, mas com muito mais sementes, sua árvore é um arbusto de pequeno porte assim como a laranjeira. Quando o povo hebreu saiu do Egito já conheciam bem as romãs, pois em Êxodo (28:33, 34) Deus manda que sejam bordadas romãs na roupa do sacerdote, e, em Números (13:23), nos vemos que o povo ficou muito feliz por saber que haviam romãs na terra prometida, e em 1º Reis 7:18, 20, 42 vemos a importância da figura da romã na construção do templo. Em Deuteronômio 8:8 vemos que ela é uma das frutas prometidas por Deus, de certo além de ter uma importância como alimento deveria também ser importante a sua figura nas questões religiosas.


15. PECUÁRIA
A pecuária nos tempos bíblicos - em sua grande maioria criação de ovelhas, mas de um modo geral quem optar se por essa atividade estaria escolhendo para se uma atividade muito trabalhosa, pois todos os tipos de animais davam e ainda dão hoje muito trabalho para serem mantidos saudáveis.
De todos os animais que se poderia criar a ovelha era a mais trabalhosa, pois ela é absolutamente inofensiva, se atacada não se defende, se perde com facilidade, poderia ser facilmente roubada e não tem capacidade para encontrar alimento por si, mas devem ser levadas pelo pastor a algum lugar que tenha pasto. Durante muitos séculos a pecuária constituiu uma atividade importante para economia de Israel, ela produzia carne, leite, ovos, lã, couro, subprodutos, etc.

Ovelhas
Não estaríamos exagerando se calculássemos a quantidade de ovelhas existentes em Israel na cifra de milhões, pois a própria Bíblia dar essa idéia: em Nm 31:32 quando o povo hebreu derrotou os midianitas levou como despojo 675.000 delas; Em 1ºRs 8:63 vemos Salomão dando 120.000 ovelhas para o sacrifício; o rei Asa também ofereceu 7.000 delas em sacrifício (2º Crônicas 15:11). O pastor de ovelhas cuidava delas como um pai, pois são animais muito afetuosos e se apegam em seu pastor como uma criança, e inocentes também a ponto de chegarem perto de um precipício e caírem dele, alguns pastores preferiam criar bodes ou bois que eram animais mais espertos e independentes; para ser um pastor de ovelhas o homem deve ter o perfil afetuoso, pois seus animais exigem isto dele.
Esta dependência da ovelha para com o pastor é usada por Jesus frequentemente, ele dizia que as multidões eram ovelhas exaustas e desorientadas que precisavam de um pastor que pudesse orientá-las (Mateus 9:36); Ele se dizia também o bom pastor. Os currais para onde as ovelhas eram levadas nos fins de tarde deveriam ser o mais bem guardado possível, pois eram animais muito indefesos, já vimos no estudo das moradias que geralmente as famílias pobres que tinham poucos animais os levavam para dormir dentro da casa com a família, agora sabemos porque. Mas os criadores mais ricos construíam grandes currais, que no texto bíblico são chamados de apriscos, como muros altos e guardas (que sempre eram os pastores) que se alojavam junto aos animais; a chegada da noite representava perigo para as ovelhas, eram os ladrões, animais selvagens, tempestades, etc.
Em alguns apriscos se alojavam alguns pastores com suas criações e apesar dos animais de misturarem para dormir, de manhã era fácil para o pastor separar os seus animais, pois, a ovelha conhece a voz de seu pastor e não atende ao chamado de outra pessoa qualquer, os pastores também dão nome a cada uma de suas ovelhas e isto é comum até hoje; agora podemos entender o que Jesus quis dizer em João 10:1-5; leia também João 10:16 e veja se pode entender agora. Tais apriscos não tinham porta, na verdade a tal porta era um pastor que assumia seu posto na entrada do aprisco, eles eram homens carinhosos com suas ovelhas, mas poderiam lutar valentemente contra animais ou ladrões que tentassem entrar, aliás, eram os ladrões que tinham medo dos pastores – Veja o que Jesus diz em João 10:9. Esta criação era tão numerosa e importante para a economia que havia em Jerusalém a porta das ovelhas – João 5:2.
A tosquia das ovelhas ocorria em clima festivo, pois representava além de lucros, as bênçãos de Deus, havia até a festa da tosquia. Esta poderia ser feita pelo dono do rebanho se a criação fosse pequena, mas havia também os tosquiadores profissionais, que trabalhavam somente na época da tosquia que era após a primavera e mesmo nesta época as fêmeas prenhas somente eram tosquiadas depois de terem tido suas crias, após feita a tosquia deveria ser dada a Deus as primícias da lã – Deuteronômio 18:4. Os tosquiadores profissionais eram aos milhares, e trabalhavam para grandes criações particulares ou para o estado, na verdade eram trabalhadores de época. Leia agora, por favor, todo o capitulo 10 do Evangelho de João e veja como você já o pode ler com outra perspectiva.

Os pastores
Pelo modo como os pastores deveriam cuidar das ovelhas fazia com que somente homens com tais características se dispusessem a tal serviço, outros homens que não tivessem o dom de cuidar de animais como se cuida de uma criança poderiam escolher muitas outras espécies de criação: bodes, camelos, cavalos, bois, etc. Isto fez com que o Antigo Testamento estivesse repleto do conceito de Deus como pastor, o que foi confirmado por Jesus em João 10:11-14.
Mas se em nossos tempos admiramos estes homens, nos tempos bíblicos eles eram mal vistos por muitos que os consideravam simplesmente homens iletrados, sujos e sem ideais, mas na verdade esta atividade incluía não ter tempo para si, eles levavam um saco de couro chamado de embornal que continham a merenda, que podia ser pães, frutas, passas, queijo, etc.
A arma mais poderosa do pastor era a funda, uma atiradeira com duas cordas e no meio uma tira de couro mais larga onde se punha uma pedra, ela era girada e pegava grande velocidade, então uma das cordas era solta e a pedra saia com grande força, alguns eram tão hábeis que poderiam atingir um alvo com grande potencia e precisão, e se era capaz de machucar um leão não me admira que tenha machucado Golias. As pedras arremessadas chegam até 150Km/h, e até hoje muitos utilizam a funda para caçar. Muitos punham também no cajado pontas de metal, para que pudessem enfrentar animais menores, mas sempre alguns animais eram perdidos e o pastor não podia fazer nada (Gênesis 31.39). O cajado tinha sua ponta curvada para que o pastor pudesse puxar as ovelhas que estivessem por perto. Para a tosquia, para examiná-la ou outra coisa qualquer. O cajado do pastor era sinal de tranquilidade para a ovelha (Salmo 23:4).

As cabras
As cabras também eram muito numerosas, mas, nem tanto quanto as ovelhas, seus produtos eram muito importantes, couro, leite, manteiga e carne e havia que os apreciasse muito. O pelo de cabra era usado para se fazer tapetes ou tecido grossos e resistentes.

O boi
Aqui esta um animal que além de muito prezado era muito bem tratado, a maior utilidade do boi para grande parte de população era o trabalho pesado e não sua carne ou produtos. Eles carregavam carga, puxavam o arado, o trenó na debulha, a roda d’água, as carroças, etc. Eles eram bem tratados, pois ter um significava mais produtividade e lucros, e a perda de um boi significava a perda de um trator hoje em dia.
Por isto que Jesus disse em Lucas 13:14-16 que um ser humano deveria ser tratado bem, pelo menos como se tratava um boi; e também em Lucas 14:1-6, Jesus respondeu que assim como eles trabalhariam no sábado para tirar um boi de um poço, era licito curar no sábado. Obs: Aliás, já foi possível notar por estes estudos, que os lideres religiosos eram as piores pessoas da época, capazes de quaisquer coisas em nome do lucro por mais terrível que fosse, matar, furtar, escravizar, passar por cima da lei, etc. O povo comumente só comeria carne de boi, se fosse em uma ocasião especial, casamento, festa, etc. Era um prato muito caro. No palácio de Salomão eram servidos dez bois diariamente – 1º Reis 4:22, 23.

Jumentos, cavalos e burros
A Bíblia traz inúmeras referencias a estes animais, mas muitas pessoas os confundem, por isto vamos trará de classificá-los antes de mais nada.
Jumento – Animal de menor porte, existe na natureza naturalmente e são dóceis, no Brasil também são chamados de jegue ou asno, em Isaías 30:24 vemos jumentinhos arando a terra, e o jumentinho mais ilustre da história foi aquele que carregou o Senhor na entrada triunfal em Jerusalém para cumprir a profecia de Zacarias 9:9. O jumento resistia bem a trabalhos pesados com pouca água e qualquer alimentação.
Burro (macho) ou mula (fêmea) – São híbridos e estéreis, pois são o cruzamento do cavalo com o jumento, por causa desta mistura não poderiam ser criados em Israel (Levítico 19:19), poderia se conseguir no cruzamento diferentes variedades. Eles não poderiam criar, mas o importavam para trabalho, pois, eram mais fortes que os jumentos e são mais dóceis que os cavalos, além de possuírem excelente resistência física.
Cavalos - Os cavalos eram criados com fins militares, O cavalo era pouco relacionado a agricultura, em sua maioria eram propriedades dos nobres, do estado, ou de patentes do estado, os judeus não poderiam ter grandes criações deles (Deuteronômio 17:16), mas apesar disto supõe-se que Salomão chegou a ter 12.000 (1º Reis 10:26). Possivelmente também eram usados pelos correios do império. Sua carne não poderia ser consumida pelos hebreus (Levítico 11:4).
Estes seriam os animais mais fortes para o trabalho pesado do campo, mas as condições climáticas do deserto logo lhes roubaria as forças, para o agricultor a cavalo não tinha muito valor.
O camelo
O camelo era muito importante para quem vivia no deserto, fosse um nômade ou um daqueles comerciantes que viajavam de cidade em cidade, mas para a agricultura não tinha utilidade. Ele transporta facilmente cargas pesadas e ele pode ficar muitos dias sem água e alimento, pois, acumula nutrientes em sua corcova e água em uma bolsa no ventre, além disto ele ainda fornece leite para o consumo humano e esterco para combustível.
Ele não era morto por causa de seu couro, mas quando já muito velho podia ser abatido com este fim. Em falar em nômades, alguns pastores o eram, pois viviam no deserto levando seus rebanhos de pastagens em pastagens e vivendo em tendas, mas eles não vagavam sem rumo e eles tinham rotas conhecidas de acordo com as estações, tais homens viajavam com todas sua família e alguns deles chegavam a enriquecer.

Suínos
Pelas leis de Moisés, o israelita não podia comer carne de porcos, mas nada os impedia de criá-los e comercializá-los a gentios ou a outros povos (exportá-los). Em Israel havia porcos selvagens (javalis) e também domesticados, em Mt 8:30 lemos a narrativa sobre uma grande manada de porcos.

Cães
Sempre que o Bíblia cita os cães faz isto em tom pejorativo, pois não eram animais muito apreciados, os cães que havia em Israel eram dois os selvagens e os de pastores que cuidavam dos rebanhos, e provavelmente ao se falar em cães o povo lembra-se daqueles animais perigosos e selvagens; Veja em Mateus 7:6; Lucas 16:21; Filipenses 3:2; 2ª Pedro 2:22 e Apocalipse 22:15. Mas é possível que os outros povos apreciassem a companhia dos cães domésticos, uma pista disto foi o modo afetuoso com o qual Jesus se referiu a cães domésticos ao falar com uma mulher cananéia em Mateus 15:26.

Aves
Nos tempos de Jesus havia em Israel galinhas, patos, pombos, gansos e provavelmente outras espécies criadas em cativeiro. Os ovos eram muito apreciados, e eles consumiam ovos não só de aves, mas de réptil também.
_________

16. A MÚSICA
Os israelitas eram povos que sempre gostaram imensamente de musica, e naqueles tempos qualquer espécie de reunião já era motivo para tocarem e dançarem a noite toda, até mesmo durante o trabalho eles cantavam coletivamente. Eles tocavam seus instrumentos e cantavam todos juntos, não havia ninguém para assistir, mas todos eram participantes, talvez os muito idosos assistiam, era assim, pois a lei de Moisés incentivava o divertimento. Posso visualizar os filhos crescendo e semanalmente dançando e cantando com pais e avós em divertidas festas, eram, portanto, famílias mais unidas. Eram mais apegados entre si.
As musicas aconteciam nas festas, nas ruas e também em forma de corais de modo ensaiado e organizado. O próprio Deus providenciou isto desde o inicio, veja em Gênesis 4:20-22. Os israelitas muitas vezes expressavam seus sentimentos em poemas que deveriam ser cantados ou recitados. Veremos na disciplina “Livros Poéticos” que a poesia hebraica possuía uma estrutura impar, baseada em idéias e não em rimas, a harmonia ou antítese das idéias fazia o significado das poesias.
Toda esta importância dada a musica faziam dos músicos profissionais bastante queridos, embora isto não esteja registrado na Bíblia, mas todos os reis daqueles tempos, israelitas ou não, tinham os músicos oficiais de seus palácios; Davi e Salomão tinham os seus – veja em 1º Crônicas 25:1-7. Só os de Davi eram 288 músicos, todos mestres de musica. Os músicos de Israel eram muito apreciados por outros povos. Por várias vezes no texto bíblico podemos ver que os israelitas louvaram a Deus coletivamente, veja em Números 21:16, 17; Esdras 3:10, 11; 2º Crônicas 20:20, 21; Êxodo 15; 1º Crônicas 16:4-7, etc. Obs: Conhecemos poucas das composições e provérbios de Salomão – 1º Reis 4:32.

Os instrumentos musicais
Havia muitos instrumentos musicais na época, aqui vamos apresentar alguns citados na Bíblia.
- A flauta antiga era de madeira e tinha somente um orifício por onde era controlado o volume e timbre do som.
- O saltério era uma espécie de harpa, parecia um “U” cortado em cima por uma barra onde se esticavam as cordas, e poderia ter de 3 a 12 cordas.
- A harpa possuía um bojo de vidro ou pele e era feita de madeira ou metal.
- Trombeta era um tubo longo com as extremidades alargadas em formato de sino, a extremidade onde se soprava era pequena, mas a oposta por onde o som saía era maior; eram feitas de prata ou cobre. Em 2º Crônicas 5:12 os sacerdotes tocaram 120 delas.
- O Shofar era um instrumento feito do chifre do carneiro, e tinha um significado religioso muito forte, pois os israelitas tocaram alguns deles na queda das muralhas de Jericó em Josué 6.20. Ele também esta presente na derrota que Gideão infringiu aos midianitas (Juízes 7:16-22).
- O tamboril era uma espécie de pandeiro, ele somente não era tocado no templo, mas em todas as festas e danças.
- Os címbalos eram pratos de metal, usado tanto nas ruas como no templo.

