quinta-feira, 2 de maio de 2013

Poderosa Vigília


Pastor Abílio Santana desafia apresentador Jô Soares a mostrar milagre ocorrido no Congresso de Missões dos Gideões; Assista

Pastor Abílio Santana desafia apresentador Jô Soares a mostrar milagre ocorrido no Congresso de Missões dos Gideões; Assista
Durante a 31ª edição do Congresso de Missões dos Gideões, o pastor Abílio Santana desafiou o apresentador Jô Soares, da TV Globo, a mostrar um milagre de cura que havia acontecido no evento.
Abílio se preparava encerrar o seu sermão, quando fiéis apontaram na direção de uma senhora com deficiência física que havia se levantado e segurava sua cadeira de rodas com as mãos, mostrando que tinha recebido um milagre.
“O aleijado acabou de se levantar”, gritou Abílio, que foi acompanhado pelos fiéis no momento de êxtase. “A nação sacerdotal está viva”, repetiu diversas vezes o pastor, que foi abraçar a mulher.
“Filma isso, Jô Soares”, gritou o pastor. O desafio foi feito porque durante uma das edições de seu programa, o apresentador afirmou que não entendia como aconteciam tantos milagres de cura nos programas evangélicos veiculados na TV.
Assista ao momento em que o pastor desafiou Jô Soares:

Conheça a AD de Deus Chamada da Última Hora

ADORAÇÃO - EVANGELISMO - COMUNHÃO - DISCIPULADO - MINISTÉRIO. 

*O QUE É IGREJA COM PROPÓSITOS ? Igreja com Propósitos é uma proposta de igreja saudável que prepara a equipe de liderança com uma abordagem única, baseada na Bíblia, para estabelecer, transformar e manter uma igreja equilibrada e que procura cumprir os propósitos dados por Deus para a adoração, comunhão, discipulado, ministério e evangelismo.Qual é a visão das Igrejas com Propósitos?Proporcionar um movimento em todo o mundo de igrejas saudáveis produzindo vidas dirigidas por propósitos. Queremos ver a Igreja:►Saudável e equilibrada.►Criando comunidades com vidas transformadas►Cumprindo os propósitos bíblicos.►Encorajando a salvação, o crescimento e o desenvolvimento de uns para com os outros.►Inteiramente consciente e mobilizada para cumprir o plano intencional e o mandamento para uma igreja com propósitos.►Encorajando outras igrejas em seu crescimento. Somos uma Comunidade Cristã,adorando com muita alegria ao Nosso Criador! Você e sua família são nossos convidados á participar de nossas reuniões:
SEGUNDA,QUARTA,SEXTA,SÁBADO E DOMINGO 19 HS
Rua Alfredo Lorenz,914-pq.Lígia -Ponto final do onibus Pq.do Engenho -próximo ao colégio Maria Rita

TODO PRIMEIRO E TERCEIRO SÁBADO DE CADA MÊS TEMOS VIGÍLIA

Informações ligue:11-4115-4368 fixo    ou 11-95329-8226 tim

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O que é batismo de fogo em Lucas 3.16


“O QUE É BATISMO DE FOGO EM LUCAS 3.16” 
 ... ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.  ARA 
... este vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.  ARC 
... Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. BLH 
...ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.  TRADUÇÃO BRASILEIRA 
…Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo.  NVI 
.... él os bautizará en Espíritu Santo y fuego. REINA VALERA .
.. he will give you baptism with the Holy Spirit, and with fire: BBE 
 au)to\j u(ma=j bapti/sei e)n pneu/mati a(gi/% kai\ puri/: NESTLÉ-ALAND 27ª ED. 
Introdução          
   Quando lemos a Bíblia é necessário levarmos em consideração uma série de fatores. Para obtermos o significado real de um texto é oportuno lançar mão das regras de hermenêutica levando em conta os abismos: cultural, geográfico, lingüístico, histórico etc.
Não podemos isolar um texto de seu contexto sob pena de gerar um pretexto.    
  Um outro fator importante é diferenciar referência real de referência verbal. A primeira leva em consideração textos que estão relacionados uns com os outros; a segunda leva em consideração somente os textos onde constam determinada palavra estudada. Em um estudo usando somente as referências verbais podemos incorrer em usar um texto que, muito embora encontremos a palavra que estudamos (por exemplo – FÉ), não esteja relacionado ou não tenha o mesmo significado ou aplicação de outro. Devemos levar em conta a semântica das palavras[1].      
    Vejamos:   
          Em Marcos 16.16 o texto refere-se a que tipo de batismo? Caso seja batismo em águas, então o texto defende que essa ordenança é condição Sine Qua Non para a salvação?   
         Em João 6.53 Jesus está ensinando a antropofagia?[2] 
 Certamente que não.     
       A palavra FÉ tem significados diferentes em Hebreus 11.1; 1 Coríntios 12.9; Gl 5.22; At 6.7 
Comentários acerca do texto de Lc 3.16 e Mt 3.11 e contexto     
        O que seria então esse batismo de/com fogo? Já ouvi muita coisa acerca desse assunto. Alguns até entendem que, além do batismo no Espírito Santo o cristão teria a possibilidade de receber também o “fogo” que seria algo além da crença pentecostal de falar em línguas e a atualidade da ação dos dons espirituais. Seria algo místico ainda maior. Tal interpretação, além de gnóstica, não tem respaldo bíblico.         
Para entender o significado desse texto deveríamos observar com cuidado o contexto. O que está acontecendo? Quem falou? Para quem falou? Qual a situação histórica e teológica? Como podemos aplicar as verdades obtidas para os nossos dias? Enfim, devemos realizar a exegese do texto[3].
      Tanto em Mateus 3.4-12 Lc 3.2-17 encontramos o ministério de João o Batista cumprindo Isaías 40.3,preparando o caminho do Senhor, testemunhando acerca do ministério de Cristo. Neste contexto, encontramos as pessoas que desejavam por ele ser batizadas e também fariseus e saduceus (Mt 3.7), além de publicanos[4] e soldados (Lc 3.12,14).       
       Observamos as palavras duras de João o Batista acerca do ministério de Cristo com relação aos desobedientes (Mt 3.7-10; Lc 3.7-9); inclusive em Lucas 3.9 a palavra “fogo” está relacionada com juízo da parte de Deus. Ainda no mesmo capítulo de Lucas no versículo 17 a palavra “fogo” também se refere a juízo, condenação. O versículo 17 não está isolado do versículo 16 e nem do contexto geral do assunto tratado aqui.    
          O mesmo ocorre em Mateus 3.10 onde a palavra fogo segue o padrão de juízo e também no versículo 12 o sentido não muda. Entre esses versículos aparece o texto (v.11) onde João diz que Jesus: “...vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.”. Será que nos versículos 10 e 12 a palavra fogo significaria juízo e no versículo 11 significaria alguma espécie de bênção? Não me parece provável.           
 Vale ressaltar também que existem vários tipos de batismos[5] na Bíblia e essa palavra deve ser entendida dentro do seu contexto e nem todas as ocorrências dessa palavra estão relacionadas com batismo em águas ou no Espírito Santo. Inclusive o batismo de João era diferente do batismo cristão. Comentários de outros autores acerca do texto de Lc 3.16 e Mt 3.11 e contexto 
  • A Bíblia de Estudo Plenitude no texto de Lc 3.16 remete para um comentário de Mt 3.11 como segue:
 “O batismo de João é um tipo de experiência de salvação de ser batizado no Espírito. Como o batismo de João colocava o indivíduo dentro da água, o batismo de Jesus coloca o cristão no Espírito, identificando-o como totalmente ligado ao Senhor. O fogo purifica ou destrói. Portanto, a salvação em Jesus Cristo será purificadora para os verdadeiros judeus que o aceitarem como o Messias, e destruidora para aqueles que o rejeitarem.” 
  • A Bíblia de Estudo Genebra comenta assim a questão do fogo em Lc 3.16:
 “O batismo com fogo aponta para o juízo (v.9 nota). A pá ‘para limpar sua eira’ é outro símbolo para o juízo (v. 17)...” 
  • A Bíblia de Estudo NVI assim comenta o mesmo texto:
 “...e com fogo. Aqui , o fogo está associado ao juízo (v.17).....”
  • A Bíblia de Estudo Shedd analisa o texto assim:
 “...Fogo. O contexto (17) parece exigir o sentido de prova, de  julgamento (cf Lc 12.39-53; 1 Co 3.13).”  Ainda a mesma Bíblia comenta Mt 3.11 assim: “Com o Espírito Santo e com fogo. Refere-se ao ministério espiritual de Cristo. Sua obra começou acompanhada pela energia sobrenatural do Espírito Santo, colhendo-se algum ‘trigo’ (os fiéis), e revelando-se quem seria ‘palha’ para julgamento. A doutrina do batismo no Espírito Santo não recebe luzes neste trecho, pois o assunto pertence à época posterior à ressurreição de Jesus (cf 1 Co 12.13).”    
       Alguns outros comentários sobre Lucas 3.16: “...Alguns entendem que a referência ao fogo está em aposição com Espírito,...alguns, que significa a prova,.., outros, que indica julgamento. O contexto favorece esta última idéia...”[6]  
      R. N. Champlin, Ph.D., em sua obra “O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo”, relaciona o texto de Lc 3.16 com o comentário de Mt 3.11, como segue: “...Há várias interpretações dessas palavras: 1. Alguns acham que aqui temos dois batismos, um do Espírito e outro de fogo, e que esse último fala de juízo, provavelmente até de inferno. Assim interpretaram Origines e outros pais da igreja...alguns bons intérpretes reputam esse batismo de fogo como algo que se refere ao juízo... FOGO COMO SÍMBOLO DO ESPÍRITO SANTO FOGO ? ( Atos 2.3). O fogo, como símbolo do Espírito Santo, fala da sua grande força  em relação às diversas maneiras de sua operação, para corrigir os defeitos da nossa natureza decaída e conduzir?nos à perfeição que deve adornar os filhos de Deus. Mais do que isto, o fogo fala da ação purificadora do Espírito Santo. O Espírito Santo é comparado ao  fogo que aquece, ilumina, espalha?se e purifica.[7] 
   Conclusão           
  Devemos tomar muito cuidado ao interpretar a Bíblia, pois muito embora o Senhor não tome em conta o tempo da ignorância (Atos 17.30), é Seu desejo que cresçamos em graça e conhecimento (2 Pe 3.18; Oséias 6.3).     
        É importante conhecer as regras de hermenêutica e, além de tudo, ter humildade para aprender do Senhor a cada dia.
 Pr. Roberto C. Cruvinel

Porque Daniel não foi jogado na fornalha de fogo ardente com seus amigos, afinal, não estavam juntos (Dn 3.1-30)?


Por que Daniel não foi jogado na fornalha de fogo ardente com seus amigos, afinal, não estavam juntos (Dn 3.1-30)?

