Nosso artigo de hoje nada tem a ver com os "Imortais" (mas não imorríveis) da Academia Brasileira de Letras, nem tampouco com renomados reis e cientistas que se imortalizaram por suas conquistas no reino da matéria ou das idéias.
Falo em determinada mensagem que preguei, sobre o anseio pela vida, que começa no processo de fertilização de um óvulo, seguindo na luta diária pela sobrevivência, no desespero com que nos agarramos à vida em desfalecimento, na indigência humana que estende mãos súplices a qualquer coisa que seja uma promessa de vida, na realização de algo que fique como memorial de um nome, na busca de perpetuação da espécie por meio de filhos, e até os que à moda dos faraós da antiguidade, "congelam seus corpos"(criogenizados) à espera - quem sabe?- de um futuro milagre de ressurreição!?
Alguns amigos mais próximos de minha convivência, já me ouviram comentar que, "algumas pessoas são tão especiais em sua maneira de ser" - perceba que, refiro-me simplesmente a ser (embora para muitos não seja o bastante) - que deveriam continuar vivendo indefinidamente: deixe a morte para seres pequenos (como eu) que por ser excessivamente comum, existem parecidos aos montes...
Exemplos? Vou sofrer por citar, mas ai vão alguns mais recentes:
Uma Edith Piaf, Madre Tereza, Billy Graham, Chico Xavier, Airton Sena, Yma Sumac, Luciano Pavarotti, Carlos Drummond - dentre outras figuras exponenciais - deveriam continuar vivendo!
Mas, como a morte é absolutamente imparcial e verdadeiramente democrática, a ninguém poupa!
E talvez, se os tais vivessem para sempre, perdessem o seu encanto (é isso caro professor Dâmokles?). É de Paulo Autran a frase: "Seria chato algo que nunca terminasse"!?
Penso que é mais um ônus a se pagar, por envelhecer, isto é, ver muita gente que amamos partir dessa vida, deixando um vazio enorme em nosso coração.
Glórias e realizações como sucedâneos? Concluo esse artigo com o próprio Carlos Drummond:
Acho o seguinte: como sou um homem do meu tempo, exprimi paixões e emoções do meu tempo, e isso naturalmente tocou as pessoas.(...)Não tenho maiores pretensões. As coisas mudam muito. Daqui a cinco ou dez anos, terei desaparecido e virão novos poetas, novas formas de poesia, novos critérios, novas tendências. Amanhã ou depois, daqui a cinqüenta anos, um sujeito olha e diz: 'olha, descobrimos um poeta chamado Drummond, que tinha uma pedra no meio do caminho. Que coisa curiosa.' Ou ' que coisa chata'."
É isso ai grandioso Drummond:
- Que coisa gloriosa as pedras com as quais se constrói a vida!
- Que coisa chata as pedras com as quais se sepultam a vida!
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