Danças
Não havia entre os israelitas pessoas introvertidas, pois crescendo neste contexto festivo todos eles gostavam muito de dançar e expressar seus sentimentos deste modo, ninguém reparava como o outro dançava, na verdade dançar corretamente era dançar para Deus. Não só dançavam, mas gritavam de felicidade. Davi dançou livremente e alegremente perante o Senhor em 2º Samuel 6:14. Toda esta alegria associada às danças e cânticos foi uma das boas heranças judaicas dentro do cristianismo, Paulo e Silas louvavam a Deus no cárcere em Filipos (Atos 16:25).
Os cânticos alegres e extrovertidos somente voltaram a igreja pela reforma protestante, onde o povo pode ver uma igreja comandada pela Bíblia e não por homens, e o conhecimento da Bíblia que prega toda esta alegria passou a ser uma regra. Paulo aconselhava os crentes a cantarem ao Senhor – Efésios 5:18, 19; 1ª Coríntios 14:15; Colossenses 3:16. E pelo que parece conviveremos na eternidade com isto, pois no livro de Apocalipse muitas manifestações relacionadas com a eternidade estão ligadas aos cânticos. - amem! Vamos ter muito tempo para cantar! Agora você pode fechar os olhos e visualizar o que estava acontecendo em 2º Samuel 6:5?
17. OS FUNERAIS
O povo israelita tinha um profundo respeito pelos seus mortos; não praticavam o desprezo que os gregos tinham pelo corpo nem também cultuavam seus mortos como os egípcios. O método de sepultamento em meio ao povo de Israel foi se modificando vagarosamente ao longo do tempo, e na época de Cristo a lavagem e preparação para o sepultamento era bastante importante nos costumes judeus. Para os israelitas o morto deveria ser enterrado no prazo de tempo mais rápido possível, o corpo não era embalsamado, pois, eles entendiam que deveria se tornar em pó naturalmente. Já no Egito o período para o embalsamamento era de 40 dias. Entre os judeus o cadáver era lavado, e enfaixado com tiras de linho juntamente com especiarias e perfumes.
O luxo com que era feito o sepultamento variava de acordo com as condições financeiras, o que podia variar era a qualidade das tiras de linho, a quantidade e qualidade dos perfumes, a caixa ossária, a procissão com músicos e carpideiras, etc. O corpo era carregado num féretro também chamado de andor, que nada mais era que uma tábua aonde o corpo ia em cima enfaixado e a multidão o carregava, alguns féretros eram muitos luxuosos já outros simples tábuas.
Não havia caixões naqueles tempos, mas sim caixas ossuárias, o morto era deixado em cima de uma laje com muito perfume para tentar neutralizar o odor, e depois de feita a decomposição, os ossos eram recolhidos em uma caixa e estas eram guardadas nos túmulos, que continham diversas delas. Tais caixas eram feitas de cerâmica e mediam aproximadamente 60 a 90 cm de comprimento, 30 cm de altura e 30 cm de largura, muitas destas caixas são encontradas até hoje por arqueólogos; elas eram geralmente bastante decoradas, geralmente o nome do morto estava gravado nela. As procissões não eram silenciosas, lembre-se de que os judeus extravasavam seus sentimentos e não os guardavam, eles choravam e gritavam em alta voz e batiam no peito. Lucas 23:27

Os pranteadores
Por incrível que pareça, havia este costume nos tempos bíblicos, as famílias dos mortos contratavam pranteadores profissionais que eram especializados em aumentar a tristeza do enterro, gritando nome de antepassados e criando um clima cada vez mais depressivo, as famílias mais pobres às vezes contratavam somente um destes, mas famílias ricas, dezenas. Os pranteadores recebiam seus pagamentos no fim do enterro. Os cantores também não podiam faltar, eles entoavam lindos cantos e salmos cujas letras se encaixavam bem para a ocasião, as letras tinham o objetivo de consolar. Na retaguarda da procissão vinham os músicos, e o instrumento estabelecido pelos rabinos para o funeral era a flauta.
Os primeiros túmulos eram cavernas, com o tempo foram se criando sepulcros mais elaborados até que surgiram as criptas, e depois as gavetas como caixas de ossos. Havia também sepulturas subterrâneas onde se tinha acesso por meio de escadas. Geralmente uma grande pedra fechava a porta dos túmulos para proteger os corpos de animais carniceiros, e dependendo das condições da família estas portas poderiam ser até entalhadas. Os túmulos eram por fim caiados como mais um recurso para se preservar a higiene.

Velórios
Hoje em dia nós temos os velórios, e poucas pessoas sabem que isto é um costume pagão que a igreja protestante herdou da católica. Velório significa velar ou tomar conta da “alma do morto” ou “de seu corpo”, até que o padre chegue e encomende a alma. Mas é duro demais querer explicar isto no momento de um enterro, a igreja evangélica deveria tratar de livrar o seu povo disto, instruindo. Se você tiver de dirigir um velório, aproveite a ocasião e pregue o evangelho sutilmente e ore pelo consolo dos familiares.

_________

18. TRANSPORTE E COMUNICAÇÕES
Viajar nos tempos bíblicos representava muito esforço e (dependendo da distância do trajeto) risco. Alguns tinham o privilégio de viajar a cavalo ou a camelo, mas a grande maioria viajava a pé mesmo. Os riscos durante as viagens eram muitos, como ataques de animais selvagens tais como leões e ursos, ladrões (que eram muitos), os fortes ventos quentes que elevavam a temperatura para quase 50°C.
Quando a viajem era longa o melhor que se podia fazer era levar tudo o que fosse indispensável para não ser pego de surpresa: tendas para acampar as noites, armas, estoque de água e alimento, etc. E quem tivesse melhores condições poderia até levar dinheiro a guardas consigo e pernoitar nas estalagens do trajeto. Apesar dos riscos todo o povo estava habituado as viagens por causa da obrigatoriedade de viajar a Jerusalém para as festas religiosas; mas durante estas épocas os riscos eram menores, pois, com as estradas lotadas as pessoas ajudavam-se umas as outras em suas dificuldades. Quem viajasse a pé andaria aproximadamente 30 km ao dia, isto dependia das condições da pessoa, do tempo, etc.
O que amenizava o esforço das viagens eram as centenas de milhares de quilômetros de estradas muito bem pavimentadas que já tinham sido construídas pouco antes de Cristo, tais estradas começaram a ser construídas pelo governo dos reinos mais antigos e com o passar do tempo estradas melhores eram construídas, mas foi o império romano que se tornou famoso pela construção de largas e longas estradas construídas cuidadosamente para serem duráveis e a maioria delas, estão perfeitas até hoje. Após a terraplanagem colocava-se uma camada de areia, e depois duas camadas de cimento com pedras britadas, e por fim pedras planas para o acabamento, nas laterais eram feitas muitas valetas para se prevenir a erosão com os fluxos de água. E nos pontos por onde se formavam fortes correntes de água, eles construíam pontes, isto significa que os riscos na viagem eram amenizados mesmo durante os temporais.
A rede de estradas principais construídas pelos romanos somava um total de 118.000 km, sendo que 80.000 km eram estradas principais e 38.000 estradas de importância secundária, mas muitas outras já haviam sido construídas antes. A Via Ápia que liga Roma a Cápua era conhecida como a rainha das estradas, ela foi feita 300 anos antes de Cristo e está bem conservada até nossos dias. A sua construção se deu durante o reinado de diversos imperadores, ela tem 6 m de largura e 580 km de extensão. Alguns caminhos que na verdade eram trilhas também eram chamados de estradas, eram muito usados e poderiam cobrir um longo trajeto, mas em mau tempo de tornavam intransitáveis. Tais estradas, ao passo que facilitavam a vida de todos era uma faca de dois gumes no sentido espiritual em todas as épocas:
No AT elas facilitavam as peregrinações até Jerusalém para as festas religiosas, mas também traziam a influencia religiosa e social de outros povos para dentro do povo israelita, e os mais fracos de mente e menos convictos de sua fé se deixavam seduzir, e isto ia implantando aos poucos dentro do povo de Israel novos costumes.
No NT ao passo que os cristãos as utilizavam para viajarem e pregarem as boas novas de Cristo, os hereges e perseguidores também, e eles eram muitos, desde o livro de Atos até nossos dias, a igreja tem procurado combater os que trazem idéias contrárias ao cristianismo. Mas a obra de Deus não pode ser impedida, e os cristãos chegaram a ser acusados de alvoroçarem o mundo Atos 17:6.
Em Números 20:17 podemos ler que Moisés (3700 a.C.) pedia passagem para os edomitas para de deslocar com o seu povo através da estrada real, ela ia de Damasco até o golfo de Acaba. A Via Maris era outra estrada que sai de Megido e seguindo a costa do mar mediterrâneo ai até o Egito. A estrada de Jericó a Jerusalém, foi a estrada mencionada na parábola do bom samaritano, era pequena e irregular e abrigava muitos ladrões, o império romano tinha de colocar nela muitos soldados ao longo de seu trajeto, ela também tinha o apelido de estrada sangrenta e tinha 25 km de extensão. De Jerusalém ao mar da Galiléia temos 130 km e Jesus fez este trajeto.

Rotas marítimas
Sendo estes estudos dedicados aos contextos bíblicos, tratemos de falar sobre a navegação dentro do mar mediterrâneo, pois foi lá o cenário onde aconteceram todos os fatos bíblicos relacionados a navegação.
As viagens de navios eram muito comuns naquela época, mas comumente somente navios cargueiros eram construídos, por isto as pessoas somente conseguiam embarcar se houvesse espaço, ou interesse da parte do comandante. É obvio que havia navios cujos objetivos eram o transporte de passageiros, mas eram somente para transportar pessoas de alta patente do governo, o que nos faz crer também que muitos ricos poderiam ter seus navios particulares, naquela época alguém que fosse rico teria seus negócios centrados em uma região, mas seu dinheiro poderia estar investido em outros países.
O navio de Alexandria (egípcio) onde Paulo estava preso em Atos 27:6, talvez tivesse sido confiscado pelo centurião para transportar presos, já que eram muitos (Atos 27:42), mas é possível também que o transporte dos presos tenha sido exigido pelo centurião; este navio alexandrino não devia ser pequeno, pois transportava 266 pessoas; o passageiro que embarcasse deveria cuidar de suas próprias necessidades, não havia serviço de bordo. As tempestades eram a maior ameaça aos navios, temos até em Atos 27:14 em diante, a narrativa de uma destas tempestades causada pelo vento Euro-aquilão; aliás, quem vê no mapa o mar Mediterrâneo tão pequeno não acredita que lá possam haver tempestades tão fortes – Atos 27:20, 27. Dependendo da direção para onde se fosse viajar, esperava-se o vento certo em aquela direção (Atos 27:13), se naquela época este vento fosse comum, caso contrario não ficariam parado esperando por algo improvável.
Os navios também eram movidos a remo, geralmente eram de 40 a 50 remadores, que impulsionavam o navio quando não tinha vento, ou contra o vento desde que fosse fraco, uma tempestade arrasta até nossos navios modernos com 2 motores de 100.000 cavalos! O verão era uma época de calmaria e o inverno era de tempestades continuas, mas mesmo nas duas épocas poderiam ser surpreendidos por tempestades, que vindo repentinamente, poderia até causar um naufrágio, o que, aliás, era comum. Os piratas, já haviam sido dizimados pelas embarcações romanas, o governo romano levava a sério sua idéia de paz em seu território; a época de Jesus foi chamada de “Pax Romana”, os piratas não eram mais ameaça, eles eram perseguidos e mortos.
Como os israelitas não se sentiam atraídos para o mar, porque isto os iria distanciar de suas famílias, eles não se incomodavam em despachar suas exportações em navios estrangeiros. Se a viagem fosse de oeste para leste poderia ser rápida, mas se na direção contrária poderia demorar até dez vezes mais. Devido à importância da navegação comercial alguns portos eram abertos, havia um grande interesse em qualquer região por possuir um porto, pois eles traziam grande progresso a cidade, por isto bons e grandes portos foram construídos, e alguns até fortificados e policiados pela guarda romana. Os marinheiros gentios criam na proteção dos deuses romanos, os irmãos chamados: Castor e Polux alguns os consideravam gêmeos; a imagem deles era geralmente esculpida em barcos, mas em Atos 28:11 vemos um navio alexandrino que os tinha por nome.

Transporte em animais
Muitos animais eram usados no transporte de cargas arrastando carroças ou carregando a carga em seus lombos.
• O camelo era também conhecido como o navio do deserto, poderia percorrer um trajeto de 40 km carregando 500 kg’s, era um animal dócil, somente tinha a desvantagem de empacar.
• O jumento era mais comum e barato, era fácil de cuidar e resistente, poderia carregar até cerca de 150 kg.
• O cavalo não era usado muito para carga, mas para fins militares, pois era muito forte e ágil.
• Os elefantes eram usados de diversos modos, para arrastar cargas pesadas, como tanques de guerra, etc. Mas eram muito incomuns na paisagem de Israel, ou talvez nem existissem. Talvez eles fossem usados em Israel para transporte de grandes volumes de materiais, tais como os da construção do templo de Salomão, pois um elefante poderia carregar em seu lombo duas toneladas por um longo trajeto, então deveria puxar muito mais que isto sobre rodas. As grandes construções eram sempre comuns.
Grandes quantidades de carga iam aos portos para serem embarcadas ou vinham deles, por isso eram comuns as caravanas de cargas, sempre policiadas.

Guias turísticos
O leitor destes estudos por vezes fica surpreso com a quantidade de informações que aproxima os tempos bíblicos dos nossos, existia até o guia turístico, na forma de mapas, com informações sobre as atrações de cada cidade e região, hospedarias, comidas típicas da região, serviços, etc. Não existia somente na palestina, mas até fora do império romano em todos os países: China, Escandinávia, África, etc. Tudo isto porque as pessoas adoravam viajar, qualquer coisa era desculpa para uma viagem, que sendo bem planejada e usando rotas policiadas não tinham nenhum imprevisto.
Motivos para viagens mais comuns: Peregrinações, visitar parentes, competições esportivas, estudos, tratamento médico, negócios e investimentos, etc.
As hospedarias
Havia muitas espécies de hospedarias naqueles tempos, havia até as indecentes onde tinham prostitutas a serviço dos clientes, era muito comum. Muitas delas tinham muitos serviços, tais como alimentação, banhos, cama, currais para pastores, etc. Mas outras hospedarias poderiam ser lugares ruins e covil de ladrões, exatamente o que se chama de “boca do lixo” hoje em dia, e quem se hospedasse nestes locais poderia ser assaltado e morrer lá mesmo. E havia também as familiares, com até mesmo com guardas. Daí uma das importâncias dos guias turísticos, eles informavam isto também.

_______
19. JUDAÍSMO
Estudaremos neste capítulo tudo o que se refere a cultura e religião judaica, suas festas, seu culto, partidos políticos e religiosos, sua musica, etc. Como nossa intenção não é somente conhecer sua cultura, mas seus sentimentos também, então este capítulo é de vital importância.

Festas
Como já sabemos, as festas judaicas eram barulhentas e alegres onde todos dançavam e cantavam, todos participavam e ninguém assistia. Mas nem todas as festas eram tão alegres, pois algumas eram uma espécie de culto, onde o povo arrependido ai buscar perdão para os seus pecados, era um momento de purificação, de reflexão. As festas mais alegres eram as festas da colheita onde o povo dançava a cantava alegremente pelas ruas, tocando seus instrumentos, mas nestas também havia o momento de silencio, oração e meditação. Cada uma das sete festas anuais, elas tinham também fins educativos, pois cada uma tinha em si lições sobre a história da nação, suas vitórias, derrotas, esperança, etc.
A páscoa – Esta festa esta ligada a história do povo de Israel; páscoa é a transliteração da palavra hebraica pessash que significa passar, ou passar por cima. A data em que ela é comemorada é 14 de nisã, corresponde entre março e abril. Ela relembra e comemora o dia em que Deus livrou os israelitas da morte dos primogênitos e os retirou do Egito livrando da escravidão, nesta ocasião Deus instruiu o povo de Israel a passar o sangue do cordeiro que tinha sido morto nos batentes das portas, para que o Senhor não matasse os primogênitos, isto está registrado em Êxodo 12.
O cordeiro usado para a páscoa deveria ser todo assado em fogo, inteiro, com cabeça, patas, e nada podia ser cortado ou quebrado, seu sangue deveria ser passado na verga da porta, parte de cima do batente, ele deveria ser consumido a noite e rapidamente acompanhado de pão sem fermento e ervas amargas. As pessoas deveriam consumi-lo rapidamente, com os lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão, para a saída rápida do Egito. A páscoa era uma festa familiar comemorada em casa e não comunitária, mas após 600 a.C. criaram costume de imolar um cordeiro em Jerusalém, por causa disto esta festa foi deixando de ser familiar e passou a ser comunitária.
As festas dos pães asmos – Ao passo que a páscoa era uma festa comemorada dentro de casa pela família, a festa dos pães asmos era uma festa comunitária, a páscoa era alegre só que mais em caráter de culto, já a festas dos pães asmos relacionada a agricultura, tinha objetivo de cultuar a Deus com alegres danças e cantos e agradecer pela produção do campo. Ela começava também em 14 de Nisã, mas sua duração era de uma semana. Esta festa é mais antiga que a da páscoa. Como a páscoa passou a ser comunitária também, então o povo comemorava as duas juntas, por isto muitos pensam ser uma parte de outra, mas na verdade são duas festas separadas.
Jerusalém - nestas festas se tornava um grande armazém, pois grandes carregamentos de todos os tipos de suprimentos eram levados para lá, que deveria poder abastecer seus visitantes. Por causa deste grande afluxo de peregrinos Jerusalém se tornava um grande centro comercial, as mercadorias de várias espécies e origens vinham de caravana pelas estradas.
Os animais para sacrifício chegavam a 25.000 cabeças, as hospedarias ficavam lotadas e alguns chegavam a alugar espaços dentro de suas casas os quintais para estrangeiros, os campos pela cidade ficavam lotados de tendas montadas. Não é necessário dizer que ao fim destas festas a cidade e seus habitantes estavam satisfeitos com os ganhos.Nestas festas o ato mais solene era a cerimônia de abertura, mas durante o resto da semana era muita festa alegria e cantos, eles compravam o melhor que o seu dinheiro podia adquirir e se divertiam a vontade, tinham o incentivo da lei para isto – Deuteronômio 14:26. As mulheres queriam comprar tecidos e perfumes e para os homens dentre muitas coisas o principal era o vinho. Sobre a páscoa, examine Êxodo 12:3-11 e veja se reconhece neste cordeiro alguma semelhança com o Senhor Jesus.
Pentecostes - Cinquenta dias após a páscoa, tinha inicio a festa de pentecostes, que era a época da colheita do trigo; pentecostes ou festas das semanas.
A lei manda que seja cumprida em Êxodo 34:22. Em Levítico 23:15-22 temos a especificação dos diversos componentes das ofertas e como e quando deveriam ser oferecidos. Era outra festa alegre com muitas compras, comidas e bebidas.