O reino de Babilônia era dividido em províncias. Daniel foi nomeado governador sobre todas as províncias e permaneceu na capital do império. Atendendo a um pedido seu, o rei concordou que seus companheiros assumissem cargos políticos importantes no reino e, por isso, separaram-se: “E pediu Daniel ao rei, e constituiu ele sobre os negócios da província de Babilônia a Sadraque, Mesaque e Abednego; mas Daniel permaneceu na porta do rei” (Dn 2.49). A imagem do rei Nabucodonosor foi levantada no campo de Dura, distante cerca de dez quilômetros da Babilônia. Tudo indica que Daniel não estava presente ou foi dispensado de ter de demonstrar sua lealdade ao rei devido à sua elevada posição.


Como José, filho de Jacó, conseguiu guardar alimentos durante sete anos e onde? Teria utilizado um método milagroso para conservá-los (Gn 41.1-37)?

Naquela época, os cereais, plantas cujos grãos serviam de base à alimentação, especialmente o trigo, eram a principal fonte do sustento humano. O método de conservação era mediante os recursos naturais: os silos (fossos cavados na terra para depósito e manutenção dos cereais e das forragens verdes) e os celeiros (que permitiam a preservação dos alimentos por um longo período de tempo). A Bíblia narra que José abriu todos os celeiros: “Havendo, pois, fome sobre toda a terra, abriu José tudo em que havia mantimento, e vendeu aos egípcios; porque a fome prevaleceu na terra do Egito” (Gn 41.56). Todavia, não diz nada que houve milagre neste processo de armazenamento, embora o próprio Faraó tivesse reconhecido que em José havia o “espírito de Deus” e que não existia ninguém tão sábio e ajuizado quanto ele: “E disse Faraó a seus servos: Acharíamos um homem como este em quem haja o espírito de Deus? Depois disse Faraó a José: Pois que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu” (Gn 41.38,39).


O que podemos saber a respeito da epístola escrita à igreja de Laodicéia (Ap 3.14-22)?

Diferentemente das cidades vizinhas de Hierápolis, que possuíam fontes térmicas medicinais (quentes) e Colossos, que se abastecia de água fria da montanha, Laodicéia, apesar de ser uma cidade próspera e rica, recebia seu suprimento de água de uma fonte distante que chegava à cidade por meio de tubos. Em conseqüência disso, a água era morna e pouco potável. Cristo utiliza essa situação e, por analogia, orienta a igreja a abandonar a sua mornidão espiritual. Após um terremoto na região, enquanto outras cidades estavam aceitando a ajuda imperial, o povo de Laodicéia a rejeitou, porque, segundo seus moradores acreditavam, eram ricos e não tinham necessidade de nada: “Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”(Ap 3.17).

Essa cidade também era muito conhecida pela sua fabricação de lã macia e preta, por seus vestidos caros feitos desse material, por sua escola de medicina e por um “pó frígio”, do qual se fazia um colírio bem conhecido. Daí a importância do versículo 18: “Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas”.

Como podemos ver, há um padrão nas mensagens enviadas a cada uma das igrejas: uma mensagem de louvor; uma mensagem de repreensão; um título simbólico de Cristo, adaptado às necessidades da igreja; uma promessa àqueles que vencem; e uma referência histórica que esclarece um pouco a mensagem. Laodicéia é a única que não recebe elogios, porque era uma igreja “nem quente, nem fria”, chamada de “infiel testemunha”, e para quem Cristo se apresenta como o Amém, a Testemunha fiel e verdadeira.


É verdade que o apóstolo Paulo escreveu três cartas aos coríntios? Qual delas se perdeu? Temos algum versículo bíblico que nos esclareça sobre seu tema ou conteúdo (1Co 5.9-11)?

Paulo visitou pela primeira vez a cidade de Corinto quando de sua segunda viagem missionária: “E depois disto partiu Paulo de Atenas, e chegou a Corinto” (At 18:1). Quando já estava em Éfeso, ouviu falar das desordens cometidas naquela igreja. Supõe-se que, nessa época, tenha feito uma visita apressada à cidade: “Eis aqui estou pronto para pela terceira vez ir ter convosco, e não vos serei pesado, pois que não busco o que é vosso, mas sim a vós: porque não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais para os filhos” (2Co 12.14). Portanto, a última visita foi feita depois de escrever a segunda carta aos coríntios. A primeira carta, por sua vez, foi escrita quando o apóstolo estava em Éfeso, durante sua terceira viagem missionária, em 55 d.C., aproximadamente.

Podemos supor que houve uma carta anterior que não chegou até nós. Seu conteúdo instruía os crentes daquela cidade a se separarem dos irmãos que praticavam atos imorais: “Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem” (1Co 5.9); fazia um pedido de oferta para os cristãos da Judéia que estavam padecendo necessidades, talvez em virtude das perseguições: “Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia” (1Co 16.1-4); além de tratar de outros assuntos relacionados a problemas na congregação.

Posteriormente, uma família de Corinto visitou Paulo, para informá-lo sobre algumas divisões que estavam surgindo na igreja daquela cidade. Provavelmente, também lhe trouxeram uma carta da igreja fazendo certas perguntas relativas à conduta cristã: “Ora, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher” (1Co 7.1). Para corrigir as desordens e responder às perguntas foi que Paulo escreveu aquela que conhecemos como sua primeira epístola aos coríntios.


Há um “capítulo de ouro” no livro do profeta Jeremias? Qual é e por quê?

Jeremias profetizou mensagens de condenação ao povo de Israel, que tinha abandonado a fé. Cobre um período que vai desde o décimo terceiro ano do reinado de Josias até a primeira parte do cativeiro da Babilônia e é um último esforço para salvar Jerusalém do cativeiro babilônico, que acabou acontecendo em, aproximadamente, 600 a.C.

Não há uma ordem cronológica em seus relatos. Algumas mensagens de tempos posteriores aparecem perto do início do livro, enquanto outras, consideradas as primeiras, aparecem no final. Todavia, podemos dizer que seus capítulos estão assim distribuídos:

Cap. 1 – Trata da chamada e da comissão de Jeremias.
Caps. 2-25 – Uma mensagem geral de repreensão à Judá.
Caps. 26-39 – Mensagens detalhadas de exortação, juízo e restauração.
Caps. 40-45 – Mensagens para depois do cativeiro.
Caps. 46-51 – Profecias referentes às nações.
Cap. 52 – Traz um retrospecto do cativeiro de Judá.

O capítulo mais conhecido do livro de Jeremias, o de ouro, e também o mais citado em pregações, é o 18, uma mensagem da casa do oleiro: “A palavra do Senhor, que veio a Jeremias, dizendo: Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras. E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas. Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer. Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel” (Jr 18.1-6).

O elemento descritivo desse capítulo nos mostra que o poder de Deus em tratar as nações segundo a sua soberana vontade pode ser simbolizado pela formação dos vasos pelo oleiro. Da mesma forma como o oleiro fazia com o vaso, Deus podia moldar Israel. Se continuassem em sua rebeldia, o Senhor poderia destruí-los como a um vaso; se, porém, demonstrassem arrependimento, Deus poderia tornar a construí-los. Como Israel persistiu em sua apostasia, Deus o rejeitou. Isso está simbolizado pela quebra do vaso.

Bibliografia

Bíblia de Estudo de Genebra
PEARLMAN, Myer. Através da Bíblia livro por livro. 26ª ed., São Paulo, Editora Vida, 2005.
HALLEY, Henry Hampton. Manual bíblico de Halley (NVI), Edição revista e ampliada, São Paulo, Editora Vida, 2001.

Preparado por Marcos Heraldo Paiva

Participantes desta edição

Rogério Fortunato de Lima
Rodinei Dias
George Gonçalves
Naor Marques
Adriana Silvano

 

O que é o limbo, segundo os católicos apostólicos romanos?


Quem possui alguma noção conceitual deste lugar limita-se a relacioná-lo às crianças
O que é o limbo, segundo os católicos apostólicos romanos?


A Igreja Católica descobriu quatro lugares no além: céu, inferno, purgatório e limbo. Restringiremos este comentário ao limbo, objeto do questionamento.

A palavra é oriunda do latim, limbus, cujo significado é “fronteira”. Este lugar foi arquitetado por Roma, a fim de solucionar um problema teológico em que a Bíblia não se expressa abertamente: o destino eterno das crianças que morrem sem adquirir consciência de seus pecados. Segundo o catolicismo, o limbo seria a “fronteira do inferno”, isto é, um lugar preparado para aqueles que não fazem jus ao céu, mas que também não merecem o inferno.

A grande maioria das pessoas que possui alguma noção conceitual deste lugar limita-se a relacioná-lo às crianças. O limbo seria, portanto, o destino das pobres crianças que morrem sem batismo e que, por isso, são classificadas pela igreja romana como pagãs. Entretanto, o entendimento católico deste lugar envolve algo além disso, pois, conforme tal interpretação, há pelo menos dois tipos de limbo:

• Limbo dos pais: também designado limbus patrum, o que seria equivalente ao “Seio de Abraão” (Lc 16.22). Trata-se de um local no mundo dos mortos (hades) onde habitariam as almas dos justos do Antigo Testamento. Com a morte e ressurreição de Cristo, este local teria sido abolido, devido ao traslado das almas dali para o céu. De certa forma, esta idéia usufrui de algum amparo bíblico e encontra paralelo na interpretação evangélica (guardando as devidas proporções).

• Limbo dos infantes: também designado limbus infantum. Além das crianças, esse lugar receberia a alma das pessoas mentalmente incompetentes para que possam decidir pela aceitação ou rejeição a Cristo. A idéia reclamada para justificar este local é a de que “almas excepcionais mereceriam lugares excepcionais como destino”.

Jesus, por sua vez, menciona apenas dois caminhos, duas portas, dois fins (Mt 7.13,14; 25.34-46). Não há referências bíblicas além desses dois lugares depois da vida: céu e inferno. Nas línguas originais bíblicas, céu e inferno são chamados da seguinte maneira: Seol, Hades, Geena (Lc 16.19-31; 12.4-5). Devemos, no entanto, nos contentar com isso. Existem algumas correntes teológicas que se esforçam por explicar a fortuna das crianças que falecem antes da idade da razão, porém, esse assunto envolve muitas especulações e já não é alvo do questionamento aqui proposto. Para saber mais sobre o assunto, o leitor deve consultar a edição de nº 39 de Defesa da Fé, que traz a matéria intitulada “Inferno: é possível crer nesta doutrina em pleno século 21”.

Segundo a Bíblia, não é uma referência a Jesus, mas a uma espécie de "anjo-escriba"
Quem é o homem vestido de linho mencionado em Ezequiel 10?


“Depois olhei, e eis que no firmamento, que estava por cima da cabeça dos querubins, apareceu sobre eles uma como pedra de safira, semelhante a forma de um trono. E falou ao homem vestido de linho, dizendo: Vai por entre as rodas, até debaixo do querubim, e enche as tuas mãos de brasas acesas dentre os querubins e espalha-as sobre a cidade. E ele entrou à minha vista...” (Ez 10.1,2).

Para entendermos melhor o texto em análise, precisamos submeter todo o seu contexto a uma avaliação. Os capítulos 8 a 11 de Ezequiel tratam de um mesmo assunto, isto é, a visão profética que Ezequiel contempla acerca do julgamento de Judá e Jerusalém. No capítulo 8, o profeta descreve os rituais abomináveis que eram procedidos no templo. No capítulo 9, temos a aniquilação dos ímpios, as punições inevitáveis que se seguiriam devido à apostasia do povo, castigo que seria efetuado por meio do exército babilônico. O capítulo 10, em que há menção do “homem vestido de linho”, refere-se à segunda visão dos querubins. O texto se detém em apresentar o abandono de Deus a Jerusalém por causa da idolatria praticada pelos judeus. O significado da visão é comprovar que Deus partiria do templo antes que a cidade fosse queimada. O “homem vestido de linho tão branco e brilhante quanto o Sol” não é uma referência a Jesus, mas uma espécie de “anjo-escriba”. Este homem é mencionado antes em Ezequiel 9.2: “E eis que vinham seis homens a caminho da porta superior [...] e entre eles um homem vestido de linho, com um tinteiro de escrivão à sua cintura...” (Ez 9.2). O texto é expresso por meio de muitos símbolos. Esse anjo resplandecente tem como principal função ser o agente do julgamento, pois lhe é dito: “... Enche as tuas mãos de brasas acesas dentre os querubins e espalhe-as sobre a cidade” (Ez 9.2), identificando, assim, a forma com que a cidade haveria de ser destruída. Finalmente, o capítulo 11 revela o desfecho do assunto com o juízo de Deus especificamente dirigido aos líderes do povo.

Devemos buscar uma moderação saudável entre a fé e a razão!
O que é fideísmo religioso?


O fideísmo é um sistema de doutrinas que rejeita o emprego da razão para o exercício da fé, ou seja, prega que a crença religiosa não deve ser apoiada pela razão. O único atributo de que necessitamos é a fé, nada mais. Os fideístas procuram se esquivar de qualquer tipo de argumentação para que possam apoiar sua fé em Deus. Mas esta corrente teológica é flagrada em explícita contradição quando utiliza a própria razão para expor sua doutrina e depois negar seu emprego em questões de fé. Como diz Norman Geisler, “Se alguém não tem razão para não usar a razão, então essa posição é indefensável. Não há razão para que se aceite o fideísmo”.

Encontramos na Bíblia textos em que Deus nos convida ao raciocínio franco: “Vinde então, e argüi-me, diz o SENHOR...” (Is 1.18) e “... Estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1Pe 3.15). Será que Deus criaria seres racionais para depois exigir deles que ignorassem o emprego da razão em questões relativas à sua fé? É claro que não! Devemos assentar que a fé não milita contra a razão nem a razão contra a fé. É fato que um desequilíbrio em quaisquer desses elementos redundará por ofuscar o outro. Assim, o ideal é buscarmos uma moderação saudável entre ambos e vivermos a nossa vida cristã apresentando o nosso culto racional a Deus (Rm 12.1).

O templo terreno era uma espécie de modelo do templo celestial
Como explicar “as figuras das coisas que estão no céu”, citadas em Hebreus?


“De sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes” (Hb 9.23).

A expressão “as figuras das coisas que estão no céu” nos remete ao templo do Senhor (ou à tenda da congregação, utilizada antes do templo) e seus utensílios.

Inspirado pelo Espírito Santo, o autor aos hebreus desenvolve a idéia de que o templo terreno era uma espécie de modelo do templo celestial. Assim, o templo e seus elementos carregavam consigo representações capazes de nos fazer compreender melhor a adoração do mundo invisível. Tudo simbolizava uma realidade superior. Em Hebreus 8.5, temos uma referência a esse assunto, quando o autor declara que os sacerdotes que “ofereciam sacrifícios segundo a lei” serviam de exemplo e sombra das coisas celestiais. Essa analogia é traçada resgatando o imperativo do livro de Êxodo, que ordena: “Atenta, pois, que o faças conforme ao seu modelo, que te foi mostrado no monte” (25.40). Cristo é o sumo sacerdote do santuário celeste e não do terrestre, como se dava com os sacerdotes aarônicos. Assim, o ministério de Cristo ab-rogou o sacerdócio terreno, conduzindo-nos a uma nova lei, a um novo sacerdócio, a um novo pacto superior ao anterior e que exigiu um sacrifício melhor do que aqueles ministrados pelos levitas.

Dã associou-se a um dos pecados mais abomináveis: a idolatria
Por que Apocalipse 7.4 menciona a tribo de Manassés no lugar da tribo de Dã?


No capítulo em apreço, o profeta João descreve um grupo seleto de 144 mil crentes divididos em doze grupos de doze mil. Há controvérsias em relação à melhor maneira de interpretar esse número: se devemos fazê-lo espiritualmente (figurativo) ou literalmente (este último, usufrui de maior número de apoiadores). A questão é que, independente disso, a lista realmente substitui a tribo de Dã, filho do relacionamento de Jacó com uma criada de Raquel, sua esposa legítima (Gn 30.6), pela tribo de Manassés, filho do relacionamento de José com uma egípcia. José era neto de Jacó (Gn 41.51). Os prováveis motivos para isso não estão diretamente declarados nas Escrituras, todavia, conhecendo-se um pouco da história de Dã, é possível tecer uma suposição razoável. Temos na Bíblia testemunho de que Dã associou-se a um dos pecados mais abomináveis: a idolatria, dando-nos a inferir que, por este motivo, teriam sido seus descendentes substituídos pelos de Manassés: “E os filhos de Dã levantaram para si aquela imagem de escultura; e Jônatas, filho de Gérson, o filho de Manassés, ele e seus filhos foram sacerdotes da tribo dos danitas, até o dia do cativeiro da terra” (Jz 18.30). Uma outra hipótese foi aventada por Irineu, importante pai da igreja que viveu no final do segundo século, cuja proposição foi a de que o anticristo proviria dessa tribo (Contra heresias, v. 30.2), o que, aliás, já era cogitado em uma obra judaica pseudepígrafe (O testamento de Daniel 5.6). É possível que João tivesse consciência disso, embora esse fato em nada altere o valor de inspiração divina no texto em esclarecimento.

Preparado por Elvis Brassaroto Aleixo

Participantes desta edição:

Renata Florin
Sandro Emanuel
Ivo Figueiredo
Lázaro Vicente
Roberto Coutinho

Referências bibliográficas:

GEISLER, Normam & HOWE, Thomas. Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia, Editora Mundo Cristão, 1999.
GEISLER, Norman, Enciclopédia de apologética, Editora Vida, 2001.
CHAMPLIN, R. N., O Novo Testamento interpretado versículo por versículo, Editora Candeia, 1997.
CHAMPLIN, R. N., O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo, Editora Candeia, 1998.
ARCHER, Gleason, Enciclopédia de dificuldades bíblicas, Editora Vida, 1997.
Bíblia de Estudo Pentecostal, Editora CPAD, 1995.
Bíblia de Estudo de Genebra, Editora Cultura Cristã, 1999.
Bíblia de Estudo Plenitude, SBB, 2002.

 

QUAL É O SANTUÁRIO EM QUESTÃO NO TEXTO DE 1CORÍNTIOS 3.17: O NOSSO CORPO, O ESPÍRITO SANTO OU OUTRA COISA?


Aqueles que estavam instigando a inveja, as contendas e as dissensões na igreja de Corinto seriam o alvo da condenação
QUAL É O SANTUÁRIO EM QUESTÃO NO TEXTO DE 1CORÍNTIOS 3.17: O NOSSO CORPO, O ESPÍRITO SANTO OU OUTRA COISA?


Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo” (1Co 3.17)

Em 1 Coríntios 6.19, está escrito que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo: “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo”. Ratificamos isso também no versículo 16: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”.

Mas se o nosso corpo é o templo do Espírito Santo e o Espírito Santo habita em nós, como entender o texto de 1Coríntios 3.17? Ambos serão destruídos? Ou um ou outro?

Cada crente, individualmente, possui o Espírito Santo: “Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8.9). Entretanto, a igreja como comunidade, no sentido coletivo, é também templo, habitação do Espírito Santo (2Co 6.16). É exatamente a esse segundo aspecto que Paulo está-se referindo. Nem o membro da igreja, no sentido individual, nem o Espírito Santo seriam destruídos, mas os que estavam instigando a inveja, as contendas e as dissensões na igreja de Corinto, que, no texto em apreço, é vista como sendo o “templo de Deus”. A Bíblia de Estudo Almeida, ao comentar o texto em estudo, diz o seguinte: “Analisando o capítulo 3 de 1Coríntios, vemos que a jactância filosófica de alguns era indício de infantilidade espiritual, produzindo facções e com tendências a destruir a igreja de Corinto. Visto que a comunidade de crentes é o santuário de Deus (v.16), os causadores da sua divisão (v. 3,4) a profanam e a destroem, por isso serão destruídos como castigo pelos seus atos de sacrilégio”.

O verbo destruir no grego, usado no texto em análise, é phtheirei, que pode significar “destruir”, “arruinar”, “corromper”, “estragar”. Ou seja, os tais, que estavam “profanando” o templo de Deus – a igreja em Corinto – não serão poupados de condenação por ocasião do juízo divino.

Pedro teve a responsabilidade primária de pregar o evangelho tanto aos judeus quanto aos gentios
COMO ENTENDER A AUTORIDADE CONFERIDA A PEDRO EM MATEUS 16.19?

 

E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16.19).

Analisaremos e dividiremos o texto em referência em duas partes.

A primeira pode ser ilustrada pela figura do mordomo que recebe de seu senhor a responsabilidade de cuidar de sua casa e dos seus bens (Mc 13.34). Em Isaías 22.22, Deus diz de Eliaquim: “E porei a chave da casa de Davi sobre o seu ombro, e abrirá, e ninguém fechará; e fechará, e ninguém abrirá”. Então, podemos concluir que a quem é conferido tal atribuição exige-se responsabilidade, delega-se autoridade e reclama-se o cumprimento de deveres. A igreja romana, por exemplo, apossando-se, de forma autoritária e arbitrária, desses textos, segundo suas próprias interpretações, quer convencer que a autoridade foi dada a Pedro [e seus sucessores] e à igreja Católica Romana. Inclui, também, segundo seus teólogos, o poder de perdoar pecados, doutrina que não usufrui de nenhum amparo bíblico.

Analisemos, agora, a questão das “chaves” dadas a Pedro.

Não negamos que Cristo tenha dado, naquele momento, a incumbência, a responsabilidade e autoridade aos discípulos para “abrir” ou “fechar” a porta do reino dos céus. Mas como isso aconteceu? Como seria feito?