A igreja nasceu oficialmente no dia de pentecostes, quando o Espírito Santo veio sobre os que estavam ali reunidos, apóstolos e seguidores de cristo – Atos 2:1-4; aliás, gostaria de não afirmar que a igreja nasceu ali, isto é interpretação de alguns, precisamos saber o dia que Deus considera como sendo o inicio da igreja, mas se foi neste dia ou em outro, isto não tem tanta importância. É bem capaz que o Espírito tenha vindo no dia de pentecostes para fazer um paralelo (simbologia) com o trigo sendo colhido.

Festa dos tabernáculos
Esta é a terceira festa relacionada a agricultura, esta festa também tem os seguintes nomes : Festa das tendas, Festa da colheita, e Festa do Senhor. É comemorada no inicio do Outono, ele celebra a colheita das uvas e azeitonas. Não havia um dia certo para começar, mas uma época, pois acontecia após a colheita que poderia atrasar por causa do mau tempo e também após a prensagem do fruto colhido. Por fim depois de algum tempo a data de 15 de Tishri foi estabelecida. O povo era chamado as ruas pelo toque das trombetas para assistirem a marcha dos sacerdotes que iam ao tanque de Siloé colher água, e derramá-la no altar de Deus para agradecer pela água e pedir chuvas. O povo levava nas mãos ramos de palmeiras e a noite tochas de fogo, sempre dançando a cantando pelas ruas, nestas festas não havia um lugar para o festejo, vários grupos numerosos iam cantando e dançando pelas ruas da cidade.

O ano novo ou Rosh Hashana (cabeça do ano)
Não sabemos se nos tempos bíblicos os judeus comemoravam o ano novo, mas hoje isto é um fato.

Moderno calendário judaico de festas ano de 5762 (2003)
As datas são também modernas, mudaram um pouco
Tu Bishvat Ano novo das árvores 28 / 01
Purim Comemora a salvação do povo judeu na pérsia antiga 25 e 26 / 02
Pessach - Páscoa Comemora a libertação do povo da escravidão do Egito 27/03 a 04/04
Yom Hashoah Recorda o levante do gueto de Varsóvia e do Holocausto 09 / 04
Yom Hazikaron Dia de homenagem aos soldados tombados do exercito de Israel 16 / 04
Yom Haatzmaut Aniversário da independência do estado de Israel. 17 / 04
Lag Baomer Aniversário da morte do Rabi Shimon bar Iochai. 30 / 04
Yom Yerushalaim Dia da libertação de Jerusalém. 10 / 05
Shavuot Comemora o recebimento das tábuas da lei e festa da colheita. 17 / 05
Tisha Be Av Jejum – Destruição dos templos. 18 / 07
Rosh Hashana Ano novo Judaico – 5763. 06 / 09
Kol Nidrei Véspera do Yom Kipur. 15 / 09
Yom Kipur Dia da Perdão – O mais sagrado dia do judaísmo. 16 / 09
Sucot Festa das cabanas e das 4 espécies de plantas que expressam a união do povo. 21 / 09
Simcha Tora Festa do encerramento e inicio do ciclo anual da leitura da Torá. 29 / 09
Chanuka Festa das luzes – Vitória da luta pela liberdade religiosa. 29 / 11

Yom Kipur - Era comemorado poucos dias antes da festa dos tabernáculos, ele era realizado em outubro. Esta era a data mais importante para o judeu, a mais sagrada, quando um judeu queria se referir a ele então bastava dizer “aquele dia”, era o dia nacional da purificação dos pecados, também chamado de “o dia da expiação”. Era uma ocasião de arrependimento, o povo comportava-se discretamente. Mas logo após, tudo o remorso e a tristeza que eles sentiam por seus pecados, vinha uma verdadeira festa, a dos tabernáculos. Nesta festa os judeus meditavam sobre os seus pecados particulares e coletivos (da nação), sobre a condição espiritual em que viviam.
Era este o único dia em que o sacerdote entraria do “Santo dos Santos”, ali ele deveria entregar uma oferta que constava da mistura de sangue de boi e de bode; em seguida a cerimônia do bode emissário era realizada, um bode era escolhido e o sacerdote confessava os pecados de Israel com as mãos sobre a cabeça dele transferindo os pecados de Israel para o bode, em seguida ele era removido para deserto, para um local bem distante, isto simbolizava os pecados de Israel sendo removidos.

Chacuná - Esta festa tem muitos nomes: Festa da dedicação, Festa da luzes, Festa dos Macabeus, Festa da Iluminação e Festa da Rededicação. Comemora a data de 167 a.C. quando Judas Macabeu tomou o controle do templo das mãos de Antioco Epifânio, e o limpou e purificou, e os atos de adoração voltaram a ser celebrados nele. Antioco líder o reinado seleucida tentou fazer o mesmo que Hitler na 2º guerra, ele tentou exterminar os judeus – quem quiser ler esta história ela esta registrada nos livros apócrifos de 1º e 2º Macabeus que não são livros inspirados, mas são considerados relatos históricos fiéis. Esta festa não era comemorada em Jerusalém, mas, dentro de cada casa, o objetivo era a família se alegrar todos juntos e se lembrarem das vitórias dos macabeus. Nesta festa acendesse luzes por oito dias, pois a tradição diz que Judas encontrou um vazo com uma quantidade de azeite para durar um dia mas ele durou oito, parece que hoje eles acendem uma vela diariamente.

Purim - Esta festa também alegre comemora a ocasião em que eles foram libertos dos planos de Hamã para destruir os judeus que ficaram na Babilônia (Ester). Uma linda história que fala dos livramentos de Deus para o seu povo. Não era necessário ir a Jerusalém para a comemoração. Esta festa tem algo de diferente, pois até mesmo na leitura do livro de Ester o povo acompanha de modo alegre, não há uma posição concentrada e séria, quando se ouve o nome de Hamã alguns gritavam – “que ele desapareça”, e quando se houve o nome de Mordecai alguns também gritavam – “homem valoroso”, ou algo parecido.

Sobre as festas
Falamos um pouco sobre datas e modo como as tais festas eram comemoradas, mas isto mudou um pouco dos tempos bíblicos para cá, as características principais permaneceram, as mudanças foram realmente poucas.

Os grupos religiosos
Quando Jesus esteve fisicamente entre nós haviam muitos grupos religiosos entre os judeus, tais grupos eram considerados políticos e religiosos. Estes grupos eram muito fechados em si mesmos, e tiveram muita dificuldade em ver Jesus como o Messias porque temiam mudanças; eles já tinham muitos problemas com os costumes pagãos que insistiam em entram no judaísmo, Jesus para eles era somente mais uma ameaça, era um forasteiro que tinha idéias novas, dizia ser filho de Deus e possuir um reino ; por isto muitos o consideravam louco (Isaías 53:4b). Alguns judeus aderiam a estes grupos visando somente poder e prestigio, mas outros eram esperançosos em fazer o bem ao seu povo. Jesus era admirado e temido entre os judeus.
Admirado - pela autoridade com que ensinava e pelos sinais que produzia, o povo o amava, mas os políticos e sacerdotes se preocupavam com sua fama e prestigio que talvez tirasse o poder de suas mãos, eles queriam continuar a dominar o povo eternamente.
Temido – o povo achava que Jesus era um profeta exatamente como aqueles que eles tinham escutado falar que exista no Antigo Testamento, e também por causa disto os políticos o temiam, pois se fosse profeta ela iria falar a verdade, e estava fazendo isto, então deveria ser morto.
Para os políticos ele era extremamente irritante, pois com toda sua influencia com relação ao povo, ele não defendeu nenhuma causa política, mas ausentou-se disto; se Jesus defendesse alguma causa política isto seria a garantia de ter todo o povo de seu lado, mas durante toda sua pregação ele se ateve a causas espirituais.
obs: A história conta que o Imperador Tibério César tinha tanta curiosidade por Jesus que certa vez enviou a Palestina um proconsul com nome de Públio Lentulus, para ver Jesus e descrevê-lo; e isto gerou um lindo documento histórico conhecido como “o retrato de Jesus”, onde seu rosto é descrito como em um retrato falado.
Os judeus esperavam o messias com ansiedade, mas nos seus padrões – ele deveria ser um líder político e religioso poderoso que libertasse Israel das mãos do império romano; eles já haviam passado por muitas coisas, foram inúmeras perseguições, exílios, divisões, guerras e agora justamente quando zelavam por uma estabilidade muitos homens chegavam afirmando que era o ungido de Deus (Atos 5:34-38), justamente nesta mesma época Satanás já sabendo da encarnação do Messias começava a levantar muitos homens que se diziam o Messias, tudo isto gerou um clima de desconfiança e resguardo; estavam simplesmente fechados para qualquer novidade.
Mas eles tinham a esperança do Messias poder chegara qualquer instante – João 10:24. Hoje em dia já existe o movimento “Judaico Messiânico” com suas sinagogas messiânicas, trata-se se um movimento judeu que já aceita o Senhor Jesus como Messias, e este movimento esta se multiplicando, e hoje é tão grande que quase divide o judaísmo em 50% messiânico! Se você tiver a oportunidade de ir a um culto numa destas sinagogas, não perca, é parecido com um culto cristão, bem fundamentado no texto bíblico, mas com inúmeras citações da Torá, Tamulde e termos hebraicos.

Partidos
Vamos estudar agora alguns destes grupos e suas crenças, estes partidos eram também religiões ou crenças, pois, na verdade os religiosos desejam sempre governar de acordo seus conceitos mais significativos; e os conceitos de vida religiosa do judaísmo se estendiam a administração publica.

Zelotes
Os zelotes eram os únicos que se sentiam livres para matar, nenhum judeu poderia fazer isto, quando quiseram matar a Jesus o levaram para ser morto pelo governo romano, Pilátos queria libertá-lo e achou que colocando a questão na mão do povo, iria conseguir isto, mas foi o próprio povo que acabou o condenando. Os zetotes lutavam para libertar Israel e conservar sua cultura intacta.
O termo zelote na época também se dava a alguém violento. Eles com suas atitudes violentas causaram muitos aborrecimentos ao império romano, que acabou na guerra em que Jerusalém foi sitiada de 66 a 70 d.C. e destruída. Eles resistiram aos romanos no forte de massada que em hebraico significa fortaleza na montanha até o ano de 74 d.C., (este mesmo forte fora usado pela família dos macabeus) quando foram cercados pelas tropas romanas, então suicidaram em massa cerca de 900 homens. Eles tinham tido muita influencia dos macabeus que era um povo guerreiro, mas estes lutavam porque eram perseguidos, lutavam para preservarem-se. Muitos jovens se aliavam a eles, e não estavam exatamente unidos em torno de uma associação organizada, mas espalhados pelo território romano em pequenas células, eram os terroristas da época. Simão um dos doze apóstolos de Jesus era um zelote (ou pelo menos tinha sido um) – Lucas 6:15.
Assim como os zelotes eram influenciados pelo farisaísmo, também influenciavam aos fariseus, veja o exemplo de Paulo (Atos 8:.1-3) que era um fariseu (Atos 23:6). Outro detalhe bastante interessante é que Barrabás foi escolhido pelo povo no lugar de Jesus para ser solto, porque o povo amava os zelotes, e tinham nele a esperança da libertação.

Essênios
Estes nutriam a mesma hostilidade dos zelotes pela adulteração da religião judaica, eles sonhavam que fosse possível a sociedade voltar a ser o que era no passado quando os judeus eram mais fieis as suas tradições e se deixavam influenciar menos pelas culturas alheias. Mas este grupo não era violento, eles expressavam seu desprezo pela sociedade se isolando, eles viviam afastados, achavam que a aproximação geraria a violência. Foram eles que produziram os pergaminhos do mar morto achados no século XX , na década de 50, nas colina de Qumrã.



Hassidim
Hassidim significa “o devoto”, eles não eram um partido, mas uma postura, uma condição de viver o judaísmo. Não concordavam com a violência, eles observavam a lei a qualquer custo.

Os macabeus
Devemos fazer aqui uma pausa para estes heróis. Os macabeus são lembrados até hoje pelo povo judeu, por sua valentia. Quando Alexandre o grande imperador do império grego ia falecer chamou aos seus parentes e dividiu o império entre eles. O Egito ficou com Ptolomeu e foi conhecido como império Ptolomeu, sendo seu último chefe a rainha Cleópatra. Já a Síria ficou com Seleuco Nicanor, deste veio Antioco Epifânio, e este reino ficou conhecido como Seleucida.
A revolta foi iniciada pelo sacerdote Matatias, que se recusou a profanar o templo ao pedido de Antioco Epifânio, então quando outros sacerdotes se apresentam para fazer tal sacrifício, Matatias rapidamente toma a espada da mão de um dos guardas e mata a estes sacerdotes e fugindo refugia-se com sua família nas colinas do mar morto, juntamente com toda a sua família e outras pessoas simpatizantes. Lá, esta sociedade multiplica-se e por muitas vezes fizeram frente às tropas do império seleucida, por várias vezes eles desceram as colinas para lutarem e derrotarem em campo aberto as tropas seleucidas. Por fim foram vencidos em 160 a.C.

Herodianos
Eram muito odiados, pois eram os judeus que estavam ao lado de Herodes concordando com suas decisões ou trabalhando para ele. Os coletores de impostos eram herodianos também, Levi (apostolo) era um herodiano. Esta era uma condição política que não influenciava no modo de crer. Mesmo depois da morte de Herodes este termo continuou a ser sempre usado.

Saduceus
Comparado com os nossos dias, estes eram os maçons da época. Explico: Eles não eram numerosos, mas era um grupo composto das pessoas mais ricas da sociedade. O poder político e religioso estava nas mãos deles. Este grupo nasceu muito influenciado pelos macabeus, e tinha influencia sobre o modo de vida da nação judaica e não seria errado dizer que tinha controle total.
Eles detinham o controle do templo, o sumo sacerdote era um deles e sendo assim tinham também o poder sobre o sinédrio que era poder judiciário e legislativo dos judeus, cabia ao sumo sacerdote a chefia de todas estas instituições. Sinceramente não sei porque eram religiosos, pois não criam em vida após a morte, mas que a alma morria junto com o corpo, ao passo que criam assim eram rigorosos na obediência da lei; a ponto de recusarem os escritos de outros profetas para observarem somente os de Moisés. Achavam que Deus não se interessava pela vida diária do homem, e sim que os tinha criado e depois de um certo modo se desinteressado por sua criação. Não criam também nos anjos. Leia agora o conflito que Jesus teve com os saduceus em Lucas 20:27-40, e entenda porque no versículo 37 Jesus fala propositalmente em Moisés. O povo também estava sob seu comando, pois se quisessem aos pouco mudavam a tradição e com isto os costumes e opinião do povo.
Eram muito ricos. Na época de Herodes quem deveria indicar o Sumo Sacerdote era o Rei, então pare para pensar, quanto Herodes deveria pedir para sua indicação – Já que os Sumo sacerdotes eram trocados num prazo aproximado de quatro anos, então podemos imaginar que o sinédrio também era composto por inúmeros ex-sumo sacerdotes. Na época de Jesus o sumo sacerdote era Caifás e foi ele que formulou o famoso argumento que resultou na morte de Cristo que esta registrado em (João 11:49, 50).
Eles tinham realmente preocupação que Jesus fosse iniciar um movimento que incomodasse ao império romano, pois se isto acontecesse o exercito do império iria simplesmente destruir a todos, zelotes junto a herodianos, a todos e a tudo, como aconteceu mesmo em 70 d.C. O império romano oferecia muitas vantagens, inclusive liberdade religiosa, mas se fossem ameaçados reagiam com extrema violência dizimando povos inteiros dentro de seus limites. Os judeus estavam tão preocupados com seus interesses que não pararam para perceber que Jesus nunca havia se envolvido com política.