No versículo anterior, Jesus disse: “Edificarei a minha igreja”. Entende-se, habitualmente, que o evangelho seria pregado primeiramente ao povo judeu: “Mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 10.7). Dada a ordem imperativa de Cristo (Mc 16.15), os discípulos foram impulsionados a pregar o evangelho “tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (At 1.8). O apóstolo Paulo disse que “por ele [Jesus] ambos [judeus e gentios] temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito” (Ef 2.18). Podemos presenciar com alegria a abertura das portas do evangelho aos judeus (At 2.41) e aos gentios (At 10). Esta é a interpretação correta da primeira parte do texto: Pedro teve a responsabilidade primária de pregar o evangelho [o uso das “chaves”] tanto aos judeus quanto aos gentios. Também, é interessante saber que essa autoridade não foi restrita apenas a Pedro, mas aos demais apóstolos: “Naquela mesma hora chegaram os discípulos ao pé de Jesus...” (Mt 18.1); “Em verdade vos digo que t
udo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu”.

Quanto à segunda parte do texto, observamos muito seu uso nas igrejas em decorrência da aplicação da disciplina eclesiástica. A Bíblia de Estudo de Genebra diz: “As ‘chaves do reino’, dadas primeiro a Pedro e definidas como poder de ‘ligar’ e ‘desligar’ (Mt 16.19), têm sido entendidas comumente como a autoridade para supervisionar a doutrina e impor a disciplina. Essa autoridade foi dada por Cristo à Igreja em geral e à sua liderança ordenada em particular”. Assim, devemos entender que quando a igreja, devida e justamente, aplica a disciplina ao membro faltoso, antes a sanção já fora aplicada pelo próprio Deus no céu, a igreja apenas ratifica o fato.
 

João teria incorporado o batismo em águas dos grupos judaicos, especialmente dos essênios
EM QUE MOMENTO O BATISMO EM ÁGUAS PASSOU A SER REALIZADO CONFORME O PADRÃO NEOTESTAMENTÁRIO?


E eram por ele [João] batizados no rio Jordão” (Mt 3.16)

Não existe na Bíblia nenhuma menção do batismo em águas antes da aparição de João Batista no deserto da Judéia pregando o arrependimento para perdão dos pecados por meio deste rito (Mt 3.1,2). Logo, de onde João teria extraído exemplo para tal prática?

Não trataremos aqui das fórmulas batismais, dos modos de se batizar, do batismo de crianças, etc, pelo fato de o objetivo ser outro: o momento em que surge o batismo em águas segundo o padrão do Novo Testamento.

No Antigo Testamento, presenciamos a água sendo utilizada como ritual de iniciação e purificação. O sumo sacerdote Arão, antes de entrar no compartimento Santo dos santos do Tabernáculo, banhava-se com água (Lv 16.4). Naquele contexto, a purificação era efetuada com água nos seguintes casos: depois da relação sexual (Lv 15.18); da menstruação (Lv 15.19-24); do contato com a lepra (Lv 13) ou com algum cadáver (Nm 5).

Alguns estudiosos supõem que João fazia parte do grupo dos essênios. Segundo o Dicionário Teológico, os essênios eram “partidários da seita judaica que, florescendo no segundo século antes de Cristo, caracterizou-se pelo ascetismo, separatismo e meticulosidade de seus membros”. De acordo com Collin Brown, “o convertido ao judaísmo, no início da era cristã, tinha de receber a circuncisão, submeter-se a um banho ritual e oferecer sacrifícios”. Desta forma, João teria incorporado o batismo em águas dos grupos judaicos, especialmente dos essênios. Isto não quer dizer que João dava o mesmo sentido de batismo conforme agiam os sectários. Diz Russel Champlin que “o batismo judaico de prosélitos (os que não eram judeus de nascimento) [...] requeria imersão em água, representando a purificação da anterior vida pecaminosa. Enquanto a pessoa se imergia na água, trechos da lei eram lidos, dando a entender que ele tencionava fazer da lei o guia da nova vida na qual a pessoa estava entrando”. João antecipou a obra ministerial de Cristo e, assim, seu batismo constituiu-se uma espécie de ingresso a um “novo movimento”, apesar de ser muito mais apropriado classificá-lo como um ato precursor que apontava as diretrizes para o ritual que seria observado posteriormente pela igreja cristã.

A validade do batismo de João observa-se pelo fato de o próprio Jesus se submeter a ele: “Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele” (Mt 3.13). O batismo cristão, levado a efeito pela igreja primitiva, diferente do sentido dado pelos grupos judaicos, foi ordenado por Jesus (Mt 28.19); praticava-se o batismo em águas após a pregação e conversão das pessoas a Jesus Cristo (At 2.38; 8.38); simboliza a identificação com Cristo na sua morte e ressurreição (Rm 6.3,4).
 

O Sol não é a única fonte de luz no Universo
COMO EXPLICAR A MENÇÃO DA LUZ EM GÊNESIS 1.3 SE O SOL FORA CRIADO SOMENTE NO QUARTO DIA (GN 1.14)?


E disse Deus: Haja luz; e houve luz” (Gn 3.1).

Antes de respondermos, é necessário considerarmos a premissa de que a Bíblia é a verdade revelada por inspiração divina, portanto, é infalível, inequívoca e o árbitro final em todas as discussões. Sua autoridade é derivada do seu Autor e não das opiniões dos homens (Rm 15.4; 2Tm 3.15,16; 2Pe 1.21). Tendo em mente estas ponderações, podemos nos direcionar para a solução do suposto problema.

Primeiramente, precisamos ter em mente que toda a criação se deu de forma repentina e proveniente do nada, ou seja, não derivam de elementos criados já existentes, mas apenas de Deus. É o que os estudiosos denominam de creatio êx nihilo, não sendo assim procedente de uma cadeia evolutiva. Houve um tempo em que a luz não existia, porém, a Bíblia nos afirma que, em determinado tempo, ela veio a existir. O mesmo se deu com todas as coisas criadas por Deus (Sl 33.6-9; Hb 11.3). Mas o que era então essa luz que existia antes do Sol e demais luminares celestes? Dar uma resposta definitiva a esse respeito não é uma tarefa simples, até mesmo para os mais peritos no assunto. Entretanto, podemos inferir algumas conclusões. Há dois posicionamentos principais entre os estudiosos quanto a esta questão. O primeiro destaca a relevância de Deus ter criado a luz antes do Sol. Os defensores desta corrente apontam para a importância de se notar que o nome “sol” fora dado a essa estrela apenas em Gênesis 15.12, o que para estes estudiosos significaria uma resposta antecipada de Deus contra a adoração desse ser inanimado. Muitos povos pagãos da Antiguidade, principalmente os egípcios, adoravam o Sol como uma divindade, porém, antes de sua existência, Deus já existia em toda a sua glória (Sl 90.2; 102.25-27; 1Tm 1.17; 6.16).

Diante disso, entender-se-ia que a luz a que se refere Gênesis 1.4 é a manifestação da glória de Deus em forma de luz (1Jo 1.5), antes mesmo da criação dos seres animados e inanimados. Assim, Deus revela ao homem que Ele é superior a tudo quanto existe e se move sobre a terra. Isso também serve para mostrar que as coisas criadas não são divindades, portanto, não são divinas (doutrina conhecida como “panteísmo”), embora a criação atue como prova suficiente e cabal da existência de Deus (Sl 19.1-6; Rm 1.20).

Outro posicionamento, representado pelo apologista Norman Geisler, lembra que “o Sol não é a única fonte de luz no Universo. Além disso, é possível que ele já existisse desde o primeiro dia, tendo somente aparecido ou se feito visível (com a dissipação da neblina) no quarto dia. Vemos luz num dia nublado, mesmo quando não nos é possível ver o Sol”.

Referências bibliográficas:

GEISLER, Normam & HOWE, Thomas. Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia. Editora Mundo Cristão, 1999.
GEISLER, Normam & RHODES, Ron. Resposta às seitas. CPAD, 2000.
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário teológico. CPAD, 1996.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Candeia, 1997.
Bíblia de Estudo de Genebra. Editora Cultura Cristã, 1999.
Bíblia de Estudo Almeida. SBB, 1999.

Preparado por Gilson Barbosa

Participantes desta edição:

Edmar Valente
Fábio Godoy
Ivonete Ribeiro
Isaías Mendes

Paulo mandar entregar dois obreiros da Igreja a Satanás?


A maioria dos teólogos entende que o texto aponta para uma espécie de disciplina ou exclusão da comunhão com a Igreja, O Corpo de Cristo
Como entender o fato de Paulo mandar entregar dois obreiros da Igreja a Satanás?


“E entre esses foram Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar” (1Tm 1.20).

Timóteo, um obreiro ainda bem jovem, estava enfrentando sérios problemas na igreja de Éfeso. Por conta disso, o apóstolo Paulo lhe escreveu uma carta encorajando-o a manter a ordem entre os irmãos. Os falsos mestres estavam deturpando os ensinos originais nos quais a igreja tinha sido instruída e, entre os tais, Paulo cita dois nomes: Himeneu e Alexandre.

Quando recebeu o ministério eclesiástico pela imposição das mãos do presbitério, o jovem Timóteo recebeu juntamente a responsabilidade de combater as heresias que possivelmente surgiriam no seio da igreja (1Tm 1.18; 4.14; 6.12).

Não há menção específica a respeito das heresias com as quais aqueles dois falsos obreiros se envolveram. Entretanto, parece que a carta de Paulo a Timóteo visava tratar problemas de crenças religiosas e idéias filosóficas. O contexto sugere que esses obreiros estavam envolvidos com questões pertinentes ao gnosticismo, sendo que Himeneu é citado por Paulo em 2Timóteo 2.17,18 como que ensinando que a ressurreição já tinha acontecido, alegorizando-a e minando a esperança futura dos irmãos.

A sentença para esses obreiros seria que fossem “entregues a Satanás”, o que a maioria dos teólogos entende como uma espécie de disciplina ou exclusão da comunhão com a Igreja, o Corpo de Cristo. Este procedimento visava tanto a correção como a punição. Quanto a este fato, a Bíblia de estudo de Genebra afirma o seguinte: “Portanto, foram devolvidos ao mundo – domínio de Satanás (Jo 12.31; 14.30; 16.11; 2Co 4.4; Ef 2.2)”. No mesmo sentido, a Bíblia de estudo Pentecostal considera: “Ser desligado da Igreja; por outro lado, deixa a vida da pessoa aberta aos ataques destrutivos e satânicos (Jó 2.6,7; 1Co 5.5; Ap 2.22)”.

As imagens que Deus mandou confeccionar não passavam de símbolos decorativos e representativos
Em Êxodo 25.17-22, Deus está permitindo a adoração de imagens?


“Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório” (Êx 25.18).

Segundo os apologistas do catolicismo romano, o texto em referência comprova a liberação para a adoração de imagens. Dizem que se Deus ordenou que se fizessem esculturas de querubins, logo, isso significaria que eles podem e devem ser adorados. Perguntam: “Por que Deus mandaria construir aquelas imagens se não fosse com o objetivo de serem adoradas?”.

Um dos mais importantes conselhos que a hermenêutica nos confere, a fim de nos auxiliar na correta interpretação textual, é que nunca devemos interpretar um texto sem observar seu contexto. No caso em questão, como Deus poderia permitir a adoração de imagens, considerando que em todo o contexto bíblico Ele a proíbe? (Êx 20.23; 34.17; Dt 9.12; Hc 2.18; 1Jo 5.21, etc). Ou Deus está se contradizendo ou o catolicismo romano está vendo no texto bíblico algo que não existe (eixegese). Logicamente, Deus não se contradiz, pois sua natureza é divina e o Senhor não é como o ser humano (Nm 23.19; Is 45.12; Os 11.9). Resta-nos, então, a segunda alternativa.

É importante entender que não há nenhuma oposição bíblica quanto a alguém possuir em casa uma escultura, uma obra de arte, e utilizá-la para fins decorativos. Ou, ainda, quanto a alguém carregar consigo a foto de um parente. Absolutamente. Mas daí a venerar ou adorar tais objetos há uma distância abissal e constitui idolatria, o que é terminantemente proibido por Deus (Êx 20.4,5).

Algumas imagens que Deus mandou confeccionar não tinham por objetivo elevar a piedade de Israel e tampouco serviam de modelo para reflexão ou conduta. Eram apenas símbolos decorativos e representativos. Deus mandou fazer a Arca da Aliança; mandou confeccionar figuras de querubins no Tabernáculo e no Templo (Êx 25.10-16; 1Rs 6.23-29), além de outros ornamentos (1Rs 7.15-50). Essas figuras, porém, jamais foram adoradas ou veneradas, ou vistas como objetos de devoção ou adoração. Se os filhos de Israel tivessem adorado, cultuado ou venerado esses objetos, Deus, sem sombra de dúvida, teria mandado destruí-los, como aconteceu com a serpente de bronze (2Rs 18.4).

Precisam tão-somente crer, para a salvação de seus pecados, que Cristo era o enviado de Deus!
Por que não vemos nos evangelhos pessoas pedindo perdão a Jesus?


É importante notar que o povo em geral dirigia-se ao batismo de João confessando seus pecados (Mt 3.6; Mc 1.5). As pessoas da época de Cristo já tinham uma religião, eram criadas e instruídas segundo os preceitos do judaísmo, cuja base doutrinária firmava-se na lei que fora entregue a Moisés. Os judeus acreditavam que a obediência rigorosa das leis de sua religião era o suficiente para a obtenção da salvação eterna. Entendiam que não precisavam pedir perdão a ninguém, pois não tinham Jesus como Deus, e tampouco Jesus era reconhecido pelos judeus como o Messias (Mc 2.7; Lc 7.19).

Os judeus não necessitavam clamar que queriam ser perdoados por Jesus, precisavam tão-somente crer, para a salvação de seus pecados, que Cristo era o enviado de Deus! (Jo 8.24). A Bíblia informa que os judeus rejeitaram a Jesus (Jo 1.11), o que, por si só, comprova que não pediriam perdão a um mero homem. De fato, a preocupação evangelística de Jesus, acima de tudo, era com os judeus (Mt 10.5; 15.24), porém, esta atitude não excluía os gentios (aqueles que não eram judeus), pois sobre estes fora profetizado a revelação do evangelho (Sl 2.8; Is 49.6; Ml 1.11; Mt 12.21). Alguns episódios bíblicos indicam que várias pessoas reconheceram ser pecadoras e receberam o perdão de Jesus. Confira alguns exemplos: Pedro (Lc 5.8); Zaqueu (Lc 19.1-10); a mulher adúltera (Jo 8.1-11); o paralítico (9.2), entre outras.

Sobretudo, no amplo contexto do Novo Testamento temos aprendido que devemos pedir perdão a Jesus pelos nossos pecados (At 2.38; At 4.12; Rm 10.13, 1Co 15.3; etc).

Jesus ressuscitou primeiro e, em seguida, houve a ressurreição das pessoas mencionadas. Foi essa a ordem dos acontecimentos!
Segundo o texto de Mateus 27.52, em que momento se deu a ressurreição dos mortos?


“E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados” (Mt 27.52).

Se não houver atenção na interpretação do texto bíblico mencionado, pode haver confusão quanto ao momento em que se deu essa ressurreição, pois, aparentemente, os mortos citados ressuscitaram antes do próprio Jesus. Entretanto, em 1Coríntios 15.20 lemos que Cristo foi feito as primícias dos que dormem (os mortos salvos), o que está em acordo com a seqüência de ressurreições apontada por Paulo: “Mas cada um por sua ordem: Cristo, as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda” (1Co 15.23).

Por ocasião da morte de Jesus, o véu do santuário se rasgou em duas partes, a terra tremeu e as rochas de fenderam. Vejamos o que a Bíblia afirma a respeito: “... Abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados” (v. 52). Esse versículo aparentemente indica que Cristo ressuscitou logo após a ocorrência desses fatos. Mas observando o texto seguinte, chegamos à outra conclusão: “... Saindo do sepulcro depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos” (v. 53; grifo nosso). Esta declaração joga mais luz sobre o texto e nos esclarece que Jesus ressuscitou primeiro e, em seguida, houve a ressurreição das pessoas mencionadas. Essa foi a ordem dos acontecimentos. Unanimemente, os estudiosos entendem que essas pessoas morreram novamente, o que indica que ressuscitaram em corpos naturais.

Sobretudo, este episódio prenuncia profeticamente que, assim como Cristo morreu, mas ressuscitou, da mesma forma nós, os que estivermos vivos na sua vinda, e os mortos salvos, teremos o nosso corpo mortal transformado (1Co 15.13-23; 1Ts 4.13-17).

Outra dúvida que paira nas mentes é: “Quem seriam essas pessoas?”. Russel Norman Champlin afirma que “muitas conjecturas têm sido feitas acerca da identificação dos membros desse grupo, tais como os patriarcas, Abraão, Isaque, Jacó, e outros de tempos mais recentes, como João Batista, Simeão, Ana, Zacarias, etc.; mas acerca disso não temos qualquer informação”.

O texto está relacionado a todos aqueles que escarnecem da fé cristã
Coisas santas aos cães e pérolas aos porcos. Qual deve ser a nossa posição acerca deste ensinamento de Jesus?


“Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem” (Mt 7.6).

Logicamente, não está em pauta aqui o deixar de evangelizar ou cumprir uma tarefa missionária, pois, caso fosse, haveria contradição bíblica (Mt 28.19; Mc 16.15; etc.).

É necessário lembrar que, para os judeus, os dois animais alistados (cães e porcos) são considerados impuros e, no caso dos porcos, mais especificamente, o Antigo Testamento condena até mesmo seu uso como alimentação (Lv 11.7). A expressão “não deis aos cães as coisas santas” parece ser uma alusão ao ato do sacerdote de lançar a carne do sacrifício (holocausto) para que os cães a comessem. Por seu turno, a expressão “deitar aos porcos as pérolas” aludiria à atitude de um homem rico que joga as “pequenas pérolas”, que tinham aparência semelhante às ervilhas e milhos, para que os porcos as comessem.

Por esse contexto (e atualizando sua mensagem), entendemos que Jesus se referia às pessoas que apreciam levantar dúvidas a respeito da fé cristã e da inerrância das Escrituras: “as pérolas”, as “coisas santas”. São os incrédulos ou os ateus, ou até mesmo meros zombadores do evangelho. A estes, a conversão ao evangelho de Jesus Cristo, a não ser pela atuação do Espírito Santo (Jo 16.7,8), é quase impossível. Logo, depreendemos que, para algumas pessoas, este evangelho do reino está limitado, restrito, pelo fato de elas não crerem. E não somente isso. Mas também por propagarem abertamente, de forma escarnecedora e por todos os meios possíveis, que o evangelho não passa de uma farsa e que a religião é um grande mal à sociedade, semelhante ao que disse Karl Marx, quando declarou que “a religião é o ópio do povo”. Em nosso caso, o protestantismo evangélico, pois não estamos tratando meramente de religião, mas do evangelho puro e genuíno de Cristo Jesus, cujo poder pode salvar a humanidade pecadora (Mt 1.21; At 4.12).

O precioso evangelho de Cristo, entendido claramente por aqueles que o aceitam como Salvador, não deve estar suplantado debaixo dos pés dos incrédulos, cuja intenção é zombar da fé cristã. Russel Champlin, acerca da continuação do versículo em questão, comenta de forma equilibrada: “Precisamos usar de cautela com tais pessoas [os zombadores], não evitando ajudá-las quando isso for possível, mas sem fazer da nossa religião verdadeiro motivo de zombaria da parte deles”.

Referências bibliográficas:

GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia. Editora Mundo Cristão, 1999.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Candeia, 1998.
ARCHER, Gleason. Enciclopédia de dificuldades bíblicas. Editora Vida, 1997.
Bíblia Apologética. Instituto Cristão de Pesquisas, 2000.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD, 1995.
Bíblia de Estudo de Genebra. Editora Cultura Cristã, 1999.

Participantes desta edição:

Celina Lopes Hoffmann
José Carlos
Márcia Bin
Michelle Santos

Preparado por Gilson Barbosa

O CÂNON DA BÍBLIA.


O Cânon da Bíblia.

A palavra “cânon” vem do termo grego “kanon” que significa “cana’, ou seja” uma vara reta “ou” um padrão de medida “. Daí deriva o significado secundário que se refere a uma regra ou padrão de conduta uma forma de lei. O sentido metafórico da palavra cânon é empregado para significar” aquilo que é conforme a regra ou medida “. Mais tarde passou a significar lista ou catalogo.

Logo veio a ser utilizada significando um padrão de opinião e de conduta, sendo finalmente aplicada aos livros da Bíblia. Assim sendo, o cânon da Bíblia consiste naqueles livros considerados com méritos incluídos nas Sagradas Escrituras. Livros que foram medidos foram declarados satisfatórios e aprovados pelos Pais da Igreja como tendo sido inspirados por Deus.

Por que foi formado e quando foi formado o Cânon da Bíblia?

O cânon da Bíblia começou a ser formado durante as primeiras décadas da nossa era, especialmente após a queda de Jerusalém em 70 d.C., quando os judeus calcularam suas posses espirituais em particular sobre o que haviam recebido como “livros santos”. Não é de se surpreender que após longa reflexão alguns deles tenham feito objeções contra alguns desses livros, como por exemplo, Eclesiastes, Cantares e Estér.