Fariseus
O que causou a constante indisposição entre Jesus os fariseus foi o modo como Jesus interpretava as Escrituras. Eles obedeciam a lei de modo automático cumprindo procedimentos, mas Jesus apegava-se mais ao espírito da lei. Deus para os fariseus era um Senhor severo e vingativo, mas para Jesus um Pai amoroso. Para Jesus a lei era menos importante que o homem, pois havia sido criada para ele, mas para os fariseus o inverso. O poder político dos fariseus vinha da simpatia que tinham por parte do povo, que se simpatizava com seus ideais, mas ainda sim os saduceus tinham o poder real.
A posição radical e trabalhadora dos fariseus evitou a descaracterização do povo judeu por várias vezes, durante os exílios eles mantinham o povo unido e separado da cultura dominante, quando a septuaginta foi publicada eles não aceitaram os livros apócrifos, aceitavam todo o AT, durante o império grego com a influencia de suas escolas helenizantes, foram eles que fundaram as escolas judaicas pra ensinar uma filosofia e ciências (submetidas às Escrituras, é obvio), criaram as sinagogas, convertiam muitos gentios ao judaísmo, etc, mas contudo eram pessoas más, leia o relato que Jesus faz de suas atividades em – Mateus 23.
Os fariseus pagavam os dízimos nos menores detalhes até do endro e do cominho, que era fruto da terra mais barato e desvalorizado, mas deixavam de cumprir a lei, eles escravizavam o povo a rígida lei de Moisés, mas, eles mesmos eram os maiores descumpridores, mantinham perante o povo uma mascara de santidade que Jesus começava a denunciar. O sinédrio era comandado como sabemos por saduceus, mas, composto em sua maioria por fariseus, a autoridade do sinédrio, variou muito conforme a época, houve épocas em que suas decisões influenciavam todo o judaísmo do mundo (conhecido), mas em outras épocas só eram levados a sério por alguns habitantes da Judéia, já estava ficando bastante patente para o povo que eram todos hipócritas.
Certa vez Herodes quando subiu ao poder, querendo fazer uma modificação no sinédrio mandou matar a todos os seus membros, assim ele mesmo pode apontar todos os membros do concilio. Herodes sempre foi uma pessoa difícil de analisar, ao passo que era capaz de vender metade de sua fortuna para obras de caridade, também certa vez mandou matar toda sua família para se casar de novo e constituir uma nova família, nem Freud explica. Parece que estamos diante de um caso de múltiplas personalidades, ou múltiplos demônios. Em Roma (entre os feches do império) se dizia – “prefiro ser um porco de Herodes do que um filho dele.”
O conselho do sinédrio era composto por 70 homens além do sumo sacerdote. Para haver uma sessão era necessário um mínimo de 23 homens, mas se fosse o julgamento de um criminoso, então com 12 votos poderia ser absolvido, e se fosse condenado poderia apelar ao voto dos ausentes, neste caso o julgamento era adiado. O réu deveria comparecer de luto em respeito ao tribunal. Jesus não foi julgado no sinédrio, como se fazia normalmente, obedecendo a todos os procedimentos normais, mas foi acusado diretamente; eles violaram o próprio sinédrio para condenarem a Jesus, mas Jesus tinha seus admiradores lá, que com certeza não participaram disto, tal como Nicodemos e José de Arimatéia.

As sinagogas
As sinagogas tiveram inicio no exílio babilônico, quanto o povo judeu estava sem poder ir ao templo para orar, oferecer seus sacrifícios ou executar suas festas. Eles criaram as sinagogas com o intuito de terem um local comum para se reunirem, não sei se elas já nasceram com caráter de sagradas, mas com o tempo se tornaram. Era lá que os judeus obtinham parte importante de sua formação religiosa, que seus pais talvez não pudessem lhe dar em casa por ser muito profundo ou detalhado. As sinagogas na época tinham as mesmas diferenças que se encontram hoje entre as igrejas evangélicas, eles se reuniam para adorar a Deus, mas, cada templo era administrado de um modo diferente. Elas eram independentes umas das outras.
Umas sinagogas eram grandes construções, outras bastante simples e pequenas, uma quadrada outras retangulares. Em algumas fervilhavam intrigas políticas, outras eram mais fieis e tradicionais, portanto as comunidades variavam bastante também. Em Atos 6:9 vemos três diferentes sinagogas. Os fariseus tentaram em vão padronizá-las, mas não obtiveram sucesso. Dez homens eram o numero suficiente para se fundar uma sinagoga. Todas as festas judaicas se estendiam também as sinagogas, e algumas festas eram estabelecidas por uma sinagoga separadamente para o povo da região onde ela se localizava. As sinagogas foram amplamente usadas pelos cristãos, em suas pregações, mas na grande maioria das vezes suas idéias eram rejeitadas e acabavam expulsos. Jesus frequentemente era convidado para pregar nas sinagogas, pois o povo o queria.

Preconceitos
Nos tempos bíblicos sempre houve muito preconceito, e este sentimento parece fazer parte da natureza decaída do ser humano, quando nós cristãos dizemos não sermos preconceituosos na verdade se nos analisarmos veremos que nos somos apenas “muito menos preconceituosos”, na verdade o ser humano sempre acaba sempre agindo por instinto quando colocado diante de pessoas diferentes a si, e se somos sábios e civilizados, então controlamos todo este instinto, pois sabemos que Deus não faz acepção de pessoas.
Mas nos tempos bíblicos, o preconceito parece ter chegado ao extremo nos tempos de Jesus. Para o Judeu o termo gentio ou samaritano, gerava repulsa, eles tinham o pior tipo de conceito sobre todos, não enxergavam que eram pecadores também. Para que se possa ter uma idéia do preconceito, quando os judeus iam da Judéia para a Galiléia ao invés de fazerem um caminho curto e rápido pela estrada que cortava a Samaria, eles faziam um caminho muito maior por dentro de Peréia e Decápolis, para depois chegarem lá. Devemos levar em conta também que um judeu viajando por Samaria seria facilmente agredido e roubado e vice versa.
Após o reinado de Salomão o reino se dividiu em reino do Norte (Israel) e reino do Sul (Judá); o reino do Norte foi tomado pelos Assírios em 722 a.C. e levados em cativo e nunca mais voltaram. As pessoas que sobraram deste reino do norte, que se esconderam e não foram deportadas se misturaram com outros povos colocados lá pelos assírios. Portanto, eles eram filhos de Abraão, mas misturados, eram considerados impuros. Os judeus e os samaritanos viviam em pequenas guerras esporádicas, onde muitas pessoas morriam. Este sentimento era tão forte que certa vez os próprios discípulos de Jesus sugeriram a Ele mandar fogo dos céus para que fossem exterminados – Lucas 9:51-56. Mas foram justamente estes que demonstraram maior fé (João 4:39-42), em todos os lugares em que Jesus pregou, Ele nunca pode dizer abertamente ser o Messias, somente em Samaria fez isto (João 4: 25, 26).

Jonas
Quando o profeta Jonas não quis ir a Nínive pregar a Palavra de arrependimento ao povo, precisamos saber que os Assírios eram pessoas extremamente cruéis, eles até torturavam crianças presas em guerra até a morte. Eles tinham um método de tortura conhecido até hoje que consistia em abrir o abdômen de um homem colocar lá dentro um gato, o animal ficava adormecido por drogas e o abdômen era fortemente costurado com a cabeça do animal para fora, quando o gato acordava, então ele ficava apavorado e rasgava a pessoa toda por dentro, não é necessário dizer que devia doer um pouco.
Jonas foi chamado para pregar para o povo mais cruel e sanguinário da terra, tinha preconceito, mas o tal preconceito não era tanto culpa dele, já que os assírios causavam esta impressão de si mesmos. Mas Deus quebrando todos os seus paradigmas o libertou disto. O sentimento de exclusividade dos judeus pelo fato de terem sido escolhidos como o povo de Deus, não devia gerar orgulho e ironia, mas humildade e agradecimento, já que Deus iria abençoar todas as famílias da terra através de Abraão, como eles poderiam ter preconceitos por outros povos que Deus queria beneficiar? Na verdade aqui também temos o fato de que os judeus mesmo sendo pecadores tinham a lei de Moisés que os prendia a um padrão de conduta, enquanto todos os outros povos ao seu redor eram extremamente pervertidos sexualmente. Eles deveriam se separar para preservar sua cultura de melhor qualidade, mas amar aos que seguiam deuses que não existiam.

Outros preconceitos
Não sabemos se existia preconceito com relação a cor de pele, mas havia preconceito religioso, e muito. Os povos ao seu redor também praticavam sacrifícios humanos e esses outros povos tinham também prostitutas do culto, o conceito que os gregos e romanos tinham de religião era justamente uma anti-religião para o judeu, e eles definitivamente não queriam ver seus jovens influenciados por estes tipos de prática. Josué entrou na terra de Canaã com o povo Hebreu, e desobedecendo as ordens de Deus não destruiu todos os povos que havia ali, mas esta era sua missão, e isto sempre fez com que a mente dos judeus associasse guerra e religião como coisas estreitamente ligadas uma a outra.
Jesus também foi temido por andar em meio a ladrões, cobradores de impostos, prostitutas e miseráveis, falava com samaritanos, aceitava ser seguido por mulheres e as instruía juntamente aos homens, etc., mas ele procurava a pessoa que pudessem se reconhecer como pecadores. Ele não obedecia a nenhum preconceito estabelecido pelo povo, mas parece que estava quebrando todas as regras de conduta.

Uma coisa interessante de se destacar é que o ambiente de conduta rígido em que viviam os judeus era de certo modo invejado pelos romanos que os enxergavam como melhores (moralmente), pois tinham a esperança de um dia sua sociedade voltar a ser sóbria como era antes.

Os galileus
Os galileus eram um povo decidido e com um forte espírito de independência religiosa de Jerusalém. A interpretação que eles tinham da lei era bastante diferente do povo da Judéia. Foi lá na Galiléia que brotaram muitos movimentos de resistência a ocupação romana, o que os fazia ser mais mal vistos ainda, pois isto punha em risco todo o povo judeu. Os zelotes foi um grupo fundado por Judas um galileu. Eles eram considerados a dor de cabeça dos romanos e geralmente punham a perder todo o trabalho de diplomacia feito pelos fariseus. Agora você já pode entender o que Natanael disse em João 1:46. Eles discordavam dos judeus da Judéia pelo modo de celebrar as festas, pela maneira de se usar o azeite, de comer de lavar as mãos, etc. Ser um galileu era um fato que poderia servir de acusação, por isto em Marcos 14:70 e Mateus 26:73 o sotaque de Pedro é notado com tanta atenção. Jesus não era aceito também por ser um galileu (Nazaré).

Os pobres
Como sempre aconteceu em todas as sociedades e épocas ao longo da história humana, na época havia uma rivalidade entre pobres e ricos; ao passo que o pobre fazia queixas amargas quanto aos ricos, enquanto trabalhavam para eles com muita dedicação. Jesus nunca criticou a riqueza, ele criticava o dar atenção especial aos ricos e alertava que a riqueza pode por em risco sua salvação, veja Provérbios 30:8,9. Jesus não via a riqueza como sinal da benção de Deus, ao contrário de muitas igrejas evangélicas de hoje, a sua posição diante deste tema é sempre cética. Em sua visão uma pessoa seria abençoada se fosse sedenta de Deus. Muitos dos que criam em Jesus eram ricos, tais como Zaqueu, Jose de Arimatéia e Nicodemos. Jesus nunca disse que os ricos não entrariam no reino dos céus, a salvação não depende da pobreza.

Bastardos
O termo refere-se tanto a alguém que era filho de pais não casados ou filho de união com estrangeiros, e a repulsa era tão grande que mesmo que fossem crianças não eram toleradas. É engraçado ver que a lei de Moises apóia isto – Deuteronômio 23:2, não cabe a nós julgar; mas a lei proíbe estas pessoas de entrarem na assembléia; ao nosso ver isto proibia os hebreus de se aculturarem pelos povos pagãos logo na saída do Egito, pois eles praticavam prostituição cultual, sacrifícios de crianças, pederastia e outras coisas abomináveis ao Senhor. Se alguém tivesse um filho com estas pessoas, seus filhos seriam rejeitados e isto era para um hebreu uma desgraça semelhante a morte.
Eles mais tarde criaram normas para regular a vida dos bastardos:
a) Não podiam se casar a não ser com prosélitos, escravos emancipados e deformados.
b) Não podia ter cargos importantes.
c) E muitas outras exigências terríveis.

A mulher
A mulher era descriminada, e sempre rebaixada a uma posição inferior a dos homens, ao ponto que conversar com uma mulher era considerado perda de tempo por muitos judeus. Elas não eram incentivadas a ler, estudar ou ter uma profissão, isto fazia com que elas se tornassem mendigas se ficassem viúvas. As poucas mulheres que conseguiam entram no mundo dos negócios se destacavam muito e provocavam ira dos fariseus. Jesus também incomodou por isto, as mulheres em seu ministério tinham liberdade e trabalhavam ativamente.



Profissões
Muitos profissionais sofriam preconceito por causa de suas atividades, tais como:
• Os coletores de esterco de animal e pastores – por serem muito pobres.
• Coletores de impostos, agiotas e ourives – por serem corruptos.
• Curtidores, açougueiros – por trabalharem com animais mortos.
• Os médicos - odiados por não poderem curar muitas enfermidades.

Os prosélitos
Quando um gentio se convertia ao judaísmo, mesmo que fosse verdadeiramente convertido, sempre teria de conviver com o preconceito, suas vidas eram pesadamente regradas pelos fariseus. Eram considerados geneticamente impuros, alguns os consideravam bastardos. Pois por ser filho de estrangeiros havia uma grande possibilidade de seus pais terem se prostituído, no templo ou na sociedade. Quando queriam acusá-los os judeus lembravam seus passados.

Os cristãos
Jesus tinha sido perseguido e morto, Estevão também, e assim foi ao longo dos séculos, muito sofreram perseguições por causa da sua fé em Cristo. No primeiro século muitos foram mortos por causa da perseguição dos judeus, mas depois os judeus forram perseguidos pelo império e os cristãos também, pois eram considerados pelo governo Romano como mais um partido judaico. Foi sempre assim, no entanto, hoje em dia a perseguição é mais cultural.

________

20. PAGANISMO
Os judeus tinham plena certeza da existência do mundo espiritual que o homem não poderia explicar ou alcançar com sua mente limitada, que era um mundo onde as forças que estavam em ação não poderiam ser dominadas. Tanto os judeus primitivos como os cristãos modernos eram muito parecidos com os cristãos de hoje, muitos crêem em Deus, mas, por falta de informação acham por bem aplacar forças sobrenaturais recorrendo a magia ou superstição. Também, não era possível saber se a maioria se tornava cristão por amor a Cristo ou por medo do inferno.
Os judeus da antiguidade usavam muitos objetos em seus cultos, que acabaram se tornando amuletos, pois a partir do momento que você sente dependência de algum objeto para cultuar ou aproximar-se de Deus, este objeto passa a ser um amuleto. E isto veio até o judaísmo moderno; e também influenciou os primeiros cristãos, que tinham dificuldade de se desvencilharem de seus objetos sagrados. Os povos gentios tinham muitos amuletos de diversas formas e utilidades. Na tradição judaica, o livro do Sabá aconselhava que se você fosse viajar deveria levar um pé de raposa ou um ovo de gafanhoto, os macabeus tinham cada um o seu amuleto.
A igreja cristã ao longo dos tempos não conseguiu se livrar disto, em poucos séculos os cristãos já estavam adorando pedaços de madeira pensando serem pedaços da cruz de Cristo, ossos pensando serem os ossos dos primeiros cristãos, e os bispos também eram adorados ao passo que se atribuía a eles mais e mais poder. Foi a reforma protestante que nos libertou de tudo isto.

Os terafins
Eles eram os deuses domésticos, era estatuetas que representavam a proteção no lar, a presença dos poderes dos deuses, e para nosso espanto a grande maioria dos judeus tinha um terafim que também era considerado o deus da casa ou da família, e não se sentiam infringindo a lei. A grande maioria somente abandonou esta prática no exílio babilônico. Havia outras formas de paganismo, tais como encantamentos, magias, leitura de fígado de animais, revisão pela água, tirar sortes, astrologia, etc. Entre os apóstolos havia a idéia de que Deus manifestaria sua vontade pelo recurso de tirar sortes - Atos 1:26.