Embora isto tenha acontecido, mesmo assim foi muito bom, pois o cânon foi definido de forma mais séria e aplicado com cuidado e rigor sobre os Escritos Sagrados.

Existem três principais razões para o cânon da Bíblia ter sido definido. Primeiro, para conservar os escritos inspirados contra a corrupção. Em segundo lugar para evitar a edição de outros livros, pois já haviam aparecido muitos outros livros que se diziam inspirados. A terceira razão para a formação do cânon da Bíblia foi para prevenir qualquer tentativa de destruírem a Bíblia.

O Cânon protestante do Antigo Testamento.

O cânon protestante do Antigo Testamento (composto pelos trinta e nove livros relacionados a baixo) é exatamente igual ao cânon hebraico massorético, que seria formado pelos seguintes livros:

Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, 1 Samuel, 2 Samuel, 1 Reis, 2 Reis, 1 Crônicas, 2 Crônicas, Esdras, Neemias, Estér, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares, Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

O cânon massorético é a Bíblia hebraica em sua forma definitiva, vocalizada e acentuada pelos massoretas. A ordem dos livros, entretanto, segue a da Vulgata e da Septuaginta.

Algumas explicações sobre os Massoretas.

Os massoretas eram judeus estudiosos que se dedicavam à tarefa de guardar a tradição oral (massora) da vocalização e acentuação correta do texto. À medida que um sistema de vocalização foi sendo desenvolvido, entre 500 e 950 AD, o texto consonantal que receberam dos soferim foi sendo por eles cuidadosamente vocalizado e acentuado.

Além dos pontos vocálicos e dos acentos, os massoretas acrescentavam também ao texto as massoras marginais, maiores e finais, calculadas pelos soferim. Essas massoras (tradições) eram esta­tísticas colocadas ao lado das linhas, ao fim das páginas e ao final dos livros, indicando quantas vezes uma determinada palavra aparecia no livro, o número de versículos, palavras e letras. Elas indicavam até a palavra e letra central do livro.

O Cânon Massorético

Embora o conteúdo do cânon protestante seja o mesmo do cânon hebraico, a divisão e a ordem dos livros são diferentes. Eis a divisão e ordem do cânon hebraico:

O Pentateuco (Torá): Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. Os Profetas (Neviim): Anteriores: Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis. Posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Profetas Menores. Os Escritos (Kêtuvim): Poesia e Sabedoria: Salmos, Provérbios e Jó. Rolos ou Megilloth (lidos no ano litúrgico): Cantares (na páscoa), Rute (no pentecostes), Lamentações (no quinto mês), Eclesiastes (na festa dos tabernáculos) e estér (na festa de purim).

Históricos : Daniel, Esdras, Neemias e 1 e 2 Crônicas. O Cânon Consonantal A divisão e ordem dos livros no cânon hebraico consonantal (anterior) era a mesma. O número de livros, entretanto, era diferente. O conteúdo era o mesmo, mas agrupado de modo a formar apenas vinte e quatro livros. Os livros de 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis e 1 e 2 Crônicas eram unidos, formando apenas um livro cada (o que implica em três livros a menos em relação ao nosso cânon). Os doze profetas menores eram agrupados em um só livro (menos onze livros). Esdras e Neemias formavam um só livro, o Livro de Esdras (menos um livro).

Testemunhas Antigas do Cânon Protestante Hebraico

A referência mais antiga ao cânon hebraico é do historiador judeu Josefo (37-95 AC). Em Contra Apionem ele escreve:

“Não temos dezenas de milhares de livros, em desarmonia e conflitos, mas só vinte e dois, contendo o registro de toda a história, os quais, conforme se crê, com justiça, são divinos”.

Depois de referir-se aos cinco livros de Moisés, aos treze livros dos profetas, e aos demais escritos (os quais “incluem hinos a Deus e conselhos pelos quais os homens podem pautar suas vidas”), ele continua afirmando: Desde Artaxerxes (sucessor de Xerxes) até nossos dias, tudo tem sido registrado, mas não tem sido considerado digno de tanto crédito quanto aquilo que precedeu a esta época, visto que a sucessão dos profetas cessou. Mas a fé que depositamos em nossos próprios escritos é percebida através de nossa conduta; pois, apesar de ter-se passado tanto tempo, ninguém jamais ousou acrescentar coisa alguma a eles, nem tirar deles coisa alguma, nem alterar neles qualquer coisa que seja.

Josefo é suficientemente claro. Como historiador judeu, ele é fonte fidedigna. Eram apenas vinte e dois os livros do cânon hebraico agrupados nas três divisões do cânon massorético. E desde a época de Malaquias (Artaxerxes, 464-424) até a sua época nada se lhe havia sido acrescentado. Outros livros foram escritos, mas não eram considerados canônicos, com a autoridade divina dos vinte e dois livros mencionados.

Além de Josefo, Mileto, Bispo de Sardes, diz ter viajado para o Oriente, em 170, com o propósito de investigar a ordem e o número dos livros do Antigo Testamento; Orígenes, o erudito do Egito, que morreu em 254; Tertuliano (160-250), pai latino contemporâneo de Orígenes; e Jerônimo (340-420), entre outros, confirmam o cânon hebraico de vinte e dois ou vinte e quatro livros (dependendo do agrupamento ou não de Rute e Lamentações).

É interessante observar que o próprio Jerônimo, tradutor da Vulgata latina, que daria origem ao cânon católico, embora considerasse os livros apócrifos úteis para a edificação, não os tinha como canônicos. Embora tendo traduzido outros livros não canônicos, ele escreveu que “deveriam ser colocados entre os apócrifos”, afirmando que “não fazem parte do cânon”.Referindo-se ao livro de Sabedoria de Salomão e ao livro de Eclesiástico, ele diz:

“Da mesma maneira pela qual a igreja lê Judite e Tobias e Macabeus (no culto público), mas não os recebe entre as Escrituras canônicas, assim também sejam estes dois livros úteis para a edificação do povo, mas não para receber as doutrinas da igreja”.

Vale salientar ainda que a versão siríaca Peshita, que bem pode ter sido feita no século II ou III, ou até mesmo no século I,[8] nos manuscritos mais antigos, não contém nenhum dos apócrifos.

O Testemunho de Jesus e dos Apóstolos

Embora as evidências já mencionadas sejam importantes, a principal testemunha do cânon protestante do Antigo Testamento é o Novo Testamento. Jesus e os apóstolos não questionaram o cânon hebraico da época (época de Josefo convém lembrar). Eles citaram-no cerca de seiscentas vezes, de modo autoritativo, incluindo praticamente todos os livros do cânon hebraico. Entretanto, não citam nenhuma vez os livros apócrifos. Pode-se concluir, portanto, que Jesus e os apóstolos deram o imprimatur deles ao cânon hebraico e, conseqüen­temente, ao cânon protestante.

O Cânon Católico do Antigo Testamento.

O cânon católico, composto pelos trinta e nove livros encontrados no cânon protestante, acrescido das adições a Daniel e estér, e dos livros de Baruque, Carta de Jeremias, 1-2 Macabeus, Judite, Tobias, Eclesiástico e Sabedoria — 3 e 4 Esdras e a Oração de Manassés são acrescentadas depois do NT — origina-se da Vulgata latina, que por sua vez provém da Septuaginta. Livros da Lei: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Livros de História: Josué, Juízes, Rute, 1-2 Samuel, 1-2 Reis (chamados 1-2-3-4 reinados), 1-2 Crônicas, 1-2 Esdras (o primeiro apócrifo), Neemias, Tobias, Judite e estér. Livros de Poesia e Sabedoria: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares, Sabedoria de Salomão, Sabedoria de Siraque (ou Eclesiástico). Livros Proféticos: Profetas Menores; Profetas Maiores: Isaías, Jeremias, Baruque, Lamentações, Epístola de Jeremias, Ezequiel, e Daniel (incluindo as histórias de Susana, Bel e o Dragão e o cântico dos Três Varões).

Alguns desses livros foram escritos posteriormente, em grego, possivelmente por judeus alexandrinos, e foram incluídos na biblioteca judaica de Alexandria, tais como Primeiro e Segundo Esdras, adições a estér, Sabedoria, e a Epístola de Jeremias.

Nem sempre todos estes livros estão presentes nos manuscritos antigos da Septuaginta. O Códice Vaticano (B) omite Primeiro e Segundo Macabeus (canônicos para a Igreja Católica) e inclui Primeiro Esdras (não canônico para a Igreja Católica). O Códice Sináitico (À) omite Baruque (canônico para Roma), mas inclui o quarto livro dos Macabeus (não canônico para Roma). O Códice Alexandrino (A) inclui o Primeiro Livro de Esdras e o Terceiro e Quarto Livros dos Macabeus (apócrifos para Roma).

O que se pode concluir daí é que, quando a Septuaginta era copiada, alguns livros não canônicos para os judeus eram também copiados. Isso poderia ter ocorrido por ignorância quanto aos livros verdadeiramente canônicos.

Pessoas não afeiçoadas ao judaísmo ou mesmo desinteressadas em distinguir livros canônicos dos não canô­nicos tinham por igual valor todos os livros, fossem eles original­mente recebidos como sagrados pelos judeus ou não.

Mesmo aqueles que não tinham os demais livros judaicos como canônicos certamente também copiavam estes livros, não por considerá-los sagrados, mas apenas para serem lidos. Por que não copiar livros tão antigos e interessantes? Mesmo pessoas bem intencionadas podem ter sido levadas a rejeitar alguns dos livros canônicos, ou a aceitar como canônicos alguns que não o fossem, por ignorância ou má interpretação da história do cânon.

Convém lembrar que, embora o testemunho do Espírito Santo seja a principal regra de canonicidade por parte da igreja como um todo, mesmo assim, o crente ainda tem uma natureza pecami­nosa que não o livra totalmente de incidir em erro, inclusive quanto ao assunto da canonicidade. Isto acontece especialmente em épocas de tran­sição, como foi o caso de Agostinho que defendeu os livros apócri­fos, embora de modo dúbio, e depois o de Lutero, o qual colocou em dúvida a canonicidade da carta de Tiago.

Comentário sobre aVulgata

Como já foi mencionado, ao traduzir a Vulgata, Jerônimo também incluiu alguns livros apócrifos. Não o fez, contudo, por considerá-los canônicos, mas apenas por considerá-los úteis, como fontes de informação sobre a história do povo judeu. Na Idade Média a versão francamente usada pela igreja foi a Vulgata latina. A partir dela e da Septuaginta também foram feitas outras traduções. Ora, multiplicando-se o erro, e afastando-se cada vez mais a igreja da verdade (como aconteceu crescentemente nesse período), tornou-se mais e mais difícil distinguir entre os livros que deveriam ser considerados canônicos ou não.

Esses livros nunca foram completa­mente aceitos, mesmo nessa época. Mas, por estarem incluídos nessas versões, a igreja em época de trevas, geralmente falando, não teve discernimento espiritual para distinguir entre livros apócrifos e canônicos.