Astrologia
Sobre a astrologia temos alguns problemas a resolver: Gênesis 1:14 e Mateus 2:1-12 e em contraste Isaías 47:13, 14 e Jeremias 10:2. Sempre foi licito o uso dos astros para viajar, quem sabe descolar-se orientado por eles nunca se perde na face da terra, mas usá-los como a astrologia nunca foi aceito pela Igreja de Deus, também não vemos isto com bons olhos pois pode gerar muitas doutrinas extra bíblicas e uma certa mistura entre Bíblia e misticismo.
Que sinais seriam estes declarados em Gênesis 1:14? Eles podem ser a contagem do tempo, ou pode ser a estrela de Jacó de Nm 24.17, que é uma das profecias acerca de Jesus e que se cumpriu em Mateus 2. Mas os reis magos são uma grande incógnita na Bíblia, segundo as pesquisas (que podem estar erradas) falam que eles eram persas e babilônicos e eram astrólogos, mas segundo outros eram considerados magos, pois, eram pesquisadores e conhecedores dos livros sagrados de várias religiões, e em Mateus 2:3-6, eles realmente provaram que conheciam bens as Escrituras hebraicas.
Por que magos astrólogos ou pagãos ligados à história de Jesus? Mas mesmo que fossem pesquisadores não viriam de tão longe para adorar a um bebê judeu, mesmo que soubessem que ele seria um rei. Existe uma história que diz que estes homens associavam o nascimento de uma estrela com o nascimento de cada rei ou grande líder da terra, e pelo tamanho da estrela e intensidade de seu brilho poderiam calcular o tamanho e duração do reinado deste rei; e ao fazerem seus cálculos pela nova estrela que havia surgido descobriram que o reinado deste rei era toda a terra e sua duração era eterna. Mas contenha sua emoção, e nem ouse achar uma legalidade nisto tudo, pois, Bíblia não se posiciona definitivamente sobre a questão, e traz para isto mais um aspecto negativo do que positivo.





O altar ao deus desconhecido – Atos 17.23.
Este é outra grande incógnita. Ao passo que a Bíblia manda que não se consultem adivinhos e nem vou citar as passagens de tantas que são, o altar ao deus desconhecido (agnosto theo) foi fruto da consulta ao oráculo de Delfos. Delfos é uma cidade grega que fica pouco antes de se entrar na península de Acáia, pouco antes de Corinto. A seis séculos antes de Cristo a Grécia estava passando por uma grande seca, o estado já estava enfraquecido, pois, a água estava sendo importada, e os gados e plantações morrendo no campo, além das pessoas morrendo de fome e sede, eles já haviam feito sacrifícios e cultos para vários deuses e a seca estava cada vez mais devastadora. Então em uma decisão quase que unânime os governantes resolveram consultar o oráculo de Delfos, aquele mesmo que, dois séculos mais tarde, diria que Sócrates era o homem mais sábio da terra.
E este oráculo disse que havia um Deus mais poderoso que todos os deuses gregos que deveria ser apaziguado, e ordenou que fossem a Ilha de Creta, pois lá existia um homem sábio chamado Epimenides que saberia como fazer isto. Foram lá, encontraram o tal homem e o trouxeram para Atenas, ao chegar na Grécia Epimenides perguntou – “aqui existem mais deuses do que pessoas?” pois, naquela época os gregos tinham 33.000 deuses, e suas estatuas estavam pelas ruas. Ele pediu que se separassem dois grupos de ovelhas famintas e as soltasse num dos poucos campos verdes que ainda existiam, um grupo ira imediatamente começar a pastar, enquanto o outro grupo faminto iria escolher um lugar para se deitarem todas juntas, e neste lugar deveria ser levantado um altar ao “deus desconhecido” e estas ovelhas, as que escolheram o local deveriam ser sacrificadas para este deus. Assim foi e a seca imediatamente cessou, seis séculos depois, Paulo de Tarso usaria este altar para pregar ao Senhor Jesus.

Necromancia
Necromancia é a pratica de consulta ou comunicação com os mortos. Na verdade esta é uma suposta comunicação, quando Deus proíbe consultar os mortos, na verdade ele proíbe esta tentativa. Um sábio teólogo certa vez disse – “nunca procure experiências espirituais fora da Bíblia, pois o diabo está pronto para fazer com que você as ache”. Mas em todos os lugares do mundo pessoas procuram este tipo de coisas por diversos motivos: saudades de entes queridos, para preverem o futuro, para pedir auxílios diversos e ou mesmo com más intenções. A comunicação espiritual que Eva teve no jardim do Éden foi uma experiência que resultou na desgraça da humanidade. Quando o rei Saul em 1º Samuel 28:7-20 consultou ama médium de En-Dor, o espírito de subiu lhe disse três mentiras e nada do que foi dito se cumpriu. Muitos católicos discordam disso, mas ao tentarem se comunicar com os cristãos do passado (santos) eles também praticam necromancia. Cuidado com muitos rodapés que dizem que Saul realmente se comunicou com Samuel!

Sonhos
Os sonhos são até hoje objetos de muitos e sérios estudos, por parte de místicos, de psicólogos, psiquiatras, parapsicologistas, e religiosos de diversas origens. E a Bíblia afirma que Deus também informa, orienta e previne através de sonhos. Existem diversas passagens com este tema, procure por este tema em sua concordância. Mas a sabedoria para interpretá-los vem do Senhor; José e Daniel foram usados por Deus com este propósito.

As varas listadas de Jacó – Gênesis 30:37-43
O que fizeram as ovelhas criar malhadas são conhecidas como simpatia por muitos teólogos, mas se for assim então este tipo de magia funciona? É valido? É licito? Pois Deus ainda estava com Jacó. (Gênesis 31:3). Acontece caros alunos, que alguns homens tendem para o ceticismo na medida em que eles se tornam mais cultos e outros mais espirituais. Na verdade Jacó estava sugestionando as ovelhas; aquelas varas malhadas em frente ao bebedouro onde as ovelhas passavam horas todos os dias, funcionavam como uma mensagem subliminar, este tipo de mensagem não é recebida pelo consciente, mas, pelo subconsciente diretamente e funciona como uma ordem; e se funciona com homens, quanto mais com ovelhas.
Por várias vezes a igreja cristã, logo em seu inicio teve de conviver com o paganismo e combatê-lo, já os casos de Simão o mágico (Atos 8:9-24), Elimás ou Barjesus (Atos 13:6-12), a jovem de Filipos (Atos 16:16-19), e muitos outros que não foram registrados; mas havia uma grande diferença, leia as passagens e veja que o poder que havia nos cristãos superava em muito o de todos os magos e feiticeiros, e aonde eles chegavam, por tanto poder eram até mesmo temidos.
21. DELITOS E PUNIÇÕES
Nos tempos bíblicos em meio ao povo de Israel, toda a espécie de crime era punido com rigor e para alguns tipos de crime a sentença era a morte, por isto não havia muitos crimes, eles não eram comuns. Os crimes que eram reprimidos pela lei eram os comuns: roubar, matar, caluniar, adulterar, etc, mas se um judeu batesse e matasse um samaritano os homens do Sinédrio fingiam que não houve nada, assim como se um rico desobedecesse à lei e cobrasse juros de um pobre isto também era desconsiderado; e os saduceus estavam acima da lei, eram os intocáveis.
O rigor na punição (para o povo comum) devia-se ao fato de que as pessoas entendiam que Deus via e julgava o povo como “um todo”, então qualquer crime era considerado pecado contra Deus e ameaça contra a humanidade. As leis de Moises eram o código civil e foram instituídas por ocasião da aliança com o Senhor, por isto eram imutáveis, isso no conceito judeu. Para que a maioria do povo vivesse em paz era necessário manter sob controle a minoria criminosa e este sistema jurídico operava muito bem na maioria dos casos. As penas geralmente eram:
1. Punição física, se houvesse dano físico a vitima.
2. Pena de morte, se fosse pecado ou traição contra Deus.
3. Indenizações – neste caso o condenado continuava trabalhando e vivendo em sua comunidade para indenizar a vitima.
Apesar de leis serem imutáveis, elas foram ganhando uma nova interpretação ao longo dos tempos e modificando um pouco, isto fez com que de acordo com a época e conveniência novas leis tenham sido acrescentadas a este código; não falamos do texto bíblico, mas das leis civil de foram escritas de acordo com a lei de Moises.

Cidades refugio
Nos tempos bíblicos foram criadas seis cidades refugio, que eram locais onde os criminosos podiam refugiar-se e não podiam ser tocados enquanto estivessem lá; este era também um modo de isolar o criminoso do povo comum. Nos tempos bíblicos se uma pessoa matasse alguém mesmo acidentalmente sua vida correria perigo, pois se os parentes da vitima o encontrassem deveriam matá-lo, isto era um costume do povo, era uma obrigação da família da vitima.
No entanto, o assassino somente poderia se refugiar lá se fosse julgado e declarado inocente, se fosse provado que a morte foi acidental; eles não poderiam simplesmente matar e fugir para uma delas. O assassino deveria permanecer nesta cidade e se fosse encontrado fora de seus limites então poderia ser morto, somente poderia sair de lá quando o sumo sacerdote morresse, mas a lei não deixava claro que sumo sacerdote era esse (Nm 35.28), então entendiam que era o sumo sacerdote que o tinha julgado. Se então o sumo sacerdote morresse, ele podia ser livre de novo e se fosse morto pela família da vitima, os assassinos eram então considerados culpados e condenados a morte.
As seis cidades refugio que consta em Números 35:28 e Josué 20:6 são: Quedes, Siquém, Hebrom, Ramote, Golã e Bezer, sendo três de cada lado do rio Jordão, e para chegar a elas haviam sido construídas ótimas estradas. As cidades refugio talvez tenham sido inspiradas pela lei, talvez já existisse no antigo Egito, mas nos tempos bíblicos a maioria dos reinos as tinha, não cabe nesta disciplina discorrer sobre como elas eram administradas, mas somente as de Israel.

Tribunais
Ao longo de sua história Israel passou por profundas modificações no seu sistema judiciário. De inicio o povo mesmo executava as punições segundo uma tradução literal da lei, depois veio Moisés que julgava a todos no deserto até que seu sogro Jetro o aconselhou a estabelecer anciãos que fizesse isto, e este sistema se estendeu até a época dos juízes.
Já no reinado de Davi e Salomão, eles eram a suprema autoridade judiciária e indicaram outros seis mil juizes para cuidarem de todas as causas (1º Crônicas 23:4). O rei Josafá incluiu levitas, sacerdotes e chefes de família no sistema judiciário (2º Crônicas 19:8). Na reconstrução de Israel após o exílio babilônico, o rei Artaxerxes aconselhou a Esdras que nomeasse juízes para ministrar a lei (Esdras 7:25).

E na época de Jesus o Sinédrio era o tribunal, e lá havia setenta anciãos que julgavam, e como já vemos havia muitos sumos sacerdotes, entre estes 70. Estes se reuniam no templo, no salão das pedras polidas, e eles reivindicavam autoridade sobre todos os judeus da terra, e enquanto isto os galileus chamados de “rústicos” e “selgavens” ignoravam as decisões do sinédrio e continuavam a fazer justiça com as próprias mãos. Leia Atos 28:16-22.
Nas cidades mais distantes havia os mini-sinédrios de 23 juizes para julgar causas menores e nestes o castigo mais severo que se podia aplicar a um preso eram as 39 chicotadas. Havia os tribunais que julgavam as causas cíveis onde um cidadão comum poderia assumir o papel de Juiz, e os tribunais de crimes que somente poderia ser julgados por sacerdotes e levitas; cada juiz em cada um dos tribunais era auxiliado por um bom numero de outros homens da justiça. Quando uma pessoa acusava outra, ela deveria também sugerir a pena com a qual o acusado seria punido, pois se ficasse provado que o acusado era inocente e que o acusador havia levantado falso testemunho, então o acusador deveria sofrer a pena que havia sugerido, e isto praticamente fazia com que o número de falsos testemunhos fosse reduzidíssimo (Deuteronômio 19:16-21).
Nos tempos do império romano, era dada muita autonomia a todos os povos de seu território, eles tinham liberdade de culto, os governadores da região eram homens do povo, como por exemplo, Herodes que era judeu, e podiam julgar aplicar as penas de acordo com suas tradições, em nada disto o império romano interferia; mas se um cidadão romano ao ser julgado apelasse para a justiça romana, então o caso deveria sair das mãos do reino local e ir para Roma. Quando um cidadão romano apelava para a justiça romana, isto causava grande irritação no tribunal local que perderia aquela causa, e por muitas vezes o tal cidadão era assassinado antes de chegar a Roma para ser julgado. Apelar para a justiça romana não era uma idéia muito boa, pois a pessoa demorava muito tempo para ser julgada (Atos 28:16,30), era muito severa, possuía penas de morte de dar invejas aos nazistas e não estava preocupada com os seus cidadãos; na verdade esta era uma mordomia providenciada pelo imperador Augusto séculos antes.
Vamos lhe pedir agora que leia uma passagem extensa, tenho certeza que a poderá entender um pouco diferente, mas leia pausadamente, prestando muita atenção nos detalhes do texto – Atos 21:27 até 25:12. Neste trecho estão contidos muitos elementos estudados até agora. Nos julgamentos na maioria dos locais e povos havia as tomadas de depoimentos, e em Israel as testemunhas juravam por Deus, pelo céu, pelo templo e pelo altar, (Atos 23:16-22), e não existiam os advogados de defesa no sentido atual, as testemunhas e o acusado eram responsáveis pela defesa, mas se uma testemunha fosse alguém douto ou não quisesse assumir o papel de defensor poderia fazer isto.

Os crimes
Crimes religiosos: Estes eram considerados os mais perigos, pois, poderiam descaracterizar o judaísmo pondo tudo a perder, eram tratados com muita severidade, pois poderiam causar o desvio espiritual de toda nação.
Crimes de violência: Israel tinha leis rigorosas que puniam este tipo de crime, se um homem ferisse a outro, ele deveria indenizá-lo e pagar as despesas médicas (Êxodo 21:18, 19). Se um homem cavasse uma valeta e outro homem caísse nela, então também deveria ser indenizado. Se dois homens estivessem brigando e isto causasse um aborto então os dois deveriam indenizar o casal.
Agressão Pai e\ou Mãe: Se alguém agredisse o pai ou a mãe, ou raptasse alguém a pena era a morte.
Estupro: Para o estupro o julgamento era complexo, se a vitima não tivesse gritado então os dois eram apedrejados, mas se o homem fosse culpado, tinha de pagar a vitima 50 ciclos de prata de casar-se com ela e não podia mais se separar.
Danos Materiais: Muitas eram as leis que regulamentavam os vários crimes de danos materiais:
1. Quem roubasse uma ovelha deveria devolver quatro.
2. Quem roubasse um boi deveria devolver cinco.
3. Se o ladrão não tivesse como pagar, deveria ser vendido como escravo, e o dinheiro desta venda iria para a vitima.
4. Se um ladrão fosse surpreendido assaltando pelo dono da casa e fosse de dia não poderia ser morto, mas se fosse de noite sim.
5. Se um ladrão furtasse um objeto deveria pagar o valor do objeto mais 20% a vitima.
6. Se alguém incendiasse uma plantação vizinha, deveria pagar pelo valor dos produtos queimados.
E muito mais.
1. Crimes éticos: Tais crimes eram: Mentir, enganar, avareza, adultério, prostituição, e muito mais, somente em Levítico 18 existe uma grande lista de crime éticos de caráter sexual.

Punição
A lei do Talião, o famoso “olho por olho e dente pó dente” não fazia parte somente da lei de Israel, mas de muitos outros povos, tais como os babilônicos, assírios e muitos outros povos, na lei está escrito em Êxodo 21:23,24; Levítico 24:19,20 e Deuteronômio 19:21. As autoridades exigiam que a lesão do agressor nunca fosse maior nem menor do que e lesão por ele causada.
As chicotadas não poderiam ultrapassar o numero de 40, por causa da lei (Deuteronômio 25:1-3), mas temendo que a contagem pudesse errar e que este numero fosse ultrapassado, então estabeleceram um numero máximo de 39, Paulo afirma que por cinco vezes recebeu 39 chicotadas, (II Coríntios 11:24). A vitima era deitada de bruços no chão e tinha seus pés e mãos amarradas, para que tomasse as chicotadas. De inicio este chicote era uma vara, mas com o tempo foi mudado para um chicote com tiras de couro de bezerro, mas o chicote romano com o qual Jesus apanhou poderia matar com facilidade, pois eram oitos tiras de couro com pequenas peças (15mm) de metal na ponta.
Multas: havia crimes onde em seu julgamento se criava uma divida que era assumida pelo criminoso para indenizar a vitima, o valor era estabelecido pelo tribunal
Pena de morte : existiam muitos crimes que eram punidos com morte:
1. Se um homem se casasse com uma moça e com sua mãe; ou uma filha de um sacerdote tivesse se tornado uma prostituta – a pena era morrer queimado – Levítico 20:4.
2. Apedrejamento era outra forma de punição, se punia: adultério, sacrifício de crianças, blasfêmia, feitiçaria, quebra de sábado, traição e rejeição dos pais – as testemunhas deveriam atirar as primeiras pedras.
3. Por espada: esta era uma punição comum para a idolatria, mas bastantes cristãos foram mortos a espada.
O império romano tinha punição chamada de “o corpo da morte”, onde o corpo da vitima era amarrado ao corpo de seu assassino, costa a costa, braços e pernas, e enquanto entrava em decomposição o corpo da vitima contaminava o assassino que em pouco tempo (cerca de 01 mês) morria; Paulo usa a imagem desta execução para comparar o corpo da morte ao velho homem já morto alertando que o homem morto poderia contaminar ao novo homem renascido em cristo – leia Romanos 7:20-24, e ele falava aos romanos que conheciam bem a esta execução.

As prisões
As leis de Israel não diziam nada sobre encarceramento, quem fosse julgado e não fosse condenado à morte, era punido ou assumia uma divida e em seguida já estava em meio a sua sociedade, a idéia era restaurar o criminoso. O povo judeu começou a praticar o encarceramento na época de Esdras, talvez já influenciados por outras culturas. Outros povos já possuíam suas prisões e alguns personagens bíblicos foram presos nelas, tais como José no Egito, Sansão, Joaquim pelos babilônicos, etc.
O encarceramento praticado pelos judeus era nos moldes das outras nações, eram locais úmidos, escuros e fétidos, o preso ficava atado a troncos, trabalhava forçado, era surrado, e a alimentação era o suficiente para manter a vida, por isto Jesus disse aos seus discípulos – Mateus 5:25,26. E também foi muito forte da parte do Senhor quando ele disse aos seus discípulos que eles seriam presos em Lucas 21:12; e realmente todos os quase todos os seus apóstolos experimentaram a prisão.

Desobediência a autoridades
Apesar de na maioria das igrejas ser pregado que isto é sempre pecado e uma atitude negativa, vemos no texto bíblico e ao longo da historia que para Deus o importante é a situação em que a pessoa esta inserida. Em Êxodo 1:15-21, as parteiras desobedeceram às ordens do Faraó e mentiram a ele e Deus se agradou delas e as beneficiou. Daniel desobedeceu às ordens do rei e continuou com as suas orações diárias.
Vemos isto claramente em muitas passagens onde os profetas eram condenados por seus pronunciamentos, os discípulos de Jesus somente continuaram pregando o evangelho porque aceitaram viver como “foras da lei” por amor a Cristo, a ordem era para que parassem as pregações, mas contra a vontade das autoridades eles continuavam a trabalhar e por isto eram presos e castigados. E inclusive o próprio Jesus foi preso por desobediência as autoridades. Se não houvesse esta desobediência, o cristianismo não tinha sido levado avante, pois foram muitos séculos de perseguição. Mas para do povo em geral, a desobediência provinha dos movimentos de libertação do domínio romano.
Havia algumas forças policiais, a força policial particular de Herodes que entrava no meio do povo e ouviam o que as pessoas diziam, e as delatavam para serem punidas ou mortas. Existia também a força policial do templo que policiava o templo e executava as ordens do sinédrio, prendiam, puniam ou matavam conforme a decisão do sinédrio. Havia também as forças policiais do império romano, que certa vez salvaram Paulo de um linchamento – Atos 21:30-36. Paulo, aliás, era privilegiado por uma determinação baixada pelo imperador Augusto que estabelecia que nenhum cidadão romano poderia ser preso nem chicoteado e esta lei o beneficiou por inúmeras vezes, algumas delas foram registradas – Atos 16:35-40; Atos 22:25-29, estas lindas passagens vale a pena serem lidas. A crucificação era uma pena praticada por muitos povos, pelos fenícios, persas, romanos, gregos, e outros; pela lei romana um cidadão romano também não podia ser crucificado. Os homens eram crucificados de costas para a cruz e as mulheres de frente para ela.

_______
22. PESOS, MEDIDAS E VALORES
Este capítulo ao passo que é surpreendente é decepcionante, pois achamos que os valores de pesos e medidas se restringem apenas às tabelas que encontramos nas Bíblias, nos encontramos muito mais do que isto e também nos deparamos com uma impossibilidade de determinar exatamente os valores da época. Além da Bíblia, muitos outros documentos históricos nos fornecem informações sobre os valores na Antiguidade, e a arqueologia nos tem dado uma imensa contribuição neste campo, podendo os exegetas estabelecer uma tradução mais perfeita para alguns termos por causa destas descobertas.
Não há nenhum valor que possa ser calculado como definitivo, quando as pesquisas bíblicas informam certos valores, todos eles são aproximados e podem variar muito, exemplo: quando o texto grego fala em dracma (uma medida de peso) este dracma se for grego de Atenas possui 4,37 g, mas se for de Corinto pesa 2,87 g; se o dracma for o romano (usado em Israel - também chamado de denário) equivale a 16 ceitis (judaicos) ou 16 asses de cobre (romanos) que era a moeda de menor valor, suficiente para comprar dois pardais. Os estudiosos bíblicos têm esta questão como um grande problema, então determinar o que significam os padrões de medidas existentes das Escrituras pode ser um problema sem solução. As informações bíblicas acerca das antigas medições são insuficientes, a confusão na época bíblica era tanta, que muitos valores de comprimento, peso, área e capacidade chegavam a variar de cidade para cidade.
A medida de comprimento mais citada na Bíblia é o côvado, e quando o texto bíblico o cita, não podemos determinar com exatidão qual seria, as pesquisas bíblicas históricas e arqueológicas por enquanto nos informam a medida de sete côvados diferentes dentro dos territórios bíblicos. Muitas das medidas podem ser até engraçadas, tal como calcular volumes pensando em ovos de galinha, ou na quantidade de terra em que poderia se plantar com uma determinada quantidade de sementes, etc. Hoje em dia, temos muitas dificuldades de um sistema métrico para o outro sistema, alguns países não aderiram ao convênio internacional de medidas (o Brasil aderiu), por isto em muitos países temos medidas tais como: pés, jardas, polegadas, nós, diferentes minhas, etc. Converter pés em polegadas é algo praticamente impossível e nunca se obtém uma medida exata.
Como era então complicada a vida do fiscal, que deveria conviver com a confusão de números, e os cambistas que padrões poderiam possuir para trabalhar? Os sistemas de medida mais antigos do oriente médio eram os egípcios, cananeus e mesopotâmicos, e os sistemas e israelitas estavam alicerçados neles; mais tarde vieram os persas, gregos e romanos. Em Israel os levitas estavam oficialmente responsabilizados por toda sorte de peso em medida – 1º Crônicas 23:29. As outras literaturas judaicas que falam de pesos e medidas são o Talmude, o tratado de Epifânio sobre pesos e medidas publicado em 392 a.C., os escritos de Heródoto, os escritos de Flávio Josefo, e outras talvez menos importantes. Quando a medida trata de valores (dinheiro), ela representa peso em prata, por exemplo: 1 Beca = 5,85 gramas, de que? De prata. Mas isto também não significa organização, visto que as mesmas moedas variavam de peso de região para região. Este capítulo do estudo tem a intenção de lhes servir como um manual de consultas de cabeceira.
Em diante, começamos a trazer (ou tentar) muitas informações juntamente com tabelas.
Medidas de comprimento
*Côvado ou cúbito (Hebraico – Ammah / Grego – Pêchus / Latim – Cubitus) ; o côvado era o padrão, as outras medidas partiam dele.
Mesopotâmico – 40,24 Cm Grego – 44,42 Cm Israelita – 44,46 Cm
Côvado Real 52 Cm – Muitas medidas “reais” eram o dobro do valor, principalmente ao tratar-se de peso e capacidade.
Egípcio – 52,45 cm (grande) ou 44,70 (pequeno) O Côvado de Ezequiel – Ez 40.5 – 51.87 Cm
Vara ou Cana (hebraico – Qaneh / Grego – Kalamos)
Equivale a seis côvados – Se fosse uma vara israelita tinha 266,76cm, se fosse uma vara grega tinha 266,52cm – Não sabemos se outras sociedades além destas usavam esta medida.
Palmo (Hebraico – Zereth)
½ Côvado – se for um palmo de Israel = 22,23cm
Largura da mão ( Hebraico – tepach ou topach)
1/6 côvado comum –7,41cm ou 1/7 do côvado real – 7,42cm
Dedo (Hebraico – Etsba)
¼ da largura da mão – 1,85cm
Gômede – (Hebraico - gomed)
Esta medida aparece em Jz 3.16 quando supostamente é traduzido errado para “côvado”, pois esta era a medida do punhal de Eude; e ele não poderia ter 44,46cm, isto é muito grande. A septuaginta traduz como spthithamês (palmo), e a vulgata latina como palmae manus (palma de mão), alguns pensam ser um côvado mais curto, já outros um punhal muito grande e fora dos padrões.
Medidas Greco romanas
Côvado – 44,42cm Pé – 29,61Cm Braça – 1,85cm
Estádio (Grego - estadion), 400 côvados - 177,7 m Milha oficial – 1560, 73 m
Milha romana – (grego – Mílio), 8 estádios – 1421,58 m Schoinos – 6000 m
Medida persa
Parasang – 6249,92 m
Distancia entre pontos
Quando os israelitas queriam se referir a alguma distancia entre cidades ou regiões usavam certas expressões que eram entendidas, pois significavam distancias.
Um dia de viagem (a pé) de 35 a 40 Km) Viagem de um sábado – 1 km Um tiro de flecha - ?
Outras
Cordel – Am 7.17 ; Zc 2.1 Cordel de linho – Ez 40.3

Medidas de capacidade
Líquidos – Litros
Muitas medidas de capacidade serviam para líquidos (litros) e sólidos (peso – Kg), visto que o mesmo recipiente as vezes era usado como medida para os dois, como no caso do módio, em sua maioria eram tipos de recipientes (vasos, jarras, potes, etc) feitos tradicionalmente de um mesmo formato e dimensão , assim como as nossas frigideiras e chaleiras.
Bato (Hebraico – bath / grego – bátos) – 18,9 L. Hômer – 189 L.
Him (vaso) - (Hebraico – him) – 1/6 de bato – 3,15 L.
Logue (Hebraico - Log / Grego – Kotúle / Ulgaritico – Lg / Coptico – Lok) – 1/12 de him – 0,2625 L.
Líquidos no NT – Litros
Chestes (grego – Kséstes / Latim Sextárius ) – 0,642 L.
Metretas ou Almude – (Grego – metretes) – de 39 a 18,9 L - Varia muito.
Módio ou Alqueire – (Grego – módios / Latim – modius) – 8,49 L.
Choiniks (Grego – Idem) - Em alguns textos traduzido como “medida”.
Libra (Grego – lítra / Latim – libra ) – 0,3548 L
Secos – Kilos ou Litros que vem ser pensados como Cm3
Hômer ou coro – (Hebraico – chomer) = Carga de um jumento – de 134 a 230 Kg
Leteque – (Hebraico – letheck) – ½ ou 1½ hômer – nada exato.
Efa (cesto) - (Hebraico – Ephah / Egípcio – Pt) – 1/10 de Hômer = 18,9L
Frações – (1/16 - Ez 45.13 ; 46.14)(1/10 – Lv 5.11 ; 6.20 ; Nm 5.15 ; 28.5)
Seah – Difícil de determinar – de 6,3 a 12,93 L
Ômer (Hebraico – ômer/Grego – gómor)(Não é o hômer) – 1/10 efa – 1,89 L
Issaron – igual a um ômer Cabe (Hebraico – kab) – 1/18 efa – 1,05 L
Secos no NT – Kilos ou Litros que vem ser pensados como Cm3
Choiniks (traduzido como medida) – 1,1L Libra – 0,3548 L
Módio – (Grego - Módios) – 8,49 L
Lomer (Feixe) – Um feixe de cereais ou de outro vegetal – deveria ter um diâmetro ou peso aproximadamente estabelecido.
Medidas romanas
Ânfora Congius Quartário
Sextário Urna
Medidas cananéias
Hmr – Hômer Lth – Leteque Lg - Loge
Medidas mesopotâmicas
Qa (Silá dos sumérios) – de 1,004 a 1,34 L Sutu – 10 Qas
Imeru – A carga de um jumento
Medidas Egípcias
Hkt – 5,03 L Him – 1/10 de Hkt

Pesos
As unidades monetárias eram os pesos abaixo em prata, portanto um siclo equivalia a 11.76 gr’s de prata em forma de uma moeda. Mas nem isto era exato, os governos começaram a imprimir moedas com valores que não condiziam ao material empregado na própria moeda, exatamente como temos hoje. Quando tratava-se de uma moeda de ouro o seu valor era bem maior e o texto bíblico por vezes define isto, por exemplo : 1 siclo de ouro = 11.76 gr’s de ouro. Portanto o valor a moeda era considerado por seu peso e material.
Talento - (Hebraico – Kikkar / Grego – tálanton / Babilônico – biltu) – de 30,13 a 35,10 Kg = 3000 siclos
Mina – (Hebraico – Maneh) – Haviam minas de 60 e de 50 siclos – 585 gr’s e 702 Gr’s
Siclo (pesar (verbo)) - (Hebraico – Shakal) – entre 11,3 e 11, 47 Gramas
Siclo do templo – de 10 a 9,8 gr’s Siclo ordinário – 11.76 gr’s
Gera – 1/20 de siclo – na Babilônia 1/24 de siclo – 2,49 gr’s
Beca – (Hebraico – beqa) – ½ siclo – 5,85 gr’s
Pim - 1Sm 13.21 – 7,8 gr’s Quesita (Hebraico – qesitah) – Valor ?
Arrátel ou Libra - (Hebraico – maneh / Grego – Mnã) – Valor 327,5 gr’s
Ceitil ou Asse de cobre – Pequena moeda de cobre, menor valor entre as moedas – 1/16 de denário.
Denário, dinheiro ou Dracma – salário de um dia de trabalho – não possuímos um valor exato, mas equivale a 16 ceitis que são pequenas moedas de 6 gr’s de cobre = 96 gr’s, mas de que ? de cobre ou de prata ?
Pesos gregos
Denário Estarter – 4 denários
Mina – 100 Dracmas Talento – 60 minas
Dracma
Pesos romanos
Siclo Mina
Talento Dracma – comprava uma ovelha.
Quadrante Didracma – 2 dracmas
Aureus – 25 denários de ouro – 123,3 gr’s
Asse de cobre = 1/16 de denário – 6 gr’s – comprava dois pardais
Pesos babilônicos
Siclo – 20 geras – 11,7 gr’s Gera (Acádio – giru) – 0,57 gr’s
Mina – (Acádio – manu / Hebraico – maneh) – 60 siclos
Talento – (Acádio – biltu) – 60 minas – 30 kg
Pesos Egipcios
Deben – 13,43 a 19 gr’s
Um peso de ouro era igual ao dez vezes o mesmo peso de prata.
Netsefe – Significa a metade de alguma coisa e praticamente poderia servir para tudo.