Por fim, no Concílio de Trento, em 1546, também em reação contra os protestantes, que reconheceram apenas o cânon hebraico, a igreja de Roma declarou canônicos os livros apócrifos relacionados acima, bem como autoritativas as tradições orais: “O Sínodo... recebe e venera todos os livros, tanto do Antigo como do Novo Testamento... assim como as tradições orais”.A seguir são relacionados todos os livros considerados canônicos, incluindo os apócrifos. Concluindo, o decreto adverte:

Se qualquer pessoa não aceitar como sagrado e canônico os livros mencionados em todas as suas partes, do modo como eles têm sido lidos nas igrejas católicas, e como se encontram na antiga Vulgata latina, e deliberadamente rejeitar as tradições antes mencionadas, seja anátema.[11]

A igreja grega seguiu mais ou menos os passos da igreja ocidental. Houve sempre dúvida na aceitação dos apócrifos, mas, no Concílio de Trulano, em 692, foram todos aceitos (quatorze). Ainda assim, como sempre houve reservas quanto à plena aceitação de muitos deles, a igreja grega, em 1672, acabou reduzindo para quatro o número dos apócrifos aceitos: Sabedoria, Eclesiástico, Tobias e Judite. Por ironia da História, a Vulgata de Jerônimo, o qual não considerava canônicos os livros apócrifos, veio a ser a principal responsável pela inclusão destes mesmos livros no cânon católico.

A obra dos reformadores foi maior do que se pode pensar à primeira vista. Eles não apenas redescobriram as doutrinas básicas do evangelho, como a doutrina da salvação pela graça mediante a fé. Eles redescobriram também o cânon.

Graças a eles e ao testemunho do Espírito Santo, a igreja protestante reconhece como canônicos, com relação ao Antigo Testamento (é claro), os mesmos livros que Jesus e os apóstolos, e os judeus de um modo geral sempre reconheceram. Alguns dos apócrifos são realmente úteis como fontes de informação a respeito de uma época importante da história do povo de Deus: o período inter-testamentário. Os protestantes reconhecem o valor histórico deles. Seguindo a prática dos primeiros cristãos, as edições modernas protestantes da Septuaginta normalmente incluem os apócrifos, e até algumas Bíblias protestantes antigas os incluíam, no final, apenas como livros históricos. Mas as igrejas reformadas excluíram totalmente os apócrifos das suas edições da Bíblia, e, “induziram a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, sob pressão do puritanismo escocês, a declarar que não editaria Bíblias que tivessem os apócrifos, e de não colaborar com outras sociedades que incluíssem esses livros em suas edições”. Melhor assim, tendo em vista o que aconteceu com a Vulgata! Melhor editá-los separadamente.

PORQUE NÓS EVANGÉLICOS REJEITAMOS OS APÓCRIFOS


Porque nós evangélicos rejeitamos os Apócrifos

Depois de aproximadamente 435 a.C não houve mais acréscimos ao cânon do Antigo Testamento. A história do povo judeu foi registrada em outros escritos, tais como os livros dos Macabeus, mas eles não foram considerados dignos de inclusão na coleção das palavras de Deus que vinham dos anos anteriores.
Quando nos voltamos para a literatura judaica fora do Antigo Testamento percebemos que a crença de que haviam cessado as palavras divinamente autorizadas da parte de Deus é atestada de modo claro em várias vertentes da literatura extrabíblica.

* 1 Macabeus: (cerca de 100 a.c.), o autor escreve sobre o altar:
“Demoliram-no, pois, e depuseram as pedras sobre o monte da Morada conveniente, à espera de que viesse algum profeta e se pronunciasse a respeito” (l Mac 4:45-46). Aparentemente, eles não conheciam ninguém que poderia falar com a autoridade de Deus como os profetas do Antigo Testamento haviam feito. A lembrança de um profeta credenciado no meio do povo pertencia ao passado distante, pois o autor podia falar de um grande sofrimento, “qual não tinha havido desde o dia em que não mais aparecera um profeta no meio deles” (l Mac 9:27; 14:41).

* Josefo: (nascido em c. 37/38 d.C.) explicou: “Desde Artaxerxes até os nossos dias foi escrita uma história completa, mas não foi julgada digna de crédito igual ao dos registros mais antigos, devido à falta de sucessão exata dos profetas” (Contra Apião 1:41). Essa declaração do maior historiador judeu do primeiro século cristão mostra que os escritos que agora fazem parte dos “apócrifos”, mas que ele (e muitos dos seus contemporâneos) não os consideravam dignos “de crédito igual” ao das obras agora conhecida por nós como Escrituras do Antigo Testamento. Segundo o ponto de vista de Josefo, nenhuma “palavra de Deus” foi acrescentada às Escrituras após cerca de 435 a.c.

* A literatura rabínica: reflete convicção semelhante em sua freqüente declaração de que o Espírito Santo (em sua função de inspirador de profecias) havia se afastado de Israel “Após a morte dos últimos profetas, Ageu, Zacarias e Malaquias, o Espírito Santo afastou-se de Israel, mas eles ainda se beneficiavam do bath qôl” (Talmude Babilônico, Yomah 9b repetido em Sota 48b, Sanhedrín 11 a, e Midrash Rabbah sobre o Cântico dos Cânticos, 8:9.3).

* A comunidade de Qumran: (seita judaica que nos legou os Manuscritos do Mar Morto) também esperava um profeta cujas palavras teriam autoridade para substituir qualquer regulamento existente (ver 1QS 9.11), e outras declarações semelhantes são encontradas em outros trechos da literatura judaica antiga (ver 2 Baruc 85.3 Oração de Azarias 15). Assim, escritos posteriores a cerca de 435 a.C. em geral não eram aceitos pelo povo judeu como obras dotadas de autoridade igual à do restante das Escrituras.

* O Novo Testamento: não temos nenhum registro de alguma controvérsia entre Jesus e os judeus sobre a extensão do cânon. Ao que parece,Jesus e seus discípu1os de um lado e os líderes judeus ou o povo judeu, de outro, estavam plenamente de acordo em que acréscimos ao cânon do Antigo Testamento tinham cessado após os dias de Esdras, Neemias, estér, Ageu, Zacarias e Malaquias. Esse fato é confirmado pelas citações do Antigo Testamento feitas por Jesus e pelos autores do Novo Testamento. Segundo uma contagem, Jesus e os autores do Novo Testamento citam mais de 295 vezes, várias partes das Escrituras do Antigo Testamento como palavras autorizadas por Deus, mas nem uma vez sequer citam alguma declaração extraída dos livros apócrifos ou qualquer outro escrito como se tivessem autoridade divina. A ausência completa de referência à outra literatura como palavra autorizada por Deus e as referências muito freqüentes a centenas de passagens no Antigo Testamento como dotadas de autoridade divina confirmam com grande força o fato de que os autores do Novo Testamento concordavam em que o cânon estabelecido do Antigo Testamento, nada mais nada menos, devia ser aceito como a verdadeira palavra de Deus.

2. PORQUE A INCLUSÃO DOS APÓCRIFOS
FOI ACIDENTAL

A conquista da Palestina por Alexandre, o Grande, ocasionou uma nova dispersão dos judeus por todo o império greco-macedônico. Pelo ano 300 antes de Cristo, a colônia de judeus na cidade de Alexandria, Egito, era numerosa, forte e fluente. Morrendo Alexandre, seu domínio dividiu-se em quatro reinos, ficando o Egito sob a dinastia dos Ptolomeus. O segundo deles, Ptolomeu Filadelfo, foi grande amante das letras e preocupou-se com enriquecer a famosa biblioteca que seu pai havia fundado. Com este objetivo, muitos livros foram traduzidos para o grego. Naturalmente, as Escrituras Sagradas do povo hebreu foram levadas em conta, apreciando-se também a grande importância que teria a tradução da Bíblia de seus antepassados da Palestina para os judeus cuja língua vernácula era o grego.

Segundo um relato de Josefo, o Sumo Sacerdote de Jerusalém, Eleazar, enviou, a pedido de Ptolomeu Filadelfo, uma embaixada de 72 tradutores a Alexandria, com um valioso manuscrito do Velho Testamento, do qual traduziram o Pentateuco. A tradução continuou depois, não se completando senão no ano 150 antes de Cristo.

Esta tradução, que se conhece com o nome de Septuaginta, ou Versão dos Setenta (por terem sido 70, em número redondo, seus tradutores), foi aceita pelo Sinédrio judaico de Alexandria; mas, não havendo tanto zelo ali como na Palestina e devido às tendências helenistas contemporâneas, os tradutores alexandrinos fizeram adições e alterações e, finalmente, sete dos Livros Apócrifos foram acrescentados ao texto grego como Apêndice do Velho Testamento. Os estudiosos acham que foram unidos à Bíblia, por serem guardados juntamente com os rolos de livros canônicos, e quando foram iniciados os Códices, isto é , a escrituração da Bíblia inteira em um só volume, alguns escribas copiaram certos rolos apócrifos juntamente com os rolos canônicos.

Todos estes livros, com exceção de Judite, Eclesiástico, Baruque e 1 Macabeus, estavam escritos em grego, e a maioria deles foi escrita muitíssimos anos depois de o profeta Malaquias, o último dos profetas da Dispensação antiga, escrever o livro que leva o seu nome. Disso se pode concluir que, quando a Septuaginta era copiada, alguns livros não canônicos para os judeus eram também copiados. Isso também poderia ter ocorrido por ignorância quanto aos livros verdadeiramente canônicos. Pessoas não afeiçoadas ao judaísmo ou mesmo desinteressadas em distinguir livros canônicos dos não-canônicos tinham por igual valor todos os livros, fossem eles originalmente recebidos como sagrados pelos judeus ou não. Mesmo aqueles que não tinham os demais livros judaicos como canônicos certamente também copiavam estes livros, não por considerá-los sagrados, mas apenas para serem lidos. Por que não copiar livros tão antigos e interessantes? Estes livros, entretanto, têm a importância de refletir o estado do povo judeu e o caráter de sua vida intelectual e religiosa durante as várias épocas que representam, particularmente, a do período chamado intertestamentário (entre Malaquias e João Batista, de 400 anos); é, talvez, por estas razões que os tradutores os juntaram ao texto grego da Bíblia, mas os judeus da Palestina nunca os aceitaram no cânon de seus livros sagrados.