Medidas de área
Egípcias
Côvado – (do Egípcio Mh) – 1 côvado de área = 1 côvado de largura por 100 Côvados de comprimento
St’t – 100 côvados = 2700 m2
Mesopotâmicas (Babilônia e Assíria)
A área que um boi poderia arar em um dia = 1600 m2
Romanas
Jugum ou Jugerum – Área que um par de bois seria capaz de arar em um dia = 2529 m2
Sulco (feito na terra pelo arado) – 36,6 m
1 Seah de sementes = 194,4 m2
Seah – Medida de sementes.
Israelita
Seah – medida e sementes – 784 m2
Jeira – (Hebraico – tsemed = vareta ou julgo) = área que um par de bois consegue arar em um dia
Ômer de cevada – L 27.16 - quantidade de área que poderia ser plantada por um ômer de sementes de cevada = 23.520 m2
OBS : As sementes eram calculadas em peso, volume, ou quantidade ?
Vamos trocar a carga de três jumentos de trigo pela terra que uma junta de bois consegue arar em cinco dias? Hoje em dia não usamos mais estas medidas, mas uma pergunta: Seria motivos de risos se fosse empregada por nós em alguma oportunidade. Nem arriscamos em calcular muitos dos valores aqui expressos, mas encontramos também muitas pesquisas bíblicas que mostram valores fixos, sem terem para isto nenhuma base segura, portanto não se preocupe com os diferentes valores das diferentes versões bíblicas.
________

23. GOVERNO ROMANO
Israel era uma nação pequena, portanto, estava sujeita a ocupação de todos impérios que assumiam o controle da região, e assim foi com os assírios, babilônicos, persas, gregos e romanos; estes impérios não só ocupavam as terras, mas também maltratavam os povos que já havia nelas. Durante todo este tempo uma pequena parcela da população de Israel se mesclou com outros povos perdendo sua identidade, mas grande parte do povo judeu possuindo traços morais e religiosos bem distintos, não tive dificuldades em não aderir a nenhuma cultura.
Mas o domínio do império romano apesar de ser opressor dava grande vantagem e econômicas a Israel, além do que desenvolveu em Israel o comércio, transportes, educação, segurança militar e outras vantagens; eles não possuíam independência administrativa mais estavam inseridos dentro de um governo muito organizado. No ano 63 a.C. o império romano que vinha avançando tomou a Judéia; antes disso, eles já haviam estado sob domínio grego durante 250 anos, quando isto aconteceu numa grande parte da população judaica chegou a apreciar o fato, pois os conflitos com os gregos já estavam chegando ao extremo.
O general Pompeu foi quem liderou as forças romanas na invasão de Jerusalém, ele deixou os judeus muito revoltados, pois, era muito impiedoso, assassinou alguns sacerdotes no momento de um culto no templo, e teve a audácia de penetrar no santo dos santos, o judeus ficaram profundamente magoados com toda esta profanação, esta magoa impediu eternamente de haver alguma amizade entre o povo judeu e o império romano. Pompeu resignou ao seu cargo no ano 50 a.C., quando então de Júlio César passou a ser o general de Roma, mas Pompeu ainda gozava de grande prestígio, por isto Júlio César matou-o no Egito onde estava refugiado.
Com isto Júlio César se tornou o único e grande imperador de Roma. Após sua morte em 44 a.C., Marco Antônio governou as Gálias até o ano de 31 a.C. quando foi derrotado por Otaviano na batalha de Áccio; Otávio assumia agora o nome de Augusto (divino) e este governou do ano 30 a.C. ao ano 14 d.C.
O Governo de Caio Julio César, chamado de César Augusto, que significa imperador divino durou de 30 a.C. a 14 d.C.. Até a historia e passível de interpretação, alguns crêem que César Augusto somente começou seu governo ou pode consagrá-lo após 27 a.C. quando derrotou os bretões, alguns colocam está data em 29 a.C., e outros tal como nos colocam esta data em 30 a.C., pois foi com a derrota de Marco Antônio que ele passou a ser a máxima autoridade de Roma. Sob seu comando as tropas romanas tomaram o Egito, foi ele também que decretou o senso que obrigou José e Maria a viajarem para Belém, pois José era cidadão de Belém (Lucas 2:1), seu objetivo era acertar as questões de impostos, tornando os mais exatos.
O Governo de Tibério Júlio César Augusto, chamado de Tibério César - De 14 a 37 d.C.. Foi durante o seu governo que aconteceu todo o ministério de Cristo e os quatro primeiros anos da igreja dirigida pelo Espírito Santo; foi um homem muito inseguro que em sua velhice sofreu de problemas mentais, ficou conhecido como um homem libertino que era dado a excessos sexuais.
O Governo de Caio Júlio César Germânico, conhecido como Gaio ou Calígula - De 37 a 41 d.C.. Este imperador provavelmente era desequilibrado mental, ele tinha certeza de que era deus. Ele chegou até encomendar a confecção de uma estátua dele para ser colocada no templo judaico, no santo dos santos, mas um dos homens envolvidos no projeto sabiamente ou atrasou bastante com muita astúcia, e Calígula morreu antes de sua estátua ficar pronta.
O Governo de Tibério Cláudio Nero Germânico, conhecido como Cláudio - De 41 a 54 d.C.. Os primeiros anos deste governo foram generosos para com os cristãos, porém mais tarde começou a ter suspeitas contra eles e passou a restringir um pouco a igreja, a Bíblia menciona judeus que se encontravam em Jerusalém, pois tiveram que sair de Roma por ordens de Cláudio (Atos 18:1, 2). O governo de Cláudio pensava ser o cristianismo mais uma seita judaica, por isto perseguia judeus e cristãos juntos. A grande fome que ia atingir todo o mundo previsto pelo profeta Ágabo ocorreu durante este reinado (Atos 11:28).
O Governo de Nero Cláudio César, conhecido como Nero - De 54 a 68 d.C. Os primeiros anos deste reinado foram muito positivos, mas este imperador também louco, que mandou matar a própria mãe, não fez quase nada que merecesse elogio. A sua perseguição aos cristãos foi a mais sangrenta de todas, muitos cristãos foram torturados e queimados vivos. Ele mandava o queimar vivos cristãos para iluminar os seus jardins à noite, ele também culpou os cristãos pelo incêndio de Roma; mas alguns acham que ele matava para se divertir. Apesar disto tudo foi a Nero o que Paulo apelou em (Atos 25:10-12), isto nos traz uma imagem mais clara de quem eram os fariseus, pois Paulo tinha mais esperança em Nero do que eles.
Depois de Nero o império estava destruído, nem havia mais governo, a guarda imperial queria eleger como imperador alguns homens e a guarda pretoriana desejava eleger outros homens. Foi um ano (69) de 4 imperadores, a saber: Virginio, Galba, Oto e Vitélio.
1. Vespasiano (Tito Flávio Vespasiano) havia sido um dos eleitos e se firmou dando inicio a outra era dentro do império, governou de 69 a 79.
2. Tito (Tito Flávio Vespasiano) governou de 79 a 81.
3. Domiciano (Tito Flávio Domiciano) governou de 81 a 96.

Após estes governos Roma teve os chamados cinco bons imperadores.
1. Marco Cocceio Nerva - conhecido como Nerva - de 96 a 98.
2. Marco Úlpio Trajano - conhecido como Trajano - de 98 a 117, durante este governo com a morte do apóstolo João finda a era apostólica.
3. Públio Élio Adriano - conhecido como Adriano - 117 a 138.
4. Tito Aurélio Boiônio Antonino - conhecido como Antonino o Antonino Pio - de 138 a 161.
5. Marco Aurélio Antonino - conhecido como Marco Aurélio, ou o imperador filósofo - de 161 a 180.

O culto ao imperador
Geralmente os imperadores eram elevados a condição de deuses de três modos:
1. Um ato espontâneo do povo, o próprio povo passava automaticamente a cultuar o imperador,
2. Um ritual ao som de um imperador era declarado deus depois de morto, quando então passava a ser adorado, e
3. O próprio imperador declarava-se deus em vida e exigia adoração.
Esta terceira opção não era bem aceita e o imperador passava a ter conflitos que poderia terminar com sua morte. Isto não passava de uma jogada política para que o povo acreditasse que era um deus governando, isto aumentava o prestígio e diminuia a possibilidade de desobediência; quem não participasse do culto ao imperador corria risco de vida, portanto judeus e cristãos poderiam ser mortos a qualquer instante, pois eles não eram bem vistos pelos governos de Roma por não aceitarem cultuar ao imperador.

Governos regionais
Herodes - de 37 a.C. a 04 d.C. - Antes de governar todo o estado da Judéia havia sido rei da Galiléia, e era um hábito aliado de Bruto e de Cássio que assassinaram Júlio César em 44 a.C. Mais tarde quando Antônio estava no poder subiu ao cargo de rei da Judéia, foi com muita dificuldade que conseguiu chegar a esta posição, pois, teve de livrar-se das acusações de Antônio e esmagar toda suposição, em 37 a.C. estava livre para governar. Apesar de ser judeu poderia fazer qualquer coisa para agradar ao imperador romano, até mesmo matar seu próprio povo. Após sua morte o seu reinado (Judéia) foi dividido entre os seus filhos.
Pilátos - de 26 a 36 d.C. - Este foi um governante que desmoralizou a legislação judaica, ele fazia se de autoridade suprema sobre o templo, se algo não lhe agradasse ele poderia cancelar as reuniões e dispersar o povo, as vestes do sumo sacerdote ficavam em seu poder e quando ia à Jerusalém por ocasião das festas sagradas ele as emprestava ao sumo sacerdote, ele também controlava todo o dinheiro do templo, e em certa ocasião confiscou boa parte desse dinheiro para construir um aqueduto, o que provocou uma grande cólera entre judeus. Ele procedia assim para deixar bem claro aos judeus que eles não estavam totalmente livres para nada, pois dentre os judeus haviam muitos movimentos de libertação do império romano. Pilátos não morava em Jerusalém, mas em Cesaréia.
Certa vez Pilátos ordenou que se matassem alguns galileus que se encontravam no templo em pleno ato de adoração (Lucas 13:1, 2), quando alguns soldados da guarda romana entraram no templo vestidos de túnicas com cassetetes escondidos nas mangas, e chegando aonde estavam os galileus os massacraram, este ato foi condenável. Por causa da sua situação delicada para com judeus (já havia sido chamado em Roma para justificar alguns atos) ele não quis julgar a Jesus e, mas tentou transferir a responsabilidade para Herodes Antipas.
Félix - Quando Paulo deu início ao seu ministério o governador da região já era Antônio Félix, que chegara a Cesaréia para ocupar o pretório, um magnífico palácio que fora construído por Herodes o grande, dali era governada toda Judéia. Foi conhecido como o governador muito ruim e violento. O apóstolo Paulo certa vez teve a possibilidade de pregar o evangelho a Félix (Atos 24:26) que o escutava na intenção de retirar dele algum dinheiro, ele deixou Paulo o preço por dois anos simplesmente para agradar os judeus (v 27).
Festo - Festo foi o governador que sucedeu Félix, e ele trouxe alívio na relação com judeus, pois mandou prender criminosos comuns, melhorou as estradas, deu mais liberdade religiosa; foi a Festo que Paulo apelou a César. Na época dos outros governadores eles não se preocupavam com criminosos comuns, por isto Félix foi considerado pelos judeus como um bom governante.

Os publicanos
A administração de um império gigantesco como o romano exigia enormes somas de dinheiro, para construção de portos, anfiteatros, estradas, manutenção do exército, navios, etc. Por isto em todos os lugares que estavam sob seu domínio eles tinham os coletores de impostos, que em sua maioria eram pessoas da região, elas eram odiadas, mas, protegidas pelo império, ninguém podia tocá-las. Na época de Herodes os judeus que trabalhavam para o império eram chamados de herodianos, eles eram considerados mercenários, traidores e desonestos.
Para arrecadarem o que seria necessário, eles criaram o sistema de concessões na cobrança de impostos, esse sistema começara a dois séculos antes de Cristo, a tributação era pesada, mas, atendia bem as necessidades do império. Neste sistema o detentor da franquia deveria entregar ao império romano um determinado valor anualmente, e ele poderia cobrar a sua parte que dependendo da consciência dele poderia ser muito mais. O contrato que lhe dava para tal direito era feito com um juiz, e poderia ter vigência de vários anos; estes juízes geralmente vendiam este cargo por uma boa soma de dinheiro.
Os cobradores de impostos sabiam que não poderiam estar em todos os lugares ao mesmo tempo, por isto muitos negócios eram feitos sem que fosse pago nenhum imposto, eles permaneciam nos locais de maior movimento; por isto eles poderiam sublocar a sua área a terceiros mediante pagamento de comissão, e contratavam a quantos quisessem. Eles eram muito odiados pelo povo, pois cobravam muito dos pobres e dos ricos aceitavam propina para não cobrar ou cobrar muito pouco. Com tudo isto Jesus teve um contato muito próximo com eles o que aumentava o ódio dos fariseus, o apóstolo Mateus era um publicando (Mateus 9:9), Jesus comia com os publicamos (Mateus 9:10), e Zaqueu "o maioral dos publicamos" recebeu Jesus como visita sua casa e o resultado desta visita foi muito positivo (Lucas 19:1-10).

A cidadania romana
Mais de 4 milhões de pessoas reivindicavam direitos e privilégios que a cidadania romana representava, Paulo era cidadão romano de nascença ele era de Tarso (At 22.28). O cidadão romano não podia ser preso, ou castigado de algum modo, só poderia ser detido pelo guarda romana e julgado pela justiça romana. Paulo foi preso e chicoteado por algumas vezes, se ele tivesse dito que era romano não teria sido castigado, então penso que isto foi uma tática dele para fazer de seus agressores seus devedores, quem cometesse injustiça com um cidadão romano poderia ser preso ou morto, e já sabemos como eram horrendas as prisões.

A destruição de Jerusalém.
Durante o reinado de Nero os judeus já haviam deixado o império muito saturado com suas rebeliões para libertação do domínio do império romano, isto fez com que Vespasiano logo após a morte de Nero enviasse seu filho Tito à Jerusalém para tomá-la e, Tito sitiou o Jerusalém de 66 a 70 e a cidade caiu, Flávio Josefo conta em sua obra "a história dos hebreus" a horrenda história que se passou dentro das muralhas enquanto a cidade estava sitiada, ele relata que as mães cozinhavam seus bebês mortos para terem o que comer, e quando se abriram as portas para o exército entrar havia muitos mortos e pessoas extremamente debilitadas. Depois deste fato Israel só veio a reerguer-se em 1948 quando foi reconstituído estado de Israel pela ONU.



24. ESPORTES
Durante sua história o povo de Israel teve de conviver com a prática de esportes, em sua grande maioria eles não aderiam a isto, mas os povos vizinhos apreciavam muitos os esporte.
Alguns enxergam que o esporte para o cristão é errado. Outros têm a visão de que nada há de errado com esportes, muito pelo contrário, pensam eles, que o nosso corpo nos foi dado por Deus e que devemos cuidar bem dele, os esportes então passam a ser importante na vida do cristão; mas os gregos associavam os esportes ao nudismo, os atletas deveriam competir nus e isto escandalizava demais os judeus, já aos romanos não apreciavam a nudez nos esportes mas os jogos romanos eram violentos e sangrentos e dava uma conotação negativa ao esporte, os romanos haviam aprendido a importância dos esportes por influência grega, mais o espírito sádico dos romanos modificou-os a seu gosto.
Além destes problemas de moral havia também a forte conotação pagã presente nos jogos gregos e romanos, os jogos simplesmente eram todos dedicados a deuses. Uma pequena parte dos jovens judeus, no entanto, deixaram-se seduzir pela beleza e pelo atrativo físico dos torneios atléticos, pois o esporte sempre delineou o corpo humano, um corpo atlético sempre foi mais belo. Os israelitas não tinham entre si competições organizadas mais apreciavam desafios a sua força e habilidade física, disputavam a precisão dos tiros de funda, a distância em que arremessavam as lanças, etc. Em juízes 20:16 se relata que na época haviam 700 canhotos que conseguiam acertar um fio de cabelo como uma funda.
A paixão que os gregos tinham pelo esporte decorre de uma busca de condições ideais de vida, e a prática do esporte tinha por objetivo a formação de um corpo ideal, não só na aparência, mas também saudável. Os jogos gregos existiam desde o ano 780 a.C. e eram dedicados aos deuses do Olimpo. Herodes o grande era um judeu de espírito romano, grande parte de seu programa de construções foi dedicada a construção de ginásios para a realização de eventos esportivos, o que revoltava muito os judeus, pois as verbas era dos impostos coletados deles; ele apreciava as corridas de carruagens e lutas corporais, e portanto construiu anfiteatros em diversos locais da palestina: Cesaréia, Tariquéia, Samaria e Jericó.
Mas como o passar do tempo cada vez mais os judeus passavam a apreciar os esportes, nos tempos de Jesus esta aversão já não era tanta, houve até o sumo sacerdote chamado Josué (conhecido como Jasão, o vil) quem incentivou as competições esportivas, e por isto foi acusado de corromper a nação. A importância que se dava aos esportes era imensa, muitos autores escreviam obras alertando a sociedade que estavam dispensando muito tempo e verbas para as práticas esportivas, as maiores arenas tinham capacidade para 40.000 espectadores, o imperador Nero fez um acréscimo ao "circo máximo" uma imensa estrutura que passou a ter capacidade para 350.000 pessoas.
Herodes o grande, assim como os romanos, ele apreciava muito as lutas entre homens e animais, no ano 10 a.C. ele abriu as festividades populares de Cesáreia com horrendas lutas que terminavam com pessoas despedaçadas, mas apesar disso as pessoas se comprimiam na arena para se deliciarem com os espetáculos, os lutadores entravam vestidos com couraças e armados de espadas e facas para lutar contra leões, ursos, elefantes, crocodilos, etc.
Na parte da manhã os lutadores lutavam de armadura, mas à tarde desarmados ou as vezes nus, normalmente estes lutadores eram prisioneiros ou gladiadores profissionais. O pior de tudo é que as crianças eram levadas às arenas desde que nasciam para apreciarem tal coisa. Muitos cristãos eram vestidos com peles de animais, e levados às arenas para que fossem atacados por cães ou por outros animais maiores. As lutas entre homens poderiam ser individuais ou em equipe, até a morte ou não. O mais famoso gladiador que já surgiu foi um homem chamado Teógenes, que viveu mais ou menos na época de Salomão, nesta época os lutadores costumavam lutar com luvas de couro cravejadas de pregos; os dois lutadores sentavam-se um à frente do outro, cada um em uma laje de pedra, e dado o sinal para o início da luta começavam a esmurrarem-se um ou outro até que um caísse morto;
Teógenes enfrentou 1425 homens e matou a todos. Este tipo de luta era ainda praticado em Israel na época de Cristo. A luta livre praticada entre os gregos era um esporte organizado e não era sangrento, pois, havia um juiz que preservava a integridade dos lutadores.
O boxe que havia entre os gregos era também muito apreciado e era semelhante ao boxe atual, mas os lutadores não usavam luvas somente suas mãos, também os braços eram protegidos com tiras de couro; não havia categorias de peso nem Rounds, eles simplesmente se esmurravam até que um só pudesse permanecer em pé.


Os ginásios
O termo ginásio vem do grego e significa nu.
Os gregos davam grande importância ao teatro, as artes, ao intelecto e ao esporte, por isto 400 anos antes de Cristo eles criaram um programa integrado que visava a trabalhar o corpo e a mente, aonde eram ensinadas as quatro categorias acima descritas.
Surgiram então os ginásios que eram grandes centros de aprendizagem e treinamento, nestes locais os jovens estudavam teatro, artes e praticavam esportes, havia também nos ginásios as casas de banho. Platão, Aristóteles e Cinosarges foram alguns dos grandes nomes que lecionavam nestes ginásios. No ano 170 foi construído um ginásio grego em Jerusalém, nesta época os judeus já podiam aceitar um pouco melhor a novidade, já estavam mais influenciados com cultura grega.

Corridas de carruagens
Quem viu o filme Ben-Hur pôde ver uma das mais belas cenas que o cinema já produziu para retratar as corridas de carruagens que havia na época de Cristo, Ben-Hur significa filho de Hur em hebraico. No inicio as carruagens eram pesadas e servia somente para carga, eram lentas e puxadas por jumentos, mas por volta do ano 2000 a.C. na mesopotâmia começaram a se fabricar carroças mais leves puxadas a cavalos que se movia com mais agilidade, assim ela foi introduzida no cenário militar e posteriormente nos ginásios de esportes.

Corridas a pé
Nos dias de Cristo já havia o pentatlo, tinha também uma corrida denominada dromos que era uma volta em torno de uma pista de 600 m.

Os prêmios
Naturalmente havia uma premiação maior para os esportes preferidos do público, os cavaleiros de corridas de carruagens que recebiam bons prêmios e alguns se aposentarem com em excelente situação financeira. Competições que não faltavam. naquela época havia pelo menos 150 grandes jogos esportivos.
O atleta que vencesse em qualquer competição ganhava prêmios valiosos e ao retornar a sua cidade, era lhe prestadas grandes honrarias, isto é na época de Cristo, porque séculos antes a única coisa que os atletas ganhavam era uma coroa de folhas que eles levavam para casa com muito orgulho e em pouco tempo se secava.

Modalidades extintas
Naquela época havia muitas modalidades dos jogos olímpicos (do Olimpo), que não existem hoje tais como competição de dança, cambalhota, salto, equilíbrio, subida de cordas, e outros. Muitas outras atividades foram perdidas como o tempo. Os sangrentos jogos romanos cessaram na época do imperador Teodósio no ano de 392.

Paulo e os esportes
É interessante conferir no texto bíblico como Paulo usa por diversas vezes termos esportivos em suas cartas; ele os usa para criar simbologias para ilustrar uma idéia que queria expor.



__________


25. ESCOLAS EPISTOLARES
Nos não tínhamos planos de fazer deste assunto um estudo separado, pois nós temos um outro estudo denominado educação onde caberia este assunto, mas devido a sua importância, resolvemos então destacá-lo.
Nos tempos de Jesus, escrever uma carta não era simples como em nossos dias, quase todos sabiam escrever, mas escrever cartas era uma especialidade, era um procedimento diferente, em nossos tempos podemos fazer a seguinte comparação: muitos sabem escrever, mas poucos poderiam escrever uma escritura, pois isto é especialização de um escrevente de cartório. Uma carta nos tempos de Cristo era um documento que, ao ser escrito, deveria passar por todas as etapas pré-definidas para sua construção, o apóstolo Paulo de Tarso foi conhecido como um grande mestre na arte de escrever cartas, isto ajudou as suas cartas a serem multiplicadas, pois, quando elas chegavam nas escolas epistolares os alunos as copiavam para as ter como exemplo de uma carta bem construída.
Antes de haver as cartas, a mensagem (epistolé) era enviada pelo mensageiro (courier), que deveriam ir até o destinatário e quando o encontrasse deveria primeiramente falar a ele toda a carta decorada como se fosse uma gravação, o courier também deveria saber explicar qualquer ponto da carta que parecesse obscuro, geralmente enquanto viajava ele tinha a oportunidade de repetir a carta diversas vezes para não esquecê-la. Mas foram os persas que transformaram a mensagem oral em mensagem escrita, mesmo assim o courier passou a ter a importância de poder entender e compreender a carta para poder explicar qualquer ponto que parecesse obscuro, além de lê-la em voz alta para o destinatário ele poderia explicá-la; portanto quando o remetente contratava o courier ele não somente lhe dava carta para entregar, mas a lia e a explicava ao destinatário.
As cartas faziam a comunicação entre pessoas separadas por longa distância, a comunicação era algo muito complicado, pois alguém que estivesse em Jerusalém e enviasse um mensageiro até Corinto, este deveria demorar a cavalo aproximadamente uma semana para fazer este trajeto, e se a carta tivesse algum ponto duvidoso, outras cartas seriam necessárias para que se esclarecesse a tal duvida, era um processo muito caro e demorado; hoje nós temos a Internet e enviamos cartas de um lado para outro do mundo com extrema facilidade e agilidade.
As regras que estudaremos a seguir têm o objetivo de tornar o conteúdo das cartas o mais claro possível pelas tais regras tornavam a escrita da carta algo muito sofisticada e comparado hoje em dia a uma dissertação de mestrado.
A carta poderia ter três propósitos definidos:
1. Fornecer informações - Relatórios militar ou documentos da burocracia estatal.
2. Fazer petições ou dar ordens/instruções - Relações sociais entre inferiores e superiores, entre iguais, entre mestres e alunos.
3. Desenvolver ou manter contato pessoal - Correspondências de amizade e familiar.
Para cada um destes três propósitos, haviam regras definidas para construção de cartas, daqui para diante vamos estudar somente a terceira categoria que visa desenvolver ou manter contato pessoal.
Quem escrevesse a carta deveria saber o nível de instrução e limitação em pedir esclarecimentos do destinatário, pois a carta também era feita adaptada ao nível de instrução do destinatário. Preferencialmente a carta deveria ser escrita na linguagem que o destinatário, mas teria facilidade em ler. Alguns elementos da cultura do destinatário deveriam ser usados para produzir exemplificações, portanto se você fosse procurar um secretário para escrever uma carta a um amigo seu na Pérsia, ele deveria saber escrever na língua persa, e conhecer esta cultura para poder escrever usando as terminologias típicas desta cultura, como se fosse um cidadão persa se comunicando com ele.
Os estudantes destas escolas se exercitavam copiando cartas, imitando estilos, aprendendo formulações que respeitavam as exigências sociais estabelecidas e toda uma gama de recursos retóricos; estes exercícios visavam dar flexibilidade ao aprendiz de modo que fosse capaz de produzir qualquer tipo de carta que lhe pedissem. Quem soubesse escrevê-las corretamente tinha bons ganhos garantidos, e dependendo da qualidade de suas cartas poderia até mesmo ser contratado pelo império ou pelo governo local. Alguns manuais com importantes regras de procedimentos foram escritos, mas, as orientações destes manuais, em termos práticos, somente eram obedecidos à risca por novatos, quem tivesse já uma boa experiência em escrever cartas poderia desenvolver o seu próprio estilo não se distanciando muito das regras mais importantes.

Qualquer tipo de escrito poderia ser formatado numa carta, ela tinha amplas possibilidades. Se uma carta pertencesse a uma troca de cartas, ela poderia então ter em si trechos de outras cartas, em forma de conversação imaginária, esta mesma regra valia também para acrescentar na carta trechos de outros documentos; esta regra fazia com que a carta pudesse assimilar textos pertencentes a outros gêneros (sermão, poesia, documento, outra carta, narrativa, ensaio, etc.) sem que os tais interferissem na própria carta.
Após ler e estudar com atenção este capítulo você entenderá porque a epístola aos Hebreus que não é uma epístola (carta), mas têm formato de sermão, muitos pensam que é errado este tipo de afirmação, mas é absolutamente correto, o documento "aos hebreus" que temos em nossa Bíblia não é uma carta.
Os dois manuais de construção de cartas chamavam-se Pseudo-Libanius (que possuía 41 tipo de cartas) e Pseudo-Demetrius (que possuía 21 tipos de cartas), este último é o mais usado; cada um tipo de carta deveria ter uma finalidade e para se alcançar esta finalidade deveria se obedecer a algumas regras. Pelo que parece o apóstolo Paulo tinha conhecimento destas duas escolas, enquanto a maioria das pessoas utilizava uma só delas. O destinatário não iria conferir o método ou procedimentos com as quais a carta foi construída, simplesmente ele poderia ler uma carta muito clara, e este era o objetivo final.
A lista das classificações de Pseudo-Demetrius vai abaixo na tabela.

Escola de Pseudo Demetrius – Tipos de cartas
1- Amigável 2- Comendatória 3- Censura 4- Condenatória
5- Severa 6- Consolação 7- Admoestação 8- Ameaçadora
9- Vituperativa 10- Indagatória 11- Louvor 12- Réplica
13- Consultiva 14- Congratulatória 15- Suplicatória 16- Agradecimento
17- Alegórica 18- Irônica 19- Narrativa 20 - Apologética
21- Acusatória

A carta de parênese
De acordo com as regras de Pseudo-Libanius a carta de parênese ou parenética é aquela com o qual o exortamos alguém a perseguir ou evitar alguma coisa, uma das características desta carta é exortar para que se continue no certo modo de vida, ela não serviria para aconselhar o leitor a abraçar um novo caminho, mas enfatiza o que já é do conhecimento do leitor. Outra característica da carta de parênese é que ela deveria fornecer um modelo de comportamento o qual o leitor deveria se necessariamente em incitado a imitar. O recurso mais válido para isso é o comportamento do remetente, pois ele jamais poderia aconselhar algo que não pudesse viver.
A carta parênetica possuía uma ampla gama de possibilidades: mandamentos, proibições, conselhos, advertências, máximas, preceitos, conselhos como declarações, comparações, explicações, apelos para a ação, catálogos de vícios e virtudes, sofrimentos, apelo para autoridade e conhecimentos comuns e técnicas retóricas como: hipérbole, antítese, paradoxo e ironias; todos estes elementos faziam parte deste tipo de carta, e os notamos facilmente nas epístolas de Paulo. Deveria se acrescentar também o comportamento do oponente que deveria ser evitado.
Tendo como exemplo a carta aos Tessalonicenses, notamos traços bastantes característicos do estilo parênetico.

a. Paulo recorda aos seus leitores de como eles receberam a palavra do evangelho (1:6; 2:13).
b. A carta não apela para uma mudança (conversão), mas lembra que os leitores já se converteram (1:9), demonstrando sua eleição pela suas obras (1:3, 4).
c. O próprio Paulo é exemplo a ser imitado bem como as igrejas da Judéia (1:6 ; 2:14), e seu comportamento é contrastado como o de pregadores desonestos (2:1-12).
d. O tema do sofrimento apostólico está presente (2:2) e visa fortalecer a comunidade em seus próprios sofrimentos (2:14).
e. A instrução contida na carta não é algo novo, mas recordação da instrução recebida (4:2, 9; 5:1) para que se continue a praticá-la (4:11).
f. Paulo não hesita em usar de advertência (4:6-8) e dar ordens (4:11).
g. O reconhecimento do progresso de seus leitores de uma palavra de incentivo ficou evidente no texto:
1. alegria pelas boas notícias do estado espiritual da comunidade (3:6),
2. oração da interseção pelo crescimento de amor mútuo (3:13),
3. vida agradável a Deus (4.1),
4. prática do amor e recomendação para seu contínuo desenvolvimento (4:10,11),
5. a base deste último item é o comportamento honroso para com os de fora (4:12).
h. Em uma intenção consoladora Paulo responde a dúvidas de seus leitores com respeito aos mortos (4:13-18), e a vinda do Senhor (5:1-11).
i. E diversos outros preceitos alistados em 5:12-22.

A carta protréptica (protreptikos)
Este tipo de carta tinha o objetivo inverso da parenética, pois ela visava persuadir o destinatário a abraçar o "novo e diferente caminho de vida". Este tipo de carta não só era apenas empregada pelos cristãos para pregar a Cristo, era também usado pelos filósofos para persuadir as pessoas a aderirem à suas idéias.
Esta carta deveria aconselhar seus leitores a seguir a superioridade do caminho proposto, e também mostrar os benefícios advindos deste novo caminho. Deste modo ela deveria ser escrita em termos de novidades, de um tal modo que ao ser recebida produzisse entusiasmo em seu leitor. Ela também deveria mostrar que o estilo de vida que o leitor vive no momento é inferior, incerto e obscuro, apelos emocionais eram bem-vindos. Quando o pregador chegava a uma região ele geralmente fazia um discurso Protréptico.
Paulo era tão genial na escrita de cartas que ele conseguia colocar elementos protrépticos em suas cartas perenéticas: 1ª Tessalonicenses – 2:2; 1:9-10; 2:3-6, pensamos que ele tinha capacidade para inserir na carta todas as informações que quisesse do modo mais sutil e correto, sem afetar sua construção, era genial.

A estrutura da carta
Todas as cartas de qualquer estilo ou classificação tinham uma estrutura tripartida:
1. a abertura,
2. corpo e
3. encerramento.
1. Na abertura se escreviam os nomes do remetente, do destinatário e uma saudação, Paulo com frequência expandia os elementos da abertura. Em algumas vezes ele adicionava elementos pessoais de identificação de sua autoridade como apóstolo, bem como adjetivos da comunidade destinatária. (Exemplos: Romanos 1:7; 1 Coríntios 1:2), e modificava a saudação usual por uma combinação de elementos helenísticos e judaicos.
2. O corpo é introduzido por uma ação de graças, juntamente com a introdução deveria conter insinuado os temas tratados na carta. Então o corpo da carta em si deveria ser escrito.
3. O encerramento das cartas constava de uma saudação final que, nas cartas comuns geralmente constava um desejo de saúde.

Nesta parte também Paulo adicionava projetos de visitas (Romanos 15:22-19; 1 Co 16:5-9), recomendação de alguém (Rm 16:1, 2), nomes de colaboradores (Rm 16:21-23), saudação de próprio punho (1 Co 16:21), saudações nominais (Rm 16:3-15), incentivo à prática do ósculo santo entre os irmãos (Rm 16:16 ; 1 Co 16:20 ; 2 Co 13:12; 1 Ts 5:26) e uma bênção cristã (1 Co 16:13, 14; 2 Co 13:13; Gl 5:13; 1 Ts 5:28) ou um comentário final sobre Cristo (Rm 16.25-27). Paulo conseguia suavemente deslizar de um assunto para o outro se utilizando de formas de transição (1 Ts 2:1, 13, 17; 3.1, 6; 4.1-2, 9, 13; 5.1, 12, 23), ele desviava do assunto mas em seguida utiliza os elementos contidos neste desvio para voltar ao tema principal, poucos arriscavam isto!
Esta estrutura pode-se notar claramente na primeira carta aos Tessalonicenses:
- Abertura (1.1)
Remetente e destinatário – 1:1
Saudação 1:1
- Corpo (1:2-5:22)
Ação de graças (1:2-3:10)
Oração (3:11-13)
Exortações (4:1-5.22)
Vida em santidade (4:1-12)
A espera do senhor (4:13-5.11)
Outras exortações (5:12-22)
- Encerramento (5:23-28)
Oração (5:23, 24)
Pedidos finais (5:25-27)
Bênção (5:28)

As alterações efetuadas por Paulo tinham sua razão de ser, pois, as cartas tinham objetivos litúrgicos, elas foram moderadas para o culto comunitário, o culto doméstico, ao passo que deveriam ser exatas eram também espirituais.
Ficou pensando como nosso Deus é fantástico, pois durante toda a vida de Paulo o Senhor lhe deu tanta cultura, para que depois usasse todo este conhecimento para produzir a maioria das cartas do Novo testamento que chegariam até nossos tempos de modo claro, e estas cartas chegam a nós claramente por causa do uso das regras epistolares. A história diz que Paulo era um dos homens mais cultos do império romano. Pensamos que daqui para diante ficará bastante difícil aos alunos deste curso ler a Bíblia e não repararem nestes elementos contidos nas “cartas”, e é assim mesmo! Com o tempo a sensibilidade para identificar estes elementos vai aumentando, mas alguém que está envolvido diretamente com este tipo de analise, é obvio que percebe no texto elementos que não percebemos.
__________

FIM