3. TESTEMUNHAS CONTRA OS APÓCRIFOS

Traremos agora o depoimento de várias personagens históricas que depõe contra a lista canônica “Alexandrina”, como consta na Septuaginta, Vulgata e em todas as versões das Bíblias católicas existentes. Pelo peso de autoridade que representam esses vultos, são provas mais do que suficientes e esmagadoras contra a inclusão dos Apócrifos no Cânon bíblico. Vejamos:
*JOSEFO: A referência mais antiga ao cânon hebraico é do historiador judeu Josefo (37-95 AC). Em Contra Apion ele escreve: “Não temos dezenas de milhares de livros, em desarmonia e conflitos, mas só vinte e dois, contendo o registro de toda a história, os quais, conforme se crê, com justiça, são divinos”. Depois de referir-se aos cinco livros de Moisés, aos treze livros dos profetas, e aos demais escritos (os quais “incluem hinos a Deus e conselhos pelos quais os homens podem pautar suas vidas”), ele continua afirmando:

“Desde Artaxerxes (sucessor de Xerxes) até nossos dias, tudo tem sido registrado, mas não tem sido considerado digno de tanto crédito quanto aquilo que precedeu a esta época, visto que a sucessão dos profetas cessou. Mas a fé que depositamos em nossos próprios escritos é percebida através de nossa conduta; pois, apesar de ter-se passado tanto tempo, ninguém jamais ousou acrescentar coisa alguma a eles, nem tirar deles coisa alguma, nem alterar neles qualquer coisa que seja”.

Josefo é suficientemente claro. Como historiador judeu, ele é fonte fidedigna. Eram apenas vinte e dois os livros do cânon hebraico agrupados nas três divisões do cânon massorético. E desde a época de Malaquias (Artaxerxes, 464-424) até a sua época nada se lhe havia sido acrescentado. Outros livros foram escritos, mas não eram considerados canônicos, com a autoridade divina dos vinte e dois livros mencionados.

*ORÍGENES: No terceiro século d.C, Orígenes (que morreu em 254) deixou um catálogo de vinte e dois livros do Antigo Testamento que foi preservado na História Eclesiástica de Eusébio, VI: 25. Inclui a mesma lista do cânone de vinte e dois livros de Josefo (e do Texto Massorético) inclusive estér, mas nenhum dos apócrifos é declarado canônico, e se diz explicitamente que os livros de Macabeus estão “fora desses [livros canônicos]”

*TERTULIANO: Aproximadamente contemporâneo de Orígenes era Tertuliano (160-250 dc) o primeiro dos País Latinos cujas obras ainda existem. Declara que os livros canônicos são vinte e quatro.

*HILÁRIO: Hilário de Poitiers (305-366) os menciona como sendo vinte e dois.
*ATANÁSIO: De modo semelhante, em 367 d.C., o grande líder da igreja, Atanásio, bispo de Alexandria, escreveu sua Carta Pascal e alistou todos os livros do nosso atual cânon do Novo Testamento e do Antigo Testamento, exceto Éster. Mencionou também alguns livros dos apócrifos, tais como a Sabedoria de Salomão, a Sabedoria de Sirac, Judite e Tobias, e disse que esses “não são na realidade incluídos no cânon, mas indicados pelos Pais para serem lidos por aqueles que recentemente se uniram a nós e que desejam instrução na palavra de bondade”.

*JERÔNIMO: Jerônimo (340-420.dc.) propugnou, no Prologus Galeatus. A citação pertinente de Prologus Galeatus é a seguinte: “Este prólogo, como vanguarda (principium) com capacete das Escrituras, pode ser aplicado a todos os Livros que traduzimos do Hebraico para o Latim, de tal maneira que possamos saber que tudo quanto é separado destes deve ser colocado entre os Apócrifos. Portanto, a sabedoria comumente chamada de Salomão, o livro de Jesus, filho de Siraque, e Judite e Tobias e o Pastor (supõe-se que seja o Pastor de Hermas), não fazem parte do cânon. Descobri o Primeiro Livro de Macabeus em Hebraico; o Segundo foi escrito em Grego, conforme testifica sua própria linguagem”.

Jerônimo, no seu prefácio aos Livros de Salomão, menciona ter descoberto Eclesiástico em Hebraico, mas declara em sua; convicção que a Sabedoria de Salomão teria sido originalmente composta em Grego e não em Hebraico, por demonstrar uma eloqüência tipicamente helenística.
“E assim”, continua ele, “da mesma maneira pela qual a igreja lê Judite e Tobias e Macabeus (no culto público) mas não os recebe entre as Escrituras canônicas, assim também sejam estes dois livros úteis para a edificação do povo, mas não para estabelecer as doutrinas da Igreja”). e noutros trechos, prima pelo reconhecimento de apenas os vinte e dois livros contidos no hebraico, e a relegação dos livros apócrifos a uma posição secundária. Assim, no seu Comentário de Daniel, lançou dúvidas quanto à canonicidade da história de Suzana, baseando-se no fato que o jogo de palavras atribuído a Daniel na narrativa, só podia ser derivado do grego e não do hebraico (inferência: a história foi originalmente composta em grego). Do mesmo modo, em conexão com a história de Bel e a do Dragão, declara; “a objeção se soluciona facilmente ao asseverar que esta história especifica não está incluída no texto hebraico do livro de Daniel. Se, porém, alguém fosse comprovar que pertence ao cânone, seríamos obrigados a buscar uma outra resposta a esta objeção”

*MELITO: A mais antiga lista cristã dos livros do Antigo Testamento que existe hoje é a de Melito, bispo de Sardes, que escreveu em cerca de 170 d.C.
“Quando cheguei ao Oriente e encontrei-me no lugar em que essas coisas foram proclamadas e feitas, e conheci com precisão os livros do Antigo Testamento, avaliei os fatos e os enviei a ti. São estes os seus nomes: cinco livros de Moisés, Gênesis, Êxodo, Números, Levítico, Deuteronômio,Josué, filho de Num, Juizes, Rute, quatro livros dos Remos,'0 dois livros de Crônicas, os Salmos de Davi, os Provérbios de Salomão e sua Sabedoria,” Eclesiastes, o Cântico dos Cânticos, Jó, os profetas Isaías,Jeremias, os Doze num único livro, Daniel, Ezequiel, Esdras.”

É digno de nota que Melito não menciona aqui nenhum livro dos apócrifos, mas inclui todos os nossos atuais livros do Antigo Testamento, exceto Éster. Mas as autoridades católicas passam por cima de todos esses testemunhos para manter, em sua teimosia, os Apócrifos!

AS HERESIAS DOS LIVROS APÓCRIFOS

Uma das grandes razões, talvez a principal delas, porque nós evangélicos rejeitamos os Apócrifos, é devido a grande quantidade de heresias que tais livros apresentam. Fora isso, existem também lendas absurdas e fictícias e graves erros históricos e geográficos, o que fazem os Apócrifos serem desqualificados como palavra de Deus. A seguir daremos um resumo de cada livro e logo a seguir mostraremos seus graves erros.
TOBIAS - (200 a.C.) - É uma história novelística sobre a bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo Rafael. Entre vários ensinos inaceitáveis aos cristãos estudiosos dos ensinos de Jesus e de seus apóstolos por contradizerem o que estes claramente ensinaram constam: justificação pelas obras (4:7-11; 12:8), mediação dos santos (12:12), superstições (6:5, 7-9, 19), e até um anjo que engana Tobias e o ensina a mentir (5:16 a 19).
JUDITE - (150 a.C.) É a História de uma heroína viúva e formosa que salva sua cidade enganando um general inimigo e decapitando-o. Grande heresia é a própria história onde os fins justificam os meios.
BARUQUE - (100 a.D.) - Apresenta-se como sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa exortação aos judeus quando da destruição de Jerusalém. Porém, é de data muito posterior, quando da segunda destruição de Jerusalém, no período posterior a Cristo. Seu principal erro é o ensino da intercessão pelos mortos (3:4).
ECLESIÁSTICO - (180 a.C.) - É muito semelhante ao livro de Provérbios, não fosse as tantas heresias: justificação pelas obras (3:33,34), trato cruel aos escravos (33:26 e 30; 42:1 e 5),incentiva o ódio aos Samaritanos (50:27 e 28).
SABEDORIA DE SALOMÃO - (40 a.D.) - Livro escrito com finalidade exclusiva de lutar contra a incredulidade e idolatria do epicurismo (filosofia grega na era Cristã). Apresenta: o corpo como prisão da alma (9:15), doutrina estranha sobre a origem e o destino da alma (8:19 e 20), salvação pela sabedoria (9:19).
1 MACABEUS - (100 a.C.) - Descreve a história de 3 irmãos da família “Macabeus”, que no chamado período ínterbíblico (400 a.C. 3 a.D) lutam contra inimigos dos judeus visando a preservação do seu povo e terra.
II MACABEUS - (100 a.C.) - Não é a continuação do 1 Macabeus, mas um relato paralelo, cheio de lendas e prodígios de Judas Macabeu. Apresenta: a oração pelos mortos (12:44-46), culto e missa pelos mortos (12:43), o próprio autor não se julga inspirado (15:38-40; 2:25-27), intercessão pelos Santos (7:28 e 15:14)
ADIÇÕES A DANIEL:
capítulo 13 - A história de Suzana - segundo esta lenda Daniel salva Suzana num julgamento fictício baseado em falsos testemunhos. Capítulo 14 - Bel e o Dragão - Contém histórias sobre a necessidade da idolatria; capítulo 3:24-90 - o cântico dos 3 jovens na fornalha.

Lendas erros e heresias.

Eis alguns exemplos de relatos fictícios, lendários e absurdos desses livros:
- Tobias 6.1-4 - “Partiu, pois, Tobias, e o cão o seguiu, e parou na primeira pousada junto ao rio Tigre. E saiu a lavar os pés, e eis que saiu da água um peixe monstruoso para o devorar. À sua vista, Tobias, espavorido, clamou em alta voz, dizendo: Senhor, ele lançou-se a mim. E o anjo disse-lhe: Pega-lhe pelas guelras, e puxa-o para ti. Tendo assim feito, puxou-o para terra, e o começou a palpitar a seus pés

Erros Históricos e Geográficos

Os Apócrifos solapam a doutrina da inerrância porque esses livros incluem erros históricos e de outra natureza. Assim, se os Apócrifos são considerados parte das Escrituras, isso identifica erros na Palavra de Deus. Esses livros contêm erros históricos, geográficos e cronológicos, além de doutrinas obviamente heréticas; eles até aconselham atos imorais (Judite 9:1O,13). Os erros dos Apócrifos são freqüentemente apontados em obras de autoridade reconhecida. Por exemplo:

O erudito bíblico DL René Paehe comenta: “Exceto no caso de determinada informação histórica interessante (especialmente em 1. Macabeus) e alguns belos pensamentos morais (por exemplo Sabedoria de Salomão), Tobias . contém certos erros históricos e geográficos, tais como a suposição de que Senaqueribe era filho de Salmaneser (1:15) em vez de Sargão II, e que Nínive foi tomado por Nabucodonosor e por Assuero (14:15) em vez de Nabopolassar e por Ciáxares. . . Judite não pode ser histórico porque contém erros evidentes. . . [Em 2 Macabeus] há também numerosas desordens e discrepâncias em assuntos cronológicos, históricos e numéricos, os quais refletem ignorância ou confusão.